30 de julho de 2010

Chanceler de Chávez negocia plano de paz e acusa Estados Unidos de insuflar a guerra

Chanceler de Chávez negocia plano de paz e acusa Estados Unidos de insuflar a guerra

27/07/2010 - 08:59 | Breno Altman | Brasília

Chanceler de Chávez negocia plano de paz e acusa Estados Unidos de insuflar a guerra

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, esteve reunido com o presidente Lula na noite desta segunda-feira (26/7), durante breve viagem ao Brasil. Antes de continuar seu roteiro, que inclui paradas no Paraguai, Uruguai e Argentina, concedeu entrevista exclusiva ao Opera Mundi. Revelou a intenção de seu governo em articular um “plano de paz permanente com a Colombia” e analisou a escalada da crise entre as duas nações andinas.

Maduro reiterou que seu governo “deseja ter as melhores relações com o governo colombiano”. Mas foi contundente ao afirmar que, diante de qualquer ação agressiva da administração Uribe, a Venezuela irá responder com “medidas extremas de proteção”. Também acusou os Estados Unidos de serem o “pano de fundo” da crise e repetiu o alerta do presidente Chávez, de que o fornecimento de petróleo e derivados será suspenso em caso de qualquer ataque colombiano. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista.

Opera Mundi

Maduro: "a Venezuela é vítima da guerra colombiana há 60 anos"

Qual o objetivo da sua visita ao Brasil?
Foi uma visita relâmpago, para trazer uma mensagem pessoal do presidente Chávez ao governo brasileiro, além de oferecermos mais informações sobre as ameaças do governo colombiano contra a Venezuela. O presidente Lula teve o gesto honroso de nos receber. Apresentamos os esboços do plano que vamos levar à Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que se reúne na próxima quinta-feira em Quito, focado na necessidade de plano de paz permanente para a região. A guerra civil na Colômbia extravasou suas fronteiras e ameaça a segurança das nações andinas.

Mas quais são as propostas centrais desse plano?
Estamos em processo de consultas. Vamos apresentá-lo formalmente na quinta-feira. Não queremos adiantar os detalhes neste momento porque acreditamos que deve ser muito discutido previamente à sua apresentação na quinta-feira, para que ganhe viabilidade. Mas temos insistido que a corrida armamentista que está acontecendo na Colômbia há varias décadas, particularmente a partir do Plano Colômbia, e agora com as bases militares norte-americanas, leva a um transbordamento da violência daquele país na direção dos países vizinhos. Queremos encerrar essa situação com um plano de paz que possa superar a guerra na Colômbia, que já causou um ataque, em março de 2008, ao território do Equador e que representa uma ameaça permanente à revolução democrática na Venezuela.

O senhor avalia que a crise entre os dois países pode levar a um conflito militar?
É isso que queremos evitar. Já estamos em conflito político e diplomático contra uma doutrina que causou os ataques ao Equador. Uma doutrina que viola o direito internacional em relação à soberania e à inviolabilidade territorial dos países. Faremos todos os esforços para impedir seu desdobramento militar. Mas repudiamos a agressão diplomática do governo colombiano e defenderemos nosso território diante de qualquer tentativa de violação.

Após a eleição de Juan Manuel Santos para presidir a Colômbia, parecia que as relações com a Venezuela poderiam entrar em distensão. A que o senhor atribui a súbita mudança de situação?
Temos que relembrar que o presidente Chávez, no dia 14 de julho, anunciou o desejo de normalizar relações diplomáticas com a Colômbia, determinando que eu procurasse a futura chanceler do país vizinho para tratarmos dos termos de reaproximação. No dia seguinte apareceram notícias, na imprensa colombiana, de que o presidente Uribe apresentaria provas contundentes de presença guerrilheira em território venezuelano. A partir daí foi deslanchada campanha intensa contra nosso governo, repercutindo também na mídia internacional, por meio da CNN e outras empresas de comunicação. Uma semana depois o embaixador colombiano foi à OEA (Organização dos Estados Americanos) e passou horas ofendendo o presidente Chávez e nossas instituições democráticas. Mostrou umas fotos e simplesmente afirmou que guerrilheiros estavam escondidos na Venezuela, sem provar nada. O presidente Uribe parece movido pelo interesse de manter seu espaço como chefe dos grupos mais conservadores e belicistas de seu país. Não tivemos outra opção que não o rompimento das relações diplomáticas.

Mas o próprio presidente Chávez disse que os grupos paramilitares e guerrilheiros de fato cruzam as fronteiras venezuelanas.
Nós somos vítimas da guerra colombiana há 60 anos. Temos quatro milhões de colombianos vivendo na Venezuela, foragidos de guerra. E por que não voltam para a Colômbia? Porque se sentem inseguros, enquanto na Venezuela, a partir do governo Chávez, reconhecemos seus direitos ao trabalho e à seguridade social, ao progresso e à proteção do Estado. Nessas décadas todas fomos constantemente invadidos por guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes, que se apropriaram de terras nossas. Mas usamos nossas forças armadas e policiais, comandadas pelo presidente Chávez, e hoje todos os 2,3 mil quilômetros que temos de fronteira com a Colômbia estão livres da produção de drogas ou laboratórios de processamento. Foi um esforço que fizemos no combate também aos grupos armados. Mas esses quilômetros de fronteiras estão abandonados pela Colômbia. É muito difícil que não soframos mais risco de invasões enquanto não acabar a guerra na Colômbia.


O presidente Chávez anunciou que, se houver agressão militar da Colômbia contra a Venezuela, haverá medidas contra os EUA.
O presidente Chávez há muito tempo denuncia a agressiva movimentação norte-americana contra a Venezuela, com o apoio da Colômbia. As sete bases instaladas na Colômbia estão estrategicamente voltadas contra nosso território, para não falar na reativação da 4ª Frota e outras medidas. Não temos dúvidas de que existe uma estratégia elaborada pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado norte-americano para recuperar a hegemonia política que os EUA perderam na região por conta do avanço das correntes progressitas. Todas essas provocações da Colômbia e todas essas intenções agressivas têm, como pano de fundo, esse plano norte-americano. Se a Venezuela for agredida, tomaremos medidas de proteção, a começar pelo cancelamento do comércio de petróleo e derivados com os EUA.

O senhor não acha que a postura de seu governo pode aprofundar a tensão?
Nós queremos ter as melhores relações com o governo da Colômbia e estamos trabalhando nesse sentido. Mas não se pode continuar essa campanha permanente contra o chefe de estado, as instituições e a democracia venezuelana. A revolução bolivariana tem de ser respeitada assim como o governo da Colômbia. Queremos voltar a desenvolver o comércio, os investimentos conjuntos, o intercâmbio em todas as áreas -- cultural, energética etc. Mas a partir de uma retificação profunda, do respeito mútuo e absoluto. Se isso não existir, não temos como fazer o diálogo avançar.

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O povo que pode, o povo que constrói, tem a palavra!

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Castiguemos com o repúdio colectivo os governantes vassalos

por FARC-EP

Estamos em marcha pela dignidade da pátria. A batalha pela independência não terminou, entrou na sua fase decisiva.

Não podemos proclamar-nos livres quando a política de dominação de um império nos subjuga e nos submete com a cumplicidade apátrida das oligarquias, e nos aprisiona na desumanidade das cadeias da escravidão neoliberal.

Um país ocupado militarmente não é independente. Não podemos declarar-nos soberanos quando a força militar de uma potência estrangeira empesta com bases o território pátrio, pisoteia a dignidade e a bandeira dos Estados Unidos tremula sobre a nossa América.

Mas podemos sim proclamar-nos povo em luta pela liberdade!

Já estamos na batalha. Com a certeza de Bolívar, "todos os povos do mundo que lidaram pela liberdade exterminaram por fim seus tiranos". A justa causa dos povos não pode ser derrotada. A espada de batalha do Libertador, agora nas mãos do povo, nos abrirá os caminhos da esperança e triunfará na contenda da emancipação definitiva.

Desfraldemos hoje a auriflama tricolor do bicentenário como símbolo de luta e homenagem aos libertadores que sonharam a Grande Nação de Repúblicas, escudo do nosso destino, aos que nos deram pátria pensando na humanidade e bateram-se nos campos de batalha para dignificar o homem e a mulher americanos.

Como há duzentos anos "em Bolívar está a emancipação". Esta certeza espargida sobre o céu da América pelo prócer Camilo Torres deve ser a divisa da nossa campanha na alvorada do Socialismo e Pátria Grande que ilumina o continente e a América insular. A colheita da semeadura amorosa dos libertadores, concebida para os povos, não pode ser usurpada nem um minuto mais pelos herdeiros de Santander e sua perfídia; deve passar ao usufruto dos seus destinatários originais. O sangue dos libertadores não adubou os campos de batalha para tornar mais ricos os já ricos nem para facilitar novas cadeias coloniais e sim para redimir o soberano, que é o povo.

Prestemos tributo nesta efeméride ao inca Tupac Amaru, ao comuneiro José Antonio Galán, ao negro José Leonardo Chirinos e a todos os esquartejados pela opressão criminosa da coroa espanhola. Honra à jovem Policarpa Salavarrieta, arcabuzada pelos terroristas pacificados encabeçados pelo general espanhol Pablo Morillo. Glória eterna a Francisco José de Caldas, Camilo Torres Tenorio, a Francisco Carbonel e a todos aqueles que, supliciados nos patíbulos, nos mostraram com o seu exemplo o caminho da liberdade. Aos precursores da nossa independência, Miranda, Nariño e Espejo, nosso reconhecimento eterno. Temos que desenterrá-los, retirá-los das fossas do esquecimento nas quais os confinaram a mentirosa historiografia dos que desviaram o rumo da pátria, para que continuem na batalha.

