25 de março de 2012

No dia 25 de março de 1922, trabalhadores brasileiros reuniram-se em Niterói. Hoje os comunistas de todos os estados brasileiros se reunirão novamente em Niterói.

25 DE MARÇO DE 2012 (domingo):

9:30 - Visita ao local onde foi fundado o PCB, em 25 de março de 1922;
Sessão Solene - Câmara Municipal de Niterói:
(Av. Amaral Peixoto, 625 – Niterói)

10:15- Homenagem do Vereador Renatinho e do PSOL Niterói aos 90 anos do PCB;

10:30 - Reunião pública do Comitê Central do PCB, com militantes e convidados nacionais e internacionais;

13:00 – Almoço de confraternização em Niterói.
OBS.: Sobre o Seminário Internacional, acompanhe em nossa página os nomes e referências dos expositores bem como novas confirmações de Partidos Comunistas.

Seminário dos 90 anos debate resistência contra Ditadura e tentativa de liquidação do PCB








Nesta quarta-feira, dia 21, o segundo dia do seminário “PCB 90 anos de lutas”, em comemoração ao aniversário do Partido, a primeira palestra foi A Resistência Contra a Ditadura com Muniz Ferreira, professor da Universidade Federal da Bahia e Marcos Del Roio, professor da Unesp. Em seguida, a professora Anita Prestes e o secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro, debateram o reformismo e a tentativa de liquidação do Partido.

Para Muniz Ferreira, a atuação política do PCB de 1965 a 1979 é importante, complexa e problemática, já que a sua formulação política é essencialmente vitoriosa. Mas, por outro lado, o Partido tem uma perda determinante, pois sai desse período sem o monopólio da representação de esquerda e com problemas políticos e de organização que resultaram no que houve na década de 80 - tratado na mesa seguinte.

Para ele, a declaração de Março de 1958 redefiniu a política do Partido e o V Congresso a reafirmou, com ênfase no protagonismo das massas no processo revolucionário. Destacou que o caminho das transformações pacíficas é o que mais interessava ao povo brasileiro naquele período, porém se a resistência da elite impusesse outra forma, ou seja a resistência armada, seria de sua responsabilidade o que viesse a ocorrer.

Explicou que em momento algum houve no interior do Partido a rejeição ao processo de enfrentamento armado para a revolução, bem como o movimento comunista internacional jamais disse que a transformação ocorreria apenas pela via pacífica.

“Até 1964 o PCB era a principal força da esquerda brasileira, apesar de existirem outras organizações, que tendiam a discordar pela esquerda”, seja pelo caráter da revolução, seja pela contundência da defesa da via pacífica, relembrou ao enfatizar que não apenas o Partido, mas todas as organizações de esquerda “entraram em crise após o golpe de 64”, com rachas e divisões internas.

Para ele, a crise do PCB se manifesta a partir de sua avaliação do golpe, em reunião realizada em abril/maio de 1965, quando foram apontados desvios de direita – crença excessiva no dispositivo militar de Jango e em articulações políticas de cúpula – e desvios de esquerda – discurso político de confrontação e prática de agitação que não correspondia a real correlação de forças.

Lembrou Carlos Marighella, que sai do Partido não por discordar do seu programa, mas por discordar da sua aplicação prática, da sua ação política.

Destacou que em seu VI congresso, em 1967, o Partido reafirma sua decisão de resistir à ditadura e vencê-la através da “ação das massas”, o que acabar por ocorrer e confirmar historicamente o acerto da direção na ocasião.

Criticou, entretanto, a mudança do “tom” político a partir da segunda metade dos anos 70, quando os militantes, por orientação da direção, passam a ser por demais moderados em suas intervenções e ações políticas.

A greve dos 300 mil em São Paulo, ponto de inflexão?

O professor da Unesp voltou à década de 50 para destacar alguns marcos na história do Partido, como o manifesto influenciado pela vitória da revolução chinesa, que chegou a resultar em duas revoltas camponesas no Brasil, em Goiás e no Paraná. Disse, entretanto, que a famosa greve de 300 mil trabalhadores em São Paulo mudou a linha da direção partidária, que passou a priorizar a unidade da classe operária.

Para ele, a crise internacional da segunda metade da década de 50 originou a declaração de Março, que “tirou muita gente do Partido”.

Já no começo dos anos 60, começa a ocorrer no país uma revolução democrática, concomitante com um movimento reacionário, de manutenção do poder da elite. Vem o golpe de 64, a reorganização da classe dominante e uma derrota do PCB.

Lembrou o antigo jornal “Voz Operária”, o grande instrumento de resistência à ditadura, apesar de no VI Congresso, em 1967, cerca de 40% dos militantes terem deixado o PCB e criado organizações de esquerda a favor da luta armada.

Com a derrota da guerrilha, a repressão contra o Partido Comunista e a reação no Chile os comunistas ficaram dispersos, alguns na França, outros na Itália, em Portugal, na URSS etc.

Essa dispersão aliada ao afastamento da classe operária, até mesmo pelo exílio de um terço do Comitê Central, levaram aos problemas que começam a pipocar em todo o Partido, agravando-se com a volta do exílio em 1979 e abrindo caminho para o que viria a ser o PT ocupar.

Reformismo e tentativa de liquidação

Tal período histórico também esteve presente na mesa seguinte, sobre o período de 1980 a 1992. De acordo com Anita Prestes, o reformismo esteve presente nas formulações do PCB desde os finais dos anos 1920, e em grande parte de sua trajetória o Partido se subordinou a estratégia nacional-libertadora, de revolução em duas etapas, o que teria causado profundas divergências no interior do Comitê Central ao longo das décadas de 1960 e 1970, culminado com a saída de Luiz Carlos Prestes da organização.

Por sua vez, o secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro, deixou claro para o público presente que as divergências no interior do Partido eram, desconhecidas pela maioria da militância, que com a chegada dos membros do CC que estavam no exílio começam a perceber a luta interna que já estava instaurada.

Ivan lembrou situações como a do dia da volta de Prestes ao Brasil, durante o qual foi impedido pela direção partidária de aparecer no saguão do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, para saudar a chegada do "Cavaleiro da Esperança".

Durante a mesa, foram levantadas questões sobre as quais há carência de documentos para comprovação, como a de que a legalidade conquistada pelo PCB em meados dos anos 1980 tenha sido "negociada" pela então direção direitista do Partido junto a setores de uma Ditadura já em processo de decomposição.

Ao mesmo tempo, como contribuição ao caráter que o Comitê central do PCB tomou ao longo dos anos 1980, lembrou-se que importantes dirigentes, ligados ao movimento operário e que não saíram do país para o exílio, estão até hoje desaparecidos - como o 1/3 do Comitê Central que caiu nos anos de 1974 e 1975.

22 de março de 2012

SEMANA DOS 90 ANOS DO PCB


PCB 90 anos!



NÃO PERCA ESTE MOMENTO HISTÓRICO!
 
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA,
COM DESTAQUE PARA O ATO PÚBLICO 

DIA 23 DE MARÇO!
SEMINÁRIO “PCB 90 ANOS DE LUTAS”
Local: Sindicato dos Professores (Sinpro-Rio)
(Rua Pedro Lessa, 35 – 2º andar)
Dia 20/03 (terça) – das 16h às 18h
1922-1945: DOS ANOS DE FORMAÇÃO ÀS LUTAS CONTRA O ESTADO NOVO
Palestrantes: Milton Pinheiro e Marly Vianna
Coordenação: José Renato
Dia 20/03 (terça) – das 19 às 21h
1946-1964 – A CONSOLIDAÇÃO DA ESTRATÉGIA NACIONAL DEMOCRÁTICA
Palestrantes: Ricardo Costa e Dênis de Moraes
Coordenação: Paulo Schueler
Dia 21/03 (quarta) – das 16 às 18h

