30 de junho de 2010

PCB lança candidato ao governo de Minas

PCB lança candidato ao governo de Minas

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Globo Minas

PCB lança candidato ao governo de Minas

O nome do presidente do partido em Minas, Fábio Bezerra, foi anunciado. Para o Senado, a legenda lançou o advogado Rafael Pimenta


O PCB realizou convenção, nesta terça (29) à noite, em Belo Horizonte, para anunciar que vai concorrer ao governo de Minas nas eleições de outubro. O candidato será o professor e presidente do partido em Minas, Fábio Bezerra. Para o Senado, o PCB lançou o nome do advogado Rafael Pimenta.

Outros cinco partidos vão disputar a eleição para governador. O pré-candidato do PMDB é o senador Hélio Costa. Os nomes do governador Antônio Augusto Anastasia, do PSDB, de José Fernando Aparecido, do PV, de Vanessa Portugal do PSTU, e de João Batista Fonseca, do PSOL, já foram confirmados em convenção.

29 de junho de 2010

Carta aos vereadores - aumento das passagens de onibus

Carta aos vereadores - aumento das passagens de onibus

"Num território onde a localização dos serviços essenciais é deixada à mercê da lei do mercado, tudo colabora para que as desigualdades sociais aumentem." (MILTON SANTOS)

Juiz de Fora é considerada uma cidade excelente para se viver. Excelente pra quem? De acordo com o Atlas Social do município, 64% das pessoas têm seus direitos fundamentais violados. Com as restrições dos serviços essenciais como: água tratada, transporte, saneamento básico, habitação, saúde e educação.
A cidade possui uma população residente de 550 mil habitantes e apresenta uma das cidades com maior concentração de renda do estado de Minas Gerais, de acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Lembramos que o serviço de transporte garante um Direito Humano Fundamental, que é o de ir e vir. É o Direito à Cidade, e se torna cada vez mais distante da população da Classe Trabalhadora.
Lembramos também que as empresas de ônibus da cidade, por muito tempo estiveram na TOTAL ILEGALIDADE, sem licitação de concessão de um serviço publico essencial. Todos sabemos o porquê.
Todos podem perceber, que as condições do transporte são graves: ônibus lotados, falta de horários e trabalhadores do transporte explorados.
Lembramos a todos, que segundo a legislação administrativa brasileira, quando as concessionárias receberem da exploração do serviço, valor suficiente para pagar os investimentos iniciais mais o bônus do contrato, os bens, móveis e imóveis, passam a ser da administração. Ou seja, os ônibus, as sedes e demais bens das empresas já são DO POVO!! Poderíamos muito bem municipalizar o serviço de transporte, com redução significativa da tarifa.
Assim, nós, Movimentos Organizados da cidade, vimos por meio desta carta, lembrar aos(às) senhores(as), que o aumento da tarifa VIOLA Direitos, barbariza as condições materiais de vida dos trabalhadores, e apenas beneficia a burguesia local, já milionária, e é claro, os parlamentares que se omitem a denunciar e fiscalizar a ASTRANSP.

O PREÇO DO ÔNIBUS É UM ROUBO E TIRA A COMIDA DO POVO

Fonte: Comitê Central Popular - Juiz de Fora-MG
http://comitecentralpopular.blogspot.com/

Reflexões do companheiro Fidel - Como desejaria estar errado

QUANDO estas linhas se publiquem no jornal Granma, amanhã, sexta-feira, o dia 26 de julho, data na qual sempre lembramos com orgulho a honra de ter resistido os embates do império, ficará distante, apesar de que somente restam 32 dias.

Aqueles que determinam cada passo do pior inimigo da humanidade — o imperialismo dos EUA, uma mistura de mesquinhos interesses materiais, desprezo e subestimação as demais pessoas que habitam o planeta — o calcularam tudo com precisão matemática.

Na reflexão de 16 de junho escrevi: "Entre jogo e jogo da Copa Mundial de Futebol, as notícias diabólicas vão deslizando aos poucos, de forma tal que ninguém se ocupe delas".

O famoso evento esportivo entrou nos seus momentos mais emocionantes. Durante 14 dias os times integrados pelos melhores futebolistas de 32 países competiram para avançar rumo a fase de oitavas de final; depois vêm sucessivamente as fases de quartas de final, semifinais e o final do evento.

O fanatismo esportivo cresce incessantemente, cativando centenas e talvez milhares de milhões de pessoas em todo o planeta.

Haveria que se perguntar quantos, no entanto, conhecem que desde 20 de junho navios militares norte-americanos, inclusive o porta-aviões Harry S. Truman, escoltado por um ou mais submarinos nucleares e outros navios de guerra com mísseis e canhões mais potentes que o dos velhos navios de guerra utilizados na última guerra mundial entre 1939 e 1945, navegavam rumo as costas iranianas através do canal de Suez. Juntamente com as forças navais ianques avançavam navios militares israelenses, com armamento igualmente sofisticado, para inspecionar quanta embarcação parta para exportar e importar produtos comerciais que o funcionamento da economia iraniana requer.

O Conselho de Segurança da ONU, por proposta dos EUA, com o apoio da Grã-Bretanha, França e Alemanha, aprovou uma poderosa resolução que não foi vetada por nenhum dos cinco países que ostentam esse direito.

Outra resolução mais forte foi aprovada por acordo do Senado dos Estados Unidos.

Com posterioridade, uma terceira resolução mais poderosa ainda, foi aprovada pelos países da Comunidade Europeia. Tudo isto aconteceu antes de 20 de junho, o que motivou uma viagem urgente do presidente francês, Nicolas Sarkozy à Rússia, segundo notícias, para entrevistar-se com o chefe de Estado desse poderoso país, Dimitri Medvédev, com a esperança de negociar com o Irã e evitar o pior.

Agora se trata de calcular quando as forças navais dos EUA e de Israel se desdobrarão frente às costas do Irã, para unir-se aos porta-aviões e demais navios militares norte-americanos que estão à espreita nessa região.

O pior é que, igual que os Estados Unidos, Israel, seu gendarme no Oriente Médio, possui modernos aviões de ataque e sofisticadas armas nucleares fornecidas pelos EUA, que o tornou na sexta potência nuclear do planeta por seu poder de fogo, entre as oito reconhecidas como tais, que incluem à Índia e o Paquistão.

O Xá do Irã foi derrocado pelo aiatolá Ruhollah Jomeini em 1979 sem empregar uma arma. Depois, os Estados Unidos impuseram-lhe a guerra àquela nação com o emprego de armas químicas, cujos componentes forneceu ao Iraque juntamente com a informação requerida pelas suas unidades de combate e que foram empregues por estas contra os Guardiães da Revolução. Cuba o conhece porque nesse então era, como temos explicado outras vezes, presidente do Movimento de Países Não-Alinhados. Sabemos muito bem os estragos que causou na sua população. Mahmud Ahmadineyad, atualmente chefe de Estado no Irã, foi chefe do sexto exército dos Guardiães da Revolução e chefe dos Corpos dos Guardiães nas províncias ocidentais do país, que levaram o peso principal daquela guerra.

Hoje, em 2010, tanto os EUA quanto Israel, depois de 31 anos, subestimam o milhão de homens das Forças Armadas do Irã e sua capacidade de combate por terra, e às forças de ar, mar, e terra dos Guardiães da Revolução.

A estas, se acrescentam os 20 milhões de homens e mulheres, entre 12 e 60 anos, selecionados e treinados sistematicamente por suas diversas instituições armadas entre os 70 milhões de pessoas que habitam o país.

O governo dos EUA elaborou um plano para organizar um movimento político que, apoiando-se no consumismo capitalista, dividisse os iranianos e derrubasse o regime.

Tal esperança é atualmente inócua. Resulta risível pensar que com os navios de guerra estadunidenses, unidos aos israelenses, despertem as simpatias de um só cidadão iraniano.