Ainda ressoava o eco da vitória de Ayacunho quando estalou a contra-revolução na ambição sem peias da oligarquia crioula pelo poder político ilimitado. Ela encontrou na Doutrina Monroe intriga e alento permanente para dividir o território e despedaçar a obra legislativa bolivariana que pretendia dignificar o povo fazendo prevalecer o interesse comum sobre o particular.

Tal como o havia prognosticado o Libertador, não tardaram em buscar um novo amo. Combateram a concepção bolivariana da unidade de povos numa Grande Nação, apoiados no sofisma da Doutrina Monroe. Ela foi o seu acicate para assaltar o poder e alcançar o seu miserável sonho de substituir os vice-reis na opressão. Essa doutrina era o disfarce da avareza do Destino Manifesto anglo-saxão, que jamais pensou enfrentar a armada colonial britânica nem a Santa Aliança que projectava restaurar na América o predomínio do trono espanhol e sim anexar repúblicas, saquear recursos e submeter politicamente.

Traíram a grandeza e trocaram a possibilidade do surgimento de um novo poder continental, que fosse equilíbrio do universo, esperança da humanidade, pelo ajoelhamento e a submissão a uma potência estrangeira. Só lhes interessava assaltar o poder político com a ajuda externa para acrescentar as suas fortunas pessoais e pô-las a salvo da revolução social. Dóceis ao seu novo amo, desmobilizaram, por conveniência recíproca, o exército libertador, único garante da independência e das conquistas sociais, forças dissuasiva ao mesmo tempo das ambições neocoloniais do governo de Washington.

Os cobiçosos e agressivos líderes do Norte, inspirados sempre no cálculo aritmético, possuídos pela ambição de erigir a sua prosperidade sobre a base do espólio dos povos do Sul, não podiam tolerar a concretização do plano estratégico de Bolívar no Congresso do Panamá que contemplava a formação de uma liga perpétua das nações antes colónias espanholas, presidida por uma autoridade política permanente, com um exército unificado concebido para a defesa e para a campanha de libertação das ilhas de Cuba e Porto Rico, consideradas por Washington como apêndices do seu espaço continental. Mortificava-os a ideia do Libertador de tornar efectiva a cidadania hispano-americana entre povos irmãos, o estabelecimento de um pode político inimigo da escravidão e, sobretudo, o propósito de impulsionar um regime de comércio preferencial que fizesse prevalecer a cláusula de nação mais favorecida para as repúblicas irmãs coligadas.

Todas estas medidas pensadas pelo Libertador Simón Bolívar para preservar a independência e a dignidade das nações hispano-americanas interpunham-se como fortificação inexpugnável frente às insólitas pretensões do Destino Manifesto, embuste inventado pelos fundadores do império para auto-legitimar a espoliação.

Por isso transmitiram aos seus ministros na Colômbia, México e Peru a instrução perversa de estimular as rivalidades entre nossas repúblicas, o espírito chauvinista, desencadear a espionagem, a conspiração e a intriga, minar o prestígio do Libertador e por isso Bolívar é alvo dos seus ataques furibundos.

Eliminar a figura política do Libertador, sua poderosa influência na América Latina, foi a sua obsessão até causar a sua morte física e o eclipse transitório do seu projecto político e social.

Todas as desgraças e misérias da Nossa América têm essa origem. "Os Estados Unidos parecem destinados pela providência a praguejar a América de misérias em nome da Liberdade", havia profetizado Simón Bolívar.

A revolução ficou truncada, inconclusa desde 1830 pela acção predadora da matilha de excludentes crioulos açulada e comandada pelo governo de Washington.

"Toda revolução – dizia o Libertador – tem três etapas: a guerreira, a reformadora e a de organização. A primeira etapa pertence ao passado; foi obra dos soldados. A segunda fizemo-la com o Congresso de Cúcuta e o governo de Bogotá. A terceira, a de organização, vou abordá-la no Panamá".

Este é exactamente o ponto de partida para retomar a obra da independência e da revolução. A 200 anos de iniciada a gesta independentista o projecto de Bolívar continua a estar assombrosamente válido, como se houvesse sido concebido para os tempos de hoje. O povo que pode, o povo que constrói, tem a palavra. E agora Bolívar é o próprio povo a empunhar a sua espada com a irredutível determinação de lutar pela concretização do seu grande sonho.

Mas só o grito de independência não é suficiente; ficou demonstrado na explosão simultânea de gritos que estremeceram o continente Sul, afogados rapidamente pelas sanguinárias forças punitivas da coroa. Nenhum povo pode alcançar a sua liberdade se não tiver uma força própria. Desta vez o novo grito de independência deve ser o grito de todos, o grito dos excluídos reforçado com a mobilização resoluta, com a luta multiforme, com as armas da unidade, da inteligência e da força. É a hora dos povos. Foram eles que combateram e combatem, os que contribuíram e contribuirão com milhares de heróis estelares e anónimos. Foi o povo a força viva do exército bolivariano que derrotou o regime colonial na América do Sul e será protagonista do triunfo inevitável da revolução política e social.

Há uma espiral que ascende rumo à liberdade. A luta dos patriotas do século XIX tem um fio condutor, uma articulação, com a dos patriotas do século XXI. Aqueles desenvolveram a sua luta num agitado contexto de crise do mundo colonial. Consolidava-se, sim, o sistema capitalista com o saqueio e a escravidão de povos, mas ao mesmo tempo a invasão napoleónica da Espanha estimulava na América hispânica a ruptura radical com o regime colonial. A luta dos patriotas do século XXI pela independência definitiva não só está ligada à derrota do sistema capitalista e da dominação imperial como exige a superação desse sistema decadente e a inauguração de uma nova era justiceira: a do socialismo e da Pátria Grande. A actual crise estrutural do capitalismo é o toque de clarim que anuncia ao povo que chegou o momento de lançar-se à batalha definitiva pela emancipação.

A preocupação de Washington é Simón Bolívar ainda vivo e palpitante na ânsia justiceira dos povos, a vigência do seu pensamento, do seu projecto político e social, o reencontro dos excluídos com a história verdadeira que lhe diz que foram eles, sua dignidade, o objecto principal do projecto originário de nação.

Como vislumbram na consciência dos povos um obstáculo à espoliação, recorrem à força e à instalação do poderio da sua tecnologia militar para negar pela violência ou a dissuasão o que exigem o sentido comum e a justiça. Não nascemos para sermos vassalos de ninguém, nem pátio traseiro de nenhuma potência. A América do Sul pertence-nos porque nascemos nela. Temos direito à dignidade humana e a construir o modelo de sociedade que faça a nossa felicidade.

Que importa que os Estados Unidos instalem estrategicamente suas bases militares no Caribe e no continente se estamos resolvidos a ser livres? Como diria Bolívar na efervescência independentista da Sociedade Patriótica: "ponhamos sem temor a pedra fundamental da liberdade sul-americana; vacilar é sucumbir".

Oponhamos um escudo de dignidade latino-americana e caribenha às incessantes agressões e desrespeitos do monstro do Norte, forjado este escudo no mais duro e resistente aço da unidade. "Porque a divisão é o que nos está matando", devemos destruí-la. A dispersão e a ausência de unidade foram o que interpôs o tremendo abismo que nos separa do nosso destino de Grande Nação, de potência de humanidade e liberdade. Rompamos as cadeias mentais e culturais que agrilhoam a consciência colectiva. Nosso dever é não ouvir o escravizante canto de sereia do império e escutar a palavra amorosa do pai e Libertador, que nos diz: "unidos seremos fortes e mereceremos respeito; divididos e isolados, pereceremos". A unidade é a nossa força e a nossa esperança.

Recusemos com decoro pátrio as bases e instalações operativas da avançada do exército dos Estados Unidos na Colômbia. Castiguemos com o repúdio colectivo os governantes vassalos, de colónia, que permitiram o ultraje e que cederam o território como base de agressão ianque contra os povos do continente; os apátridas que ajoelharam durante 200 anos a nossa dignidade perante a águia imperial e que cravaram a adaga da política neoliberal e do Fundo Monetário Internacional no coração da Colômbia hemisférica; os desavergonhados peões do império que prestam seu sentimento escravo para atalhar em nome de Washington a incontível onda bolivariana que percorre o continente.

A marcha patriótica bicentenária está em movimento. Como dizia Bolívar: "o impulso da revolução está dado, já nada o pode conter (...) O exemplo da liberdade é sedutor, e o da liberdade interna é imperioso e arrebatador (...) Devemos triunfar pelo caminho da revolução e não por outro (...) A lei da repartição de bens é para toda Colômbia".

A mobilização de povo começou. Já estamos na batalha. Com a espada do Grande Herói triunfará a independência definitiva, a Pátria Grande e o Socialismo.

Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 15 de Julho de 2010

Ano bicentenário do grito de independência

O original encontra-se em www.resumenlatinoamericano.org , Nº 2236

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/

NAS MONTANHAS DA COLÔMBIA

NAS MONTANHAS DA COLÔMBIA

imagemCrédito: PCB


PELA PAZ DEMOCRÁTICA COM JUSTIÇA SOCIAL

* Ivan Pinheiro

Nos últimos anos, venho cumprindo tarefa partidária no sentido de restabelecer e estreitar as relações do PCB com organizações e partidos revolucionários, com destaque para a América Latina. Este trabalho político tem como objetivo principal o reforço do internacionalismo proletário, na luta anti-imperialista e pelo socialismo.

A América Latina é palco de uma intensa luta de classes, antagonizando forças populares dispostas a aprofundar mudanças sociais e as oligarquias associadas ao imperialismo, sobretudo o norte-americano.