1965-1979 – A RESISTÊNCIA CONTRA A DITADURA
Palestrantes: Muniz Ferreira e Marcos Del Roio
Coordenação: Heitor César
Dia 21/03 (quarta) – das 19 às 21h
1980-1992 – O REFORMISMO E A TENTATIVA DE LIQUIDAÇÃO DO PCB
Palestrantes: Anita Prestes e Ivan Pinheiro
Coordenação: Hiran Roedel
Dia 22/03 (quinta) – das 14 às 16h
1992-2012 – A RECONSTRUÇÃO REVOLUCIONÁRIA
Palestrantes: Virgínia Fontes e Edmílson Costa
Coordenação: Zuleide Faria de Melo
Dia 22/03 (quinta) – das 16h30 às 18h30
O PCB E A CONJUNTURA INTERNACIONAL
Palestrantes: Antonio Carlos Mazzeo, Eduardo Serra e Lucio Flávio R. de Almeida
Coordenação: Sofia Manzano
Dia 22/03 (quinta) – das 19 às 21h
O PCB E A ESTRATÉGIA SOCIALISTA DA REVOLUÇÃO BRASILEIRA
Palestrantes: José Paulo Netto, Mauro Iasi e Milton Temer
Coordenação: Sidney de Moura e Silva
Obs.: intervalo das 20:30 às 20:35, para assistir o programa nacional do PCB em cadeia de televisão
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Dia 23/03 (sexta):
Local: toda a programação na Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Rua Araujo Porto Alegre, 71
SEMINÁRIO INTERNACIONAL (7º andar):
“A CRISE DO CAPITALISMO: A OFENSIVA IMPERIALISTA E A LUTA PELO SOCIALISMO”
13:30 às 14:30h: “Cuba: As mudanças no processo de construção do socialismo” (Representante do Partido Comunista de Cuba e Zuleide Faria de Melo - PCB)
14:45 às 17h: “América Latina: possibilidades e limites de avanços sociais” (Representantes dos Partidos Comunistas Argentino, Colombiano,Mexicano, Peruano, Uruguaio e Venezuelano; Atilio Boron; Edmilson Costa - PCB)
17:15 às 18:00  (9º andar): exibição do filme “Fomos, somos e seremos comunistas”
18:30 – ATO PÚBLICO NACIONAL 90 ANOS DE PCB
22:00 – FESTA VERMELHA
Local: Clube dos Advogados (iniciativa da Fundação Dinarco Reis)
Av. Marechal Câmara, 210 – 3º andar
24 DE MARÇO DE 2012 (sábado):
Local: Auditório Pedro Calmon – UFRJ – Praia Vermelha - Av. Pasteur
Das 13:30 às 20:30: SEMINÁRIO INTERNACIONAL:
“A CRISE DO CAPITALISMO: A OFENSIVA IMPERIALISTA E A LUTA PELO SOCIALISMO”
13:30  às 15:00h: “Europa: Crise, retirada de direitos e resistência popular” (Miguel Urbano Rodrigues, Partidos Comunistas Grego e dos Povos de Espanha; Mauro Iasi - PCB)
15:10 às 16:30h: “Colômbia: A insurgência e o movimento de massas frente ao terrorismo de Estado” (Colombianos e Colombianas pela Paz, Marcha Patriótica, Partido Comunista Colombiano e Agenda Colômbia Brasil; Ivan Pinheiro - PCB)
16:35 às 19:45h: “Oriente Médio: As guerras imperialistas de rapina e as revoltas populares” (Embaixador da Síria no Brasil, Partidos Comunistas Sírio e Libanês, Leila Ghanen, Frente Popular de Libertação da Palestina; Ricardo Costa - PCB)
20:00: Ato Cultural, com um coquetel modesto.
25 DE MARÇO DE 2012 (domingo):
9:30 - Visita ao local onde foi fundado o PCB, em 25 de março de 1922;
Sessão Solene - Câmara Municipal de Niterói:
(Av. Amaral Peixoto, 625 – Niterói)
10:15- Homenagem do Vereador Renatinho e do PSOL Niterói aos 90 anos do PCB;
10:30 - Reunião pública do Comitê Central do PCB, com militantes e convidados nacionais e internacionais;
13:00 – Almoço de confraternização em Niterói.
OBS.: Sobre o Seminário Internacional, acompanhe em nossa página os nomes e referências dos expositores bem como novas confirmações de Partidos Comunistas.

Depoimento de István Mészáros em comemoração aos 90 anos de fundação do PCB




Boitempo - Fundado em 25 de março de 1922, o Partido Comunista Brasileiro comemora 90 anos em 2012. Confira abaixo mensagem enviada pelo filósofo húngaro István Mészáros em celebração ao aniversário do PCB.

Estimados camaradas,

Em nossa conjuntura histórica decisiva, o aprofundamento da crise estrutural do capital ameaça a própria sobrevivência da humanidade. Apenas uma estratégia revolucionária obstinada pode assegurar uma saída desta perigosa situação, através da criação de bases verdadeiramente justas para um futuro sustentável. O papel da política é vital nesse processo, na condição de que ela tenha por objetivo a superação radical das hierarquias estruturais herdadas do passado. Sem isso, a inércia paralisante da reprodução cultural e material hierarquicamente ossificada está fadada a comprometer até os melhores esforços restritos à política, como confirmam nossos amargos revezes históricos. A necessária orientação revolucionária de nossos tempos clama por uma transformação emancipatória através da qual as grandes massas populares possam realmente controlar suas condições de existência, dentro do espírito da igualdade substantiva e sobre as firmes bases desta. Depois de 90 anos de luta, e pelos anos que virão adiante, eu desejo a vocês sucesso irrevogável na realização dessa grande tarefa histórica.
Com total solidariedade,
István Mészáros

István Mézáros é autor de extensa obra. Ganhador de prêmios como o Attila József, em 1951, o Deutscher Memorial Prize, em 1970, e o Premio Libertador al Pensamiento Crítico, em 2008, Mészáros se afirma como um dos mais importantes pensadores da atualidade. Nasceu no ano de 1930, em Budapeste, Hungria, onde se graduou em filosofia e se tornou discípulo de Georg Lukács no Instituto de Estética. Deixou o Leste Europeu após o levante de outubro de 1956 e exilou-se na Itália. Ministrou aulas em diversas universidades, na Europa e na América Latina. Recebeu o título de Professor Emérito de Filosofia pela Universidade de Sussex em 1991. Entre seus livros, destacam-se também Para além do capital – rumo a uma teoria da transição (2002), O desafio e o fardo do tempo histórico (2007) e A crise estrutural do capital (2009), publicados pela Boitempo. Em 2011, a Boitempo lançou o livro-homenagem István Mészáros e os desafios do tempo histórico e o segundo volume de Estrutura social e formas de consciência. Em 2012, lançará A obra de Sartre, sobre a obra de Jean-Paul Sartre.
Para saber mais sobre as comemorações dos 90 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) cliqui aqui ou nosite do partido.
Fonte: Boitempo

