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24 de junho de 2013
13 de junho de 2013
Saudades da ditadura
A Semana no Olhar Comunista PCB
O Olhar Comunista dessa quinta comenta a reação
organizada dos grandes veículos de comunicação às manifestações contra
os aumentos de passagens de ônibus, e a linha que acordaram entre si
para pressionar o poder público a usar de mais violência policial contra
os manifestantes.
Não bastasse toda a incoerência editorial (na Turquia ocorrem
“manifestações”, aqui “vandalismo”) e a utilização de seus office boys
mais escroques e repugnantes, exemplos de Arnaldo Jabor e Augusto Nunes,
a burguesia encastelada no controle dos grandes veículos (Folha,
Estadão, Globo, Veja) saiu em uníssono a solicitar das PMs o uso maior
da violência contra as manifestações. No caso paulistano o descalabro é
tal que os dois principais jornais escreveram editorial chantageando o
governador (PSDB) e o prefeito (PT).
A saudade da ditadura salta aos olhos dos leitores mais atentos,
deixando claro o caráter de classe de tais veículos de comunicação.
Aliás, a Comissão Nacional da Verdade bem que deveria ressaltar a
participação destes “gorilas civis” na instauração da ditadura...
Caso a violência policial resulte na morte de manifestantes, esses saudosos da ditadura escreverão “viva!” em seus editoriais?
Pobreza e fome nas Canárias: situação desesperadora
Internacional Internacionalismo Luta de ClassesTerça-feira, 11 de junho de 2013
A fome se estende pelas Canárias. A situação da imensa maioria dos mais de 2,1 milhões de canárias e canários volta a ser desesperadora após cinco anos de crise. Os dados são chocantes:
- 385.600 desempregados, 34,27% da população ativa. Somente 749.000 trabalhadoras e trabalhadores do Arquipélago possuem algum tipo de emprego, porém com salários mais baixos de todo o Estado espanhol. 13% das pessoas com emprego também estão abaixo da linha de pobreza. A taxa de desemprego juvenil é de 70,3%
- 33,8% da população canária (726.000 pessoas) vive abaixo da linha de pobreza, estando na exclusão social ou a ponto de cair nela. 38,2% das meninas e meninos canários são pobres.
- Umas 118.000 famílias canárias têm todos os seus membros desempregados e 26.000 famílias não possuem nenhuma renda. Mais de 474.000 lares, 60% do total dos 780.000 lares canários, não têm capacidade para pagar impostos.
- 500.000 canárias e canários têm que apelar anualmente para a beneficência pública. O número de pessoas que tem de recorrer ao auxílio de organizações de caridade para pedir comida é multiplicado por cinco.
- Enquanto existem mais de 70.000 habitações vazias, somente em 2012 foram executadas 1.848 expulsões, 5 famílias a cada dia. Padecemos uma média de 32 mortes anuais de pessoas sem teto. Mais de 1.000 canárias e canários pernoitam nas ruas.
- A deterioração da saúde pública, a redução de medicamentos e recursos hospitalares e o aumento galopante das listas de espera estão provocando uma ampliação no número de mortes evitáveis, que os responsáveis políticos se negam a quantificar.
- Cresce o número de crianças que chegam sem comer aos colégios. Reduz-se o número de professores, mas aumentam os trâmites burocráticos exigidos aos trabalhadores da educação.
- O crescimento das taxas universitárias obriga milhares dos melhores jovens canários a deixarem os estudos.
E o pior de tudo: permanecemos como um povo desarticulado, sem tecido social e desarmados sindical e politicamente.
Fonte: http://www.unidadyresistencia.net/2013/06/pobreza-y-hambre-en-canarias-situacion.html
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
12 de junho de 2013
Reportagem detalha uso de crianças em torturas na ditadura militar (vídeo)
Brasil civil ditadura militar tortura
O repórter Luiz Carlos Azenha entrevistou vítimas do regime
militar para contar uma história que ainda não foi totalmente revelada.
Veja no especial As Crianças e A Tortura.
Assista o vídeo:
(Neo)Desenvolvimentismo ou luta de classes?
Brasil Lulismo Luta de Classes neoliberalismo Poder Popular
VIOMUNDO
Maria Orlanda Pinassi, em Caros Amigos, sugestão do professor Caio Toledo
Às vésperas de completar 25 anos no Brasil, o neoliberalismo vem
sendo o mote de importantes análises e balanços acerca do seu desempenho
no país, sobretudo por estudiosos do campo da crítica marxista.