Ao XIV Congresso Nacional do PCB, realizado em outubro do ano passado, compareceu a grande maioria dos Partidos Comunistas da região. Além de viagens recentes de camaradas da direção do PCB e da UJC (União da Juventude Comunista) a Argentina, Chile e Uruguai e outros países, pessoalmente estive na Bolívia, Cuba, Colômbia, Equador, Honduras, Paraguai, Peru e Venezuela. Nestas viagens, tive contatos com camaradas de Costa Rica, El Salvador, Haiti, Nicarágua, Panamá, Porto Rico e República Dominicana.

imagemCrédito: PCB


Numa dessas viagens, fui convidado a conhecer presencialmente a mais antiga e importante organização insurgente do continente: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), que há 46 anos luta nas montanhas pela libertação nacional e pelo socialismo na Colômbia. A organização foi criada em função de uma necessidade objetiva de os camponeses colombianos defenderem seus pedaços de terra, suas casas e suas famílias da violência do Estado e de milícias a serviço do latifúndio.

Tive que tomar solitariamente a decisão de aceitar o convite e viajar no dia seguinte para as montanhas andinas, já que era o único membro do PCB naquela viagem e, por razões óbvias, não poderia consultar meus camaradas da direção do Partido no Brasil. Portanto, resolvi passar alguns dias num acampamento das FARC na Colômbia por iniciativa própria, sob minha exclusiva responsabilidade, e não por decisão partidária. Mas estava convicto de que minha atitude era compatível com a linha política do Partido.

Valeram a pena as duras viagens, de ida e volta, por regiões e países dos quais não me recordo, até porque toda aquela região é habitada pelo mesmo povo, dividido artificialmente em vários países, pelos interesses do capital. Passei por belas paisagens, conheci uma fauna e uma flora exuberantes, alternando meios de transporte os mais variados, como automóveis, canoas e mulas, além de saudáveis mas cansativas caminhadas.

Ficarão para sempre em minha memória os diálogos que mantive com os jovens guerrilheiros e guerrilheiras que conheci e as fotografias que não pude tirar do trabalho dos camponeses, das creches, escolas e postos de saúde criados e mantidos pelo “Estado” guerrilheiro em seu território, do cotidiano do acampamento.

Foram momentos que me marcaram, reforçando valores como a disciplina partidária, o trabalho coletivo, a camaradagem. O aprendizado nas reuniões diárias do coletivo, ao anoitecer, para repercutir documentos políticos e notícias atualizadas, da Colômbia e do mundo todo, ouvidas nos rádios que fazem parte do enxoval dos militantes. As bibliotecas volantes, onde não faltam clássicos do marxismo e da literatura.

Impossível esquecer a entrevista que fiz em “portunhol” para todo o contingente guerrilheiro, através da Rádio Rebelde.

Como não guardar com carinho o único objeto físico que pude trazer da viagem, um caracol que ganhei do jovem guerrilheiro que me serviu de guia e apoio durante a estadia, no dia em que nos despedimos sem que pudéssemos conter as lágrimas que misturavam sentimentos de fraternidade e paternidade.

Muito mais do que a curiosidade, o espírito de aventura e a simpatia pelas FARC, falou mais alto em minha decisão o dever revolucionário de contribuir, de alguma forma, para os esforços para uma solução política da complexa questão colombiana. Muito antes da viagem e da instalação de mais sete bases militares norte-americanas na Colômbia, eu já tinha consciência de que esse país vinha se transformando numa cabeça de ponte do imperialismo na América Latina, onde cumpre o papel que Israel exerce no Oriente Médio.

Num artigo que publiquei há alguns anos (“Impedir a guerra imperialista na América Latina”), já dizia textualmente:

”... para dar solidariedade aos povos venezuelano, boliviano, equatoriano; para lutar para que possam avançar as mudanças e a luta de classes na América Latina, mesmo em processos mais mediados e contraditórios; para evitar que haja guerra e retrocesso em nosso continente; para tudo isso, há um pré-requisito: derrotar o verdadeiro eixo do mal, os braços do imperialismo norte-americano em nosso continente: o governo fascista e o Estado terrorista da Colômbia!”

Já tinha claro, quando resolvi aceitar o convite, que não interessa à oligarquia colombiana, tampouco ao imperialismo, reconhecer o caráter político da guerrilha e, muito menos – para não lhe dar protagonismo - estabelecer com ela um processo de diálogo que possa pôr fim ao conflito armado na Colômbia, que dificilmente será solucionado pela via militar.

Estamos diante de uma espécie de empate, em que nem as guerrilhas (FARC e também a ELN, que segue lutando) têm muitas possibilidades para expandir o território sob seu controle (quase um terço do país), nem as forças militares e paramilitares conseguem derrotá-las.

À oligarquia colombiana interessa a manutenção do conflito, para se locupletar dos bilhões de dólares dos programas militares bancados pelos EUA e atribuir cinicamente aos insurgentes a mais rendosa atividade do grupo que detém o poder no país: exatamente o narcotráfico.

Aos EUA, não interessa a solução do conflito, para poder justificar a “guerra contra o narcoterrorismo”, que lhe permite manipular a opinião pública para reinstalar a Quarta Frota, criar mais sete bases militares na Colômbia, dar um golpe em Honduras, botar milhares de soldados no Haiti e agora na Costa Rica e firmar acordos militares com vários países na região, lamentavelmente inclusive com o Brasil, assinado recentemente.

O objetivo do imperialismo é reforçar sua presença militar para tentar desestabilizar e derrubar governos progressistas, em especial o da Venezuela, apertar o cerco a Cuba, evitar o fortalecimento da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), frear o processo de mudanças na Bolívia e outros países, tudo isso de olho grande nas extraordinárias riquezas naturais do continente, como petróleo e gás, água e minerais.

Nos anos 90, houve na América Latina um processo negociado de desmilitarização de grupos guerrilheiros. Na América Central, todos esses entendimentos resultaram em acordos, com a transformação das guerrilhas em organizações políticas legais. Duas delas, aliás, estão hoje no governo de seus países: a FMLN (El Salvador) e a FSLN (Nicarágua). Na Colômbia, entretanto, este processo terminou com o cruel assassinato de mais de 4.000 membros da União Patriótica, partido político então legal, que incorporava parte dos militantes das FARC que desceram das montanhas, do Partido Comunista Colombiano e de outras organizações de esquerda.

Portanto, as FARC não podem promover uma rendição unilateral, incondicional, uma paz de cemitérios, jogando fora um patrimônio de décadas de luta e submetendo seus militantes a um genocídio. O que pretendem é um diálogo que torne possível uma paz democrática, que ponha fim não só ao conflito, mas ao terrorismo de Estado, à expulsão de camponeses de suas terras, às milícias paramilitares, ao assassinato e à prisão de milhares de militantes e que assegure liberdades democráticas e verdadeiras mudanças econômicas e sociais.

Mas o início de um diálogo de paz na Colômbia – que interessa a todas as forças e personalidades democráticas, pacifistas e anti-imperialistas e não apenas aos comunistas – só será possível através de uma ampla campanha internacional pela paz com justiça social e econômica na Colômbia, cujo êxito tem como pré-requisito o reconhecimento das FARC e do ELN como são em verdade: organizações políticas beligerantes.

Foi para contribuir para essa necessária e urgente campanha – conhecendo e divulgando um pouco mais a história, a realidade, os pontos de vista e as perspectivas das FARC – que resolvi conviver alguns dias com os guerrilheiros e conversar, sem preocupação com o relógio e o celular, com alguns de seus comandantes, em especial Iván Marquez e Jésus Santrich, que me visitaram no acampamento em que me hospedei.

Não voltei ao Brasil para fazer proselitismo sobre uma forma de luta que considero incompatível com a atualidade brasileira, mas que respeito como legítimo direito dos povos na luta contra a opressão. Voltei determinado a contribuir para a abertura de um diálogo político na Colômbia.

O PCB e outras organizações e personalidades entendem a importância desse diálogo para o avanço dos processos de mudança na América Latina, que depende da neutralização da agressividade do imperialismo em nosso continente, cujo centro de gravidade é o terrorismo de Estado colombiano.

A Colômbia é o segundo destino mundial de ajuda financeira para fins militares e de material bélico dos EUA, após Israel; tem as Forças Armadas mais numerosas, armadas e treinadas da América do Sul. Um dos objetivos principais do imperialismo, diante da crise sistêmica do capitalismo, é fomentar guerras localizadas, sobretudo contra países fora de sua esfera de dominação e, preferencialmente, possuidores de riquezas naturais.

O Estado narcoterrorista colombiano é o instrumento para provocar conflitos militares na região, como foi o caso da invasão do espaço aéreo equatoriano para o ataque ao acampamento do comandante Raul Reyes, o Secretário de Relações Internacionais das FARC, que tinha como tarefa exatamente promover trocas humanitárias de prisioneiros e abrir espaço para uma solução negociada do conflito militar.

No caso da Venezuela - onde o processo de mudanças na região mais avança – as provocações são mais ousadas, constantes e perigosas. A Colômbia, que já infiltrou milhares de paramilitares no território venezuelano, para preparar um golpe contra Chávez, agora acusa a Venezuela de abrigar guerrilheiros das FARC, utilizando-se de manipulações tecnológicas, como as que vem fazendo até hoje com o inacreditável computador pessoal de Raul Reyes, que resistiu incólume a um bombardeio aéreo intenso, em que todo o acampamento foi destruído e morreram 26 pessoas.

