31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo

Feliz Ano Novo

imagemCrédito: PCB


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"Eu canto aos Palmares

odiando opressores

de todos os povos

de todas as raças

de mão fechada

contra todas as tiranias!

Solano Trindade"

Ex-ditador argentino Jorge Videla é condenado à prisão perpétua

Ex-ditador argentino Jorge Videla é condenado à prisão perpétua

imagemCrédito: IZB


Argentina

O ex-ditador argentino Jorge Videla (1976-81) foi condenado nesta quarta-feira à prisão perpétua por assassinato de opositores e outros crimes contra a humanidade.

O ex-general, de 85 anos, já havia sido condenado à prisão perpétua em 1985, durante um processo histórico face à junta militar, por crimes cometidos durante a ditadura (1976-1983), que fez 30 mil desaparecidos, segundo as organizações de defesa dos direitos do homem.

Mas a pena foi anulada em 1990, por decreto do ex-presidente Carlos Menem. Depois, foi declarada inconstitucional em 2007 - decisão esta confirmada pela Corte Suprema em abril. O tribunal também suprimiu, em 2005, a lei de anistia para os crimes da ditadura.

A partir daí, vários processos foram abertos contra Jorge Videla, católico fervoroso que fazia-se de moderado, até liderar o golpe de 24 de março de 1976 e de dirigir o país até 1981. Estes anos foram os mais duros do regime militar.

Em Córdoba (centro), o ex-general estava sendo julgado desde o início de julho junto com outros 29 repressores pela execução de 31 presos políticos.

Entre os julgados está o ex-general Luciano Menendez, já condenado à prisão perpétua por três vezes, em processos por violação aos direitos do homem.

Processado por roubos de bebês de presos políticos, um crime não acobertado pelo perdão de 1990, Videla foi colocado em prisão domiciliar de 1998 a 2008, até ser transferido para uma unidade prisional em detenção preventiva, enquanto aguardava os últimos julgamentos.

A partir de 2001, foi também processado por sua participação no Plano Condor, coordenado pelas ditaduras de Argentina, Chile, Paraguai, Brasil, Bolívia e Uruguai para eliminar opositores.

"Assumo plenamente minhas responsabilidades. Meus subordinados limitaram-se a cumprir ordens", destacou Videla no tribunal de Córdoba, um dia antes da divulgação do veredicto.

No depoimento final de 49 minutos que leu pausadamente, o ex-ditador, de 85 anos, disse que assumirá "sob protesto a injusta condenação que possam me dar".

FONTE: http://zequinhabarreto.org.br/?p=11375

Violencia policial contra greve estudantil em Porto Rico

Violencia policial contra greve estudantil em Porto Rico

imagemCrédito: Carlos Lozano


Porto Rico

A constituição porto-riquenha garante o direito de protesto em locais públicos, o que nem as autoridades universitárias nem a polícia desejam reconhecer.

A jornada de luta estudantil, ao entrar em sua segunda semana de greve na Universidade de Puerto Rico (UPR), acabou por volta da meia noite desta segunda com dezenas de detidos e dezenas de feridos pela polícia nacional.

Os estudantes, que se opuseram a uma cota adicional de 800 dólares semestrais na matrícula, foram agredidos dentro do campus de Río Piedras e nos arredores depois de serem perseguidos por membros da temida Fuerza de Choque (tropa de choque), que atua de forma violenta contra manifestantes.

A advogada Ataveyra Medina disse que vários universitários foram agredidos tão violentamente pelos agentes policiais que tiveram que ser levados para hospitais para receber atenção médica, noticiou Prensa Latina.

Segundo Ataveyra, permaneceu desconhecido o paradeiro de alguns dos detidos, logo que a polícia os levara em veículos oficiais e se negara a fornecer informação aos advogados que se propuseram a assumir a representação legal dos estudantes.

Ela também acusou o fiscal Fernando Chalas de negar informação sobre os detidos em uma ação de clara violação aos preceitos jurídicos do país.

A polícia tentou justificar sua violenta intervenção porque os manifestantes, “são terroristas” por não restringir seu protesto aos prédios universitários.

O reitores universitários se negam a escutar as reivindicações dos estudantes da UPR, que mantêm paralisados os trabalhos no campus de Río Piedras.

O protesto ganhou respaldo em outros recintos e a polícia ocupou também o campus de Carolina, próximo a San Juan, depois de já ter feito o mesmo em Humacao e Cayey.

A atitude policialesca não conseguiu conter a indignação popular e dezenas de manifestantes, inclusive professores e pais de estudantes, se mantem na frente do quartel da polícia na zona bancária de Hato Rey, para onde foram levados vários detidos.

Fonte: carloslozanoguillen.blogspot.com

Traduzido por Dario da Silva

ANTICOMUNISMO NA EUROPA NÃO TERÁ SUCESSO

ANTICOMUNISMO NA EUROPA NÃO TERÁ SUCESSO

imagemCrédito: PCB


Europa

Os partidos comunistas e operários da Europa condenam a iniciativa escandalosa e provocatória dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Bulgária, Letónia, Lituânia, Hungria, Roménia e República Checa na sua exigência à U.E. no sentido de instigar a perseguição jurídica de todos os que na U.E. não aceitem as campanhas reaccionárias de reescrita da história e criminalização dos comunistas.

Esta é uma perigosa tentativa de generalizar a perseguição judicial e outras medidas que estão em vigor em vários países da U.E. contra todos aqueles que rejeitam as calúnias contra as experiências históricas de construção socialista e contra todos os que combatem as tentativas para apagar da História a decisiva contribuição dos comunistas à luta pelos direitos sociais e laborais e pela democracia na Europa e rejeitam a distorção da história da 2ª Guerra Mundial e a inaceitável equiparação do comunismo com o fascismo.

Não é por acaso que esta iniciativa ocorre numa altura quando a classe operária e as lutas populares se estão a intensificar. A intensificação do violento assalto aos trabalhadores anda de mãos dadas com a intensificação de medidas anti comunistas. Os comunistas são alvo destes ataques porque estão na linha da frente das lutas não só para que os trabalhadores não arquem com o ónus da crise capitalista mas também porque são os únicos que possuem uma verdadeira solução para a barbárie capitalista. A classe dominante entendendo muito bem os impasses do sistema capitalista e as suas ir reconciliáveis contradições, intensifica as suas perseguições, ameaças e crimes. Contudo, independentemente das medidas que tome não pode impedir as leis inexoráveis do desenvolvimento social e à necessidade de derrubar o poder do capital. Não pode impedir o fortalecimento da organização da classe operária e o desenvolvimento da luta das massas pelo socialismo e o comunismo.

Firmemente declaramos que os planos anti comunistas da burguesia fracassarão. A superioridade da nossa ideologia, a justa causa da classe operária pode quebrar os seus mecanismos mais severos. Vamos continuar de uma forma ainda mais determinada e inflexível de modo a derrotar o poder antipopular do grande capital. A histeria anti comunista não enganará a classe operária e as forças populares que são duramente afectadas pelos problemas do desemprego, o retrocesso das políticas sociais, da segurança social e dos direitos dos trabalhadores, pela própria barbárie capitalista.

Apelamos a todas as forças democráticas, progressistas e anti-imperialistas para que se unam a nós na luta contra o anti comunismo, directamente associada à luta pelos direitos dos trabalhadores e populares, assim como pela justiça social; por um mundo sem exploração do homem pelo homem.