De modo breve, o processo neoliberal é apresentado em dois momentos
distintos e complementares ao mesmo tempo. O primeiro marcou os anos do
governo de FHC através das privatizações de empresas públicas, da
desnacionalização da economia, da desindustrialização, da reprimarização
da produção interna (produção e exportação de commodities) e da
integração da burguesia brasileira ao imperativo capital
transnacionalizado.
O momento seguinte enseja o chamado neodesenvolvimentismo, processo
que caracteriza os governos Lula e Dilma. Sem romper com a lógica
neoliberal, o “modelo” sugere formas neokeynesianas, de modo a
administrar os estragos causados pelo neoliberalismo das gestões
anteriores.
Segundo consta, o Estado procuraria, então, recompor sua função (de
“alívio”) social –- através da criação de empregos (quase sempre
precários e temporários), políticas de recuperação do salário mínimo e
redistribuição de renda (Bolsas Família, Escola, Desemprego etc.) –,
enquanto a economia se renacionalizaria por meio de financiamentos do
BNDES à reindustrialização pautada na substituição de importações.
Argumentos fortemente questionáveis visto que as empresas públicas
privatizadas hoje são fortemente controladas por capitais externos (vide
Vale), numa lógica em que a economia transnacionalizada do sistema
reconduz o Brasil ao papel produtor de bens primários para exportação.
É desse modo subalternizado que, pelas mãos do neoliberalismo, o
capitalismo brasileiro vem apresentando alguns dos melhores desempenhos
econômicos do sistema. O capital, em processo de crise generalizada, tem
pouco a lamentar e muito a comemorar por aqui: veja-se a estratosférica
lucratividade bancária e o enorme crescimento da indústria da
construção civil. Mais impressionante ainda é o desempenho da mineração,
do agronegócio, do setor energético e dos números que apontam para o
grande aumento de áreas agricultáveis (1) , de florestas, de rios e
outras tantas de proteção ambiental, invadidas e destruídas por pasto,
monocultivo de cana, de soja, de celulose, de laranja, por extração
mineral, por barragens.
Com razão, é unânime a condenação que se faz da hegemonia do capital
financeiro sob o neoliberalismo tendo em vista as consequências sociais
nefastas que provoca. Estranhamente, porém, a solução que alguns
estudiosos do tema encontram para esse “impasse” vem da Economia
Política e não de Marx.
Ressaltam os avanços das políticas sociais dos governos petistas,
mas, acometidos de uma espécie de “síndrome de Proudhon”, ouvem o sino
tocar sem saber onde ele se encontra. Procuram-no num revival
antidialético e romântico do Estado de Bem Estar Social, do predomínio
da indústria fordista, com suas formas mais “humanizadas” de extração da
mais-valia relativa. Saudades de algo que jamais existiu por aqui.
Para além dessas boas intenções, o neoliberalismo, desde suas
primeiras aparições já nos anos de 1990, compõe a processualidade de uma
mesma dinâmica de expansão e acumulação de riquezas baseada na
superexploração do trabalho. Só que desta vez sem os entraves que as
políticas keynesianas originais de controle das crises cíclicas
certamente apresentariam à lógica de uma atuação absolutamente
intolerante a qualquer limite.
Isso quer dizer que a década de 1990, apesar de ter registrado um
desempenho econômico pior do que nos anos 1980, não foi perdida, como
pensam, nem de estagnação para o capital. Durante esses anos, o
neoliberalismo pôs em prática seu fundamento mais importante, aqui e em
todo o mundo capitalista: interrompeu o avanço da classe trabalhadora.
A reestruturação produtiva implantada destruiu empregos e a
estabilidade (onde ela existia), criou o desemprego estrutural,
disseminou a precarização –- algo bastante familiar ao mundo do trabalho
no Brasil — e começou a desmantelar cada um dos direitos trabalhistas
conquistados pela classe trabalhadora desde Getúlio. Se o momento FHC
criou as condições da miséria, sem, contudo, destruir completamente a
classe, o momento seguinte lograria ainda maior sucesso nesta investida,
criando e reproduzindo o miserável.