Seminário debate os 90 anos de PCB




A terça-feira dia 20 será sempre inesquecível para a luta do proletariado: iniciou-se a comemoração dos 90 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB), numa série de eventos que marcam a reconstrução revolucionária do PCB na luta antiimperialista e anti-capitalista.
A programação completa das comemorações pode ser acessada AQUI. A primeira apresentação ocorreu na tarde desta terça-feira (20), com as palestras dos professores Marly Vianna e Milton Pinheiro: “1922-1945: Dos Anos de Formação às Lutas Contra o Estado Novo”. A palestra começou às 14h sob coordenação de José Renato, integrante do Comitê Central do PCB. O primeiro palestrante foi Milton Pinheiro, professor da Universidade Federal da Bahia e também membro do CC do PCB.
Ele abordou o período de criação do Partido Comunista Brasileiro lembrando que “O PCB surge da necessidade histórica dos trabalhadores, de acordo com os ventos da revolta Bolchevique. De informações que vieram mesmo com a censura”. Destacou o surgimento da Internacional Comunista  em 1919, para reforçar a luta dos trabalhadores, ainda nesse mesmo processo histórico. Segundo ele, o PCB também é produto da crise dos lutadores da década de 10, anarquistas e anarco-sindicalistas, que lutavam pelos direitos dos trabalhadores .
Destacou o conjunto de lutas da classe operária, em torno de 500 mil trabalhadores, nas greves de 1917 e 18. Lembrou que em 1909 se criou a COB, à  frente de diversas greves em Alagoas, Bahia e Pernambuco, entre outros estados.
Ao contar a história da fundação do Partido Comunista Brasileiro, disse que eram nove camaradas representando 73 comunistas de todo o país, que se reuniram 25 e 26 no Rio e dia 27 em Niterói. A pauta da reunião era o exame para entrar na Internacional  Comunista (IC), o II congresso da IC, aprovação dos estatutos, cópia do Partido Comunista Argentino e a eleição da primeira direção do partido.
Mostrou o crescimento dos comunistas em território nacional, que ainda em 1922 passaram para 253 integrantes; 300 no ano seguinte e cerca de um mil em 1930.
Relacionou o pequeno crescimento partidário na década de 30 com o pequeno número da classe operária e a falta de conhecimento do que era o bolchevismo.
A professora Mary Vianna, segunda palestrante, levantou a preocupação de entender “porque nós acumulamos derrotas. É uma questão que tento entender, indo até o movimento anarquista. Se temos toda a razão porque não conseguimos chegar às massas, tento ver se o problema é o linguajar, não o conteúdo”.
Relembrou o VI congresso da IC, que segundo ela foi a vulgarização do marxismo, no qual o PCB é muito criticado. Em 1930, destacou, Moscou exige autocrítica do Partido, a qual Octávio Brandão adere, mas Astrojildo não, o que acabou resultando em sua expulsão do PCB.
Para ela, o reconhecimento da IC do Partido Comunista Brasileiro foi conquistado a um preço muito alto, tanto é que a revista Movimento, existente desde 1922, possuía vários artigos da IC. Ao situar historicamente a atuação dos comunistas brasileiros, disse que foram três anos, de 1930 a 1933, de quase destruição do partido, época da proletarização interna, de conceitos sectários.
Ao abordar o Levante de 1935, ressaltou que o movimento foi antifascista e que a reação atribuiu-o aos comunistas para justificar a falta de coragem e de iniciativa dos oficiais da época, que se deixaram render e prender por soldados, cabos e sargentos. Enfatiza que Getúlio Vargas aproveitou a situação, já que seu governo estava em baixa, e atribuiu aos camaradas toda a responsabilidade para manter-se no poder, o que contribuiu para a instauração do Estado Novo em 1937.
O camarada Milton Pinheiro abordou ainda a repressão a partir de 1937, a Conferência da Mantiqueira, fundamental para a reorganização do Partido após anos de repressão, e a conquista da anistia e a luta contra o nazifascismo.
1946-1964 –  A consolidação da estratégia nacional democrática
Em seguida, foi a vez dos professores Ricardo Costa, membro do Comitê  Central do PCB, e Dênis de Moraes, da UFF, debaterem o período compreendido entre 1946 e 1964. Destacando o "zigue-zague" das propostas políticas do PCB ao longo da história, Ricardo destacou ser preciso "não ter receio dos erros do passado, pois com eles aprendemos". Assim afirmou ser sectária a linha política praticada a partir de 1947, que iria se consolidar no "Manifesto de Agosto" de 1950.
Por outro lado, ele abordou as campanhas e manifestações de massa que contaram com intensa mobilização dos comunistas, como O petróleo é Nosso e contra o envio de tropas para a Coréia. Depois, fez reafirmou que é preciso avaliar as medidas adotadas pelo PCb no passado sem esquecer do contexto histórico em que ocorreram. "O nacionalismo, naquele período, era a idéia predominante a libertar povos na África e na Ásia, além de ser bem forte na América Latina. Daí o contexto de uma política de aliança com a burguesia contra o imperialismo", exemplificou.
Já  Dênis afirmou que as mudanças causadas no interior do PCB a partir do impacto do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, aprofundadas com a Declaração de março de 1958 e consolidadas no V Congresso do PCB, em 1960, "causaram uma primavera no interior do Partido", com a oxigenação dos debates internos e uma aproximação profunda com a intelectualidade e a visão de que a arte poderia ser utilizada como luta social. Por outro lado, não deixou de citar que a linha política do Partido criou ilusões de uma possível aliança com a burguesia "nacional" e a disputa por espaços entre os setores que davam sustentação política ao governo Jango como fatores que prejudicaram na avaliação daqueles dias tormentosos dias. "O PCB, assim como outras forças de esquerda, subestimou o movimento golpista", ressaltou.

12 de março de 2012

O QUE BUSCAM OS PAÍSES IMPERIALISTAS A PARTIR DO ATAQUE A SÍRIA É UM TRAMPOLIM PARA ATACAR O IRÃ




James Petras

Comentários para CX36 Rádio Centenário (Montevidéu)
Queria comentar neste momento o que está acontecendo na Síria. Primeiro, os meios de comunicação falaram de uma oposição pacífica e democrática. E, no final das contas, os mortos somam agora 7.500, dos quais 2.500 são soldados e policiais. Como assim a oposição é pacífica? Estão matando, recebem armas, metralhadoras, bazucas e mísseis de países ocidentais.

Segundo, dizem que são democratas. Mas quem os está financiando são as monarquias absolutistas do Golfo, Arábia Saudita e outros mais, que em nada são democráticos.

Terceiro, a Síria realizou um referendo onde a maioria do eleitorado votou, tendo uma aprovaçao majoritária. Esse referendo, que era uma oportunidade para a oposição se posicionar, foi rechaçado por ela, assim como rechaça a proposta russa-chinesa para abrir um canal de diálogo. Eles não buscam uma saída pacífica, buscam derrocar o governo. E isso foi dito por Clinton, Cameron (o primeiro-ministro da Inglaterra) e Sarkozy. São golpistas, não são opositores pacíficos. E em todas as referências que temos indica que a principal força implicada agora na luta são os sauditas apoiados pelos extremistas fundamentalistas, os wajabis, os alafis entre outros grupos. Então, há que reformular o que está em jogo aqui.

Na primeira instância estão os autoritários, mercenários do ocidente armados e violentos. No outro lado está o governo soberano, secular e autoritário de Bashar Al Assad.

Não é uma luta entre democratas e autoritários, é uma luta entre duas variantes de autoritarismo. Um, apoiado pelo imperialismo, e o outro, um governo soberano independente, aliado do Irã, mas independente.
O que buscam os países a partir do ataque à Síria é um trampolim para atacar o Irã. E isso nos leva ao quarto tema que é o congresso do principal braço do governo israelita em Washington, nesta semana.
Reuniram-se 13.000 fanáticos judeus sionistas em apoio incondicional a Netanyahu .

Esta organização, que se chama Comitê de Assuntos Públicos dos EUA e Israel, é uma organização que tem respaldo entre a grande maioria de organizações cívicas, religiosas e políticas de judeus. Inclusive pessoas que apoiam uma saída militar. Têm apoio entre rabinos que incitaram o bombardeio atômico sobre o Irã. Inclusive, era um rabino ortodoxo, principal líder da comunidade judia nos Estados Unidos. Também há membros que posam de pacifistas, mas são aliados incondicionáis de Israel.

A característica do grupo é que qualquer coisa que faça Israel, seja quando mata  palestinos em Gaza, quando está invadindo o Líbano, ou quando está ameaçando o Irã, podem contar com eles como intrínsecos aliados.

Agora, desde que Israel começou a ameaçar o Irã com uma guerra, o preço do petróleo, em apenas 2 meses e poucos dias deste ano, subiu 15%. Isso é o chamado   imposto israelense, o imposto sionista ao qual sujeitam o mundo.

Estas ameaças de Israel custam ao mundo bilhões de dólares. Porque frente à ameaça de guerra, os especuladores subiram o preço do petróleo para 125 dólares o barril.
Israel, em outras palavras, a partir de sua política bélica, criou uma grande instabilidade no mercado do petróleo, porque esta guerra vai acabar com as exportações do Irã, que é o segundo maior exportador de petróleo do mundo.

Porém, não importa aos sionistas que, aqui nos EUA, estão esvaziando os bolsos dos cidadãos que têm que abastecer seus veículos. Não lhes importa o custo para o público, o tesouro, só lhes interessa repetir como papagaios qualquer coisa que diga Pérez, ou que diga Netanyahu. Vivem nos EUA, mas são cidadãos de Israel  incondicionavelmente. Não questionam este congresso, não há nenhum debate, nenhuma crítica. Se levantaram 40 vezes para aplaudir Shimon Pérez e Netanyahu, quando declararam que não permitirão que o Irã desenvolva capacidade para construir uma bomba nuclear.

Antes, a ameaça do Irã era ter a posse de uma bomba nuclear. Agora, este grupo de pressão declara que vai ao congresso norte-americano para conseguir o voto de 90% dos congressistas dizendo que a ameaça do Irã está na capacidade deste fazer uma bomba.

O que significa isso? O Irã, assim como outros 125 países do mundo, está enriquecendo urânio. Para ter o uso de urânio para qualquer razão civil, médica, o que seja, tem que enriquecê-lo, porém, também para fazer uma bomba.

Agora, os sionistas nos Estados Unidos querem utilizar o fato de o Irã enriquecer urânio, como todo o mundo, como pretexto para uma guerra. Isso é o que estão fazendo os sionistas. Têm um documento, e a partir de quarta-feira vão em pelotões   visitar 435 congressistas, para insistir que assinem um decreto de lei que diz que a ação iraniana é um pretexto para uma guerra. Chegamos a este grau de subordinação.