Partidos subscritores:

  1. Partido Comunista Alemão

  2. Partido Comunista da Arménia

  3. Partido Comunista do Azerbaijão

  4. Partido Comunista da Bielorrússia

  5. Partido do Trabalho da Bélgica

  6. Partido Comunista Britânico

  7. Novo Partido Comunista Britânico

  8. Partido Comunista da Bulgária

  9. Partido dos Comunistas Búlgaros

  10. Partido Comunista do Cazaquistão

  11. AKEL de Chipre

  12. Partido Comunista da Dinamarca

  13. Partido Comunista da Eslováquia

  14. Partido Comunista dos Povos de Espanha

  15. Partido Comunista da Estónia

  16. Partido Comunista da Finlândia

  17. Partido Comunista da Macedónia

  18. Partido Comunista da Grécia

  19. Novo Partido Comunista da Holanda

  20. Partido dos Trabalhadores Comunistas Húngaros

  21. Partido Comunista da Irlanda

  22. Partido dos Comunistas Italianos

  23. Partido Socialista da Letónia

  24. Partido Comunista do Luxemburgo

  25. Partido Comunista de Malta

  26. Partido Comunista da Noruega

  27. Partido Comunista da Polónia

  28. Partido Comunista Português

  29. Partido Comunista Romeno

  30. Partido Comunista da Federação Russa

  31. Partido Comunista da União Soviética

  32. Partido Comunista dos Trabalhadores da Rússia – PC Russo

  33. União de Partidos Comunistas --CPSU

  34. Partidos dos Comunistas da Servia

  35. Partido Comunista da Suécia

  36. Partido Comunista da Turquia

37. Partido Comunista da Ucrânia

38. União dos Comunistas da Ucrânia

Brasil de Lula: a naturalização da desigualdade

Brasil de Lula: a naturalização da desigualdade

Entrevista com Nildo Ourique

POR VALÉRIA NADER E GABRIEL BRITO (Correio da Cidadania)

22-DEZ-2010

Nesta entrevista especial, o Correio da Cidadania conversou com o economista Nildo Ouriques, também membro do Instituto de Estudos Latinos-Americanos da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina –, para fazer um balanço dos anos Lula e analisar as pré-condições, algumas já anunciadas, do governo Dilma. Para ele, a principal função exercida pelo governo foi a de “refuncionalizar o neoliberalismo”. Ao mesmo tempo, desqualifica a suposta ascensão social do povo brasileiro, pois se baseia “nos critérios inaceitáveis do Banco Mundial”. Em sua opinião, o maior ‘legado’ deixado pelo último governo é a constatação de que não é possível alcançar mudanças profundas pelo atual modelo de democracia.

Nildo não enxerga muitas possibilidades de o futuro Congresso e Executivo levarem adiante pautas mais progressistas, que garantam maior emancipação popular. Longe disso, devem prosseguir as políticas assistencialistas e a usurpação do Estado em favor das grandes indústrias agrícola e mineral. “Controle eleitoral e alienação política”.

Apesar da falta de esperanças no novo governo, o economista espera que Dilma reforce laços com a esquerda latino-americana, abandonando os anseios sub-imperialistas que detecta em nossa política externa. Assim, antes de discutir qual a característica do capitalismo brasileiro, Nildo reclama pela reorganização de uma esquerda socialista e nacionalista, fazendo uma análise das condições de nosso país e pensando numa ‘revolução brasileira’, que inevitavelmente se diferencia das condições de outros processos tomados até hoje como referência.

A entrevista completa pode ser conferida a seguir.

Correio da Cidadania: Qual o seu balanço dos oito anos do governo Lula?

Nildo Ouriques: Uma refuncionalização do chamado neoliberalismo. Aplicou a consolidação do PT como partido de centro-direita, que detinha a legitimidade para falar sobre os pobres e, portanto, aplicar políticas de sensibilidade social. Mas no sentido de colocar os pobres em políticas caritativas, o que é o Bolsa família basicamente, apesar de sua importância. Este é o ponto fundamental. Não emancipa amplos setores dos trabalhadores, atende à questão social, diferenciando-se da direita clássica, mas sem emancipar politicamente. Controle eleitoral e alienação política. Eis o primeiro movimento.

Em segundo lugar, aceita o papel de potência regional dentro da política externa estadunidense, o que implica maiores graus de autonomia em relação à diplomacia do FHC, impulsionando uma política sub-imperialista do Brasil, que de fato tenta praticá-la. Especialmente num período em que o mercado interno se mostra restrito para as necessidades de acumulação de capital das burguesias brasileiras. De maneira que se forma uma combinação.

E, claro, politicamente produz outro fato importante: dentro do atual sistema político não é possível uma alternativa eleitoral. A domesticação do PT significa a caducidade do sistema político, que tinha sido caracterizado pela possibilidade de o PT, dentro das regras do jogo, impulsionar um governo democrático-popular, um mercado interno de massas e, portanto, iniciar o que Florestan Fernandes chamava de revolução democrática.

Dentro de todo esse contexto da política, a característica essencial do Lula neste governo foi a de jamais convocar o povo para uma luta importante. Jamais chamou o povo para enfrentar algum interesse majoritário da burguesia. Essa é a característica essencial.

Correio da Cidadania: Já há alguns anos, desde a chegada de Lula, nos deparamos com as estatísticas que apontam maiores índices de crescimento do PIB e do emprego, ao lado do maior valor dos rendimentos...

Nildo Ouriques: Como diria Álvaro Vieira Pinto – e pode escrever isso –, o que é o PIB? Construir e destruir uma casa entra no cálculo. O PIB diz muito pouco. Discutir se ele cresceu, baixou... Já está na hora de superarmos isso. Taxas de crescimento, taxas de acumulação de capital que ultrapassem 5%, 6%, 7%, taxas chinesas, num país tão desigual como o nosso não significam muita coisa.

Correio da Cidadania: No entanto, esses fatores citados, aliados aos maiores reajustes concedidos ao mínimo e ao incremento das políticas assistencialistas, como o Bolsa Família, respaldam várias análises sobre a redução da pobreza e da miséria e a ascensão à classe média de uma parte da população. Qual é o significado, ou o teor de verdade, dessas análises?

Nildo Ouriques: Bem, se continuarmos adotando como critério de pobreza o critério do Banco Mundial, de US$ 1,3 diário... Mas ninguém aí no Correio da Cidadania aceitaria para si próprio esse padrão. US$ 1,30 faz parte de uma metodologia do Banco Mundial. Ninguém da imprensa, ninguém que ler isso, toparia entrar na classe média nesses termos.

O fato é que 76% da População Economicamente Ativa ganha até 3 mínimos, 1500 reais. Significa que o poder de compra do mercado interno é limitado.

E essa onda, mais intensa até setembro de 2008, já começou a desaparecer em várias partes do globo, nos EUA, Europa, Ásia, Oriente Médio e também na América Latina. No Brasil, vai se manifestar tardiamente, mas não tenha dúvida de que o emprego vai se reduzir e inclusive os salários com carteira assinada de quem está sendo contratado agora estão em níveis mais baixos que aqueles anteriores.

De maneira que não podemos tomar esse momento absolutamente passageiro como uma tendência do capitalismo brasileiro. O que se confirma é o contrário: a super-exploração dos trabalhadores. Exatamente quando o período de acumulação foi mais intenso, com taxas de crescimento mais altas, a resistência à redução da concentração da renda também foi muito intensa.

Portanto, temos de sair desse imaginário católico – da exclusão, da pobreza – e do discurso tecnocrático que interessa tanto a Lula quanto a FHC, tanto a tucanos como a petistas, ou seja, ao consórcio petucano.