Pensava inicialmente, ao analisar a atual situação, que a contenda começaria pela península da Coreia, e ali estaria o detonador da segunda guerra coreana que, a sua vez, daria lugar de imediato à segunda guerra que os Estados Unidos lhe imporiam ao Irã.

Agora, a realidade muda as coisas no avesso: a do Irã desatará de imediato a da Coreia.

A direção da Coreia do Norte, que foi acusada do afundamento do "Cheonan", e sabe perfeitamente que foi afundado por uma mina que os serviços de inteligência ianque conseguiram colocar no casco desse navio, não esperará um segundo para atuar enquanto no Irã se inicie o ataque.

É justo que os fanáticos do futebol desfrutem das competições da Copa do Mundo. Somente cumpro o dever de exortar o nosso povo pensando, sobretudo em nossa juventude, cheia de vida e esperanças, e especialmente nas nossas maravilhosas crianças, para que os fatos não nos surpreendam absolutamente desprevenidos.

Dói-me pensar em tantos sonhos concebidos pelos seres humanos e nas assombrosas criações das quais têm sido capazes em só uns poucos milhares de anos.

Quando os sonhos mais revolucionários se estão cumprindo e a Pátria se recupera firmemente, como desejaria estar errado!

Fidel Castro Ruz

24 de junho de 2010

21h34

27 de junho de 2010

AS ELEIÇÕES NA VENEZUELA. Por: Laerte Braga

Empresários e organizações empresariais dos Estados Unidos e da Europa admitiram publicamente que estão investindo cerca de 50 milhões de dólares nas eleições de setembro na Venezuela com o objetivo de derrotar o presidente Hugo Chávez.

A organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A matou entre 600 mil e um milhão de pessoas no Iraque. Invadiu o país afirmando que Saddam Hussein pretendia destruir o mundo “livre” com armas químicas e biológicas. Milhares de veteranos de guerra estão com doenças incuráveis por conta das balas de urânio empobrecido usadas pelos norte-americanos. Numa das áreas do Iraque o governo está pedindo às mulheres para que não engravidem tal o grau de radiação. Resultado de armas químicas e biológicas usadas pelos invasores.

Invadiram para se apoderar do petróleo.

A pretexto de capturar o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden invadiram o Afeganistão. Por lá mantêm tropas numa guerra que os próprios generais admitem que está perdida.

Três milhões de seres humanos morreram no Vietnã, de onde os norte-americanos saíram enxotados pela coragem e bravura de um povo na defesa de seu país. Bertrand Russel, o pensador e matemático inglês, em seu livro VIETNÃ, editado pela Civilização Brasileira no Brasil, acusa os norte-americanos de experimentos médicos com presos vietnamitas, tal e qual os nazistas faziam.

Em todo o mundo são mais de 600 bases militares norte-americanas e perto de 400 mil soldados.

Em

http://www.youtube.com/watch?v=JFOmnAjk1EQ&feature=PlayList&p=5E876630D2BF325B&playnext_from=PL&playnext=1&index=14

é possível ouvir o depoimento de um soldado dessa máquina terrorista e de guerra. Uma confissão de vergonha por tudo o que fez a mando dos governantes e comandantes militares da organização EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Em

https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=gmail&attid=0.1&thid=1297b9e742837a24&mt=application/vnd.ms-powerpoint&url=https://mail.google.com/mail/?ui%3D2%26ik%3Da2c5e2c82a%26view%3Datt%26th%3D1297b9e742837a24%26attid%3D0.1%26disp%3Dattd%26zw&sig=AHIEtbRF5G-9_rZ-G9-G50S_Cljts1B4TA&pli=1

há uma perfeita comparação entre o tratamento dado pelos nazistas aos judeus, ciganos, negros, minorias raciais durante a IIª Grande Guerra e o tratamento do estado terrorista de Israel aos Palestinos nos dias atuais.

Não há a menor diferença entre um outro. O sionismo é uma forma ressurreta do nazismo.

O controle quase absoluto que os grandes grupos empresariais exercem sobre os veículos de comunicação na maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, cria uma realidade diversa daquela que de fato acontece e permite a um apresentador de jornal chamar o telespectador de idiota, rotulando-o de Homer Simpson, sem que haja reação ou indignação da grande maioria desses telespectadores, tal o poder dessa comunicação mentirosa e repleta de tecnologia de alienação.

Empresários dos EUA e da Europa (em processo de falência) apostam em derrotar o presidente bolivariano da Venezuela nas eleições de setembro, retomar o controle sobre aquele país e reiniciarem o saque sistemático imposto aos que sustentam um império de terror e destruição.

Não há diferença entre o cinismo de Barack Obama e a estupidez de George Bush. Representam os mesmos interesses.

Derrotar Chávez é vital para fazer com que a América Latina retorne à condição de colônia. Como eleger José Arruda Serra no Brasil significa reassumir o controle do maior país latino-americano, hoje potência mundial. A volta aos tempos de FHC.

O que o soldado norte-americano relata a uma platéia que o aplaude de pé ao término de seu mea culpa, da exposição pública de sua vergonha, é a constatação da falência moral de seu país. O reconhecimento que um povo inteiro é ludibriado pela mentira do poder econômico.

Um dos momentos mais significativos é quando o soldado declara que foi obrigado a tomar casas de iraquianos e ao retornar a seu país percebeu que milhões de norte-americanos haviam perdido suas casas e estavam ao desabrigo para evitar que grandes organizações bancárias e imobiliárias arrastassem todo o complexo econômico/político e terrorista a uma bancarrota absoluta.

Lutar para que é o que pergunta o soldado. Para beneficiar a quem? São 450 milhões de dólares dia gastos nessas guerras.

A Venezuela e o Brasil são alvos prioritários da organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Não passa pela cabeça dos líderes desse conglomerado terrorista que esses países possam permanecer independentes, soberanos e sejam capazes de construir o futuro a partir da vontade de seus povos.

E muito menos imaginar um processo crescente e contínuo de integração latino-americana.

Vivem do saque, do terror, da barbárie.

São criminosos em si e por si, no que representam e no que significam.

Quando as tropas aliadas (ingleses, franceses, norte-americanos em sua maioria) desembarcaram na Normandia na IIª Grande Guerra, o general Dwight Eisenhower, comandante aliado, mandou um recado desesperado a Stalin. Que o governante soviético aumentasse a pressão sobre as forças nazistas para que eles, os aliados, não fossem derrotados pelos alemães.

Perto de 20 milhões de cidadãos soviéticos morreram na guerra. As tropas da antiga URSS derrotaram dois terços da poderosa máquina de Hitler e entraram em Berlim ocupando o bunker do ditador nazista abrindo caminho para que os norte-americanos, britânicos e franceses pudessem chegar.

Isso está em qualquer livro de história. Hollywood produz filmes para mostrar soldados dos EUA “libertando” o mundo.

Duas bombas atômicas foram despejadas em agosto de 1945 sobre Hiroshima e Nagazaki matando centenas de milhares de pessoas e estendendo seus efeitos por anos a fio em território japonês.

Àquela altura a guerra estava ganha, especialistas já haviam detectado isso e Harry Truman, presidente dos EUA, optou por lançar as bombas para testar seus efeitos e intimidar a antiga União Soviética.

É fácil criar pretextos para uma futura invasão ao Irã. Para um golpe de estado na Venezuela, ou eleições fraudadas pelo poder econômico. Financiar empresários brasileiros e veículos de comunicação (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, RBS, todos os grandes) para fabricar fatos e buscar a eleição de um político venal e corrupto como José Arruda Serra (cada vez mais difícil).

É necessária a resistência e a organização popular. Impõe-se como condição de sobrevivência da dignidade de nações livres como o Brasil e a Venezuela. Não importa que a maioria das forças armadas brasileiras, por exemplo, seja subordinada a Washington.