FHC ainda combatia a objetividade da classe trabalhadora, seus
sindicatos e os movimentos sociais. Os governos de conciliação de Lula e
Dilma mantiveram a política de fragilização da classe trabalhadora e
investiram sobre a subjetividade do trabalhador.
Numa obra magistral de engenharia política, não mais o reconhecem
como antípoda do capital. Tratam sindicatos e movimentos populares como
parceiros e ainda são pródigos na concessão de direitos para as chamadas
“minorias”, os direitos de cidadania que vão fortalecer a democracia
formal.
Inegável o avanço da Lei Maria da Penha, dos direitos ampliados dos
negros, dos índios e dos homossexuais. O problema é a individualização
desideologizada do tratamento, devidamente orientado pelo Banco Mundial,
de controle social do miserável. (2)
Caminho livre para a lógica da produção destrutiva e nele não há
solução jurídica capaz de conter o extermínio de comunidades indígenas,
as expropriações sem fim das terras quilombolas, de pequenos produtores e
trabalhadores rurais sem terra –- acampados ou assentados –, não há
solução possível para as remoções de levas imensas de moradores de
comunidades urbanas, muito menos para conter a superexploração de
mulheres e crianças ou a disseminação do trabalho escravo no campo e nas
cidades. (3)
Para os segmentos atingidos, a criminalização e os rigores da
repressão policial. Ou seja, a mais perfeita democracia hoje realizada
pelo mundo do capital é a sua absoluta “tolerância” com qualquer forma
de extração do sobre-trabalho: pode ser mais valia relativa, pode ser
mais valia absoluta.
Vistos dessa ótica, os tempos são inegavelmente difíceis, tornando
urgente a tomada de decisão: ou jogamos mais água no moinho satânico ou
buscamos caminhos mais autênticos. Ou somos apologetas ou críticos
radicais.
Florestan Fernandes foi categórico a respeito: “[...] defendo toda
carga possível da saturação-limite dos papéis intelectuais dos
sociólogos — não como servos do poder, porém agentes do conhecimento e
da transformação do mundo”.
Sem meias palavras, define muito claramente sua opção pela sociologia
concreta baseada no “horizonte cultural socialista em sua plenitude
revolucionária”. (4)
Não poderia dispor, portanto, de melhor companhia para dizer que não
pretendo encontrar soluções para estabilizar o capital; não pretendo dar
contribuição para torná-lo mais funcional; nem venho propor algum tipo
de pacto social com frações da burguesia supostamente lesadas pelo
imperativo capital financeiro.
O ponto de vista que defendo está ideologicamente comprometido com
as necessidades mais legítimas dos indivíduos que compõem a classe
trabalhadora, cujo desafio maior da atualidade é conseguir transpor as
misérias materiais e ideológicas e reassumir, através da luta, a
condição diuturnamente vilipendiada de sujeito da história.
Um primeiro passo deveria ser dado por suas organizações –- ou o que
sobrou delas –- no sentido de compreenderem, definitivamente, que o agir
revolucionário precisa aprender a se “virar” sem o canto de sereia das
instituições mediadoras da ordem.
Notas:
1. Há quem diga que, no Brasil, não há mais latifúndios improdutivos,
então, para que Reforma Agrária? Não temos espaço suficiente aqui para
demostrarmos quão questionável é essa “ideia”.
2. Ver a respeito o Projeto de Lei PPA 2012/2015 (2011) através do
qual a gestão da presidenta Dilma Rousseff se propõe a enfrentar e dar
visibilidade através dos programas que englobam o Plano Brasil sem
Miséria.
3. Ao contrário, tudo tende a se agravar com a revisão do Código Florestal, da Mineração, da demarcação das terras indígenas.
4. Florestan Fernandes. A natureza sociológica da sociologia. São Paulo, Editora Ática, 1980 (p. 32)
Pela estatização do transporte público de massas
A Semana no Olhar Comunista Estatização PCB Poder Popular público transporte
O Olhar Comunista desta quarta destaca o
alastramento de manifestações contra o aumento das passagens de ônibus
pelo país. Solução é estatizar todo o sistema, sob controle popular.
Não é à toa que as manifestações de Norte a Sul ocorrem quase ao
mesmo tempo: em jogada para controlar o índice de inflação, o Palácio do
Planalto submeteu às prefeituras ao seu desejo de que os aumentos
ocorressem apenas em meados do ano. Foi atendido. Os agentes da Abin que
monitoram os manifestantes nas redes sociais, como já foi noticiado na imprensa, podem informar à presidenta que a "culpa" desta "articulação nacional", portanto, é dela mesma..