Correio da Cidadania: Então, toda essa cadeia de fatores mencionados como positivos aos quatro ventos pode ser desqualificada, uma vez que passou longe de reduzir as abissais desigualdades do país?

Nildo Ouriques: Dá pra desqualificar no sentido de que a pobreza está sendo reduzida, mas não está sendo enfrentada estruturalmente. Os programas de alcance e certa sensibilidade popular não reduzem a pobreza, ainda que tirem momentaneamente alguns da linha de pobreza e miséria – sob os critérios inaceitáveis do Banco Mundial.

Assim, todo esse crescimento foi não apenas abaixo do que se propagandeia, como também foi abaixo do que o país precisava para se tornar protagonista mundial e fazer um ajuste de contas com sua história.

Correio da Cidadania: Como você avalia o processo eleitoral que culminou na vitória de Dilma Rousseff?

Nildo Ouriques: Em primeiro lugar, a esquerda radical com a qual me alinho não existiu eleitoralmente. Em segundo lugar, precisamos de um amplo, que será lento, processo de reconstrução de uma esquerda socialista, nacionalista e revolucionária no Brasil. É um longo processo. Em terceiro, precisamos disputar tanto no meio social quanto no meio eleitoral. E em quarto, a hegemonia burguesa no processo eleitoral foi completa, porque, a rigor, as diferenças entre Dilma e Serra eram anedóticas, e não substanciais.

Desse modo, o processo eleitoral se caracterizou por não passar o país a limpo. O que significa que hoje, concretamente, o processo eleitoral não é um instrumento de mudança no Brasil, mas de manutenção da ordem.

Correio da Cidadania: A atuação da esquerda socialista nesta eleição, representada essencialmente pelo PSOL, PCB, PSTU e PCO, não existiu, a seu ver?

Nildo Ouriques: Eleitoralmente não existimos, não há como ter ilusões sobre isso. Mas acho que também se alimentou uma indiferença ao processo eleitoral. Nossa insignificância eleitoral mostra que temos escassos vínculos sociais com o que há de organizado no povo. Essa é a gravidade da situação.

Correio da Cidadania: A expressiva votação obtida por Marina deve ser encarada como um capital para que a candidata se confirme como força política de peso no país, carregando a bandeira da Terceira Via e do Ambientalismo, ou estamos diante de mais um fenômeno eleitoral que, como tantos, tende a, mais dia menos dia, se esgotar?

Nildo Ouriques: A candidatura da Marina foi uma fraude completa. No sentido de que ela é uma lulista, uma expressão do cinismo moderno na política. Fica sete anos como ministra do Lula e aparece na última hora se apresentando como alternativa.

Além disso, aparece com o discurso da cordialidade brasileira, querendo eliminar as pequeníssimas divergências do consórcio petucano.

Em terceiro, uma representante do discurso ecologista absolutamente dentro da ordem. Não tem anti-imperialismo e nem anti-capitalismo no discurso dela.

E além do mais, há um outro prejuízo notável: ela é expressão de evangelização da política, o fenômeno político mais nocivo que ocorreu no Brasil nos últimos anos. A República é laica, a política é laica, portanto: fora o discurso religioso, fora o crucifixo da sala de aula.

Correio da Cidadania: Ainda assim ela não pode se impulsionar no cenário político, mediante a votação que obteve esse ano e a clara falta de opções políticas nas disputas?

Nildo Ouriques: Espero que não. Não creio que ela vá se alavancar assim. Acho que o futuro será mais complicado para ela.

Correio da Cidadania: Qual a sua avaliação da nova composição ministerial, destacando-se as incisivas exigências do PMDB para aumentar a sua cota de participação...

Nildo Ouriques: Expressa a mesma composição social, a mesma priorização do Congresso, a mesma correlação de forças, o mesmo projeto. Continuidade completa. Os ministros hoje são absolutamente incapazes de assinalar algum rumo.

O ministro da Fazenda? Funciona com base no consenso formulado pela FEBRABAN, FIESP, latifúndio, Banco Mundial, FMI... Enfim, nenhum ministro se destaca em nada.

Correio da Cidadania: E quanto à troca de comando no Banco Central e a saída de Celso Amorim do Ministério das Relações Exteriores, considerado como um dos ministros que se mantiveram entre a ala progressista na Esplanada lulista, a despeito de críticas em contrário?

Nildo Ouriques: Acho que a passagem do Celso Amorim foi positiva no sentido de que começou a abandonar, ao menos em alguns casos, a clássica subalternidade do Itamaraty à embaixada de Washington. Mas estivemos longe de uma política externa independente, muito longe.

Correio da Cidadania: Além de ter externado preocupações com o alegado déficit da previdência, justificando ser impossível aumento dos benefícios acima do mínimo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já apresentou uma proposta de política fiscal para o país, cuja essência é que as despesas correntes primárias cresçam menos que o Produto Interno Bruto (PIB). Sabendo-se que essas despesas incluem os salários do funcionalismo, a previdência e assistência social, podemos esperar medidas duras de restrições aos gastos sociais?

Nildo Ouriques: No primeiro ano, haverá um programa de ajuste fiscal óbvio para preparar o segundo ano, com as eleições para prefeito e criação dos futuros comitês municipais para as eleições de 2012. Em primeiro lugar, portanto, vem o calendário político.

Em segundo lugar, existe uma necessidade de sair da ordem de acumulação de capital em escala mundial. Mas não haverá um ajuste de magnitude, tal como o grego ou o irlandês, pois o reforço da condição de nosso país como exportador de produtos agrícolas e minerais, o que gerou este ano uma renda de quase 45 bilhões de dólares, criou um colchão que consolida uma estrutura de país tipicamente subdesenvolvido.

Portanto, o ajuste não precisa ser tão intenso quanto em outras circunstâncias seria. Se houver uma redução global dos preços das mercadorias, daí o ajuste tende a ser permanente. Não é, no entanto, o que está se desenhando.

Correio da Cidadania: O que pensa sobre a maioria parlamentar obtida pelo governo no Congresso a partir dessas eleições, considerando-se a bancada formada por PT, PMDB e demais partidos aliados, ao lado da regressão do PSDB e DEM? Será azeitado o percurso rumo ao desmonte de direitos sociais, ou há uma remota chance de esta maioria governista trabalhar em favor de algumas pautas progressistas, como reforma agrária, direitos sociais e de minorias?

Nildo Ouriques: Absolutamente normal a formação dessa maioria. Qual governo do Brasil não conseguiu uma maioria parlamentar? Os erros de campanha do PSDB e do DEM cobraram seu preço, mas não alteram em nada a República. O presidente sempre faz a maioria que quer.

E não vejo nenhuma possibilidade, longe disso, de tais pautas progressistas serem levadas adiante. A bancada é tão fiel ao governo quanto disciplinada no programa predominante.

O parlamento não tem capacidade de impor uma pauta ao Executivo nacional. E não o fará.

Correio da Cidadania: O historiador Mário Maestri relata que o atual momento eleitoral retrata ‘Derrota Histórica do Mundo do Trabalho’, algo que já estaria inscrito na primeira eleição de Lula à presidência, uma vez que a liquidação da autonomia política dos movimentos sociais foi a condição imposta pela burguesia para a entrega do governo a Lula. O que pensa disto?