Os EUA já se associaram a estas “denúncias” do governo colombiano e já agitam propostas de levar o caso para organismos multilaterais que hegemonizam. As relações diplomáticas entre a Colômbia e a Venezuela estão cada vez mais tensas. É necessária uma urgente ação política para evitar o agravamento do conflito, que só interessa ao imperialismo e à direita, não só colombiana, mas de todos os países da América Latina, que fazem de tudo para ajudar a derrubar o governo venezuelano, através de sua satanização e manipulação.

Aqui no Brasil não é diferente. Toda a mídia burguesa se associa às denúncias do governo colombiano e a direita aproveita o momento eleitoral para criticar o governo brasileiro exatamente em relação a um dos poucos aspectos que os internacionalistas nele valorizamos. Apesar da vacilação, da dubiedade e das contradições - em face do objetivo principal da política externa brasileira de transformar o país numa grande potência mundial -, ao Estado brasileiro não interessa a guerra imperialista, mas sim a expansão do capitalismo brasileiro.

A direita, para instigar a guerra entre a Colômbia e a Venezuela, tenta desqualificar o Brasil como mediador da crise. Para isso, acusa o partido do Presidente da República de relações e atitudes que infelizmente não são verdadeiras, pois poderiam ter ajudado a solucionar o conflito colombiano.

Na Colômbia, é expressivo o movimento conhecido como “Colombianos pela Paz” – que estimula a troca de prisioneiros e tenta criar um ambiente favorável ao diálogo –, liderado pela Senadora Piedad Córdoba, com quem participei, em outra ocasião, de reunião em Bogotá para tratar do tema da paz naquele país, juntamente com outros militantes latino-americanos, dentre os quais Carlos Lozano, do Burô Político do Partido Comunista Colombiano, um dos dirigentes internacionalistas mais dedicados à solução do impasse em seu país.

Mas essa campanha não será exitosa se não contar com a ampla participação de governos, instituições e personalidades democráticas e progressistas de vários países, sobretudo da América Latina.

E, na América Latina, o Brasil – em função de sua importância e sua liderança - é o país que reúne as melhores condições para viabilizar o diálogo colombiano, como fiador político, liderando um conjunto de países e organizações multilaterais da região, de preferência a UNASUL (União das Nações Sul-Americanas), que não conta com a presença indesejável dos Estados Unidos.

É correta a iniciativa da diplomacia brasileira de levar a discussão do novo conflito para o espaço da UNASUL e tentar ajudar a mediá-lo. Mas não se pode ter ilusão de que o novo Presidente colombiano, que tomará posse em alguns dias, recuará nos projetos belicistas do consórcio EUA/Colômbia. Este não é o último gesto raivoso de Uribe, como muitos imaginam. Este é o primeiro gesto de Santos antes da posse, combinado com Uribe, para iniciar seu governo com voz grossa, mas com pouco desgaste. Santos não foi só o candidato de Uribe. Foi seu Ministro da Defesa, responsável pela aplicação do famigerado “Plano Colômbia”. É o uribismo sem Uribe. Não nos esqueçamos da invasão de Israel à Faixa de Gaza, antes da posse de Obama, para preparar a transição para o imperialismo sem Bush.

Por isso, será importante, mas insuficiente, a distensão do atual conflito entre Colômbia e Venezuela. Isto resolve uma parte da questão no curto prazo, mas não resolve a causa do problema. O Brasil deve ir além dessa iniciativa e se empenhar numa solução negociada do conflito interno colombiano. E isto só será possível se sentarem à mesa, com observadores internacionais credenciados pelas partes, os verdadeiros atores em conflito: as organizações políticas insurgentes e, mais do que o governo, o Estado colombiano.

Para ser conseqüente com o objetivo do Estado brasileiro de transformar o nosso país em uma referência no âmbito mundial, seria muito mais eficiente patrocinar um diálogo que pode distensionar o pesado ambiente interno colombiano, que paira sobre a América Latina, do que liderar tropas de ocupação no Haiti.

Além do mais, desmontar o “Cavalo de Tróia” montado pelo imperialismo na Colômbia não serve apenas para evitar uma guerra com a Venezuela ou a derrubada de seu governo. Como disse Fidel Castro, as bases militares ianques na Colômbia são punhais no coração de toda a América Latina, inclusive, não nos iludamos, sobre o Brasil, cujas extraordinárias riquezas naturais - entre elas a biodiversidade da Amazônia, as imensas reservas de água doce e o pré-sal - são os principais objetos da cobiça dos Estados Unidos em todo o continente.

* Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB

25 de julho de 2010

28 de julho de 2010

Documentos revelam que os EUA e a Colômbia planejam ataque contra Venezuela

Documentos revelam que os EUA e a Colômbia planejam ataque contra Venezuela

escrito por Eva Golinger


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Uribe Vélez cumpre com o que ordena o império e agora ameaça com invasão militar o território venezuelano.



A expansão militarista dos Estados Unidos na região e sua estratégia de mobilidade global estão em processo de execução contra a Venezuela. A carta revelada pelo Presidente Chávez confirma os planos contidos em documentos do Pentágono desde 2009.

Caracas, 24 de julho 2010 – O Presidente Hugo Chávez denunciou, neste sábado, que os Estados Unidos planejam atacar a Venezuela e derrotar seu governo. Durante a celebração do nascimento do Libertador Simón Bolívar, Chávez leu uma carta secreta, recebida de uma fonte não revelada dos Estados Unidos.

Velho amigo, faz anos que não o vejo. Como comentado, leia os três últimos comunicados que enviei. A ideia segue sendo a geração do conflito pelo lado ocidental”, leu Chávez do texto confidencial.

Os últimos acontecimentos confirmam tudo. Parte discutiram por aqui. Outras informações me chegaram por cima”, continuou a carta.

A fase de preparação da comunidade internacional, com ajuda da Colômbia, está em plena execução”, manifestou o texto, fazendo referência à sessão extraordinária na Organização dos Estados Americanos (OEA), quinta-feira passada. Durante a citada sessão, o governo da Colômbia acusou a Venezuela de apoiar “terroristas” e dar refúgio aos “acampamentos terroristas” em território venezuelano. O governo colombiano deu um “ultimato” de “30 dias” à Venezuela para permitir uma “intervenção internacional”. O Departamento de Estado também apoiou a posição da Colômbia e solicitou à Venezuela que “responda frente a esta informação 'comprovada e confirmada'”.

A carta continuou com mais detalhes: “Mandei dizer que os eventos tinham data-limite de 26 de julho, porém, por alguma razão, estão adiantando movimentos que eram para serem executados depois”.

Nos Estados Unidos, se acelera a fase de execução com uma força de contenção até a Costa Rica, com o pretexto da luta contra o narcotráfico”.

Em 1º de julho passado, o governo da Costa Rica autorizou a entrada de 46 navios de guerra e 7 marines norte-americanos em seu território.

O verdadeiro objetivo desta mobilização militar, destacou o documento, é para “apoiar as operações militares” contra a Venezuela.


ASSASSINATO E DERRUBADA

Há um acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos, que possui dois objetivos: um é Mauricio e o outro é o governo”, revelou o texto secreto. O Presidente Chávez explicou que “Mauricio” é o pseudônimo utilizado nestas comunicações.

A operação militar esta acontecendo”, alertou o texto. Sobre a sua realização, “porém, os do norte não querem entrar diretamente em Caracas”.

Estão caçando 'Mauricio' fora de Caracas. É muito importante. Repito: é muito importante”.

O Presidente Chávez revelou que recebeu comunicações da mesma fonte em ocasiões anteriores. As comunicações alertavam-no sobre ameaças perigosas. Recebeu uma carta da fonte dias antes da captura de mais de cem paramilitares colombianos nas periferias de Caracas. Esses paramilitares eram parte de um plano de assassinato contra o chefe de Estado venezuelano. Outra comunicação chegou semanas antes do golpe de Estado de abril de 2002. “A carta falou de franco-atiradores e do golpe”, explicou Chávez, “e tinha razão. A informação era verídica, porém não fomos capazes de atuar a tempo para prevenir a situação”.


EXPANSÃO MILITAR DOS EUA

Esta última revelação chega, justamente, depois da decisão de romper relações com a Colômbia. A medida foi tomada pelo Presidente Chávez após o “show” da Colômbia na OEA. “Uribe é capaz de qualquer coisa”, alertou Chávez, anunciando que o país está em alerta máxima e as fronteiras serão reforçadas.

Em outubro de 2009, Colômbia e Estados Unidos assinaram um polêmico acordo militar que autorizou Washington ocupar sete bases militares e o uso do território completo para executar suas missões militares. Uma das bases assinaladas no acordo, Palanquero, foi citada num documento da Força Aérea dos Estados Unidos, datado de maio de 2009, como necessária para “conduzir operações militares de amplo espectro” por todo o continente e para combater “a ameaça de governos anti-norte-americanos” na região.

Palanquero também foi considerada uma peça importantíssima para a mobilidade global do Pentágono, como foi destacado no Livro Branco: Estratégia de Mobilidade Global do Comando de Mobilidade Aérea, publicado em fevereiro de 2009. “O Comando Sul identificou Palanquero, Colômbia (Base Germán Olano SKPQ), como um lugar de cooperação em segurança (CSL na sigla em inglês). Deste lugar, quase a metade do continente pode ser alcançado por um C-17 sem ter que reabastecer”.

O orçamento de 2010 do Pentágono incluiu uma solicitação de 46 milhões de dólares para melhorar a instalação em Palanquero, para apoiar a “Estratégia de Postura de Teatro” do Comando Combatente, e “dar uma oportunidade única para operações de amplo espectro numa sub-região crítica de nosso hemisfério, onde a segurança e a estabilidade estão sob a constante ameaça de insurgências terroristas, governos anti-norte-americanos, a pobreza endêmica e os frequentes desastres naturais”.