Pela primeira vez em mais de 200 anos, Washington está ocupado por um país estrangeiro a partir de seus porta-vozes, seus clientes sionistas dos EUA. É uma grande vergonha ver meu país humilhado por estes fanáticos, esta gente que tomou o controle da política norte-americana, tomam o controle do Congresso, subordinam o presidente e ditam a política, desde o país israelita, diabólico e moralmente corrupto.

PÁGINA INFELIZ

Chico Alencar

“Somos o que fazemos. Mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.”
(Eduardo Galeano)

O Globo, publicado em 10 de março de 2012

“Brasileiro não tem memória”, diz o senso comum. Entretanto, um povo só avança em civilização conhecendo sua própria história. Esquecer períodos é postura obscurantista e perigosa: quem não se recorda do passado corre o risco de revivê-lo.

Os crimes de perseguição, tortura, assassinato e desaparecimento de presos políticos, cometidos pela ditadura civil-militar implantada com o golpe de 1964, foram hediondos. Ninguém pode ser conivente com eles. Quando se alega que também houve prática “terrorista” por parte daqueles que se insurgiram contra a ditadura, igualando-os aos torturadores, omite-se importante aspecto: enquanto o governo militar agia, sem legitimidade para tanto, sobre pessoas imobilizadas, os que ousavam resistir ao regime pagaram seus atos com prisão, sevícias cruéis, exílio ou morte. Já foram violentamente punidos, sem limites. Seus algozes, por outro lado, até ascenderam na hierarquia do serviço público ou no mundo empresarial!

Não há revanchismo: ninguém quer torturar torturadores, realizar prisões ilegais e negar direito de defesa, mas fazer valer o direito à memória e à justiça. Passado é o que passou e o que, sendo devidamente lido e relido, nos constitui. A máquina de terror montada pela ditadura não pode ser “página infeliz” virada, arrancada ou lida às pressas. Nem “passagem desbotada na memória das nossas novas gerações”, como alerta a denúncia poética de Chico Buarque e Francis Hime.

A sociedade tem o direito irrenunciável de conhecer quem ordenou a tortura e torturou, quem montou a estratégia, quem a financiou, quem praticou atos tão covardes que nem mesmo o regime, embora os tenha organizado “cientificamente” e exportado know how para ditaduras vizinhas, os assumiu.

A consciência democrática não compreenderia a adesão da oficialidade contemporânea a processos espúrios, que só desonraram seus estamentos. Que corporativismo seria aquele que defendesse como seu “patrimônio” práticas que atentaram contra os mais elementares direitos das pessoas? Ou que corroborasse, passadas três décadas, escandalosas mentiras?

O princípio humanista garante que as famílias que não tiveram sequer o direito de sepultar seus entes queridos, ou que viveram o drama indizível de sabê-los nas masmorras, sofrendo todo tipo de agressão, conheçam seus carrascos. Para usar, se desejarem, o direito de acioná-los judicialmente. Os protagonistas da repressão encapuzada devem ter a hombridade de reconhecer que praticaram atrocidades, caminhando assim para o que em direito se chama de “arrependimento eficaz”, como ocorreu na África do Sul.

A Comissão Parlamentar da Verdade, que já tarda, e suas similares nos Legislativos, devem atuar dentro deste viés humanista: com firmeza, serenidade e visão de processo histórico.

CHICO ALENCAR é deputado federal (PSOL-RJ).

LEI GERAL DA COPA: um “chute no traseiro” do povo brasileiro

Nota de Repúdio à Aprovação da Lei Geral da Copa na Comissão Especial

Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) - O Secretário Geral da FIFA Jerome Valcke, em entrevista, disse que precisaria “chutar o traseiro” dos governantes brasileiros para que agilizassem os trâmites relacionados à organização da Copa do Mundo de 2014.
Agilidade, para Valcke, significa rapidez para aprovar medidas que garantam os interesses mercantis da FIFA. Definitivamente, acelerar a superação das mazelas da saúde pública, ou o atendimento às dezenas de milhares de pessoas atingidas pelas chuvas, ou mesmo pelas obras relacionadas aos mega-eventos esportivos não é a sua preocupação. Tampouco interessa à entidade agilizar a redução da histórica desigualdade social do país ou do déficit habitacional que assola suas cidades. Quanto à nossa justiça, notoriamente morosa, celeridade para a FIFA diz respeito aos procedimentos extraordinários e aos tribunais de exceção para julgar os crimes especiais que pretende criar. A entidade visa, portanto, apenas seus interesses/lucro em detrimento do bem comum e das necessidades da população. Também os congressistas e os nossos governantes parecem pouco se importar com os direitos sociais dos brasileiros. Onde está o suposto “legado social” dos jogos? Até agora, nada encontramos que permita justificar as dezenas de bilhões já investidos em nome da Copa e das Olimpíadas.
Com esta polêmica frase, Jerome Valcke se referia à Lei Geral da Copa, fruto do Projeto de Lei 2330 de 2011, elaborado pelo governo federal e que tramitava, até terça-feira (06 de março) na Comissão Especial da Câmara dos Deputados e foi aprovada, nessa instância, na forma do texto consolidado pelo relator Vicente Cândido (PT-SP). Atendendo ao cartola da FIFA, a comissão atropelou manifestações democráticas, não permitindo a realização de um debate público sobre a lei em questão. No mesmo dia, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP) protocolou requerimento de urgência para a aprovação da lei no plenário da casa, agendando-a para a próxima terça feira, dia 13 de março.
A expressão grosseira “chute no traseiro dos governantes brasileiros” utilizada pela FIFA não causa surpresa. A Lei Geral da Copa já é, em si mesma, um verdadeiro “chute no traseiro” do povo brasileiro. Ela constitui o documento central de um conjunto de leis de exceção que vem sendo editadas nos três níveis federativos do país, de forma a garantir que a Copa do Mundo maximize o lucro da FIFA, de seus patrocinadores e de um conjunto de corporações nacionais, ampliando o canal de repasse de verbas públicas a particulares e fortalecendo um modelo de cidade excludente, que reproduz a lógica da especulação imobiliária e do cerceamento ao espaço público.
A Lei Geral da Copa não é tão “geral” assim. Em primeiro lugar, porque, longe de proteger o interesse público, ela tem por base contratos e compromissos particulares, ou seja, interesses privados. Além disso, não abrange a totalidade das intervenções no ordenamento jurídico brasileiro para os mega-eventos, já que não é a primeira e pode não ser a última das leis aprovadas sobre o assunto. Em cada cidade já foram emitidas “leis de segurança”, “leis de isenção fiscal”, “leis de restrição territorial”, “leis de transferência de potencial construtivo”, etc. No Senado, ainda, para onde seguirá, caso os deputados aceitem a submissão à FIFA, a Lei Geral se  associará a pelo menos outros dois PLs (394/09 e 728/11) que, entre outras propostas, restringem o direito à greve a partir de três meses antes da Copa, abrem a possibilidade de proibição administrativa de ingresso de torcedores em estádios por até 120 dias, inventam o tipo penal de “terrorismo” – hoje inexistente no Brasil – e estabelecem justiças e procedimentos de urgência para julgá-lo. Criam, ainda, as chamadas “Zonas Limpas”, de exclusividade da FIFA nas cidades e privatizam o hino, símbolos, expressões e nomes para a Confederação Brasileira de Futebol – a tão “idônea” CBF.
A FIFA manda e desmanda, desrespeita e humilha as populações mundo afora. O povo brasileiro, hoje, é a “bola da vez”. Ela deseja construir um reinado de exploração itinerante durante seu evento, para o qual o Estado assume o duplo papel de “policial” – reprimindo, criminalizando e encarcerando sua sociedade – e de “financiador” – assumindo os ônus, riscos e a responsabilidade desta empreitada privada. A Lei Geral da Copa está no centro de todo este processo e consolidará, caso seja aprovada, uma Copa do Mundo excludente e com graves prejuízos ao povo brasileiro.
Dentre outras premissas, o projeto a ser votado na Câmara:
a) Preconiza a retirada de direitos conquistados por vários grupos sociais, como a meia-entrada e outros direitos dos consumidores (Artigo 26);
b) Restringe seriamente o comércio de rua e popular durantes os jogos (Artigo 11);
c) Impede que o povo brasileiro possa assistir aos jogos como achar melhor, limitando a transmissão por rádio, internet e em bares e restaurantes (Artigo 16, inciso IV);
d) Coloca a União em posição de submissão à FIFA, sendo responsável por quaisquer danos e prejuízos de um evento privado (artigo 22, 23 e 24);
e) Cria novos tipos penais e restringe a liberdade de expressão e a criatividade brasileira. Chargistas, imprensa e toda a torcida que usar os símbolos da Copa podem ser processados (Artigos 31 a 34);
f) Desestrutura o Estatuto do Torcedor em favor do monopólio da FIFA (Art. 67);
g) Coloca em risco o direito à educação, pela possível redução do calendário escolar (Artigo 63);
h) Permite a venda de bebidas alcoólicas durante os jogos, retrocedendo em relação à legislação existente (Artigo 29);
i) Transforma o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) numa espécie de “cartório particular”, abrindo caminho para abusos nas reservas de patente (Artigo 4 a 7) e na privatização de símbolos oficiais e do patrimônio cultural popular.
Dessa forma, a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP, organizada nas 12 cidades sede e constituída por diversas entidades da sociedade civil que lutam para enfrentar, impedir e minimizar os prejuízos sociais advindos com a Copa, mais uma vez, vem a público repudiar este ato de submissão brasileira perante os interesses privados de grandes monopólios da FIFA e seus patrocinadores, totalmente financiados com recursos públicos, atropelando direitos e garantias arduamente conquistados, ferindo princípios democráticos e onerando o povo brasileiro.
O Brasil tem condições objetivas de sediar a Copa do Mundo sem produzir este legado autoritário e anti-democrático. Já sediamos grandes eventos, dos mais diversos tipos. A aprovação de novas leis não é necessária e representa um cavalo-de-tróia para modificações que, supostamente transitórias, terminam por incorporar-se definitivamente em nosso direito interno.
À luz disso, os Comitês Populares da Copa vêm exigir do Poder Legislativo brasileiro, na figura de todos os congressistas, que formalize o veto que a população já deu ao PL 2330/2011, votando contrários ao mesmo. Sabemos que isso não ocorrerá sem pressão e mobilização popular e, portanto, estaremos atentos para legitimamente defender a justiça social e a soberania popular acima de tudo.
Assim não dá jogo! Queremos respeito às regras e leis já existentes na Constituição Federal que garantem ao povo brasileiro direitos e soberania.
As exigências da FIFA são um GOL contra o povo brasileiro.
FIFA BAIXA A BOLA!
A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) é formada pelos Comitês Populares nas 12 cidades-sede da Copa: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Mais informações em www.portalpopulardacopa.org.br