Importa a percepção do dilema. Do terror que nos é imposto na mentira contumaz e contínua da organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Em cada William Bonner da vida, ou em cada Fátima Bernardes a “exigir” de Dunga exclusividade para a quadrilha que representa.

Imaginam que todos almejam terminar nas páginas centrais de PLAYVBOY, ou sejam paspalhos a disputar um milhão no bordel do BBB.

As eleições de setembro na Venezuela servirão para mostrar a toda a América Latina que um povo é capaz de resistir e não se permitir ser saqueado. Mas todo cuidado é pouco.

A organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A não tem um pingo de escrúpulo, nem sabe o que é isso. E seus agentes muito menos.

Glauber Rocha um ou dois anos antes de morrer disse num programa na antiga TV TUPI que precisamos ter identidade cultural para promover uma revolução. “Somos o país da macumba”.

O povo venezuelano vai dizer não àqueles que sempre o exploraram, ainda que por aqui a GLOBO diga o contrário.

Hugo Chávez resgata a origem de cada trabalhador venezuelano. E os trabalhadores responderão sim à revolução bolivariana.

É a continuidade da construção de uma identidade cultural e revolucionária. Não importa quanto empresários/terroristas gastem para sustentar partidos e grupos políticos. Por aqui também há de ser assim.

Ao contrário do que José Arruda Serra diz, o frouxo com o tráfico de drogas não é Evo Morales, mas o antigo pupilo de Pablo Escobar, o colombiano Álvaro Uribe.

E a América Latina não voltará a ser América Latrina.

MST Informa -  A OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO CONTRA O POVO BRASILEIRO

MST Informa - A OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO CONTRA O POVO BRASILEIRO

Ano VIII - nº 185 sexta-feira, 25/06/2010


A OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO CONTRA O POVO BRASILEIRO


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O Brasil é alvo de uma ofensiva do grande capital, articulado pelas empresas transnacionais e pelos bancos, dentro de uma aliança com os latifundiários capitalistas, que criaram um modelo de organização da agricultura, chamado de agronegócio.

A partir da segunda metade da década de 90 - e mais ainda depois da crise do capitalismo internacional -, grandes corporações internacionais, financiadas pelo capital financeiro, passaram a avançar sobre a agricultura brasileira: terras, água e sementes, produção e industrialização de alimentos e na comercialização de agrotóxicos.

Nesse processo, o agronegócio tenta impedir o desenvolvimento da pequena agricultura e da Reforma Agrária e consolidar o seu modelo de produção, baseado na grande propriedade, monocultura, expulsão da mão-de-obra do campo com o uso intensivo de máquinas, devastação ambiental e na utilização em grande escala de agrotóxicos.


Compra de terras por empresas estrangeiras

Dados do Incra apontam que nos últimos anos foram vendidos pelo menos 4 milhões de hectares para pessoas e empresas estrangeiras. Isso prejudica os interesses do povo brasileiro e debilita a soberania nacional sobre os nossos recursos naturais. O governo federal demonstrou preocupação com essa ofensiva, até porque as empresas usam subterfúgios para desrespeitar a legislação em vigor. Um diretor da empresa finlandesa de papel e celulose Stora Enso admitiu que criou uma empresa no Brasil para burlar a lei, comprar ilegalmente 46 mil hectares na fronteira sul do país e implantar o monocultivo de eucalipto.

Só no setor sucro-alcooleiro, por exemplo, empresas transnacionais já compraram 30% de todas as usinas com suas fábricas e terras. No entanto, isso ainda não aparece nos cadastros do instituto, que apresenta números sub-estimados. Esperamos que o governo cumpra a sua promessa e aprove o quanto antes a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para impedir a compra de terras por estrangeiros, inclusive com a anulação dos títulos das terras já vendidos.


Arroz transgênico da Bayer

Nas últimas semanas, o agronegócio tenta avançar com seu projeto para a agricultura brasileira em duas frentes: mudanças no Código Florestal Brasileiro e na liberação do arroz transgênico. Enquanto a flexibilização da lei ambiental viabiliza o desmatamento para a expansão do agronegócio, os transgênicos passam o controle das sementes dos agricultores para a propriedade privada de cinco empresas transnacionais. Com isso, Bayer, Basf, Monsanto, Cargill e Syngenta criam patentes e impõem os royalties àqueles que produzem.

Os movimentos camponeses, ambientalistas e entidades de direitos humanos tivemos uma vitória importante com a pressão social e política contra a liberação do arroz da Bayer, que retirou a proposta da pauta de votação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), nesta quinta-feira. Essa variedade de arroz, por causa do consumo popular, não está liberada em nenhum país do mundo - nem nos Estados Unidos nem na Alemanha (país de origem da Bayer). Felizmente, No entanto, foi um recuou momentâneo da transnacional das suas pretensões e precisamos ficar atentos para acompanhar as suas movimentações.

A aprovação do arroz transformaria o Brasil em uma cobaia. Os impactos de liberação da transgenia no arroz, que está na mesa dos brasileiros no almoço e no jantar, seriam extremamente negativos. Em primeiro lugar, não há estudos que atestem que não há prejuízos à saúde humana do consumo de transgênicos.

Em segundo lugar, os produtores de arroz tradicional poderão ter suas colheitas contaminadas pelo arroz Liberty Link. Nos Estados Unidos, testes contaminaram pelo menos 7 mil produtores de arroz, que processam a Bayer pelos prejuízos. Com isso, poderíamos ter a conversão de todas as lavouras tradicionais de arroz em transgênicas. Além disso, mesmo sem comprar essas sementes, os camponeses teriam que pagar royalties à empresa alemã.

Em terceiro lugar, aumentaria a utilização de venenos nas lavouras do nosso país, que utilizou 1 bilhão de litros no ano passado, ocupando o primeiro lugar no ranking mundial. Há pesquisas que demonstram que o glufosinto, utilizado nas pulverizações da variedade desenvolvida pela Bayer, é tóxico para mamíferos e pode dificultar a atividade do cérebro humano.

O médico Wanderlei Antonio Pignati, doutor em saúde e ambiente, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso explica que as grandes indústrias fazem sementes dependentes de agrotóxicos e fertilizantes químicos porque também são produtoras desses venenos.

O recuo da Bayer representa uma pequena vitória da sociedade brasileira, principalmente porque demonstra que é possível enfrentar e impor derrotas às empresas transnacionais.


Mudanças no Código Florestal

Em relação ao Código Florestal, a votação do relatório apresentado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) está prevista para o começo de julho. O texto do projeto de lei beneficia os latifundiários do agronegócio, com a abolição da Reserva Legal para agricultura familiar, a possibilidade de compensação fora da região ou da bacia hidrográfica e a transferência da responsabilidade de definição da legislação ambiental para os Estados e Municípios.

Mais preocupante para a Reforma Agrária é a anistia a todos os produtores rurais que cometeram crimes ambientais até julho de 2008. Áreas que não cumprem a função social e, de acordo com a Constituição, deveriam ser desapropriadas e destinadas para os trabalhadores rurais sem-terra, continuarão nas mãos dos latifundiários. Ou seja, com a aprovação do novo código, o Congresso Nacional modificará a Constituição apenas para atender os interesses daqueles que monopolizam as terras em nosso país.

Enquanto as empresas do agronegócio comemoram discretamente, os ruralistas estão eufóricos com a possibilidade de legitimar o desmatamento já realizado e abrir a fronteira agrícola sobre as nossas florestas e áreas de preservação. O que não se esperava mesmo era que os setores mais conservadores encontrassem nesse ponto um apoiador fora do ninho, que mereceu até mesmo elogios da senadora Kátia Abreu (DEM), que há pouco tempo tentava se cacifar para ser candidata a vice-presidente de José Serra (PSDB). Uma vez que Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e porta-voz do setor mais reacionário dos latifundiários, é a principal defensora dessas mudanças, fica evidente quem se beneficiará com as propostas do deputado Aldo Rebelo.