O documento da Força Aérea de maio de 2009 também revelou que Palanquero seria utilizado para “incrementar nossa capacidade de conduzir operações de Inteligência, Reconhecimento e Espionagem (ISR na sigla em inglês), melhorar o alcance global (…) e aumentar a capacidade de guerra rápida”.

Em fevereiro de 2010, a Direção Nacional de Inteligência dos Estados Unidos classificou a Venezuela e o Presidente Chávez como “Líder Anti-norte-americano” na região, em seu informe anual de ameaças.

Os Estados Unidos também mantem duas bases de operações avançadas em Aruba e Curazao, a apenas alguns quilômetros da costa venezuelana. Durante os últimos meses, o governo venezuelano denunciou a intromissão não-autorizada de vários aviões não-tripulados (drones) e outras aeronaves estrangeiras em território venezuelano.

Ao mesmo tempo, documentos oficiais dos Estados Unidos recentemente tornados públicos, revelam que entre $40 a $50 milhões de dólares são gastos em financiamento de grupos e meio de comunicação anti-Chávez, para alimentar o conflito dentro do país, executar ações de desestabilização e subversão interna e promover modelos de opinião a nível internacional para justificar uma agressão contra a Venezuela.

Estas últimas revelações evidenciam que estão preparando um conflito sério, perigoso e não justificado contra a Venezuela; um país com uma democracia vibrante e as maiores reservas petroleiras do mundo.



Tradução: Maria Fernanda M. Scelza






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Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922
Plano de Governo: Ivan Pinheiro apresenta diretrizes para o Brasil

Plano de Governo: Ivan Pinheiro apresenta diretrizes para o Brasil

Em visita ao Rio Grande do Norte para lançar candidatura, comunista expôs suas ideias e propostas durante visita ao portal Nominuto.com.

Por Túlio Duarte

Foto: Itaércio Porpino
Ivan Pinheiro, candidato à Presidência da República (PCB).
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O candidato do PCB à Presidência, Ivan Pinheiro, apresentou os cinco principais eixos de seu Plano de Governo durante visita ao Rio Grande do Norte nesta segunda-feira (26), para lançamento de sua candidatura em Parnamirim.

As diretrizes do PCB para governar o Brasil são: 1) Estado mais forte, 2) Mais e melhor democracia, 3) Mais e melhores direitos, 4) Qualidade de vida e defesa do meio ambiente, 5) Política externa soberana e antiimperialista.

No que concerne ao primeiro item, Ivan Pinheiro ressaltou a necessidade de romper com a atual política econômica do Governo Federal e ampliar os serviços de interesses populares. “A política econômica do presidente Lula (PT) está na direção de favorecer os banqueiros”, criticou.

Ivan disse que, se eleito, acabaria com a autonomia do Banco Central, já que defende o forte controle do Estado. Nesse sentido, o candidato ergue a bandeira de que é preciso o Governo Federal ter o controle sobre a Petrobras. “Queremos a Petrobras 100% estatal”, destacou.

Com relação à segunda diretriz, o presidenciável contou que vai denunciar o que chamou de “farsa da democracia brasileira”, em que o eleitor é chamado só de quatro em quatro anos para participar. “Queremos uma democracia participativa e direta”, frisou.

Nesse sentido, a ideia do PCB é ampliar as iniciativas populares. A legenda também defende o financiamento público de campanha como forma de equilibrar a disputa no pleito eleitoral.

Para a garantia do terceiro eixo, ou seja, mais e melhores direitos, os comunistas alertam que é preciso o cumprimento do primeiro eixo. Apesar disso, Ivan ressalta que alguns direitos independem de recursos. “O direito das mulheres fazerem aborto e a liberdade de opção sexual não precisam de recursos”, apontou.

No que concerne ao quarto eixo, qualidade de vida e a defesa do meio ambiente, o candidato Ivan Pinheiro afirma que “meio ambiente e capitalismo são incompatíveis”. Por isso, o presidenciável contou que, se eleito, uma de duas primeiras medidas será suspender as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“O PAC é apenas para destravar, a qualquer custo, o capitalismo”, declarou Ivan, em tom de crítica ao Governo Federal. Em seguida, o presidenciável disse ser contra a obra da hidroelétrica de Belo Monte, assim como da transposição das águas do Rio São Francisco.

No que concerne ao quinto e último ponto, política externa soberana e antiimperialista, Ivan alivia nas críticas ao Governo do presidente Lula e faz um reconhecimento. “Essa é uma das poucas coisas que valorizamos no Governo Lula”, contou. Ivan se mostou favorável, por exemplo, à relação que o Brasil mantém com o Irã.

Ivan Pinheiro já visitou 17 Estados brasileiros em 2010, incluindo o período da pré-campanha. O PCB está presente em 22 Estados e o candidato pretende visitar todos até o dia 3 de outubro, quando acontecem as eleições no Brasil.



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A carta do embaixador da Venezuela ao Estadão

A carta do embaixador da Venezuela ao Estadão

imagemCrédito: Venezuela


A O Estado de S.Paulo

Sr. Ruy Mesquita diretor de Opinião

Sr. Antonio Carlos Pereira editor responsável de Opinião

Sr. Ricardo Gandour editor de Conteúdo

Senhores,

É com grande preocupação e mal-estar que a República Bolivariana da Venezuela, por meio de seu Embaixador no Brasil, dirige-se a esse jornal, de reconhecidas qualidade e tradição entre os veículos da imprensa brasileira. E a razão não é outra senão nossa surpresa e indignação com os termos e o tom de que sua edição de hoje (20/07/10) lança mão para atacar o presidente de um país com o qual o Brasil e os brasileiros mantêm relações do mais alto nível e qualidade.

O respeito à plena liberdade de imprensa e de expressão é cláusula pétrea de nossa Constituição e valor orientador do governo de nosso país. A estas diretrizes, no entanto, cremos que devam sempre estar associadas a lhaneza na referência a autoridades constituídas democraticamente eleitas e a plena divulgação de todos os fatos associados a uma cobertura jornalística.

Cremos descabido que um jornal como O Estado de S.Paulo se refira ao presidente Hugo Chávez, eleito e reeleito pelo voto livre da maioria dos venezuelanos, com o uso de termos e expressões como lúgubre circo de Chávez, autocrata, protoditador, circo chavista, caudilho, lúgubre picadeiro, costumeira ferocidade, rugiu, toque verdadeiramente circense da ofensiva chavista no gênero grand guignol.

Mais graves ainda são a distorção e ocultação de informações que maculam os textos hoje publicados.

O presidente Hugo Chávez nunca atropelou a Constituição Bolivariana, instituída por Assembleia Nacional e referendada em plebiscito. Ao contrário, submeteu-se, inclusive, a referendo revogatório de seu próprio mandato, prática democrática avançada que pouquíssimos países do mundo têm o orgulho de praticar.

O editorial omite que o cardeal Jorge Savino já foi convocado pela Assembleia Nacional para apresentar provas de sua campanha difamatória frente aos deputados também democraticamente eleitos , mas o mesmo rechaçou a convocação. Prefere manter suas acusações deletérias a apresentar aos venezuelanos e à opinião pública internacional os fatos que lastreariam suas seguidas diatribes.

Outros trechos do texto só podem ser lidos como clara campanha de acobertamento de um terrorista, como o é, comprovadamente, Alejandro Peña Esclusa: O advogado de Esclusa assegura que o material foi plantado pelos policiais que invadiram a casa de seu cliente - considerando o retrospecto, uma acusação mais do que plausível (grifo nosso)

Esclusa foi preso em sua residência em posse de explosivos, detonadores e munição, após ter sido denunciado, em depoimento à polícia, pelo terrorista confesso Francisco Chávez Abarca - este criminoso, classificado com o alerta vermelho da Interpol, foi preso em solo venezuelano quando dirigia operação de terror, visando desestabilizar o processo eleitoral de setembro deste ano.

A prisão de Esclusa ocorreu de forma pacífica, com colaboração de sua família, e segue os ritos jurídicos normais: ele tem advogado constituído, direito a ampla defesa e será julgado culpado ou inocente de acordo com o entendimento da Justiça, poder independente de influência governamental ou partidária, assim como no Brasil.

Inadmissível seria o governo da Venezuela ter permitido que um terrorista ceifasse vidas e pusesse em risco a democracia, que nos esforçamos arduamente para defender, ampliar e aprimorar em nosso país, assim como o fazem, no Brasil, os brasileiros.

O Estado de S.Paulo tem pleno conhecimento desses fatos, tendo inclusive recebido, em 14/07/10 a Nota de Esclarecimento desta Embaixada, a respeito do desbaratamento da operação terrorista internacional que estava em curso (cópia anexa). O responsável pela editoria Internacional, Roberto Lameirinhas, inclusive confirmou seu recebimento à nossa assessoria de comunicação.

Daí manifestarmos nossa estranheza com a reiterada negativa do jornal em dar tais informações a seus leitores. E ainda tomando como verdade declarações do advogado do referido terrorista.

Temos certeza que os senhores não desconhecem, até pela história recente do Brasil, o quão frágil pode ser a liberdade diante do autoritarismo tirano da intolerância e do uso do terror como método de ação política.

Reafirmamos que não nos cabe emitir qualquer juízo de valor sobre as opiniões político-ideológicas do jornal dirigido por V. Sas., por mais que delas discordemos. O que nos leva a enviar-lhes esta correspondência é, tão somente, a solicitação de que se mantenha a veracidade jornalística e o respeito que se deve sempre às pessoas, sejam ou não autoridades constituídas, mesmo quando o jornal as considere, de moto próprio, como seus inimigos ou desafetos.