CONSTRUIR A GREVE NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO.

UNIDADE CLASSISTA/ INTERSINDICAL

CONSTRUIR A GREVE NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO.

Nos dias 14, 15 e 16 de Março, os trabalhadores(as) em educação de todo o país estarão em Greve Nacional pela valorização da Educação Pública e cumprimento da Lei do Piso.
Mesmo com o reconhecimento do STF da legalidade da Lei do Piso, o que se vê é que na maioria absoluta dos Estados os Governos não cumprem a lei e se negam a dialogar com os educadores.
Em 2011 cerca de 15 greves estaduais aconteceram em todas as regiões, algumas com contornos dramáticos e de heróica resistência, como aconteceu no CE e em MG e em todos esses movimentos o paradoxo do crescimento da arrecadação da máquina pública versus a diminuição de investimentos e o consecutivo sucateamento da educação era o contraste mais evidente.
A tônica dos governos para calar as massas foram a repressão, a criminalização e o uso dos Tribunais de Justiça para coibir e decretar o caráter ilegal dos movimentos grevistas; tudo isso numa clara tentativa de sufocar a luta e combater o avanço dos educadores. Mas isso não inibiu a justa luta pela valorização do ensino público, pois tudo o que conquistamos até aqui foi fruto da resistência, da luta e da ousadia em enfrentar o descaso dos Governos neoliberais que insistem na política de desvalorização do ensino público e criminalização dos educadores.
O Governo Federal e seus aliados tem se arrogado a condição de elevar a economia brasileira a 6ª potência mundial, mas não assumem a responsabilidade pelo fato de mais de 25 milhões de brasileiros serem considerados analfabetos funcionais e de que a apenas uma em cada cinco crianças consegue terminar os estudos do ensino básico em tempo estimado para a sua idade.
Os educadores em todo o país são a categoria do funcionalismo público que possuem os piores salários e as piores condições de trabalho, não sendo poucos os casos de doenças funcionais que atingem a maioria desses profissionais.
Somado a tudo isso junta-se a prática corriqueira que a mídia sempre utiliza em momentos de campanha salarial, que é a de criminalizar os educadores como se fossem estes os responsáveis diretos pelas mazelas e contradições que a educação pública vem passando, isentando de responsabilidade os Governos locais que não param de arrecadar com a carga tributária e mesmo assim destinam migalhas para o desenvolvimento do ensino.
Por isso a UNIDADE CLASSISTA convoca sua militância e simpatizantes a participarem das atividades regionais da GREVE NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO que irão ocorrer em todo o País.
PELO PAGAMENTO DA LEI DO PISO NACIONAL;
PELO FIM DAS CONTRATAÇÕES SEM CONCURSO PÚBLICO;
PELA APLICAÇÃO DE 10% DO PIB NA EDUCAÇÃO;
NÃO A CRIMINALIZAÇÃO DOS EDUCADORES E DE SUAS ENTIDADES DE CLASSE.

Instalar imediatamente a Comissão da Verdade

Punir os militares que afrontam a democracia
Testemunhamos nos últimos dias, entre militares da reserva, o ressurgir de vozes lúgubres, de oposição à criação e ao funcionamento da Comissão Nacional da Verdade.
As manobras dos indivíduos que buscam calar o direito à Memória, à Verdade e à Justiça tentam, por um lado, golpear a democracia, atingir e desmoralizar o governo federal e suas autoridades; por outro lado, envolver as Forças Armadas dos dias de hoje na defesa dos crimes cometidos, há décadas, pela Ditadura Militar, e implicá-las na defesa de militares e civis que foram os executores desses crimes.
O chamado “Manifesto à Nação” assinado por militares da reserva, entre os quais conhecidos torturadores, é uma enorme afronta ao governo federal legitimamente eleito e aos Poderes da República, e seus ataques à Comissão Nacional da Verdade são inadmissíveis.
Externamos nosso integral apoio à decisão da presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Defesa, Celso Amorim, de punir esses autores de crimes de desacato, e reiteramos a necessidade da instalação imediata da Comissão Nacional da Verdade, único instrumento capaz de investigar, conhecer e divulgar a verdade sobre as graves violações de direitos humanos praticadas pelos órgãos de repressão da Ditadura Militar, e a sanção de seus autores, nos termos da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal quanto aos crimes permanentes.
Por fim, face ao crescimento das adesões de militares a esse manifesto de vocação golpista, a punição aos seus subscritores tornou-se uma questão não só imprescindível, como urgente, sob pena de fragilizarem-se a Democracia e os Poderes constitucionais da República.
São Paulo, 7 de março de 2012
Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos

SEMANA DOS 90 ANOS DO PCB

NÃO PERCA ESTE MOMENTO HISTÓRICO!VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA,COM DESTAQUE PARA O ATO PÚBLICO DIA 23 DE MARÇO! SEMINÁRIO “PCB 90 ANOS DE LUTAS” 

Local: Sindicato dos Professores (Sinpro-Rio)(Rua Pedro Lessa, 35 – 2º andar) 

Dia 20/03 (terça) – das 16h às 18h1922-1945: DOS ANOS DE FORMAÇÃO ÀS LUTAS CONTRA O ESTADO NOVOPalestrantes: Milton Pinheiro e Marly ViannaCoordenação: José Renato 

Dia 20/03 (terça) – das 19 às 21h1946-1964 – A CONSOLIDAÇÃO DA ESTRATÉGIA NACIONAL DEMOCRÁTICAPalestrantes: Ricardo Costa e Dênis de MoraesCoordenação: Paulo Schueler 

Dia 21/03 (quarta) – das 16 às 18h1965-1979 – A RESISTÊNCIA CONTRA A DITADURAPalestrantes: Muniz Ferreira e Marcos Del RoioCoordenação: Heitor César 

Dia 21/03 (quarta) – das 19 às 21h1980-1992 – O REFORMISMO E A TENTATIVA DE LIQUIDAÇÃO DO PCBPalestrantes: Anita Prestes e Ivan PinheiroCoordenação: Hiran Roedel 

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Dia 22/03 (quinta) – das 14 às 16h1992-2012 – A RECONSTRUÇÃO REVOLUCIONÁRIAPalestrantes: Virgínia Fontes e Edmílson CostaCoordenação: Zuleide Faria de Melo 