Nildo Ouriques: Acho que há aí um pouco de uma leitura saudosista do que foi o Lula. Em segundo lugar, mundo do trabalho é uma expressão muito cara a Jose Marti, que a usou em 1883, quando falava sobre a morte de Marx. Mas a chamada derrota dos trabalhadores teria de ser discutida mais longamente.

O chamado novo sindicalismo nunca aceitou uma análise do subdesenvolvimento e da dependência. Quero dizer que o novo sindicalismo sempre duvidou que o capitalismo no Brasil fosse incapaz de atender as maiorias. E o Lula, ainda que combativo naquelas épocas, era mais expressão de uma revolta contra a super-exploração do trabalho, tal como formulou Rui Mauro Marini em Dialética da Dependência, do que de um projeto socialista.

Portanto, isso precisa ser melhor avaliado em termos históricos.

Correio da Cidadania: Qual a sua avaliação da atual conjuntura internacional e nacional, no que se refere à crise financeira que explodiu em 2008? A despeito do caráter mais estrutural da crise, a conjuntura econômica estabilizou-se realmente, ainda que países europeus mais fragilizados, como Irlanda, pareçam ser a bola da vez?

Nildo Ouriques: A atual conjuntura internacional é favorável aos trabalhadores. Desde setembro de 2008 mudou a conjuntura mundial. O encanto do capitalismo foi quebrado por uma crise que causou a perda de 50 milhões de empregos, colocando uma quantidade impressionante, mais de 40 milhões, abaixo da linha de pobreza.

A crise não terminou e nem vai terminar. Significa que esse capítulo segue em aberto. Os trabalhadores estão observando que vêm pagando um preço violentíssimo. Por isso haverá resposta, como já está havendo na Europa, EUA, e mesmo na China, Japão e América Latina.

Correio da Cidadania: Então o que ocorreu com a Irlanda é uma tendência que ainda será seguida por outros em breve?

Nildo Ouriques: É claro. Itália, França... A crise está abrindo um novo capítulo da luta de classes européia.

Correio da Cidadania: Como o Brasil, nas mãos de Dilma, enfrentaria uma crise econômica, caso ela venha a bater em nossas portas, como ocorreu em 2008? A situação ficaria mais difícil de ser contornada sem Lula, vez que estamos diante de uma personalidade sem a mesma experiência e predicados políticos?

Nildo Ouriques: Não sei. É difícil fazer prognóstico. Na periferia capitalista, sempre é difícil contornar. E se for necessário apertar os trabalhadores, não deixará de fazê-lo, como já mostrou.

Correio da Cidadania: O sociólogo Francisco de Oliveira, em entrevista ao Correio, declarou que o governo petista pode ser tomado como mais privatista que o governo FHC. Não propriamente em função das privatizações sorrateiras através das várias Parcerias Público-Privadas efetivadas sob Lula, mas na medida em que ele consolidou o capitalismo monopolista de Estado. O que pensa disto e como deve caminhar o governo Dilma neste sentido?

Nildo Ouriques: O que ele quer dizer com isso? Não há nenhuma novidade. O capitalismo monopolista de Estado é uma teoria que o Chico de Oliveira requenta. O fundamental não está aí. O Brasil é um país dependente e periférico, subdesenvolvido. E essa é a questão. O Chico de Oliveira tem um problema em enfrentar o tema do desenvolvimento.

Ele andou muito lá no CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento); portanto, ficou contaminado por isso, e nunca aceitou o tema do subdesenvolvimento. Passa longe do horizonte intelectual dele. Não é isso que está em questão. O Brasil deixou de ser um capitalismo periférico, e agora é capitalismo monopolista de Estado: qual a vantagem analítica desse enfoque? Não vejo.

Correio da Cidadania: No caso, seria ressaltar a consolidação de parcerias entre o governo e os principais agentes privados em setores estratégicos e rentáveis, conformando nova modalidade de transferência de patrimônio e riquezas públicas e sociais para mãos particulares.

Nildo Ouriques: Essa teorização toda é uma bobagem. Qual a natureza do Estado aqui? Capitalista. Isso até a sociologia do Octavio Ianni já havia descoberto lá atrás: é a ditadura do grande capital. Na periferia capitalista seria diferente por quê?

Correio da Cidadania: Ainda assim, em linha direta de oposição a esta constatação da linha privatista sob Lula, governo, apoiadores e até mesmo uma parte da grande mídia – mesmo que a partir de interesses divergentes – têm incisivo discurso sobre a ‘retomada’ do papel gerenciador e referenciador do Estado na economia, do que o PAC seria forte evidência. O que pensa disto?

Nildo Ouriques: Bobagem. Capitalismo não existe sem Estado. Se ficarmos discutindo aqui que houve um período neoliberal a ser sucedido por outro desenvolvimentista, vamos aceitar que o grande antagonismo na sociedade brasileira é entre tucanos e petistas.

Os capitalistas sabem que quando era pra privatizar contaram com o FHC. Quando era pra controlar e repassar a poupança nacional do BNDES pra salvar os grandes lucros, contaram com o Lula. Não há diferença nenhuma. Se os tucanos estivessem no poder provavelmente teriam feito tudo igual, a negociação do Antonio Ermírio, da saúde, da Votorantim, como fez o Lula. É da natureza do Estado.

Há muito tempo a sociologia brasileira deixou de estudar o Estado. Está mais interessada em políticas públicas. É um desastre analítico. O resultado tem sido apenas uma tentativa do mundo universitário de buscar acomodação nas verbas do governo, mas não tem oferecido mais lucidez analítica.

Ora, o Estado vai continuar intervindo, privatizando, colocando essa imensa poupança nacional a serviço do fortalecimento de grupos industriais de natureza agrícola e mineral. É um desastre deixar de fazer tais análises!

Correio da Cidadania: Como deverá caminhar a diplomacia de Dilma no que se refere ao relacionamento político e econômico com os demais países da América Latina, especialmente aqueles que carregam as pautas mais progressistas, e polêmicas, como Venezuela e Bolívia? Haverá, em sua opinião, mudanças significativas relativamente à gestão Lula?

Nildo Ouriques: Não diria que são polêmicos as pautas dos países citados. A Venezuela tem um horizonte socialista. Não podemos reforçar esses estigmas. Espero que o governo tenha uma linha de atuação muito mais próxima aos países progressistas da América Latina, porque sem ela o Brasil fica muito mais fraco. O Brasil precisa ter aliança com a esquerda latino-americana.

Em segundo lugar, é preciso avançar para além das limitações que a nossa política externa vem sofrendo. Abandonar a política sub-imperialista, ter uma melhor idéia de integração, atuar numa linha mais claramente anti-Washington, sem a qual não há avanço diplomático, econômico, político e cultural.

Não é só isso. Precisamos criar uma política cultural que varra a indústria cultural estadunidense de nossas vidas, desde a infância, de todos nós. É necessária uma mudança radical na política cultural, que precisa ser claramente antiimperialista.

Não acredito que a presidente vá fazer isso, mas gostaria.

Correio da Cidadania: E também reforçar mecanismos e instituições regionais...

Nildo Ouriques: Precisa ver se vão se concretizar Unasul, Banco do Sul, Conselho de Defesa... De toda forma, a Avenida Paulista vê tudo isso com muita restrição.

Correio da Cidadania: Quais são as perspectivas da Esquerda? Acredita que deva ser reconstituída uma frente de esquerda?