Esta Embaixada permanece à disposição do jornal e de seus leitores, para esclarecimentos adicionais sobre quaisquer dos assuntos supracitados, bem como de novos temas julgados pertinentes e reivindica, formalmente, a publicação da presente carta, com o mesmo destaque dado ao editorial de hoje, intitulado O lúgubre circo de Chávez, publicado à página A3.

Atenciosamente,

Maximilien Arvelaiz

Embaixador da República Bolivariana da Venezuela no Brasil

Brasília, DF

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-carta-do-embaixador-da-venezuela-ao-estadao.html

O artigo d'O Estado de São Paulo - Coluna Opinião (20/07/2010):

O Lúgrube Circo de Chávez

O Estado de S.Paulo

Está na cartilha dos autocratas populistas: se escasseia o pão, amplie-se o circo. Com a economia do seu país em frangalhos e o espectro de uma acirrada eleição legislativa em setembro, o protoditador venezuelano Hugo Chávez faz o que pode ? e o que não poderia fazer se tivesse um mínimo de bom senso e autocrítica ? para desviar as atenções de seus desafortunados concidadãos da crise que o seu "socialismo do século 21" fez desabar sobre a economia, com reflexos devastadores para o nível de emprego e a inflação.

O circo chavista segue o formato clássico. O repertório inclui a fabricação ou exacerbação de ameaças internas e externas e a exploração do culto aos símbolos nacionais de que o caudilho se reveste para aparecer como o detentor exclusivo desse legado ? e, por isso mesmo, alvo dos inimigos da nação. Nos últimos dias, ele levou ao lúgubre picadeiro um programa completo.

O mais novo perigo para os venezuelanos é o cardeal Jorge Savino, que teve a temeridade de afirmar que o coronel está atropelando a Constituição e levando o país ao socialismo marxista. O prelado denunciava a prisão do opositor Alejandro Esclusa, acusado de armazenar explosivos para atos terroristas. O advogado de Esclusa assegura que o material foi plantado pelos policiais que invadiram a casa de seu cliente ? considerando o retrospecto, uma acusação mais do que plausível.

No seu programa Alô, Presidente, Chávez investiu contra o denunciante com a costumeira ferocidade. "Vou te dedicar toda a minha vida, cardeal", rugiu. "Não vais conseguir derrubar Chávez, cardeal. Porque eu sei quem és e a estatura moral pequena que tens." No embalo, voltou-se contra a Igreja, anunciando a revisão de um acordo de 1964 que, segundo o caudilho, dá "certos privilégios" ao Vaticano.

Em suma, passou a incluir a Santa Sé no extenso rol de aliados do "Império" que desejariam vê-lo morto ou apeado do poder por temerem "o sucesso da revolução". No país, os principais inimigos são os meios de comunicação, que o regime ainda não conseguiu aplastar, e o empresariado ? primeiro, os das multinacionais; agora, os donos de estabelecimentos locais, sem distinção de porte e capacidade de influência. No exterior, descontados os EUA, assoma a Colômbia.

Desde 2007 as relações entre os dois países vieram se deteriorando. Chegaram à beira da ruptura no ano seguinte, quando Bogotá autorizou um ataque a um acampamento das Farc no lado equatoriano da fronteira. Anteontem, no que foi interpretado como sintoma de divergências sobre a questão venezuelana entre o presidente Álvaro Uribe e o sucessor Juan Manuel Santos, que tomará posse em 7 de agosto, Uribe tornou a acusar Chávez de abrigar dirigentes farquistas em território venezuelano.

Ao que se diz, Santos preferiria deixar esse problema em fogo brando para não atrapalhar a reaproximação com Caracas, que interessa a Bogotá por motivos econômicos. De todo modo, Chávez explorou o caso ao máximo: convocou o seu embaixador na Colômbia, disse que não irá à posse de Santos e, bem ao seu modo, chamou Uribe de "mafioso". O toque verdadeiramente circense da ofensiva chavista ? no gênero grand-guignol ? foi exibido na última sexta-feira em rede nacional.

Depois de pedir aos pais que retirassem as crianças da sala para poupá-las das imagens fortes que se seguiriam ? um truque velho como serrar o corpo de um figurante ?, o caudilho apresentou o que seriam os restos mortais de Simón Bolívar, exumados na véspera do Panteão Nacional por ordem dele, alegadamente para provar que ele não morreu de tuberculose, mas sim, assassinado.

"Chávez sabe que bolsos vazios têm um potencial de mobilização maior do que os discursos da oposição", observa o economista José Rafael Zanoni, da Universidade Central da Venezuela, ao comentar as manobras do autocrata para neutralizar o efeito eleitoral das agruras enfrentadas pelos venezuelanos. "As fichas econômicas de Chávez estão acabando", ressalta o consultor Maikel Bello. "Ele aposta na repressão política e no aumento do controle institucional."

26 de julho de 2010

AMÉRICA LATINA – O PRÓXIMO ORIENTE MÉDIO DOS EUA – COLÔMBIA, A PORTA DE ENTRADA

AMÉRICA LATINA – O PRÓXIMO ORIENTE MÉDIO DOS EUA – COLÔMBIA, A PORTA DE ENTRADA

imagemCrédito: Laerte Braga


Laerte Braga

O mega traficante Álvaro Uribe encerra seu segundo mandato no dia 7 de agosto. Entrega o cargo ao novo presidente colombiano, seu aliado e de seu partido. Uribe tentou a todo custo um terceiro mandato. Não o conseguiu por duas razões simples. A primeira delas a fratura junto aos colombianos seria de tal ordem que as guerrilhas insurgente das FARCs e do ELN seriam fortalecidas pelo descontentamento popular. E segundo por conta dos documentos liberados por organismos do seu principal aliado, os EUA, ligando-o desde o início de sua carreira política ao tráfico de drogas.

Seria incômodo a qualquer presidente dos EUA ter que explicar aos acionistas e o entorno que habita o complexo empresarial e militar daquele país a presença de um traficante na presidência do maior aliado latino-americano.

A denúncia de Uribe sobre a presença de guerrilheiros das FARCs e do ELN em território da Venezuela tem dois aspectos também. Em setembro serão realizadas eleições na Venezuela e as pesquisas indicam vitória do partido do presidente Chávez. É sistemática a ação golpista dos norte-americanos em países que não se curvam (como se curva a Colômbia de Uribe) ao império terrorista de Washington. E segundo, no final do mandato, garantir um lastro de apoio político para evitar qualquer problema futuro com seu envolvimento no tráfico de drogas e assassinatos constantes de lideranças de oposição.

Para levantar a opinião pública colombiana basta apelar para o acendrado e canalha patriotismo dos militares (boa parte ligada ao tráfico de drogas) e contar com o apoio de Washington.

O império terrorista norte-americano vive uma de suas maiores crises e sob a perspectiva da História começa a encarar o declínio. As guerras constantes em sua trajetória se mostram hoje necessárias à sobrevivência de todo o conglomerado terrorista dos EUA.

Num contexto de tempo e espaço diversos se começa a viver a situação de bipolaridade mundial. Se antes era EUA versus UNIÃO SOVIÉTICA, hoje os EUA se defrontam com a China e os chineses descobriram o remédio capitalista para enfrentar o gigante da América.

Esse jogo é do agrado tanto dos EUA, como da China.

Manter o controle sobre países que consideram satélites, caso dos países latino-americanos, é fundamental. Já têm o domínio da totalidade da Europa, um continente falido e cercado de bases militares da farsa OTAN por todos os lados.

Uma guerra no Afeganistão, uma guerra no Iraque, o Oriente Médio sob o tacão nazi/sionista de seu principal aliado, Israel. E agora governos independentes de Washington na América Latina.

Anexaram o México como colônia de segunda categoria (historicamente fazem isso desde a tomada a Califórnia, do Texas e outros territórios mexicanos). Têm o Canadá como colônia de primeira categoria. Promovem golpes em países como Honduras, instalam bases militares na Costa Rica (“sem a polícia sem a milícia...”) e numa realidade sustentada por um arsenal nuclear capaz de destruir o mundo cem vezes, se impõem na chantagem da democracia, da liberdade que pode ser desmontada na versão armas químicas e biológicas de Saddam Hussein. Ao final não passavam de velhos fuzis de um exército brancaleônico de um ditador inventado pelos EUA.

Querem um novo Oriente Médio, recheado de bases militares, com o controle político e econômico da América Latina, um processo de recolonização que se materializa em governantes corruptos como Álvaro Uribe ou Pepe Lobo em Honduras e outros tantos.

Hoje, têm o controle da grande mídia nos países latino-americanos (“não queremos prejudicar os nossos amigos norte-americanos” – William Bonner explicando a alunos e professores de uma universidade paulista porque determinado fato não seria noticiado no JORNAL NACIONAL). Influenciam e comandam a maior parte das forças armadas de países latino-americanos (inclusive as brasileiras) e desnecessário dizer que o grande empresariado, banqueiros e latifundiários em qualquer país dessa parte do mundo é adereço desse modelo.

O que está em jogo é a sobrevivência do império terrorista norte-americano.

Se a América Latina e os povos latino-americanos não se curvarem um novo Oriente Médio está para ser criado. A Colômbia é a porta de entrada dessa barbárie.

A “classificação” de movimento “terrorista” aplicada às FARCs-EP foi uma decisão do presidente George Bush. As Nações Unidas enxergam as FARCs-EP como movimento “insurgente”.