Dia 22/03 (quinta) – das 16h30 às 18h30O PCB E A CONJUNTURA INTERNACIONALPalestrantes: Antonio Carlos Mazzeo, Eduardo Serra e Lucio Flávio R. de AlmeidaCoordenação: Sofia Manzano 

Dia 22/03 (quinta) – das 19 às 21hO PCB E A ESTRATÉGIA SOCIALISTA DA REVOLUÇÃO BRASILEIRAPalestrantes: José Paulo Netto, Mauro Iasi e Milton TemerCoordenação: Sidney de Moura e SilvaObs.: intervalo das 20:30 às 20:35, para assistir o programa nacional do PCB em cadeia de televisão


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Dia 23/03 (sexta):Local: toda a programação na Associação Brasileira de Imprensa (ABI)Rua Araujo Porto Alegre, 71SEMINÁRIO INTERNACIONAL (7º andar):“A CRISE DO CAPITALISMO: A OFENSIVA IMPERIALISTA E A LUTA PELO SOCIALISMO”13:30 às 14:30h: “Cuba: As mudanças no processo de construção do socialismo” (Representante do Partido Comunista de Cuba e Zuleide Faria de Melo - PCB)14:45 às 17h: “América Latina: possibilidades e limites de avanços sociais” (Representantes dos Partidos Comunistas Argentino, Colombiano,Mexicano, Peruano, Uruguaio e Venezuelano; Atilio Boron; Edmilson Costa - PCB)17:15 às 18:00  (9º andar): exibição do filme “Fomos, somos e seremos comunistas”18:30 – ATO PÚBLICO NACIONAL 90 ANOS DE PCB22:00 – FESTA VERMELHALocal: Clube dos Advogados (iniciativa da Fundação Dinarco Reis)Av. Marechal Câmara, 210 – 3º andar 

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24 DE MARÇO DE 2012 (sábado):Local: Auditório Pedro Calmon – UFRJ – Praia Vermelha - Av. PasteurDas 13:30 às 20:30: SEMINÁRIO INTERNACIONAL:“A CRISE DO CAPITALISMO: A OFENSIVA IMPERIALISTA E A LUTA PELO SOCIALISMO”13:30  às 15:00h: “Europa: Crise, retirada de direitos e resistência popular” (Miguel Urbano Rodrigues, Partidos Comunistas Grego e dos Povos de Espanha; Mauro Iasi - PCB)15:10 às 16:30h: “Colômbia: A insurgência e o movimento de massas frente ao terrorismo de Estado” (Colombianos e Colombianas pela Paz, Marcha Patriótica, Partido Comunista Colombiano e Agenda Colômbia Brasil; Ivan Pinheiro - PCB)16:35 às 19:45h: “Oriente Médio: As guerras imperialistas de rapina e as revoltas populares” (Embaixador da Síria no Brasil, Partidos Comunistas Sírio e Libanês, Leila Ghanen, Frente Popular de Libertação da Palestina; Ricardo Costa - PCB)20:00: Ato Cultural, com um coquetel modesto. 

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25 DE MARÇO DE 2012 (domingo):9:30 - Visita ao local onde foi fundado o PCB, em 25 de março de 1922;Sessão Solene - Câmara Municipal de Niterói:(Av. Amaral Peixoto, 625 – Niterói)10:15- Homenagem do Vereador Renatinho e do PSOL Niterói aos 90 anos do PCB;10:30 - Reunião pública do Comitê Central do PCB, com militantes e convidados nacionais e internacionais;13:00 – Almoço de confraternização em Niterói.OBS.: Sobre o Seminário Internacional, acompanhe em nossa página os nomes e referências dos expositores bem como novas confirmações de Partidos Comunistas.

3 de março de 2012

CONVITE "OS DIREITOS HUMANOS NA COLÔMBIA"

CONVITE "OS DIREITOS HUMANOS NA COLÔMBIA"

imagemCrédito: PCB


(PALESTRAS SOBRE A CONJUNTURA COLOMBIANA)

5 de março (segunda-feira), às 18 horas

Sede Nacional do PCB:

Rua da Lapa 180 - grupo 801 - Lapa - Rio de Janeiro


- Mauricio Avilez, colombiano, da Agenda Colômbia Brasil;

- Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB), que esteve recentemente na Colômbia no encontro "Colômbia: em busca de um caminho para a paz e a liberdade". 

CAMINHOS PARA A PAZ NA COLÔMBIA

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Crédito: 3.bp.blogspot

Agenda Colômbia-Brasil saúda a decisão histórica das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia, FARC-EP, anunciada no domingo, dia 26 de fevereiro, delibertar de forma unilateral os últimos 10 policiais e militares do Estado colombiano, mantidos em seu poder como “prisioneiros de guerra” e de revogar a lei 002 de 2000, a qual põe ponto final à pratica de retenções econômicas como método de financiamento de sua luta[1].

A decisão das FARC-EP mostra o seu interesse de abrir caminhos para uma solução política dialogada do conflito. Soma-se nesta conjuntura a posição manifestada pelo Exército de Libertação Nacional – ELN, no dia 28 de fevereiro, de buscar uma saída política ao conflito que vive Colômbia[2].

É necessário dizer que esses passos dados em direção a construção de paz têm sido um esforço da organização Colombianos e Colombianas por la Paz que estabeleceu mecanismos de interlocução com a insurgência colombiana para criar cenários possíveis para diálogos entre o governo colombiano e as organizações insurgentes[3]. Desta mesma forma há que destacar o papel que tem assumido o processo popular Marcha Patriótica, como proposta que abre caminhos para a paz e para a construção alternativa de poder pelas organizações sociais e de base do povo colombiano[4].

Há necessidade de pressionar ao governo da Colômbia, na pessoa do presidente Juan Manuel Santos, para que aceite o inicio do processo de diálogos de paz, permitindo ir avante na solução política ao conflito retomando a agenda inconclusas do Caguan com as FARC-EP[5] e as propostas feitas pelo ELN[6]. Para que não sigam mantendo a postura política que privilegia a estratégia militar da pax romana de “cadeia ou a tumba[7]”. Para que não siga criminalizando a cidadãos colombianos e às organizações sociais que tomam as bandeiras, do principal anseio do povo colombiano: a paz com justiça social.

Agenda Colômbia-Brasil, como um processo de construção de solidariedade de organizações sociais e políticas do povo brasileiro e colombiano, acredita que a superação dos problemas que originaram o conflito que ainda se mantém, como a impunidade, a iniquidade econômica e a injustiça social por vias verdadeiramente democráticas permitirá encontrar uma solução ao conflito. Acredita que a solução política ao conflito é o caminho para a construção da paz com justiça social e de uma Colômbia democrática com espaços para todas e todos.

Agenda Colômbia-Brasil chama às organizações sociais e políticas brasileiras que acreditam na solidariedade entre os povos:

Para mobilizar-se, através de suas pautas de luta e pressionar com manifestações publicas ao governo e às organizações insurgentes da Colômbia para que retomem os diálogos de paz de forma transparente ao povo colombiano.

Pedir ao governo brasileiro que mantenha sua atitude de apoiar as iniciativas de paz na Colômbia e para que peça, em conjunto com a UNASUL, que o governo colombiano retome os diálogos de paz com as organizações insurgentes.

Para que apóiem o processo popular Marcha Patriótica, que esta sendo construído na Colômbia, como proposta que abre caminhos para a paz e construção alternativa de poder das organizações sociais e de base do povo colombiano, pedindo que seja respeitado este movimento, não seja criminalizado e lhes sejam dadas todas as garantias para seu desenvolvimento.

Agenda Colômbia-Brasil
A Solidariedade é dos Povos!!!



[2] La paz, un imperativo para Colombia. In: <http://www.rebelion.org/noticia.php?id=145428&titular=la-paz-un-imperativo-para-colombia- >, Acessado: 28. Fev.2012



[5] A agenda do Caguan é um documento conjunto do governo do presidente Andres Pastrana e as FARC-EP de 12 pontos  para os diálogos de paz, com data de 6 de maio de 1999.Agenda Común por el cambio hacia una nueva Colombia. In: LOZANO GUILLÉN, Carlos A. Guerra o paz en Colombia?. Bogotá: Izquierda Viva, 2006, p. 147-151.

[6] La paz, un imperativo para Colombia. In: <http://www.rebelion.org/noticia.php?id=145428&titular=la-paz-un-imperativo-para-colombia- >, Acessado: 28. Fev.2012 [7] “La cárcel o La tumba a los guerrilleros que no se desmovilicen”: Presidente Santos. In: < http://www.elpais.com.co/elpais/judicial/noticias/carcel-o-tumba-guerrilleros-desmovilicen-presidente-santos >, Acessado 18. Jan.2012.