Nildo Ouriques: A esquerda no Brasil, em primeiro lugar, tem que pensar a revolução brasileira, e o seu programa. Para isso, precisa ser uma esquerda nacional, o que até hoje ela se recusa a ser. Uma anomalia incrível. A esquerda russa é russa, a esquerda cubana é cubana, a chinesa é chinesa, portanto, a esquerda brasileira precisa ser brasileira. Tem de discutir a teoria do capitalismo aqui, discutir uma revolução brasileira, que precisa ser nacional, além de socialista.

Mas, se nossa esquerda continuar eurocêntrica, prosseguirá isolada do povo, não dará um passo à frente. Mais do que crer e rediscutir os atuais partidos, é preciso rever e aprofundar os vínculos orgânicos com o povo e repensar teoricamente o programa da revolução brasileira.

Correio da Cidadania: E quanto aos movimentos sociais, especialmente o MST, como devem seguir no governo Dilma a seu ver?

Nildo Ouriques: O movimento social está, digamos assim, de crista baixa. Espero que o MST mantenha-se combativo, coloque o tema da Reforma Agrária sempre em evidência e que não sucumba ao governismo, entenda que o melhor que pode passar ao movimento, e a todos nós, é a manutenção da independência. E, sobretudo, que compreenda que, se não mantiver essa autonomia, vai, necessariamente, recuar em termos de luta política. E a direita avançará.

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista.

O PC Paraguaio retira o apoio crítico a Fernando Lugo: Defender o processo de mudança é denunciar o não-cumprimento do programa de mudanças.


Defender o processo de mudança é denunciar o não-cumprimento do programa de mudanças.

A plenária do Comitê Central (CC), reunida nos dias 18 e 19 de dezembro, tomou algumas decisões a respeito da situação nacional, do processo de mudança e do Governo, a saber:

1- O Partido Comunista Paraguaio (PCP), em janeiro de 2008, como membro da Aliança Patriótica Socialista, em relação às eleições de abril de 2008, assinou um acordo com o candidato Fernando Lugo, sobre três pontos programáticos: o aprofundamento democrático, a soberania nacional com ênfase na questão energética e a Reforma Agrária integral com participação popular. Sobre este acordo, decidiu-se dar um apoio crítico a Lugo, pedindo o voto para ele.

2- Desde o início do Governo aos dias atuais o PCP defendeu o processo de mudança dos ataques da direita golpista e dos desvios que teve o próprio Poder Executivo, assumindo, com total responsabilidade, a colaboração com o gerenciamento do Governo, participando da elaboração de numerosos documentos que foram apresentados ao Presidente Lugo e de uma grande quantidade de reuniões com o mesmo.

3- Nosso Partido valoriza o triunfo do dia 20 de abril de 2008, que ocasionou um desbloqueio do palco político, a abertura de possibilidades de mudanças democráticas, patrióticas e populares, e o surgimento de novas figuras vinculadas ao movimento popular progressista e de esquerda. Da mesma forma, aprecia os avanços quanto à participação de setores populares em espaços de discussão governamental. Vários passos foram dados em relação à saúde pública, aos progressos na renegociação de Itaipú e na abrangência social a famílias em situação de pobreza extrema, bem como a meninas, meninos e adolescentes em situação de rua.

4- Já no final de 2009, o CC advertiu que existiam sinais claros de restauração conservadora no Governo, identificando que dita restauração apresentava um matiz repressor-terrorista, atendendo à ofensiva e à penetração do imperialismo norte-americano no Ministério do Interior, no Ministério Público, no Poder Judiciário e na Chancelaria, entre outras instituições que sofreram intervenções abertas ou de forma dissimulada pela USAID, através do Plano Umbral, e da Embaixada norte-americana.

5- Da mesma forma, em junho deste ano, o CC do PCP emitiu um documento no qual mencionou a agudização da tendência de direita no governo de Lugo, e, portanto, a necessidade de relativizar o apoio e acentuar a crítica, fazendo questão de uma atitude militante e propositiva, para colaborar com a reorientação da política do Governo.

6- Lamentavelmente, mesmo com nossas tentativas e inúmeras reuniões com o Presidente Lugo, não conseguimos influenciar para uma retificação do rumo e uma recuperação do programa de mudanças votado em abril de 2008. Não só isso, o governo continuou e continua sua política de direita, cujo início se deu no convênio de setembro de 2008, assinado com o narcoterrorista presidente da Colômbia à época, Álvaro Uribe; na implementação do Plano Umbral, dos ianques; como também com as grandes repressões ao movimento popular; com a apresentação ao Congresso da Lei antiterrorista; com uma política social conservadora e de desmobilização; com uma política exterior entreguista; com uma política econômica continuista e concentradora de riquezas; com um enorme descuido dos povos originários e com um discurso e uma prática que não priorizam a recuperação das terras e nem dos bens conseguidos de forma ilícita. Entre estas ações equivocadas encontra-se a destituição do Ministro de Defesa, General Luis Bareiro Spaini, cuja conduta intransigente em defesa da soberania contra a descarada intervenção da embaixadora norte-americana Liliana Ayalde, foi e é sumamente justa e patriótica.

7- Podemos sintetizar dizendo que o Presidente Fernando Lugo preferiu a governabilidade entre cúpulas, inclusive, deixando de lado a ética e a justiça, pactuando com o oviedismo fascista e com toda essa direita, que em sua prática se mostra totalmente indiferente às grandes injustiças que sofre nosso povo no que se refere ao acesso à terra, alimentação, moradia, saúde, educação e trabalho. Nesse sentido, Lugo retrocedeu diante das pressões de uma direita criminosa e traidora da pátria, que domina o Congresso e cuja função é determinante, já que a Constituição Nacional de 1992 lhe outorga superpoderes.

8- Entre as grandes entregas antinacionais e antipopulares do governo, nestes dias, podemos mencionar: o projeto privatizador de rodovias, rios e aeroportos, que o Poder Executivo enviou ao Congresso e que foi aprovado, para depois avançar mais e enviar o projeto específico de privatização de aeroportos (incluindo o aeroporto de Marechal Estigarribia, que é militar). A isto podemos somar que o próprio Poder Executivo opera a favor da instalação da transnacional de alumínio Rio Tinto Alcan, que além de gerar escassas fontes de trabalho, é altamente poluente e utiliza energia igual ao conjunto da indústria nacional, e ainda por cima pede um subsídio do preço de custo de dita energia. Caso se concretize esse negócio, estaria sendo dado outro grande despojo de nossa soberania, bem maior que Itaipú. Sobre este ponto, queremos ressaltar que a iniciativa para a instalação da transnacional do alumínio tem relação com a política de dominação imperialista para o saque de nossos recursos naturais, visto que está comprovada a existência de milhares de toneladas de ouro em Passo Jobai, como também de titânio (no Ybytyrusu), e de Urânio, em Caazapa e em outras regiões de nosso país.

9- Então, ao fazer um balanço do Governo, podemos evidenciar, claramente, que existem mais medidas contrárias ao nosso povo, enquanto há apenas um punhado que lhe favorece, de maneira que em coerência com a defesa do processo de mudança, que em seu momento dissemos que se levaria adiante com Lugo, sem Lugo e ainda contra Lugo, o PCP decide retirar o apoio crítico ao Presidente da República.

10- Clarificamos que nossa aposta é incondicional quanto à defesa do processo de mudança e que não vacilaremos um instante em defender o Governo constitucional diante de um possível golpe da direita, patrocinado pelos ianques. Do mesmo modo, seguimos identificando a direita defensora da oligarquia mafiosa como fantoche do imperialismo ianque, e em consequência, como nosso principal inimigo, ao qual combateremos em todos os palcos nos quais desenvolve sua política de saque, exploração, exclusão e morte. Referimo-nos a palcos como o Congresso Nacional, o Ministério Público, o Poder Judiciário, a Vice-presidência da República, as Direções políticas dos partidos tradicionais e dentro de vários ministérios do Poder Executivo. Em todos esses locais faremos presença, mobilizados e organizados, com propostas concretas de mudança democrática e popular.