Até agora, muitas vozes se levantaram contra essa proposta, como as igrejas, entidades ambientalistas, parte importante do movimento sindical e movimentos populares, especialmente a Via Campesina Brasil, que manifestaram repúdio ao projeto. Um abaixo-assinado colheu milhares de assinaturas para sensibilizar o Congresso, parlamentares progressistas pediram vistas ao relatório e o Ministério do Meio Ambiente se colocou contra as propostas. O próprio governo, cujo o partido político do deputado Aldo Rebelo compõe a base parlamentar, veio a público para criticar o projeto.

Esperamos que a pressão da sociedade consiga evitar a destruição da legislação ambiental e a devastação do conceito de função social da propriedade, que determina a realização da Reforma Agrária. Em vez de acabar com o Código Florestal, precisamos manter os seus princípios e aperfeiçoá-lo, preservando a natureza em benefício de toda a população e das gerações futuras.


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Notícia Histórica – Barco israelense é impedido de atracar nos EUA

Notícia Histórica – Barco israelense é impedido de atracar nos EUA

Vitória no porto de Oakland: barco israelense tem a sua descarga bloqueada

Domingo, 20 de junho de 2010
Por Gloria La Riva

Pela primeira vez, um boicote portuário nos EUA em solidariedade à Palestina


Em nossa época esta é uma ação histórica e sem precedentes. Mais de 800 ativistas sindicais e comunitários bloquearam o cais de Oakland durante a madrugada, o que permitiu que os estivadores se negassem a cruzar as linhas do piquete e impediu a descarga de um barco israelense.


De 5:30am a 9:30am, um protesto militante e espirituoso ocorreu em frente às quatro portas do Serviço de Estiva da América, com as pessoas cantando sem parar "Livre, Palestina livre, não cruze a linha do piquete” e "Um ataque contra um é um ataque contra todos, o muro do apartheid vai cair".


Argumentando acerca de sua saúde e segurança – disposições contidas em seus contratos de trabalho – os trabalhadores, ligados à ILWU [organização sindical internacional dos trabalhadores portuários], se negaram a cruzar o piquete.


Entre as 8:30am e as 9:00am, uma arbitragem de emergência foi realizada no estacionamento da empresa Maersk, próximo ao cais. De forma "instantânea", um juiz apareceu no local para decidir se os trabalhadores podiam negar-se a cruzar o piquete sem medidas disciplinares.


Às 9:15am, após confirmar a continuidade do protesto de centenas de pessoas em cada portão de acesso caís, o juiz sentenciou a favor do sindicato, dizendo que a situação era realmente insegura para que os trabalhadores tentassem entrar no cais.


Jess Ghannam, da Aliança Palestina Livre, e Richard Becker, da Coalizão ANSWER (Atue Agora para Parar a Guerra e Acabar com o Racismo, na sigla em inglês), receberam aplausos e gritos de "Viva a Palestina!", ao anunciarem a vitória do movimento. Ghannam disse: "Isto é realmente histórico, nunca antes um barco israelense havia sido bloqueado nos Estados Unidos!"


A notícia de que um navio com contêineres da companhia de navegação Zim Israel estava programado para chegar à área da baía neste domingo provocou uma enorme onda de solidariedade com a Palestina, sobretudo em função do violento atentado israelense, no dia 30 de maio, contra os voluntários que levavam ajuda humanitária para Gaza.


Com 10 dias de antecipação à chegada do navio, um clima de emergência se criou no “Comitê Sindical e Comunitário de Solidariedade com o Povo Palestino". Na quarta-feira, 110 pessoas dos sindicatos e da comunidade vieram ajudar a organizar a logística, a difusão e o apoio da comunidade local. Dentre as organizações que tornaram o ato possível estão a Coalizão Palestina Al-Awda Direito ao Retorno, a Coalizão ANSWER, a Seção local da USLAW (Trabalhadores Estadunidenses Contra a Guerra), e a Seção Sindical do Comitê pela Paz e pela Justiça.


Esta semana, dois conselhos sindicais locais aprovaram resoluções quanto à denúncia do bloqueio israelense a Gaza. Ambos emitiram notas públicas sobre a ação no cais do porto.


O ILWU tem una história de orgulho por estender a sua solidariedade aos povos que lutam em todo o mundo. Em 1984, as massas negras sul africanas participavam de uma intensa luta contra o apartheid, e o ILWU negou-se por 10 dias (um recorde) a descarregar mercadorias do navio "Ned Lloyd", da África do Sul. Apesar de multas milionárias impostas aos sindicatos, os trabalhadores portuários se mantiveram fortes, proporcionando um grande impulso ao movimento contra o apartheid.


Entre as muitas declarações de solidariedade ao protesto estão a dos trabalhadores palestinos e cubanos. A Federação Geral Palestina de Sindicatos, disse que "sua ação de hoje é um marco na solidariedade internacional dos trabalhadores dos EUA, de honestos e valentes sindicalistas. Saudações dos sindicalistas e trabalhadores da Palestina... dos sindicalistas e trabalhadores enjaulados em Gaza."


A Central de Trabalhadores de Cuba (CTC) escreveu: "Nosso povo vive há 50 anos um bloqueio injusto e abominável do governo dos EUA, de modo que entendemos muito bem como o povo palestino se sente, e vamos estar sempre em solidariedade com a sua justa causa. Hoje lhes enviamos o nosso apoio mais sincero. Viva a solidariedade da classe trabalhadora! Fim ao bloqueio de Gaza! Respeito e justiça para o povo da Palestina!"


A ação de hoje em Oakland, no sexto maior porto dos Estados Unidos, é o primeiro de vários protestos e paralisações previstos em todo o mundo, incluindo Noruega, Suécia e África do Sul. Seguramente inspiraremos outros a fazerem o mesmo.



(tradução a partir do espanhol: Rodrigo Fonseca)



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Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br

Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922

Saramago, o último grande narrador. Por: Roberto Numeriano[*]


Numa cultura dominante em que a pulsão da morte constitui a sua essência, o escritor José Saramago, falecido aos 87 anos no dia 18 de junho, foi uma brilhante e genial exceção. Português da aldeia de Azinhaga, filho de pais pobres da região do Ribatejo, Saramago não era homem de concessões hipócritas quanto a princípios morais e políticos nos quais acreditava, e, por isso mesmo, numa época em que tudo está à venda ou pode ser relativizado em nome de projetos pessoais e / ou de grupos, ele se manteve coerente até o fim da vida. Para o bem da alta literatura, dos ideais socialistas e da própria humanidade.

Antigo militante do Partido Comunista Português, Saramago não era “comunista de carteirinha” por acaso. Filiou-se ao PCP em 1969, quando Portugal ainda vivia a ditadura salazarista. O ato foi apenas a formalização de uma militância socialista que vinha de longa data, efeito da sensibilidade moral de um jovem que, tendo nascido no meio de pobres e miseráveis, cedo discerniu as causas da desigualdade social e econômica dos portugueses. Aluno brilhante, teve de abandonar o colégio porque seus pais não podiam pagar seus estudos.

Podia, pela revolta, renegar e esconder sua origem pobre. Podia, como fazem muitos na ascensão social, defender idéias da classe que espoliava os lavradores e proletários do Ribatejo. Podia, por vergonha, fingir que nunca foi pobre. Podia, simplesmente, esquecer. Mas há gente que nasce para lembrar, porque nunca esquece de si mesmo em suas origens. E lembrar por si e pelos outros, pelos que têm boca e língua, mas nunca são escutados; têm olhos e visão, mas são invisíveis
em um mundo onde a luz parece se projetar apenas sobre os bens, a riqueza, o luxo, o poder e a ostentação.