FARC-A LUTA CONTINUA

FARC-A LUTA CONTINUA

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Crédito: ODiario.info
Por Miguel Urbano Rodrigues

O Estado-maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-FARC.EP informou em comunicado que renuncia aos sequestros de reféns e libertará nos próximos dias os últimos 10 militares capturados em combate que mantinha em seu poder.

A notícia foi recebida com alguma surpresa em Washington e na Europa e foi tema de múltiplas interpretações.

Mas sabia-se que os sofisticados meios electrónicos que o Pentágono coloca à disposição da Força Aérea Colombiana facilitam hoje localizar com precisão os acampamentos móveis em que as FARC mantinham nas montanhas e selvas do país os últimos reféns.

Simultaneamente, os prémios de milhões de dólares oferecidos pelo governo de Bogotá aos guardas dos prisioneiros estimularam traições que permitiram a entrega ao exército de reféns como Ingrid Bentancourt, três agentes da CIA e destacados políticos.

O bombardeamento pirata em território equatoriano do acampamento comandante Raul Reyes e as operações militares concluídas com a morte em combate dos comandantes Jorge Briceño e Afonso Cano resultaram aliás da colaboração decisiva do Pentágono , da CIA e da Mossad israelense.

A campanha mundial que precedeu a inscrição das FARC pelas Nações Unidas na lista das «organizações terroristas» foi acompanhada de outra que lhes colou o anátema de «guerrilha do narcotráfico»

Na realidade, o slogan, forjado para desacreditar as FARC, foi criado por um diplomata dos EUA, o embaixador Louis Stamb, homem do Pentágono e da CIA.

Tive pessoalmente a oportunidade de verificar em 2001, que as FARC, em El Caguan, capital da zona desmilitarizada, proibiam ali o consumo e o tráfico da droga. Mas a calúnia correu pelo mundo, adquirindo credibilidade.

Comprovadamente comprometidos com o narcotráfico foram, esses sim, o anterior presidente da Colombia, Álvaro Uribe, e o atual, José Manuel Santos, cujos nomes figuram aliás nos arquivos da Drug Enforcement Agency -DRUG, a Agência que controla o negócio da cocaína.

Virginia Vallejo , ex miss Colombia, que foi amante do rei da droga, revela num livro de memórias (1), best seller nos EUA, que Pablo Escobar não escondia que a ajuda de Álvaro Uribe, quando director da Aeronáutica Civil de Antioquia, lhe permitiu fazer sair do país centenas de toneladas de cocaína.

O comunicado das FARC sobre a renúncia aos sequestros motivou uma chuva de comentários, interpretando a decisãocomo prólogo do fim da guerrilha.

É oportuno recordar que a desagregação iminente das FARC foi anunciada dezenas de vezes por sucessivos governos da Colombia.

Mentiam.

As FARC sofreram rudes golpes nos últimos anos. Mas há meio século que se batem nas montanhas e selvas do seu pais. Organização político-militar marxista-leninista, construíram um exército popular que em determinados períodos contou com 18 000 combatentes que enfrentavam em 60 Frentes as Forças armadas mais poderosas da América Latina (300 000 homens) armadas e financiadas pelos EUA.

Manuel Marulanda, o seu fundador e comandante-chefe, falecido em 2008, foi durante anos tratado com respeito por chefes de estado, diplomatas e políticos de muitos paises, antes de lhe colocarem a cabeça a prêmio sob pressão da Casa Branca.

Calúnia alguma poderá apagar lhe o nome como herói da América Latina.

O andamento da história vai desmentir as profecias sobre a morte das FARC. O comandante Timoleon Jimenez, seu acual comandante-chefe, já informou que a organização revolucionária continuará a sua luta por uma Colômbia livre, democrática e independente.

Vila Nova de Gaia, 27 de Fevereiro de 2012

O original deste artigo encontra-se em odiario.info

1. Virginia Vallejo, Amando a Pablo, Odiando a Escobar, Random House, Bogotá, 2007

AS FARC-EP ANUNCIAM A LIBERTAÇÃO DE TODOS OS PRISIONEIROS DE GUERRA

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Crédito: 3.bp.blogspot
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 26 de fevereiro de 2012

Cada vez que as FARC-EP falam de paz, de soluções políticas para o confronto, da necessidade de conversar para obter uma saída civilizada para os graves problemas sociais e políticos que originam o conflito armado na Colômbia, o coro dos apaixonados pela guerra se levanta inflamado, desqualificando os nossos propósitos de reconciliação. De imediato, recaem sobre nós as mais perversas intenções, apenas com o intuito de insistir que a única coisa que nos cabe é o extermínio. Em geral, esses apaixonados nunca vão à guerra e nem permitem a ida de seus filhos.

São quase 48 anos na mesma situação. Cada ofensiva militar redundou num subsequente fortalecimento nosso, contra o qual voltam a agigantar-se as investidas, reiniciando o círculo. O fortalecimento militar das FARC de hoje ocorre sob os narizes daqueles que proclamaram o seu fim e os incita a proclamarem a necessidade de aumentar ainda mais o terror e a violência. Da nossa parte, consideramos que não cabe mais a possibilidade de longas conversações.

Por isso, queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação dos seis prisioneiros de guerra, a dos quatro restantes em nosso poder. Ao agradecer a disposição generosa do governo que preside Dilma Rousseff (*), que aceitamos sem vacilação, queremos manifestar nossos sentimentos de admiração para com os familiares dos soldados e policiais em nosso poder. Jamais perderam a fé em que os seus recobrariam a liberdade, ainda que em meio ao desprezo e à indiferença dos seguidos governos, comandos militares e comandos policiais.

Em atenção a eles, queremos solicitar à senhora Marleny Orjuela, essa incansável e valente mulher, dirigente da ASFAMIPAZ, que os receba na data acordada. A tal efeito, anunciamos ao grupo de mulheres do continente, que trabalham ao lado do Colombianas e Colombianos pela Paz, que estamos prontos para concretizar o que seja necessário para agilizar este propósito. A Colômbia inteira e a comunidade internacional serão testemunhas da determinação demonstrada pelo governo de Juan Manuel Santos, que já frustrou um final feliz em novembro passado.

Muito se tem falado acerca das retenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil que, com fins financeiros, nós das FARC efetuamos para sustentar nossa luta. Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que, a partir desta data proscrevemos a prática delas em nossa atuação revolucionária. A parte pertinente da lei 002, expedida pelo nosso Pleno do Estado Maior, no ano de 2000, fica, por conseguinte, revogada. É o momento de começar a esclarecer quem e com quais propósitos se sequestra hoje na Colômbia.

Sérios obstáculos se interpõem à concretização de uma paz concertada em nosso país. A arrogante decisão governamental de aumentar o gasto militar, o corpo de força e as operações, indica a prolongação indefinida da guerra. Ela trará consigo mais morte e destruição, mais feridas, mais prisioneiros de guerra de ambas as partes, mais civis encarcerados injustamente. Além disso, ela indica a necessidade de recorrer a outras formas de financiamento ou pressão política de nossa parte. Essa é a hora do regime pensar seriamente numa saída distinta, que comece ao menos por um acordo de regularização do confronto e da libertação de prisioneiros políticos.

Desejamos, finalmente, expressar nossa satisfação pelos passos que vem sendo dados para a formação da comissão internacional. Caberá a essa comissão verificar as denúncias sobre as condições desumanas de reclusão, o desconhecimento dos direitos humanos e de defesa jurídica que afrontam os prisioneiros de guerra, os prisioneiros de consciência e os presos sociais nos cárceres do país. Esperamos que o governo colombiano não tema e não obstrua este legítimo trabalho humanitário impulsionado pela comissão de mulheres do continente.

*Um comando das Forças Armadas brasileiras vai, dentro em breve, resgatar os reféns na selva, em local indicado pelas FARC,.e entregá-los em Bogotá.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
A Semana no Olhar Comunista - 0030

A Semana no Olhar Comunista - 0030

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Dívida (sic) de R$ 1,8 trilhão

Olhar Comunista desta semana destaca a dívida pública de R$ 1,801 trilhão, verdadeiro escárnio a sangrar o povo brasileiro.


A divulgação de que a dívida pública federal começou 2012 recuando R$ 65,24 bilhões (queda de 3,5% em janeiro, em relação a dezembro de 2011), fechando em R$ 1,801 trilhão, não tem nada a ser comemorada, como o discurso oficial tenta fazer crer. A dívida é imoral e seu pagamento ilegal, já tendo sido paga várias vezes (média de R$ 600 bilhões por ano em juros e amortizações). Com esse dinheiro, afirma a Auditoria Cida da Dívida, seria possível construir 20 milhões de casas populares e aumentar o salário mínimo para R$ 2.660, por exemplo.