A repressão, entretanto, não se limita ao setor de inteligência. Na
ponta "operacional", a covardia e extrema violência policial é regra -
seja em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, etc. Até mesmo delegado de
polícia no rio de janeiro deu declarações à TV de que manifestantes
presos não continuariam na delegacia pois a PM não conseguia identificar
quem tinha feito o que. Enfim, qualquer transeunte, mesmo aqueles que
não participam das manifestações, é vítima do tripé boçal: gás de
pimenta, cassetete e camburão. Como asno não entende a linguagem humana,
não tente argumentar com a PM nessas situações. Apenas "prepare o
lombo".
Parêntesis: alguém ainda se espanta com o fato de tanto no Rio de
Janeiro quanto em São Paulo, representantes da base governista do PT
(Fernando Haddad, Sergio Cabral e Eduardo Paes) avalizarem o uso da
força?
E por que lutam os manifestantes? Por um serviço de qualidade e
contra os preços absurdos que garantem apenas lucratividade aos
empresários do setor, uma verdadeira máfia. No caso do Rio de Janeiro,
por exemplo, o aumento percentual da passagem nos últimos 8 anos ficou
em 458,3% (de R$ 0,60 em 2004 a R$ 2,75 em 2012), quase o dobro do
aumento do salário mínimo (260% - de R$ 260 para R$ 678 no mesmo
período).
Por essas e outras é necessário estatizar todo o setor de transporte
público no país (nos trens e metrôs o serviço também é péssimo com
tarifas ainda mais elevadas, uma aberração já que se tratam dos
verdadeiros transportes de massa).
Data marcada para a maior privatização na história do Brasil
A Semana no Olhar Comunista PCB PrivatizaçãoO Olhar Comunista dessa terça comenta declaração do diretor da ANP Helder Queiroz de que a data para o leilão do pré-sal ocorrerá em 22 de outubro.
A entrega de tais recursos é o maior crime de lesa pátria na história do país e faz FHC morder os cotovelos de raiva em não ter sido serviçal tão eficiente da burguesia como os petistas. Segundo Helder, o leilão será realizado no Rio de Janeiro e não em Brasília, como chegou a ser cogitado.
Desde já os movimentos sociais devem reforçar a campanha contra tal entreguismo - que compromete sobremaneira o futuro do país. O petróleo tem que ser nosso!
Brasil exporta gás lacrimogêneo para repressão na Turquia
Brasil Imperialismo Lulismo
Bruno Fonseca y Natalia Viana
Agencia Pública
"Menos de um mês antes do início dos protestos na
Turquia, o governo brasileiro apoiou um encontro de empresas de
armamentos brasileiros com compradores estrangeiros em Istambul".
Em 2012, quando a inscrição Made in Brazil estampava projéteis de gás
lacrimogêneo utilizados contra manifestantes pró-democracia em Bahrein e
ativistas denunciavam, inclusive, a morte de um bebê, supostamente
vítima do gás brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores (do
Brasil) anunciou que investigaria a existência ou não de alguma
irregularidade na exportação. No entanto, um ano depois, o Itamaraty (a
sede do Ministério de Exteriores) informa que apenas observa o caso, sem
conduzir investigação alguma ou tomar medidas. Em uma resposta
indignada, um ativista norte-americano-saudita escreveu: “o Itamaraty
deve acreditar que somos ingênuos”.
Por conta da falta de restrições à exportação de armas não letais, o
gás, fabricado pela empresa Condor S.A., do Rio de Janeiro, é empregado
agora pela Polícia da Turquia na repressão aos crescentes protestos
contra o governo de Recep Tayyip Erdogan, que se estenderam por mais de
60 localidades de todo o país, deixando centenas de feridos e uns 2.000
detidos.
A Anistia Internacional confirmou o uso do gás lacrimogêneo
brasileiro durante as manifestações, que se iniciaram depois de um
protesto pacífico contra o corte de 600 árvores na Praça Taksim, em
Istambul. A professora norte-americana Suzette Grillot, que está em
Ancara, fotografou um dos projéteis brasileiros utilizados pela polícia:
“Um membro de nosso grupo encontrou a cápsula na noite de ontem (3 de
junho), em Ancara”, relatou a Agência Pública.