Em Saramago, essas dimensões de mestre do romance e de ativista político e social se imbricavam sem que uma tolhesse ou recalcasse a outra. Foram sempre a expressão de uma persona criativa e combativa, rica de uma humanidade onde percebemos a sabedoria dos simples de coração, o humor, a luta dos deserdados, a crítica social e dos (hipócritas) costumes, a denúncia da cegueira de um mundo onde a morte inspira a política do capital, o alerta a respeito da alienação
coletiva dos seres humanos, embrutecidos na malha da indústria cultural da incultura.

O poder de sua fábula traduzia justamente este universo, e não por acaso pode explicar o fato de alguns o considerarem “difícil” e ao mesmo tempo ele ser tão lido e admirado por milhões de pessoas, em várias línguas. Em um dos seus raros acertos, o comitê de literatura lhe concedeu o Prêmio Nobel em 1998.

Saramago é, possivelmente, o último grande narrador da humanidade, considerada esta em sua dimensão de um espírito ou idéia universal. Em suas obras, não há como não nos reconhecermos como seres humanos completos, na dor ou na alegria, vivos ou mortos, duvidando dos deuses e das crenças, amando e buscando. Sua morte marca (e aqui a frase
feita cabe) o fim de uma época em que a literatura está moribunda e submetida aos escapismos de estilos que apenas revelam sua pobreza. Também simbolicamente, sua morte ocorre em um momento no qual há uma pulsão de morte no movimento de forças econômicas e políticas erguendo-se do espólio neoliberal em vários países europeus, numa onda
neofascista que criminaliza migrantes, trabalhadores, etnias não brancas, ativistas políticos e sociais de esquerda, além de estudantes e desempregados.

Contra tudo isso, o grande narrador português nos deixou uma obra para travar um combate que significa a permanência de uma luz que ele fez brilhar nos seus personagens. Em Memorial do Convento, um dos seus grandes romances, os protagonistas Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas são a quintessência do amor perene entre um homem e uma
mulher, para além do tempo, das fogueiras da Inquisição, da velhice. Quem vê a vida de Saramago, sente que ele tinha o mesmo amor pela humanidade.


[*] Roberto Numeriano é cientista político (UFPE), professor, jornalista e
candidato do PCB ao Governo do Estado de Pernambuco.

A coragem moral de Aldo Rebelo

A direita agradece ao PCdoB: “o árbitro independente” da luta de classes


Veja abaixo artigo de Kátia Abreu, a líder nacional dos latifundiários, maior inimiga pública do MST, Senadora do DEM por Tocantins, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e dirigente da UDR. José Serra não a aceitou como candidata a Vice porque ela está ainda mais à direita do que ele.

KÁTIA ABREU

Há conceitos que não se prestam a manipulações ideológicas: o certo, o lógico, o adequado e o equilibrado não são nem de direita nem de esquerda. Nem são monopólio de grupos ou entidades. São expressões da realidade, acessíveis à percepção humana.

Certas circunstâncias, porém, a embotam: o sectarismo ideológico, por exemplo. Nesse caso, em particular, deriva frequentemente para o surrealismo. O agronegócio, responsável pelos sucessivos êxitos do país na balança comercial e um dos segmentos que mais gera emprego e renda, é tratado por alguns como inimigo público número um.

Essa distorção se dá atualmente nas discussões em torno do projeto do novo Código Florestal Brasileiro, em debate na Câmara dos Deputados. Reedita-se um conflito em essência artificial: o de meio ambiente versus produção. Felizmente, seu relator, o deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP), colocou-se acima de interesses, dogmas e mesquinharias, munindo-se das ferramentas da lógica, do bom senso e, sobretudo, do interesse público para legislar.

Não se trata, pois, de um relatório, como alguns quiseram insinuar, ao feitio dos produtores rurais. Estes terão que se adaptar às novas regras e cortar na própria carne. Mas, sem dúvida, concilia visões antagônicas entre produção e equilíbrio ambiental. A discussão e votação desse projeto não pode se reduzir a uma queda de braço entre tendências ideológicas. A hora é de bom senso, não de paranoia ideológica.

Ao analisar a ousada defesa do novo código feita no Congresso pelo deputado comunista Aldo Rebelo, me ocorreu a saga de Heráclito Fontoura Sobral Pinto - que passou à história como Sobral Pinto. Um país que teve um Sobral Pinto não precisa invocar o universal Dom Quixote para qualificar cidadãos que desafiam o estabelecido e, em nome das suas convicções, pouco se importam com a onda de infâmias, deboche e perseguições.

Todos conhecem, ao menos por ouvir falar, o advogado, católico fervoroso e, consequentemente, anticomunista (pelo menos nos anos 30 do século 20 era assim), que defendeu Luiz Carlos Prestes e sua mulher Olga Benário, presos sem qualquer respeito aos direitos humanos logo após a chamada Intentona Comunista.

Ninguém queria assumir a defesa de Prestes, e a OAB designou o único destemido que se dispunha à ousadia. O deputado Aldo Rebelo, no desafio que lhe foi posto, também lida com a defesa de valores essenciais à atividade humana.

Questiona, de peito aberto e sem meias palavras, a barreira de preconceitos, hipocrisias, lugares-comuns e, principalmente, a pusilanimidade antidemocrática e o conformismo. Com sua autoridade moral e sua incorruptibilidade, Aldo Rebelo transformou um desastre anunciado em uma agenda nova na discussão de questões do meio ambiente e da agropecuária.

Como nacionalista, posição que os patriotas envergonhados procuram desdenhar; com sua biografia de filho de vaqueiro, quando experimentou a desproteção das populações rurais; com sua carreira política, desde o movimento estudantil, em bases populares, que lhe permitiram conhecer a fome; com os próprios instrumentos da sua formação filosófica, o deputado Aldo Rebelo não é um aliado conquistado pela agropecuária.

É um testemunho de coragem e racionalidade, que assume, como árbitro independente, um jogo em que o desenvolvimento nacional estava ameaçado por fantasias generosas e interesses escusos. Aldo Rebelo me lembra Sobral Pinto, defendendo com desassombro os direitos humanos do revolucionário Luiz Carlos Prestes, não por ser comunista, mas pela sua fé e por suas convicções democráticas.

FONTE: PCB

Orania e a maré negra

Orania e a maré negra

Orania e a maré negra

Jacques Gruman

Não fosse a Copa e Orania seria um rodapé duma página obscura. Com as vuvuzelas azucrinando o juízo e as patriotadas em alta, alguém desenterrou a história de um gueto racista que sobrevive no país que derrotou o apartheid.

No início de 1991, pouco depois do fim do regime de segregação racial que vigorou na África do Sul por décadas, uma empresa adquiriu uma cidade abandonada, à beira do rio Oranje. Cerca de 50 famílias, todas brancas, se mudaram para lá e começaram a construir um “paraíso africâner”, desafiando o processo de integração pelo qual lutaram o CNA e Nelson Mandela.

O que pretendem os “puristas” ? Preservar nossos valores, cultura, língua, religião, responde Lyda Strydom, uma das líderes da comunidade. Queremos educar nossos filhos dentro da cultura africâner, completa Lyda.

Essa gente recusa o rótulo de segregacionismo, mas, ao rechaçar a convivência com outras etnias e culturas e separar-se, fisicamente, dos demais sul-africanos, só faz reafirmar o conteúdo racista de seu estilo de vida. Comportam-se como se o contato com os negros e suas múltiplas culturas representasse uma contaminação. Este ideal de pureza tem tristes e sangrentos antecedentes.