E a sangria continua
O Banco Central divulgou: o setor público fechou janeiro com superávit primário de R$ 26,016 bilhões. Trata-se de superávit recorde. É mais dinheiro no bolso dos financistas. Em um período de 12 meses terminado em janeiro, o superávit primário das contas do setor público consolidado subiu de 3,11% para 3,30%, o equivalente a R$ 136,978 bilhões. E o Governo Federal ainda se orgulha disso...


Enquanto isso, o desemprego...
Enquanto a banca ri de bolso cheio, os trabalhadores sofrem. A taxa de desemprego no conjunto das sete regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade e pelo Dieese subiu para 9,5% em janeiro, acima dos 9,1% observados em dezembro. Trata-se de um contingente de 2,111 milhões de pessoas, 104 mil a mais que em dezembro. Lembrando: a pesquisa é feita apenas nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal.


Pesadelo brasileiro
Após Brasileia (AC), porta de entrada de haitianos no Brasil, ter tido 95% de seu território atingido por uma enchente do rio Acre, a vida de 1.200 imigrantes naquela cidade ficou ainda pior. Em outro município, Iñapari, 300 deles lançaram manifesto solicitando finalmente uma permissão para trabalhar no Brasil ou mesmo a deportação ao Haiti, o que, segundo matéria da Terra Magazine, “parece uma alternativa mais digna a eles”.


A ONU não mora nas favelas
O relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, divulgado nesta terça-feira pela ONU, elogia a repressão ao narcotráfico nas favelas do Rio de Janeiro e critica a Bolívia por abandonar a Convenção Única de Narcóticos ao não concordar em reconhecer a folha de coca com droga. Absolutamente distante da realidade dos moradores, o documento, em seu tópico “Como responder ao problema”, cita a ação conjunta da Polícia Militar do Rio de Janeiro e das Forças Armadas na ocupação de favelas como algo a ser seguido. Sobre as violações de direitos humanos, nenhuma palavra.


Marolinha na Avenida Paulista?
A agência de classificação de risco Moody’s poderá rebaixar alguns ratings de 15 grupos de bancos e de seguros do México e do Brasil. No Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Votorantim e Safra foram listados com notas superiores ao que deveriam ter. É mais uma característica da crise chegando ao país. Vejamos como governo e financistas vão se comportar...


Alimenta mesmo o ovo da serpente, Dilma...
A nota “unificada” dos três clubes militares e a posterior chiadeira de generais de reserva quanto às declarações da ministra Maria do Rosário sobre possíveis ações judiciais contra torturadores ocorreram devido à covardia do governo petista em tratar a Comissão da Verdade como espaço de impossível neutralidade. A resposta do Planalto, que não virá, é pela revisão da Lei de Anistia e pela cadeia os gorilas pós-64. Alimentar o ovo da serpente a conta-gotas não poderia dar em outra coisa.
Movimento dos Pequenos Agricultores envia sementes e acompanha a produção de alimentos na Venezuela

Movimento dos Pequenos Agricultores envia sementes e acompanha a produção de alimentos na Venezuela

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Por comunicação MPA

Orientado pelo internacionalismo revolucionário, pela solidariedade camponesa e pela construção da ALBA dos povos, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) está comprometido com o fortalecimento da Revolução Bolivariana. Um dos grandes desafios que esse processo revolucionário encontra diz respeito ao tema da segurança e soberania alimentar, pois a necessidade de importar mais da metade dos alimentos que consome é um dos principais problemas do país.

Em setembro de 2011, o MPA enviou, para Venezuela, 208 toneladas de sementes de quatro variedades de feijão preto. As sementes foram plantadas em áreas de quatro estados diferentes, em terras expropriadas do latifúndio pelo governo revolucionário de Hugo Chávez Frias para serem usadas na produção de alimentos.

As sementes enviadas, produzidas pelas famílias camponesas organizadas pelo MPA, apresentaram excelente adaptação às condições de solo, clima e temperatura. Demonstraram resistência ao solo de pH 8,5, altamente alcalino, e à alta taxa de resíduos de Atrazina, um herbicida que os latifundiários usavam no manejo de cana de açúcar e que prejudica as leguminosas. Nas lavouras que estão com vagens formadas estima-se uma produtividade de 1200 a 1500 kg por hectare, taxa bem acima da média venezuelana que está situada entre 600 e 800kg.

Além das sementes, o MPA enviou um técnico especializado na produção de alimentos e sementes para compartilhar o acúmulo do movimento com produção de feijão e transição agroecológica, bem como para acompanhar o desenvolvimento das variedades de feijão em diferentes condições e com diferentes manejos.

Com o objetivo de construir a soberania alimentar Venezuelana o MPA e Governo Bolivariano de Venezuela estão discutido os detalhes de um convenio para produção de sementes e alimentos alem de assessoria a famílias camponesas. Com isso o movimento contribuirá de forma imediata com produção de grandes volumes de alimentos e sementes e de forma estrutural compartilhara sua experiência com resgate, melhoramento genético e produção de sementes além de apoiar a organização social das famílias camponesas.

Plano Camponês por Soberania Alimentar Poder Popular

Comunicado do Secretariado do Estado-Maior Central - FARC-EP: Dez anos depois

Comunicado do Secretariado do Estado-Maior Central - FARC-EP: Dez anos depois

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Crédito: TP
Tribuna Popular TP – NOVA COLÔMBIA.

Dez anos atrás chegaram ao fim as conversações de paz em El Caguán. O governo de Andrés Pastrana decidiu fechar as portas do diálogo e apostar na guerra total contra nós. Fomos acusados de todas as perversidades do mundo. Hordas imensas de soldados mercenários treinados por assessores estrangeiros foram enviadas para nos esmagar. Helicópteros militares e aviões de todos os tipos partiram com a finalidade de nos reduzir a cinzas..

As FARC-EP, há três anos de haver inaugurado os diálogos, seguíamos insistindo na discussão da Agenda Comum combinada, na remoção das causas que originavam o conflito armado. O Governo, em troca, queria tão somente escutar a rendição e a entrega, ostentava um enorme incremento do gasto militar e se esmerava por nos fazer entender o que nos esperava se rechaçássemos a última oportunidade que nos concedia para nos submetermos..

Milhões de colombianos eram vítimas do terror estatal nos campos e cidades. Os mesmos meios de comunicação que denegriam a insurgência revolucionária, se obstinavam em apresentar como salvadores da pátria as principais lideranças paramilitares. O fascismo, que se apossava do poder do Estado pela penetração ostensiva em todos os seus órgãos, impunha como única saída o advento do uribismo criminoso..

O Pentágono promovia sua guerra preventiva pelo mundo, qualificando como terroristas todos aqueles que se opuseram ás políticas do império. O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial se encarregavam de generalizar suas políticas neoliberais de saque e superexploração, impondo em cada país o governo que garantia a livre penetração do grande capital transnacional. A Colômbia, ao que parecia, não podia aceitar outra coisa que a resignação e o silêncio..

Como gente do povo, nós guerrilheiros assumimos a responsabilidade que nos impunha a história. Defender com as armas as ideias de vida, soberania nacional, democracia e justiça social que terminaram por serem proibidas e ridicularizadas por completo pala linguagem oficial. Só teriam direitos os que claudicavam, os que se vendiam, os que traíam, os que calavam. Pelo preço de nosso sangue e sofrimento temos defendido por dez anos a liberdade e a decência.

E estamos dispostos a fazê-lo por todo o tempo que seja necessário. Até que o povo colombiano se levante, imbatível, para mudar o regime. Ou até que o Governo compreenda a inutilidade de sua guerra e aceite sentar-se e dialogar sobre a única saída política que exclui em definitivo o confronto: a eliminação das causas estruturais do conflito. Sem armadilhas, com respeito pelo povo da Colômbia.

Todas as vozes da ultra-direita, ligadas ao militarismo santista [de Juan Manuel Santos], locupletadas graças à fartura que obtém de seus aparelhos corruptos e elitistas, encontram-se empenhadas em clamar para que se imponha às FARC um golpe de misericórdia ou que a submetam à mais humilhante rendição. Percebe-se que não são eles nem seus filhos que marcham para morrer em combate. Seja como for, tem sido muito grande nossa firme resistência para que nos assustássemos com isso.

Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 20 de fevereiro de 2012.