O gás lacrimogêneo brasileiro vem sendo utilizado desde o começo dos
protestos, em 31 de maio, em Istambul. “Aquele dia tinha apenas um
pequeno grupo de ambientalistas. A polícia invadiu o parque às cinco da
manhã, quando o grupo dormia nas tendas. Os policiais queimaram as
tendas e atacaram os manifestantes com gás lacrimogêneo”, conta um
participante do movimento Occupy Gezi, que preferiu não identificar-se
por medo de represálias. “Os policiais tinham que apontar os projéteis
de gás para cima, mas os apontavam para nós. Alguns perderam a vista ao
serem atingidos diretamente (pelos projéteis). Outros receberam os
disparos nos braços e nas pernas. Existem centenas de vídeos mostrando
os efeitos do gás: lágrimas, náusea, vômito, dificuldades para
respirar”.
O escritório de Direitos Humanos da ONU pediu à Turquia que
conduzisse uma investigação independente sobre a conduta de suas forças
de segurança em relação aos protestos. “Estamos preocupados com os
relatos de uso excessivo de força pelos agentes da lei contra os
manifestantes”, disse um porta-voz do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos, Cecile Pouilly.
A cápsula fotografada pela norte-americana Suzette Grillot é o resto
de um projétil lacrimogêneo de longo alcance (GL 202), produzido pela
Condor, líder na produção deste tipo de arma na América Latina. O
projétil alcança uma distância média de 120 metros e tem a capacidade de
passar por cima de obstáculos como muros e barricadas “para desalojar
pessoas e dissolver grupos de infratores da lei”, segundo a descrição do
próprio fabricante. Somente a má utilização dos projéteis, explica a
Condor em seu site, pode causar danos sérios à saúde e, inclusive, a
morte.
Outra foto tirada por manifestantes mostra uma granada lacrimogênea
de movimentos aleatórios (GL 310), também conhecida como “bailarina”. Ao
tocar o solo, a bomba salta e se move em diversas direções, espalhando o
gás por uma área grande, evitando que o “alvo” a atire de volta às
forças policiais. O site da empresa explica que a granada pode gerar
chamas de fogo em contato com materiais inflamáveis.
Além dos projéteis de longo alcance e da granada “bailarina”, a
Condor produz sprays de gás lacrimogêneo e de pimenta, bombas de fumaça,
balas de borracha e pistolas elétricas incapacitantes, conhecidas como
“taser”. A Condor é a única empresa brasileira que vende estes
equipamentos ao governo da Turquia, segundo divulgou sua assessoria de
imprensa. Em 2011, a empresa já tinha confirmado a venda de armamento
aos países árabes, ainda que tenha negado a venda diretamente ao
Bahrein. Entre seus clientes estava o governo dos Emirados Árabes
Unidos, que enviou tropas de apoio ao governo de Bahrein.
Em abril deste ano, a Condor assinou outro contrato com o governo dos
Emirados pelo valor de US$ 12 milhões em troca de prover 600 mil
unidades de munições não letais. O acordo foi anunciado durante a LAAD, a
maior feira de defesa e segurança da América Latina, realizada no
Riocentro (Rio de Janeiro), em abril.
Menos de um mês antes do início dos protestos na Turquia, o governo
brasileiro apoiou um encontro de empresas de armamentos brasileiros com
compradores estrangeiros em Istambul. Durante a mostra Internacional de
Defesa 2013 (IDEF), realizada entre 7 e 10 de maio, a Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e a Associação
Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) –
cujo vice-presidente, Carlos Frederico Queiroz de Aguiar, é presidente
da Condor – montaram um vistoso stand no pavilhão do Brasil.
Na parte correspondente à Condor, uma vitrine exibia variados
projéteis metálicos, granadas e latas de sprays coloridas, iguais aos
que seriam utilizados poucas semanas depois nas ruas desse mesmo país.
Sob o nome da empresa, com uma faixa vermelha, também foram expostas a
granada “bailarina” e “diversas soluções para a defesa” – segundo o
slogan da indústria –, como os 13 tipos de munição incapacitante de 40 x
46 mm para lançadores.