A muitos quilômetros de distância dali, no dia 17 de junho, uma maré negra serpenteava pelas ruas de Jerusalém. Mais de 100 mil haredim (judeus ultra-ortodoxos) manifestavam-se, indignados, pela .... manutenção da segregação ! Na colônia de Emanuel, enclave na Cisjordânia ocupada, pais de alunas de uma escola ultra-ortodoxa de ashquenazim (judeus originários, principalmente da Europa Oriental e Central) proibiram suas filhas de irem às aulas caso fossem aceitas estudantes sefaradim (judeus originários, principalmente, da Península Ibérica). A alegação ? As sefaradim não seriam suficientemente religiosas ... Conversa mole. Curioso é que os ashquenazim insistem que seu gesto não é racista. “Apenas” querem garantir uma segregação que não mude os critérios de pureza. O discurso, como se vê, tem claras coincidências com os oranianos (separação/pureza/medo).

Os haredim, que representam cerca de 10% dos judeus israelenses (devem chegar a 20% em 2020, segundo o demógrafo Arnon Sofer), não assistem televisão, nem filmes. São proibidos de ler jornais seculares e usar a internet, se não existir uma finalidade profissional. Recentemente, um jornal haredi modificou, digitalmente, fotografias do então recém-empossado gabinete israelense, substituindo as duas mulheres ministras por imagens masculinas. São uma força obscurantista, que, entretanto, se fortalece na medida em que, em Israel, estado e religião vivem em promiscuidade.

Intolerância tem muitos rostos, mas a máscara está sempre rasgada.

Quem é terrorista na Colômbia?

Quem é terrorista na Colômbia?

Semanário VOZ, edição 2542
Por: Carlos A. Lozano Guillén
A senadora Piedad Córdoba (Partido Liberal) questionou em dias passados, em Madri, Espanha, a inconveniência de que a União Européia mantenha na "lista de organizações terroristas" as FARC e o ELN, gurpos insurretos colombianos, de natureza política e militar e partes de um conflito de longas décadas no país. Realmente é inconsequente, se a UE aspira a contribuir para a paz na Colômbia e para a saída política do conflito armado, manter essa decisão claramente imposta pelas pressões dos governos colombiano e norte-americano, sócios da guerra contra o nosso povo.
Apesar de que a inclusão nessa lista das guerrilhas colombianas foi em 2002, posteriormente França e Espanha, acompanhadas da Suiça, que não é membro da União Européia e não considera como terroristas as FARC e o ELN, contribuiram como "países amigos" para a libertação de detidos em razão do conflito armado e na busca do intercâmbio (troca) humanitária de prisioneiros de guerra. Com dois de seus emissários, Noé Sáenz e Jean Pierre Gontard, processados e perseguidos com o pretexto de que seus nomes constam os computadores de Raúl Reyes (assassinado no Equador em 2008).
Muito oportuna a alusão de Piedad Córdoba e, além disso, necessária de ser atendida, porque se existe a disposição da União Européia de contribuir no futuro para a paz da Colômbia diante do fracasso da guerra uribista, tem que adotar decisões que facilitem seu papel neste sentido. O contrário é quase que autoexcluir-se de uma gestão humanitária, própria de um coflito de natureza política e social como o colombiano.

Lembro que quando se adotou a decisão em junho de 2002, encontrava-me na Europa, em um giro, quase que solitário, promovendo a idéia da troca de prisioneiros ou intercâmbio humanitário, no início do primeiro governo de Álvaro Uribe Vélez, que não aceitava qualquer compromisso sobre o tema, muito menos para a paz negociada. Diante de funcionários das chancelarias da Espanha, Suécia, Áustria, França, Itália, Bélgica e do Vaticano, deixei claro que essa decisão não contribuia para o futuro papel dos europeus como facilitadores ou mediadores de paz em nosso país. O que seria, na eventualidade de aproximações entre as partes, quase que indispensável, porque a desconfiança recíproca ia ser um fator de perturbação e obstáculo.

Observei que as chancelarias, pelo menos a maioria delas, tinham a mesma percepção. Mas foi o funcionário espanhol, ainda no governo de José Mária Aznar, que me deu a explicação de fundo: "Não podemos eludir a exigência do irmão maior", me disse. Resta dizer que o "irmão maior" era o governo de George W. Bush, sócio da Espanha e da Grã-Bretanha na agressão terrorista ao povo iraquiano. É parte da hipocrisia destes países em temas fundamentais nos quais prima o interesse de classe. Simplesmente isso.
* Carlos Lozano é membro do Burô Político do Partido Comunista Colombiano e editor do jornal "VOZ".



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16 de junho de 2010

Quatro fatos em defesa e em solidariedade à Cuba

Encerrou-se neste domingo, em Porto Alegre, a 18ª Conferência Nacional de Solidariedade à Cuba, onde mais de 300 representantes de treze Estados discutiram formas de contribuir para a defesa da Revolução Cubana frente às agressões do Império estadunidense e aos ataques midiáticos da grande imprensa privada. Independente da visão que se possa ter de Cuba, o apoio incondicional à Revolução se apresenta como uma das tarefas prioritárias da esquerda latino-americana como um todo; não se trata de simples solidariedade internacionalista para com a luta de 52 anos de um povo por sua autodeterminação soberana. Muito além disso, trata-se da defesa dos ideais e valores socialistas mais elementares, que se encontram intimamente associados à imagem de Cuba Socialista, num mundo onde o domínio político, militar e ideológico do capitalismo é esmagador. É importante ressaltar que, vinte anos antes, o desaparecimento do socialismo soviético do leste europeu não somente destruiu o stalinismo, mas também foi muito além, solapando toda e qualquer força política que se identificasse minimamente com os ideais socialistas, inaugurando uma era de retrocessos sociais e recuo das forças de esquerda da qual ainda hoje o mundo não se recuperou.

Defender pois a Revolução Cubana se torna tão importante quanto urgente. E uma das batalhas mais importantes dessa luta se dá no terreno das idéias, quebrando-se com fatos certos preconceitos e falsos juízos sobre Cuba arraigados ao senso comum geral. Há dessa forma quatro pontos básicos que todos precisam saber sobre Cuba:

Primeiro fato: quando fala de Cuba, a mídia não é neutra.

Tal fato, embora possa ser óbvio para muitos, para o senso comum majoritário passa frequentemente despercebido. Assim, quando o assunto é Cuba, em primeiro lugar é sempre bom lembrar (e denunciar!) que a forma com que a mídia aborda a realidade cubana, aí inclusos a maioria dos órgãos da grande imprensa do Brasil e além, é falsa e extremamente tendenciosa, sendo orientada não no sentido de informar, mas antes de difamar, caluniar e atacar Cuba. Isso fica evidente quando se reconhece os interesses de classe aí envolvidos. É fato conhecido, embora há muitos isso possa passar despercebido, que se a Revolução aboliu a exploração capitalista de Cuba, e as empresas de comunicação no Brasil e em outros países são capitalistas, é evidente que o grande interesse dessa mídia capitalista é de destruir seu inimigo ideológico, promovendo uma guerra suja onde a primeira baixa é a verdade. Fica assim fácil entender porque todos os dias nos chegam notícias sobre "violações dos direitos humanos" e de "repressão política" em Cuba, como se direitos fundamentais tais como direito à educação, à saúde, emprego, alimentação e moradia, plenamente consolidados em Cuba (mais até do que em muitas "democracias") não fossem direitos humanos. Ou como se "prisioneiros políticos" como os 75 "presos de consciência" encarcerados em 2003 não fossem na verdade agentes de uma potência inimiga, cubanos equipados, financiados e orientados pelos EUA para agir contra o governo de seu país, o que configura crime de Estado não só em Cuba como também em muitas "democracias", aí inclusos Estados Unidos e Europa. Ou como se não houvessem em Cuba diversos opositores em liberdade, que não são perseguidos pelo governo e até mesmo participam livremente do processo político cubano e de suas eleições.