11- Por último, chamamos todas as organizações políticas do campo popular, os movimentos sociais, sindicatos e o povo em geral para lutar durante 2011 com mobilizações e debates permanentes pela construção da democracia e do poder popular, confrontando um Governo cujos sinais são contrários às mudanças prometidas, ao mesmo tempo em que contribuímos com nossa colaboração diante de alguma medida democrática e patriótica que o governo adote, que entendemos, caso haja, seja como consequência da pressão e da mobilização popular. Enquanto isso, vemo-nos obrigados a continuar defendendo o processo de mudança a partir de uma perspectiva patriótica e revolucionária.

Pela defesa incondicional do processo de mudança!

Pela unidade e pela construção do poder popular!

Por um 2011 de mobilização e luta!

Por um bicentenário patriótico, popular e anti-imperialista, para conquistar nossa segunda e completa independência!

Comitê Central

22 de dezembro de 2010

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Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br

Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922

29 de dezembro de 2010

20 pontos de reflexão

20 pontos de reflexão

imagemCrédito: The Economic Collapse


É quase Natal, um ano está perto de acabar e outro de começar.

Tempo de resumos.

Fiquem descansados: nada de reflexões pseudo-filosóficas.

Só alguns dados.

  1. Segundo a UN Conference on Trade and Development (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e o Desenvolvimento), o número de "Países menos desenvolvidos" dobrou nos últimos 40 anos.
  2. Os "Países menos desenvolvidos" gastaram 9 bilhões de Dólares para as importações de alimentos em 2002. Em 2008 este montante subiu para 23 biliões de Dólares .
  3. O rendimento médio per capita nos Países mais pobres da África caiu de 1/4 nos últimos 20 anos.
  4. Bill Gates tem um património líquido da ordem de 50 bilhões de Dólares. Existem cerca de 140 Países no mundo que têm um PIB anual menor do que a riqueza de Bill Gates.
  5. Um estudo do World Institute for Development Economics Research (Instituto Mundial de Investigação sobre Economia do Desenvolvimento) mostra que a metade inferior da população mundial, detém cerca de 1% da riqueza global .
  6. Cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo vai para a cama com fome todas as noites.
  7. 2% das pessoas mais ricas detêm mais de metade de todo o património imobiliário do mundo.
  8. Estima-se que mais de 80% da população mundial vive em Países onde o fosso entre ricos e pobres está a crescer.
  9. A cada 3,6 segundos alguém morre de fome, e 3/4 são crianças com menos de 5 anos .
  10. Segundo a Gallup, 33% da população mundial afirma não ter dinheiro suficiente para comprar comida.
  11. Enquanto estamos a ler este artigo, 2,6 bilhões de pessoas em todo o mundo estão a sofrer com a falta de serviços básicos de saúde.
  12. Segundo o mais recente "Global Wealth Report" do Credit Suisse, 0,5% das pessoas mais ricas controlam mais de 35% da riqueza global .
  13. Mais de 3 biliões de pessoas, quase metade da população mundial a , vivem com menos de 2 Dólares por dia.
  14. O fundador da CNN, Ted Turner, é o maior proprietário privado de terras nos Estados Unidos. Hoje, Turner é dono de cerca de 2 milhões de hectares, mais de 8.000 quilómetros quadrados de terra. Esta quantidade é maior do Delaware e Rhode Island juntos . Turner também pede restrições impostas pelo governo para limitar a 2 ou menos filhos por casal , na óptica dum controle do crescimento populacional.
  15. 400 milhões de crianças no mundo não têm acesso a água potável.
  16. Aproximadamente 28% das crianças dos Países em desenvolvimento são consideradas desnutridas ou têm um crescimento reduzido devido à desnutrição.
  17. Estima-se que os Estados Unidos detêm cerca de 25% da riqueza total do mundo.
  18. Estima-se que o inteiro continente Africano possui apenas 1% da riqueza total do mundo.
  19. Em 2008, cerca de 9 milhões de crianças morreram antes da idade de cinco anos. Cerca de 1 / 3 de todas essas mortes deveu-se, directa ou indirectamente, à escassez de alimentos.
  20. A mais famosa família de banqueiros do mundo, os Rothschilds, acumulou fortunas imensas enquanto o resto do mundo ficou preso na pobreza. Aqui está o que diz Wikipedia (versão inglesa) sobre a riqueza da família Rothschild: Alegou-se que durante o século 19, a família teve de longe a maior fortuna privada do mundo, e de longe a maior fortuna da história moderna.

Fonte original: The Economic Collapse

Extraido de: http://informacaoincorrecta.blogspot.com/2010/12/20-pontos-de-reflexao.html

INTERVENÇÃO DO PCPE NA ÁFRICA DO SUL

INTERVENÇÃO DO PCPE NA ÁFRICA DO SUL

imagemCrédito: PCPE


Saudações camaradas.

É mais uma vez um grande acontecimento a reunião de representantes de Partidos Comunistas e Operários de dezenas de países dos cinco continentes, nesta época, graças à hospitalidade e ao trabalho do PC da África do Sul.

O tema central da nossa discussão é que podemos avançar coordenadamente para superar o nosso inimigo de classe e seus aliados: o capitalismo.

Eu não quero me estender sobre a análise da crise sistêmica do capitalismo, pois todos os presentes puderam ler as opiniões do PCPE a este respeito. Foi publicado no número 1 da nova Revista Comunista Internacional. Hoje o nosso partido está discutindo, no nosso 9 º Congresso, a estratégia dos comunistas espanhóis à crise capitalista.

Como PCPE, concordamos com as opiniões de muitos outros partidos comunistas do mundo, algumas publicadas na Revista Comunista Internacional, e outros documentos publicados por organizações revolucionárias.

Sem um processo revolucionário será impossível acabar com a exploração do homem pelo homem, que é o centro motor do capitalismo.

Para impulsionar as mudanças revolucionárias, aceitando as diversas nuances que temos entre nós, só avançaremos se em todos os países sejam a classe trabalhadora e seus aliados que se tornem a vanguarda dirigente.

As lutas operárias desenvolvidas desde a última reunião dos partidos comunistas na Índia tem como referência as 13 greves gerais na Grécia, sete na França, muitas outras em diversos países da Europa e em outros continentes, além da greve geral de apenas um dia na Espanha.

Em toda elas a classe trabalhadora tem sido chamada a lutar contra o capitalismo pelos sindicatos de classe. A Federação Sindical Mundial e seus parceiros têm sido capazes de demonstrar que só a classe trabalhadora pode lidar com sucesso com a barbárie capitalista. O 16 º Congresso da FSM, em abril, Atenas, certamente representa um passo na linha de reforçar o sindicalismo de classe.

Como indicado no título do tópico em discussão nestes dias em Joanesburgo, a classe operária deve saber como fazer parceria com outros setores da sociedade em cada estado e território. Historicamente, sempre foi assim que ganharam os processos revolucionários.

Em Espanha, seguimos avançando na aliança com organizações antiimperialistas e anti-monopolistas. É cada vez mais claro para a classe trabalhadora espanhola o papel da social-democracia e de seus aliados (alguns se dizem de esquerda, mas cederam às decisões do grande capital).