A satanização de alguns países, seus governos e dos movimentos populares em todos os cantos do mundo foi o modo escolhido por um primata que presidiu os EUA por oito anos, Bush, a partir de uma fraude eleitoral, é a velha conversa de criar um fato irreal e a partir dele gerar uma verdade/mentira.

No caso da Colômbia, Enrique F. Chiappa, em “A NOVA DEMOCRACIA”, ano VIII, nº 65, maio de 2010, usa a expressão falso/positivo. Ilustra-a, para esclarecer, com o exemplo de um diagnóstico médico. Uma doença “infectocontagiosa potencialmente letal diagnosticada erroneamente.” O caso de uma pessoa que convive anos com um diagnóstico equivocado e num momento percebe o erro médico.

Falso/positivo é a realidade criada pelos EUA e sustentada pela mídia podre de países latino-americanos, no apoio a governos títeres e terroristas como o de Álvaro Uribe. O ser traficante de drogas é uma espécie de preço que cobra aos EUA, a tolerância silenciosa em função do interesse maior.

Quando o embaixador dos EUA no Brasil, durante o governo terrorista de Garrastazu Medice relatou ao presidente Nixon os horrores da tortura praticada por militares no País, ouviu em resposta – “é uma pena, mas temos que levar em conta que ele é um aliado importante” –.

Num determinado momento da história da Colômbia os movimentos insurgentes depuseram armas e transformaram-se em partidos políticos. Um acordo firmado entre o governo central e as forças rebeldes. Passadas as eleições onde conquistaram várias cadeiras no Congresso, em assembléias departamentais, prefeitos e autoridades outras, mais de três mil eleitos foram assassinados.

Contrariavam os interesses de elites e militares no grande negócio do estado terrorista da Colômbia, o tráfico de drogas.

No bombardeio de um acampamento de estudantes e insurgentes no Equador, em 2008, o governo colombiano afirmou ter encontrado um computador de Raul Reys, chanceler das FARCs-EP, onde estavam as provas das ligações do governo Chávez com a guerrilha.

Um mês depois não se falava no assunto. Peritos de todas as partes do mundo foram unânimes em afirmar que o computador fora alterado por agentes do governo colombiano.

As fotos de guerrilheiros em território venezuelano foram feitas por satélites norte-americanos. A tecnologia da mentira e da destruição permite a eles que, no arsenal que destrói o mundo cem vezes, coloquem os guerrilheiros em qualquer parte do mundo. Na Venezuela, no Brasil, onde quer que os interesses terroristas dos EUA falem mais alto.

Os últimos vagidos do governo Uribe mostram esse desespero em busca da sobrevivência política em seu país e o submundo terrorista dos EUA, que corre por baixo da Casa Branca, com a conivência da Casa Branca.

A Colômbia e um país governado pelo narcotráfico e por terroristas garantidos pelas bases militares dos EUA. Não é nem surpresa, pois militares norte-americanos estão envolvidos em tráfico de drogas e mulheres no Iraque, no Afeganistão e países do Leste Europeu, a denúncia ecoa entre os próprios governos colonizados da Europa, preocupados com eleições futuras.

Um narcotraficante incomoda muito menos que um insurgente. E além do que gera dinheiro para os cofres de banqueiros. Na lógica capitalista de exploração do homem pelo homem, diagnóstico de Marx, gera empregos, expande o comércio, etc, e tal.

O tráfico de drogas não é e nem nunca foi o Morro do Alemão no Brasil, ou qualquer morro colombiano. É o presidente de um país chamado Colômbia criado e gerado por Pablo Escobar e vai por aí afora, nessa dimensão.

Existem muitas “colômbias” nesse sentido.

Pode-se até fazer uso da frase de Paulo Maluf quando candidato a uma das muitas eleições que disputou – “quer estuprar estupra, mas não mata”. Quer traficar, trafica, mas patrioticamente em defesa da democracia e dos “negócios” dos EUA”.

Quando da guerra de invasão, ocupação e saque do petróleo iraquiano, diante da resistência inicial de alguns setores daquele país, o secretário de Defesa de Bush afirmou à imprensa que a “operação militar” mudaria de nome. Ao invés de “justiça e liberdade” passaria naquele momento à fase “choque e pavor”. “Negócios” para os norte-americanos pode ser também uma questão de terminologia.

Isso, para eles, é irrelevante. Soa ao mundo inteiro da mesma forma que soou aos iraquianos. Com a diferença que iraquianos viveram o “choque e pavor” na própria pele, vivem ainda. E o resto do mundo escutou o senso de “justiça e liberdade” dos EUA.

Ou já nos esquecemos das imagens de tortura em prisões do Iraque? Do saque das peças do museu babilônico? As tropas de Hitler tentaram colocar as mãos em várias peças do museu do Louvre, na ocupação durante a 2ª Grande Guerra, para exibi-las no Museu de Berlim. As peças do museu babilônico estão em museus privados de New York.

GUERNICA, o monumental painel de Picasso retratando a barbárie fascista de Franco na Espanha, só chegou aos espanhóis com o fim da ditadura.

Quando um paspalho como Índio da Costa, vice de José Arruda Serra, fala sobre envolvimento do governo brasileiro e seu partido com as FARCs-EP e com o narcotráfico, não o faz por iniciativa própria. É só um avião com diploma de primeiro, segundo e terceiro graus dos donos, tentando criar um debate irreal, mentiroso, dentro de uma lógica colonizadora (“para onde se inclinar o Brasil se inclinará a América Latina” – Richard Nixon) e no momento que os boss mandam.

Por ser um paspalho e empregado desse modelo, é mais cômodo para os de cima que ele fale.

Na Colômbia existe um estado de terror. Lideranças sindicais, camponesas, de partidos de oposição, são sistematicamente assassinadas. Estão dentro do que chamam mundo institucional. Da “ordem e da lei”. Mas não curvam à entrega do país aos colonizadores de Washington e tampouco aos grupos militares e para-militares que sustentam o governo do tráfico.

Felipe Zuleta em um documentários “UM CRIMEM QUE SE PAGA CON LA MUERTE”, mostra a história do terrorismo oficial. Toda a barbárie do governo colombiano contra a população civil indefesa.

Duas mães cujos filhos foram assassinados pelo terrorismo do tráfico de Uribe e que recebem a versão oficial que a guerrilha matou seus filhos. Perdura até que uma vala comum mostra que, ao contrário, o governo assassinou os rapazes. Esse mesmo governo muda a versão. “Os filhos eram guerrilheiros”.

O tráfico continua impune. Isso não vai sair nunca no JORNAL NACIONAL, ou na FOLHA DE SÃO PAULO, ou em VEJA, pois são cúmplices. Um dos papéis que lhes cabe cumprir é exatamente o de esconder fatos assim, corriqueiros na Colômbia e imputar aos resistentes, quaisquer que sejam, os crimes do tráfico.

O fato aconteceu na cidade de Soacha, próxima a Bogotá e com 400 mil habitantes.

Mario Montoya, general e democrata colombiano é um dos implicados em assassinatos de civis, trabalhadores escravos (no tráfico) e acaba tendo que renunciar. Como prêmio, virou embaixador.

Valas com corpos de desaparecidos são encontradas com freqüência em áreas não controladas pelas FARCs-EP ou pelo ELN. Uribe chegou a admitir que alguns militares estavam envolvidos “nesses assassinatos”. Escolheu os bodes expiatórios e pronto, tudo continua tranqüilo.

Envolver Chávez e gerar uma realidade mentirosa sobre as FARCs-EP e os ELN (última guerrilha criada por Chê Guevara) é uma jogada. Só isso. Nada além disso.

Um passo na sistemática política golpista contra o presidente da Venezuela, uma tentativa de criar um Oriente Médio na América Latina.

Por que? Para que possam, à semelhança do que fazem naquela parte do mundo, ocupar, saquear e controlar a partir de bases militares, governos servis e corruptos, o que fazem também na Europa, Ásia e África.

O complexo terrorista da empresa EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A não tem escrúpulo algum. Suas garras e tentáculos são maiores e bem mais cruéis do que se possa imaginar.

Não importa que um piloto do alto e de dentro da cabine de seu avião imagine que uma cerimônia de casamento no Afeganistão seja um aglomerado de “terroristas do Talibã”. Ele os mata e um pedido de desculpas é emitido em nota fria e insensível de uma organização terrorista – EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A –. Lido em todos os cantos pela mídia dócil e venal.

E enquanto isso, milhões de norte-americanos vivem na linha da miséria, desabrigados, sem educação pública, saúde, mas os grandes conglomerados que controlam a Casa Branca pagam, com dinheiro desses milhões, os tais bônus por desempenho.

O nome desse desempenho é terrorismo, com todas as suas implicações. Assassinatos, seqüestros, estupros, tortura, atentados, muros e campos de concentração, toda a barbárie que é intrínseca aos EUA e ao sionismo.

E no final são só “negócios”. Mas nesse caso nem há a frase clássica da máfia. “Nada pessoal, são só negócios”. Não consideram como seres humanos, pessoas, os de outros cantos que não os dos EUA e Israel e mesmo assim nem todos. Acreditam-se ungidos como povo eleito, superior.

Tudo igualzinho a Hitler.

A luta do povo e do governo venezuelano é a luta dos povos latino-americanos. E não tem essa de o Zorro chegar e salvar. Não.

Exige consciência, organização e capacidade de resistência, sob pena de nos transformamos em adereço da coroa imperial da organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Para quem acha que COLGATE resolve doze problemas bucais, fazer o que?

É o jeito deles de dizer que um desinfetante é mais inteligente que qualquer um de nós. Pode ser o desinfetante Uribe, ou Índio da Costa, Ana Maria Braga, Faustão, ou as “pesquisas” do DATAFOLHA ou IBOPE (GLOBOPE).