Por tudo isso, sempre que ver ou ler algo sobre Cuba nas telinhas, nos jornalões ou nas revistas semanais, pare, pense e reflita. Será que é mesmo verdade? E que interesses estão por trás de tais "notícias"?

Segundo fato: o bloqueio e as suas consequências.

Novamente, aqui cabe mais ressaltar do que informar. É fato conhecido por muitos a existência do bloqueio imposto à Cuba há mais de 50 anos, mas ainda assim há quem não o associe à situação econômica difícil que a ilha socialista passa. Fala-se de Cuba como um país "miserável" ou até "falido", um país "fechado" ao resto do mundo. Fechado sim, mas por uma porta que se tranca pelo lado de fora! Desde a Revolução, os EUA impõem à Cuba um bloqueio criminoso, que já custou ao longo das décadas quase uma centena de bilhões de dólares de prejuízo à ilha socialista, que se vê proibida pelo Império de comerciar com outros países e até mesmo usar o dólar, hoje dominante no comércio internacional. O pouco intercâmbio que Cuba consegue realizar só se faz driblando as restrições do Império. Tal bloqueio, caracterizado como crime de guerra pelo direito internacional, ainda limita remessas de dinheiro para Cuba de cubanos residentes nos EUA, e até mesmo cidadãos estadunidenses de viajar à Cuba, sob pena de prisão. Além disso, o Império ainda incita a imigração ilegal de cubanos para os EUA, como forma de desgastar a Revolução privando-a de seus melhores profissionais e especialistas!

Diante disso tudo, fica a pergunta: que país capitalista resistiria por mais de meio século a tantas agressões e restrições como as que se impõem sobre Cuba? Que capitalista continuaria "rico e próspero" sob tal cerco?

Terceiro fato: a democracia e as instituições em Cuba.

O primeiro erro em que se incorre ao se falar em "democracia" é tratar tal conceito como algo absoluto: "ali" é uma "democracia", "acolá" é uma "ditadura". O que existe na verdade são nações mais democráticas (ou menos) do que outras; e o fato é que Cuba, por mais que se diga o contrário, é uma das nações mais democráticas do mundo, principalmente por seu extremo zelo para com os direitos humanos mais básicos (educação, saúde, alimentação, moradia, etc), mas também por sua própria estrutura política. Custa muito ao senso comum acreditar que, na "ditadura dos Castro", há sim instituições, leis e tribunais. Mais, há também protagonismo popular, não somente através de eleições como também na fiscalização dos representantes do povo. O máximo poder existente em Cuba, o Conselho de Estado, tem seus membros eleitos dentre os deputados da Assembléia Nacional, que por sua vez tem seus membros eleitos através de eleições diretas e secretas, onde a participação popular chega próxima aos 100% e os votos brancos e nulos nunca ultrapassam 5%. Os candidatos – que uma vez eleitos, podem a qualquer momento ter seu mandato revogado pelo povo – são indicados em assembléias de bairro em todo o país, e o Partido Comunista, embora seja o único existente, não lança candidatos – entende-se o papel do Partido não como entidade que visa disputar votos, mas sim como instituição inspiradora e propagadora dos ideais socialistas. Até mesmo Fidel e Raúl Castro, para chegarem à presidência, precisam antes ser eleitos deputados em suas respectivas zonas eleitorais!

Quarto fato: a solidariedade internacionalista de Cuba para com o mundo.

Quando o assunto é a solidariedade de Cuba para com os povos do mundo, chega-se aí a um dos fatos mais importantes – e não por coincidência, menos divulgados – sobre a Revolução. De fato, há muito que essa nação do Caribe já fez pelo mundo em seus poucos mais de cinquenta anos de trajetória revolucionária, muito mais até do que se poderia esperar de um país tão pequeno e fustigado. Nos campos político e militar, a ilha cumpriu o importante papel de fornecer apoio aos povos latino-americanos nos tempos em que quase a totalidade do continente se via assolado por ditaduras civil-militares, tendo a Revolução influenciado e ajudado na sobrevivência de toda uma geração de líderes de esquerda da região. Decisivo também foi o auxílio das forças expedicionárias cubanas na consolidação das independências de Angola e Namíbia, e mais importante, na destruição das pretensões expansionistas do apartheid, fazendo da ajuda cubana decisiva para a queda do regime sul-africano de segregação racial, conforme o próprio Nelson Mandela admitiu ao chamar Fidel Castro de "irmão de luta". E no campo da saúde popular, há décadas que Cuba mantêm centenas de médicos por todas as partes do mundo, fornecendo atendimento gratuito e de qualidade para milhões de pobres e desamparados, pessoas que sem a ajuda da Revolução não teriam qualquer assistência à saúde. Quem sabe, por exemplo, que Cuba já prestava ajuda ao povo do Haiti antes mesmo do terremoto? Inclusive, a ajuda cubana se faz presente até mesmo no tratamento cirúrgico, como na Operação Milagro, que já devolveu a visão a milhares de pessoas cegas na América Latina e na África.

Aqui, porém, mais do que nunca, Cuba desafia o senso comum. Àqueles acostumados aos valores de nossa "modernidade" capitalista, fica difícil reconhecer que um país pequeno, empobrecido por um bloqueio cruel e com tantos problemas econômicos, possa se dedicar a ajudar povos de outros países sem esperar nada em troca. Trata-se de um choque de visões de mundo. O senso comum é incapaz de ver que, por trás da solidariedade internacionalista, há valores diferentes. São valores como humanismo, amizade, cooperação, igualdade e o mútuo auxílio pelo bem-estar comum, valores do socialismo. Quem não enxerga essa questão fundamental jamais entenderá a força que guia e mantém viva a Revolução, nem tampouco será capaz de ver o que a experiência socialista cubana, independente de seus defeitos ou problemas, tem de melhor pra oferecer ao mundo: o exemplo de que outra sociedade, mais humana e superior ao capitalismo, não só é necessária como, também, é real e perfeitamente viável.


Fonte: http://auto-gestao.blogspot.com/2010/06/quatro-fatos-em-defesa-e-em.html


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Sintomas mórbidos de um fascismo de novo tipo. Por: Humberto Carvalho [*]

Sintomas mórbidos de um fascismo de novo tipo. Por: Humberto Carvalho [*]

“Ojo bolche, Taquara te vigila”

(“Abre os olhos bolchevique, Taquara te vigia”,

slogan de uma organização de extrema

direita que se via pintado em muros,

antes da ditadura militar, no Uruguai)


A crise capitalista tende a sair do campo econômico e a se transformar em crise política, pela invisibilidade de alternativas dos agentes políticos do capital em indicar mudanças de rumo.

Embora “a História não se repita, a não ser como farsa”, é inevitável a comparação desta crise com a de 29 e os anos de depressão que se seguiram.

Na crise de 29, nos EUA, houve sinalização de mudanças com a adesão de F. D. Roosevelt às idéias keynesianas que evitaram a transformação da crise econômica, naquele país, numa crise política.

Na Alemanha, ao contrário, não houve sinalização de mudanças e o quadro se degenerou, com a eleição de Hitler, em 1933, iniciando-se o nazismo.

Na Itália, devido à crise que já existia no país, antes da crise geral de 29, numa espécie de antecipação ao “crash” da bolsa de Nova Iorque, já em 22, Mussolini assumia o poder como uma maneira de por um fim às perturbações sociais decorrentes da crise italiana, iniciando-se o domínio fascista.

Hoje em dia, nos EUA, os setores conservadores, como o representado por Bush, apontam descaradamente a guerra como uma bandeira de um novo impulso da economia a partir do ciclo destruição-reconstrução e da realização de maciços investimentos no complexo industrial-militar com indução e subvenções estatais. Mas, esses setores sofreram um sério revés eleitoral, para setores ditos mais “liberais”, como o representado por Barack Obama que, entretanto, não abandonou o uso da força para impor a vontade imperialista.