Na verdade isso acontece em todos os países do mundo. Eu apenas gostaria de referir-me à capitulação vergonhosa do sindicalismo de pacto social, dos sindicatos chamados de acompanhamento, apoiado pelo Parlamento Europeu e pela burguesia mundial. Lembrem-se do Congresso da Confederação Internacional de Sindicatos, realizada no Canadá em junho passado. Lá estava o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do Comércio.

Os comunistas têm que desmascarar os falsos dirigentes sindicais que, embora afirmando defenderem os interesses dos trabalhadores, na verdade, aceitam capitulações impostas pelos que os financiaram. Este é o caso das Comissões Obreiras e da UGT na Espanha. Assim, na Espanha, nós do PCPE, estamos trabalhando para recuperar o sindicalismo de classe e unir todos aqueles que lutam contra o capitalismo.

A grande batalha européia e mundial contra o imperialismo marcou importantes sucessos, como foram as manifestações na Espanha de milhões de pessoas que forçaram o governo social-democrata a retirar as tropas espanholas do Iraque. O mesmo em outros países, também na América Latina derrotando as manobras imperialistas. Ou mais próximo ainda as principais ações contra a OTAN em Lisboa em 20 de novembro.

Os comunistas têm que saber intervir como dirigentes para conduzir as grandes organizações de massas revolucionárias, coordenar suas atividades e lutar contra o inimigo da humanidade, contra o capitalismo.

Camaradas, o PCPE está sempre disposto a ajudar a avançar as alianças que irão ajudar a acabar com a exploração do homem pelo homem. Assim, nos próximos meses, iremos promover atividades que contribuam para o enfraquecimento da burguesia em nosso país, desvendando o papel que seus aliados estão jogando, os social-democratas e aliados desta.

Em particular, esperamos que o Festival Mundial da Juventude, que acontece dentro de alguns dias aqui na África do Sul e o 16 º Congresso da FSM, a ser realizado em Atenas, de 6 a 10 de abril do próximo ano, trarão uma nova etapa na luta decisiva para derrotar o capitalismo.

Esperamos também que das reuniões que estamos realizando saiam acordos para a ação conjunta dos comunistas, na seqüência da experiência já desenvolvida na Europa face à UE (21 Partidos Comunistas participaram) e em outras partes do mundo.

Certamente, a Revista Comunista Internacional será uma boa ferramenta para a troca de argumentos entre os comunistas, e vão levar-nos a fortalecer nossa luta ideológica global.

Obrigado pela sua atenção.

Quim Boix

PCPE

África do Sul, 05 de dezembro de 2010

28 de dezembro de 2010

DEMOCRACIA BURGUESA, VALHACOUTO DE CANALHAS

DEMOCRACIA BURGUESA, VALHACOUTO DE CANALHAS

imagemCrédito: Midia Independente


Ruy Guimarães*

“Nunca antes na história deste país...”. O autor deste bordão certa feita, quando deputado federal afirmou coberto de razão que no Congresso Nacional havia “300 picaretas”. Foi aplaudido por todos quantos ainda tinham viva a capacidade de se indignar com um estamento social incapaz de se desfazer da herança patrimonialista em relação à res publica. Ganhou letra de música de uma das mais importantes bandas de rock brasileiras.

Agora, em um dos inúmeros rapapés programados para sua despedida da presidência da República, do alto de 87% de aprovação popular, esqueceu-se convenientemente dos picaretas, que passaram de 300 para praticamente a totalidade daquela “colenda” (assim, entre aspas mesmo) instituição. Debochou do povo sofrido o senhor Lula da Silva ao fazer piadinha com o reajuste de quase 62% autoconcedido pela canalha de Brasília que servirá de gatilho salarial para a canalha menor das unidades da federação e seus municípios e de 133,9% para o presidente da República e de 148,6% para os ministros de Estado. Disse Lula: "O Paulinho (deputado Paulo Pereira da Silva do PDT) me avisou que o Congresso Nacional acabou de aprovar o reajuste para o presidente e para os ministros, mas para o Lulinha aqui, nada. O Lulinha não recebe porque é só para a próxima legislatura". Acaso não deveria o presidente sainte condenar tal descalabro praticado pelos “nobres” congressistas?

A partir de 1.º de fevereiro de 2011 essa canalha passará a auferir um soldo de nada menos que R$ 26,7 mil. Para fazer o quê? Para, dentre outras falcatruas, respaldar o governo na aplicação das políticas antipovo determinadas pelo Banco Mundial e pelo FMI, tais como a reforma da previdência, a reforma trabalhista e sindical, o aprofundamento da privatização da educação, saúde e até da segurança.

Nas unidades da federação, com mais ou menos descaramento, os deputados estaduais também se autoconcederão polpudos reajustes salariais. No Rio Grande do Sul, o futuro presidente da Assembleia Legislativa, sem conseguir disfarçar um certo constrangimento, tentava convencer os ouvintes de um programa de rádio de que o parlamento gaúcho iria buscar uma mediação entre o auto aumento escandaloso e o menos escandaloso. Afinal, reza a lenda que aqui na Província de São Pedro campeia a seriedade e a austeridade com a coisa pública. Tanto faz o percentual que a canalha bombachuda aprovará para si. Será sempre de uma diferença abismal ao que é concedido, por exemplo, aos trabalhadores em educação que receberam entre 2007 e 2010 a fábula de 6,08% de reajuste salarial! NÃO SEM MUITA LUTA, MUITO SOFRIMENTO, REPRESSÃO ADMINISTRATIVA E POLICIAL, DESCONTOS DE SALÁRIOS DOS GREVISTAS, ETC.

E aqui como lá, os “nobres” parlamentares receberão gordos salários para dar guarida às mesmas políticas antipovo em nível regional.

A pergunta que fica é: ONDE FOI PARAR A CAPACIDADE DE INDIGNAÇÃO DO NOSSO POVO?!

Enquanto isto, vivemos e convivemos neste valhacouto de canalhas que é a democracia burguesa.

*Professor de História; Conselheiro do CPERS Sindicato

O verdadeiro anti-semitismo

O verdadeiro anti-semitismo

imagemCrédito: Griloescrevente


Por Abdel Latif Hasan, palestino, médico.

Anti-semitismo é um termo inexato para descrever a perseguição sofrida por judeus na Europa, em especial durante o século XIX.

O termo é inexato porque a maioria dos judeus na Europa são descendentes de convertidos ao judaísmo no século IX e X. e principalmente dos khazares.

Os Khazares constituíam um império de tribos turcas na Ásia central e Rússia, que adotou o judaísmo como religião oficial do império, dando origem à população judaica na Europa oriental, em especial Rússia e Polônia.

A perseguição contra judeus na Europa foi motivada por questões religiosas, políticas e sobretudo econômicas.

A situação atual modificou-se de forma radical.

Os judeus gozam de situação privilegiada em termos econômicos, culturais e políticos. Não sofrem restrições de acesso a postos importantes e cobiçados.

Hoje, são os palestinos, árabes e muçulmanos, as grandes vítimas da perseguição, discriminação e massacres nas mãos dos novos anti-semitas – os “sionistas” e simpatizantes.

Enquanto muitos estudiosos questionam a origem semita dos atuais judeus, não há dúvida alguma de que os árabes (gênero) e os palestinos (espécie) são povos semitas, que nunca abandonaram sua terra, muito menos sua história na região.