A carta do embaixador da Venezuela ao Estadão

A carta do embaixador da Venezuela ao Estadão

imagemCrédito: Venezuela


A O Estado de S.Paulo

Sr. Ruy Mesquita diretor de Opinião

Sr. Antonio Carlos Pereira editor responsável de Opinião

Sr. Ricardo Gandour editor de Conteúdo

Senhores,

É com grande preocupação e mal-estar que a República Bolivariana da Venezuela, por meio de seu Embaixador no Brasil, dirige-se a esse jornal, de reconhecidas qualidade e tradição entre os veículos da imprensa brasileira. E a razão não é outra senão nossa surpresa e indignação com os termos e o tom de que sua edição de hoje (20/07/10) lança mão para atacar o presidente de um país com o qual o Brasil e os brasileiros mantêm relações do mais alto nível e qualidade.

O respeito à plena liberdade de imprensa e de expressão é cláusula pétrea de nossa Constituição e valor orientador do governo de nosso país. A estas diretrizes, no entanto, cremos que devam sempre estar associadas a lhaneza na referência a autoridades constituídas democraticamente eleitas e a plena divulgação de todos os fatos associados a uma cobertura jornalística.

Cremos descabido que um jornal como O Estado de S.Paulo se refira ao presidente Hugo Chávez, eleito e reeleito pelo voto livre da maioria dos venezuelanos, com o uso de termos e expressões como lúgubre circo de Chávez, autocrata, protoditador, circo chavista, caudilho, lúgubre picadeiro, costumeira ferocidade, rugiu, toque verdadeiramente circense da ofensiva chavista no gênero grand guignol.

Mais graves ainda são a distorção e ocultação de informações que maculam os textos hoje publicados.

O presidente Hugo Chávez nunca atropelou a Constituição Bolivariana, instituída por Assembleia Nacional e referendada em plebiscito. Ao contrário, submeteu-se, inclusive, a referendo revogatório de seu próprio mandato, prática democrática avançada que pouquíssimos países do mundo têm o orgulho de praticar.

O editorial omite que o cardeal Jorge Savino já foi convocado pela Assembleia Nacional para apresentar provas de sua campanha difamatória frente aos deputados também democraticamente eleitos , mas o mesmo rechaçou a convocação. Prefere manter suas acusações deletérias a apresentar aos venezuelanos e à opinião pública internacional os fatos que lastreariam suas seguidas diatribes.

Outros trechos do texto só podem ser lidos como clara campanha de acobertamento de um terrorista, como o é, comprovadamente, Alejandro Peña Esclusa: O advogado de Esclusa assegura que o material foi plantado pelos policiais que invadiram a casa de seu cliente - considerando o retrospecto, uma acusação mais do que plausível (grifo nosso)

Esclusa foi preso em sua residência em posse de explosivos, detonadores e munição, após ter sido denunciado, em depoimento à polícia, pelo terrorista confesso Francisco Chávez Abarca - este criminoso, classificado com o alerta vermelho da Interpol, foi preso em solo venezuelano quando dirigia operação de terror, visando desestabilizar o processo eleitoral de setembro deste ano.

A prisão de Esclusa ocorreu de forma pacífica, com colaboração de sua família, e segue os ritos jurídicos normais: ele tem advogado constituído, direito a ampla defesa e será julgado culpado ou inocente de acordo com o entendimento da Justiça, poder independente de influência governamental ou partidária, assim como no Brasil.

Inadmissível seria o governo da Venezuela ter permitido que um terrorista ceifasse vidas e pusesse em risco a democracia, que nos esforçamos arduamente para defender, ampliar e aprimorar em nosso país, assim como o fazem, no Brasil, os brasileiros.

O Estado de S.Paulo tem pleno conhecimento desses fatos, tendo inclusive recebido, em 14/07/10 a Nota de Esclarecimento desta Embaixada, a respeito do desbaratamento da operação terrorista internacional que estava em curso (cópia anexa). O responsável pela editoria Internacional, Roberto Lameirinhas, inclusive confirmou seu recebimento à nossa assessoria de comunicação.

Daí manifestarmos nossa estranheza com a reiterada negativa do jornal em dar tais informações a seus leitores. E ainda tomando como verdade declarações do advogado do referido terrorista.

Temos certeza que os senhores não desconhecem, até pela história recente do Brasil, o quão frágil pode ser a liberdade diante do autoritarismo tirano da intolerância e do uso do terror como método de ação política.

Reafirmamos que não nos cabe emitir qualquer juízo de valor sobre as opiniões político-ideológicas do jornal dirigido por V. Sas., por mais que delas discordemos. O que nos leva a enviar-lhes esta correspondência é, tão somente, a solicitação de que se mantenha a veracidade jornalística e o respeito que se deve sempre às pessoas, sejam ou não autoridades constituídas, mesmo quando o jornal as considere, de moto próprio, como seus inimigos ou desafetos.

Esta Embaixada permanece à disposição do jornal e de seus leitores, para esclarecimentos adicionais sobre quaisquer dos assuntos supracitados, bem como de novos temas julgados pertinentes e reivindica, formalmente, a publicação da presente carta, com o mesmo destaque dado ao editorial de hoje, intitulado O lúgubre circo de Chávez, publicado à página A3.

Atenciosamente,

Maximilien Arvelaiz

Embaixador da República Bolivariana da Venezuela no Brasil

Brasília, DF

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-carta-do-embaixador-da-venezuela-ao-estadao.html

O artigo d'O Estado de São Paulo - Coluna Opinião (20/07/2010):

O Lúgrube Circo de Chávez

O Estado de S.Paulo

Está na cartilha dos autocratas populistas: se escasseia o pão, amplie-se o circo. Com a economia do seu país em frangalhos e o espectro de uma acirrada eleição legislativa em setembro, o protoditador venezuelano Hugo Chávez faz o que pode ? e o que não poderia fazer se tivesse um mínimo de bom senso e autocrítica ? para desviar as atenções de seus desafortunados concidadãos da crise que o seu "socialismo do século 21" fez desabar sobre a economia, com reflexos devastadores para o nível de emprego e a inflação.

O circo chavista segue o formato clássico. O repertório inclui a fabricação ou exacerbação de ameaças internas e externas e a exploração do culto aos símbolos nacionais de que o caudilho se reveste para aparecer como o detentor exclusivo desse legado ? e, por isso mesmo, alvo dos inimigos da nação. Nos últimos dias, ele levou ao lúgubre picadeiro um programa completo.

O mais novo perigo para os venezuelanos é o cardeal Jorge Savino, que teve a temeridade de afirmar que o coronel está atropelando a Constituição e levando o país ao socialismo marxista. O prelado denunciava a prisão do opositor Alejandro Esclusa, acusado de armazenar explosivos para atos terroristas. O advogado de Esclusa assegura que o material foi plantado pelos policiais que invadiram a casa de seu cliente ? considerando o retrospecto, uma acusação mais do que plausível.

No seu programa Alô, Presidente, Chávez investiu contra o denunciante com a costumeira ferocidade. "Vou te dedicar toda a minha vida, cardeal", rugiu. "Não vais conseguir derrubar Chávez, cardeal. Porque eu sei quem és e a estatura moral pequena que tens." No embalo, voltou-se contra a Igreja, anunciando a revisão de um acordo de 1964 que, segundo o caudilho, dá "certos privilégios" ao Vaticano.

Em suma, passou a incluir a Santa Sé no extenso rol de aliados do "Império" que desejariam vê-lo morto ou apeado do poder por temerem "o sucesso da revolução". No país, os principais inimigos são os meios de comunicação, que o regime ainda não conseguiu aplastar, e o empresariado ? primeiro, os das multinacionais; agora, os donos de estabelecimentos locais, sem distinção de porte e capacidade de influência. No exterior, descontados os EUA, assoma a Colômbia.

Desde 2007 as relações entre os dois países vieram se deteriorando. Chegaram à beira da ruptura no ano seguinte, quando Bogotá autorizou um ataque a um acampamento das Farc no lado equatoriano da fronteira. Anteontem, no que foi interpretado como sintoma de divergências sobre a questão venezuelana entre o presidente Álvaro Uribe e o sucessor Juan Manuel Santos, que tomará posse em 7 de agosto, Uribe tornou a acusar Chávez de abrigar dirigentes farquistas em território venezuelano.

Ao que se diz, Santos preferiria deixar esse problema em fogo brando para não atrapalhar a reaproximação com Caracas, que interessa a Bogotá por motivos econômicos. De todo modo, Chávez explorou o caso ao máximo: convocou o seu embaixador na Colômbia, disse que não irá à posse de Santos e, bem ao seu modo, chamou Uribe de "mafioso". O toque verdadeiramente circense da ofensiva chavista ? no gênero grand-guignol ? foi exibido na última sexta-feira em rede nacional.

Depois de pedir aos pais que retirassem as crianças da sala para poupá-las das imagens fortes que se seguiriam ? um truque velho como serrar o corpo de um figurante ?, o caudilho apresentou o que seriam os restos mortais de Simón Bolívar, exumados na véspera do Panteão Nacional por ordem dele, alegadamente para provar que ele não morreu de tuberculose, mas sim, assassinado.

"Chávez sabe que bolsos vazios têm um potencial de mobilização maior do que os discursos da oposição", observa o economista José Rafael Zanoni, da Universidade Central da Venezuela, ao comentar as manobras do autocrata para neutralizar o efeito eleitoral das agruras enfrentadas pelos venezuelanos. "As fichas econômicas de Chávez estão acabando", ressalta o consultor Maikel Bello. "Ele aposta na repressão política e no aumento do controle institucional."