Se Obama não sinalizar mudanças internamente, como, por exemplo, as introduzidas por F. Delano Roosevelt na Grande Depressão, tudo indica que a crise econômica, nos EUA, se transformará em crise política, dando espaço para um “neofascismo”. A esse respeito, diga-se que o problema do desemprego, um dos grandes chamarizes das eleições americanas, foi analisado pelo professor Edward Luttwak, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade George Washington. O estudo foi traduzido no Brasil pela revista Novos Estudos do CEBRAP, em novembro de 1994. O professor Luttwak focaliza o caso dos EEUU e considera não ter sido este problema respondido satisfatoriamente nem pelos republicanos nem pela esquerda moderada abrindo, portanto, um espaço provavelmente a ser ocupado por uma espécie de partido fascista melhorado. Sintomaticamente, o título do artigo é: "Por que o Fascismo é a Onda do Futuro".

Na Europa, vários partidos racistas, apontando falsamente que o problema do desemprego é a presença de imigrantes africanos e asiáticos, repetem a idéia de um bode expiatório, nos moldes nazi-fascistas. Inclusive, esses partidos alcançam expressivos resultados eleitorais, especialmente em eleições regionais e locais.

Juan Diego Garcia, da Argenpress, no lúcido artigo “El renascer del fascismo” (“O renascer do fascismo” que vai, aqui, traduzido do espanhol) aponta o Tea Party, nos EUA, como um exemplo dessa “onda do futuro”:

“O ‘Tea Party’ (Partido do Chá) nos Estados Unidos constitui a expressão do fundamentalismo cristão, com sua carga de xenofobia, racismo exacerbado e tradicionalismo (sem esquecer seu discurso da defesa do livre mercado), um programa que recolhe as duas grandes vertentes do pensamento burguês atual, a neoliberal (no campo econômico) e a conservadora ( no âmbito da moral pública e da vida cotidiana). A estratégia desse movimento de extrema direita não exclui nenhum dos conhecidos métodos do terror: pressões, intimidações, manipulações e ameaças de morte, numa atmosfera de cumplicidade suspeita e de impunidade garantida que traz à memória os anos negros da KKK ou o da caça às bruxas do macarthismo.”

O mesmo autor apresenta as características desse fascismo de novo tipo:

“O novo fascismo tem suas formas próprias e sua linguagem particular mas coincide basicamente com o anterior, incluindo o inevitável ‘bode expiatório’. Agora, ademais de judeus, comunistas e ciganos, trata-se de muçulmanos, negros, latino-americanos e imigrantes pobres em geral. Como na dura atmosfera da Grande Crise que precedeu ao fascismo, hoje se produz uma grande concentração no ramo do poder executivo em detrimento do suposto equilíbrio dos poderes, convertendo os parlamentos e o poder judiciário em simples instrumentos dóceis do executivo que, por sua vez, resulta prisioneiro de grandes conglomerados de interesses (encabeçados pelo capital financeiro e especulativo); também se produz a negação do jogo político tão caro ao ideário democrático burguês, substituído por instâncias opacas que funcionam sem nenhum controle democrático, como ocorre com os governos de fato. As decisões-chaves são tomadas prioritariamente nos centros econômicos e nas instituições financeiras, em detrimento dos parlamentos ou dos conselhos de ministros. O poder legislativo se limita a dar legalidade às propostas oriundas do executivo que, por sua vez, atua segundos as ‘sugestões’ de grupos de interesses privados nacionais e estrangeiros. O recorte sistemático do espaço político,a invasão crescente da privacidade e o manejo de conflitos com táticas de ‘guerra urbana’ como ocorreu recentemente na Dinamarca e na Grécia transformam o direito de protesto num risco,em contraste com a tolerância com a atuação dos bandos de rua do novo fascismo. Em síntese, há um panorama de conflito bélico interior e exterior com presságios nada tranqüilizantes.”

(Fonte http://www.argenpress.info/2010/04/el-renacer-del-fascismo.html).

Vejamos os sintomas politicamente doentios que indicam o diagnóstico de um fascismo de novo tipo, de um “neofascismo”.

O fortalecimento de partidos como o Likud, em Israel, que protagoniza eventos típicos de barbárie fascista como a intervenção militar na Faixa de Gaza e o contínuo genocídio do povo palestino, periclitando a paz em todo o Oriente Médio, com o beneplácito do mundo “ocidental e cristão”.

A intervenção militar americana no Haiti, desrespeitando a já duvidosa “missão de paz” da ONU, num momento em que os haitianos mais necessitavam de ajuda humanitária para reconstruir o país, vitima de uma catástrofe.

A verdadeira guerra aos imigrantes, declarada pelos EUA, com o estabelecimento de considerável número de forças armadas na fronteira com o México, onde foi construído um “muro da vergonha” e através de leis persecutórias e incriminadoras de imigrantes.

O golpe de estado em Honduras que se manteve, apesar das pressões internas e externas, e onde continua a dura repressão à oposição.

A ameaçadora reativação da IVª Frota americana com um poderio bélico maior que a soma de todas as forças armadas dos países latino-americanos.

O estabelecimento de bases militares dos EUA na América do Sul, numa clara ameaça à paz na região, com o silêncio subserviente da maioria dos governos liberais ou social democratas.

A construção de um aeroporto militar norte-americano, na cidade de Mariscal Estigarribia, no Paraguai, que possibilita o controle da região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Bolívia). Nessa região se assenta a maior reserva mundial de água doce, o Aqüífero Guarani, indicando que futuras guerras do imperialismo se darão pelo domínio da água no mundo.

O recente acordo militar Brasil-EUA com a criação de uma central de inteligência, sob o pretexto de combate ao narcotráfico, capaz de “controlar” a vida dos brasileiros.

Os constantes ataques aos mais elementares direitos humanos na Colômbia, onde se matam, diariamente, lideranças sindicais e oposicionistas e se combate, por todos os meios, legais e ilícitos, os chamados “crimes de consciência”.

Os recentes acontecimentos na Tailândia, onde se pôs fim aos protestos públicos através de uma grande mobilização e ação das forças armadas daquele país que destruiu o bairro onde se concentravam os chamados “camisas vermelhas”, com matança indiscriminada de pessoas.

Na Grécia, diante da resistência heróica às medidas propostas pelo governo, arquitetadas pela UE e FMI, o que restará para a direita a não ser a ditadura, ou pior, para impor as “medidas de austeridade”?

Os defensores do desacreditado neoliberalismo vinculados a movimentos de extrema direita, como se viu claramente no último “Fórum da Liberdade”, em Porto Alegre, a exemplo do “anarco-capitalista” David Friedman acompanhado de representantes do Movimento Endireita Brasil.

A deliberada confusão entre o direito de resistência – que é reconhecido até na Declaração de Independência dos EUA - com terrorismo, feita por todos os que querem estabelecer um clima de pânico para tirar proveito político.

A adoção de um “Memorando Anticomunista” pelo Parlamento Europeu, dando início a uma forte campanha não só ideológica, mas de repressão aos comunistas e simpatizantes.

As recentes proibições do uso de símbolos comunistas e da criminalização da ideologia e de partidos comunistas, com deturpação da História na equiparação do comunismo ao nazi-fascismo, em países como a Polônia, a Hungria, a Romênia, a Estônia, a Letônia, a Lituânia e a Moldávia.

A repressão violenta a manifestações de professores, servidores públicos e trabalhadores, em alguns Estados do Brasil, os esforços despendidos, inclusive por instituições que deveriam se apresentar como “neutras” (as manifestações de alguns Ministros do STF e de representantes do Ministério Público de alguns Estados), na tentativa de criminalizar movimentos sociais como o MST, são exemplos, também, desse fascismo de novo tipo.



[*] Membro do CC do PCB



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