O Estado sionista não apenas ocupou a Palestina Histórica e expulsou a maioria do seu povo desde 1948, mas discrimina os palestinos que continuam vivendo em suas casas e terras no que é hoje conhecido como Israel.

Exemplo disso é uma declaração recente feita por centenas de rabinos israelenses. O “decreto” religioso proíbe aluguel ou venda de casas para cidadãos árabes que vivem em Israel e ameaça aqueles que violarem essa ordem de serem isolados, “excomungados” e punidos.

Segundo a bula religiosa, “qualquer um que venda ou alugue casa para árabes causa grande prejuízo aos judeus, uma vez que os goym tem estilo de vida diferente do nosso e o objetivo deles é nos prejudicar sempre”.

Até hoje, mais de trezentos rabinos influentes em Israel assinaram o decreto.

O chefe do movimento, rabino Shmuel Eliahu, da cidade de Safad, é conhecido por suas declarações e posições racistas contra a minoria palestina em Israel.

O que causou o movimento do rabino é a presença de alguns alunos árabes, que estudam em uma faculdade local e são vítimas de agressões racistas diárias por parte da comunidade judaica da cidade.

A solução encontrada pelos religiosos judeus é proibir os árabes de morar na cidade.

Vale lembrar que Safad é uma cidade palestina, construída pelos cananitas, há três mil anos e seu nome em aramaico significa Fortaleza. Situa-se no litoral norte da Galiléia.

No século XVI, um pequeno grupo de judeus religiosos, fugindo da perseguição na Espanha e em Portugal, após a expulsão dos árabes da Andaluzia, instalou-se na cidade. Eles viviam em harmonia e paz com os árabes-palestinos da cidade até o início do século XX.

A chegada dos novos imigrantes sionistas, com a intenção de expulsar os nativos e criar um Estado exclusivo para os judeus em toda Palestina, deu início a um novo capítulo na História da cidade e da região.

Safad foi ocupada no início de maio de 1948 por forças militares isarelenses, poucos dias antes da criação do Estado judeu.

Sua população árabe-palestina foi expulsa e suas casas foram destruídas. A população de várias aldeias circunvizinhas foi massacrada, como por exemplo, as aldeias de Saasa, Ein Zeitun e várias outras localidades.

Nas ruínas dessas aldeias, os sionistas construíram fazendas para os imigrantes judeus recém-chegados, parques nacionais ou simplesmente deixaram a terra abandonada.

Safad, hoje, é uma cidade totalmente judaica. Os árabes nativos da região não apenas foram expulsos e proibidos de retornar a suas terras, mas são proibidos de comprar ou alugar casas e terras na cidade.

Para os religiosos judeus, a proibição baseia-se no Torah. Dizem que no Torah está escrito que “Deus deu a terra de Israel ao povo de Israel. O mundo é tão grande e Israel tão pequena, mas todos a cobiçam. Isso é injusto”. São as palavras do rabino Yusef Sheinin, um dos líderes do movimento.

A “justiça” desse rabino é estranha. Ele prega não apenas expulsar um povo de sua pátria, mas discriminar a minoria desse povo que ainda vive na sua terra.

O que o mundo não deve aceitar e permitir é uma “justiça” desse naipe, que ainda usurpa o nome de Deus para encobrir práticas de ódio.

Outro rabino do assentamento Beit Il, dentro dos territórios palestinos ocupados desde 1967, líder do movimento Gush Emunin, Shlomo Aviner, declarou que “os árabes são 25% dos cidadãos de Israel e não devemos permitir que criem raízes aqui”.

Os palestinos não precisam criar raízes na terra, porque suas raízes são a própria terra. A cidade de Safad é exemplo disso: uma cidade cananita milenar, com nome aramaico (Aram = Síria) e alma árabe, onde viviam antes da invasão dos sionistas, muçulmanos e cristãos e judeus, em um mesmo espaço, com respeito e harmonia.

Os sionistas transformaram Safad em um gueto.

Colonos, que enfrentam dificuldades em criar laços com a terra e os povos onde vivem, falando de raízes, é pura hipocrisia.

A bula dos rabinos de Israel mostra a crise que uma sociedade racista e colonialista enfrenta para se afirmar e auto-definir.

O racismo, discriminação, expansionismo e militarismo são instrumentos indispensáveis não apenas para construir essas comunidades coloniais, como também para mantê-las.

A discussão sobre o decreto religioso envolveu vários setores da sociedade israelense: religiosos e seculares, da esquerda e da direita. Os rabinos ditos moderados emitiram opinião que se mostrou tão racista quanto à dos extremistas.

Um dos rabinos considerados moderados, Haim Drucman, tentou amenizar os efeitos das declarações dos rabinos favoráveis aos progrons contra os palestinos dentro de Israel.

Segundo Drucman, “é necessário diferenciar entre árabes leais ao Estado Judeu e árabes não confiáveis”. “Os primeiros devem ter direitos e devem ser tratados de forma diferente, mas os outros devem ser expulsos”. O rabino não explicou como ser leal a um Estado, que exclui e se define como não seu, exclusivo de outro grupo.

A minoria árabe-palestina do Estado judeu (25%) é considerada uma ameaça, “a bomba demográfica” e a única solução, segundo muitos políticos sionistas, é a expulsão dos palestinos.

Israel não é Estado de todos os seus cidadãos, como qualquer outro Estado normal do mundo, mas Estado de uma parcela da população, cidadãos judeus. Os árabes em Israel são cidadãos de terceira categoria, tratados como estrangeiros na sua própria terra, e temem a toda hora serem expulsos de suas casas.

O que Israel quer de fato é a redefinição de conceitos humanos básicos, como liberdade, direitos humanos, cidadania, igualdade e fraternidade.

A ideologia sionista pode ser definida como nazi-sionista, uma vez que baseia-se nos mesmos fundamentos nazistas da pureza racial e mito da supremacia e separação total entre grupos e etnias diferentes. O decreto do rabinato é irmão das leis de Nuremberg.

Em um artigo publicado no jornal Israel Hoje, em 13/12/2010, a jornalista Amona Alon sugeriu que é obrigação de Israel mostrar ao mundo que a desigualdade não é discriminação, mas apenas reflexo de diferenças entre povos diferentes. Os brancos da África do Sul não foram tão longe.

Segundo a jornalista, as medidas tomadas por Israel, para forçar seu caráter de exclusividade judaica, são necessárias e justificáveis, mesmo contrariando os ideais liberais. O que a jornalista sugere é que os judeus em Israel têm direitos que os não judeus não podem ter. Fim da isonomia. Sua lógica é distorcida, racista, retrógrada e oportunista, já que certamente se qualquer outro Estado tomasse essas medidas discriminatórias contra os seus cidadãos judeus, seria acusado de crime, racismo, perseguição anti-semita.

Em resumo, a lógica israelense se funda nas seguintes asserções:

  1. Tenho direito de ser racista e o mundo deve aceitar isso, porque é a maneira da minha auto-afirmação;
  2. É direito meu praticar a discriminação contra os árabes cidadãos de Israel, porque é a única forma de manter o caráter de exclusividade judaica do Estado;
  3. É meu direito viver em guerra permanente, já que é a garantia da minha existência, porque a paz verdadeira é justa e isso representa ameaça a meus privilégios;
  4. Matar e causar sofrimento é a única maneira encontrada por Israel para sobreviver, já que precisa subjugar a população nativa, para manter seus privilégios.

Isso não é lógica; isso é patológico! Essas anomalias e ódios ameaçam o mundo

Fonte: SOMOS TODOS PALESTINOS