Interrogada sobre a participação da Condor e outras empresas
brasileiras na Turquia, a Apex não respondeu à Agência Pública até o
momento desta publicação. De acordo com o periódico turco Sozcu, o
Ministro de Comércio, Hayati Yazici, informou que nos últimos 12 anos o
país importou 628 toneladas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta,
sobretudo do Brasil e dos Estados Unidos. O valor das importações chegou
a US$ 21 milhões.
Em fevereiro deste ano, a Abimde já tinha participado de outra feira
de armamento, desta vez em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Novamente, a Condor participou do evento como a única empresa brasileira
produtora de armas não letais.
O Brasil assinou, em 3 de junho, o Tratado sobre o Comércio de Armas
(ATT, em inglês) da ONU. De acordo com o texto, que busca a eliminação
do comércio de armas aos genocidas, terroristas e ao crime organizado
internacional, “será regulado o comércio de armas convencionais,
estabelecendo critérios para a exportação e trazendo mais transparência
às transferências”.
Considerado um grande avanço para um país que evita a transparência
quando se trata da venda de armas brasileiras – o Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior se nega a divulgar
números de empresas que exportam armas, por exemplo –, o Tratado não tem
definições específicas sobre o comércio de armas não letais.
Os produtos da Condor são vendidos a mais de 40 países. Porém,
enquanto a Apex incentiva a exportação a países como Turquia e os
Emirados Árabes, o uso dessas mesmas armas não letais é questionado pela
justiça brasileira. Em novembro do ano passado, a Procuradoria Federal
dos Direitos dos Cidadãos decidiu investigar as consequências para a
saúde do uso dessas armas no país. A pedido da organização Tortura Nunca
Mais, de São Paulo, foi criado um grupo de trabalho (GT) composto por
representantes dos ministérios da Justiça, Defesa e Saúde e da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, além das
polícias federais, estaduais e das guardas municipais, para acompanhar
os projetos de lei sobre o tema. Tudo isso porque não existe uma norma
nacional para limitar condutas e garantir o uso adequado de tais
armamentos.
O GT também deve realizar um estudo comparativo dos programas de
treinamentos policiais e estudos sobre as consequências para a saúde das
pessoas atingidas, em especial por armas que utilizam eletrochoques e
componentes químicos. “Nossas polícias estão usando este tipo de armas
supostamente não letais de maneira ostensiva”, disse Wilson Furtado, do
Tortura Nunca Mais, de São Paulo. “A Polícia, em lugar de deter uma
pessoa, atira em seguida, atingindo principalmente jovens que estão
protestando”.
O grupo pede uma legislação que discipline e regule os armamentos não
letais, definindo os tipos de armamentos autorizados e as normas para a
compra, o controle, o emprego e o uso, além de mecanismos de informação
aos cidadãos.
As armas não letais da Condor são amplamente utilizadas por
policiais em todo o país – e pelo governo federal. Os programas federais
compram tais armas, por exemplo, para as UPPs, no Rio de Janeiro, e
para as forças policiais de 12 Estados envolvidos no programa “Crack, é
possível vencer” – incluindo pistolas de choque, como “tasers”, e sprays
de pimenta. Só com vistas aos megaeventos – a Copa das Confederações e a
Copa do Mundo de 2014, o Brasil já destinou R$ 49 milhões à Condor.
Em abril de 2012, segundo o Portal da Transparência, o governo
federal gastou R$ 1,5 milhões na compra de munições não letais da Condor
para o uso do Exército na “garantia da lei e da ordem nos complexos do
Alemão e da Penha”. Entre os itens adquiridos existiam 1125 granadas
explosivas de luz e som (GL 307), 500 granadas multi-impacto de pimenta
(GM 102) e 500 granadas de fumaça, 29,5 mil cartuchos de balas de
borracha e 700 granadas lacrimogêneas de movimentos aleatórios (GL 310) –
a mesma utilizada contra as manifestações na Turquia.
Em junho, o governo comprou armamentos da Condor para a segurança do
Rio + 20, por um total de R$ 1,3 milhões. Entre eles, mais de 900 sprays
de pimenta, 1,3 mil granadas lacrimogêneas triplas, 870 granadas
explosivas de luz e som e 5 mil cartuchos calibre 12, com projéteis de
borracha.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
MORRE JACOB GORENDER, COMBATIVO PENSADOR MARXISTA
FEB Gorender História Jacob Lutadores PCB
Faleceu, aos 90 anos de idade, o jornalista, historiador e escritor Jacob Gorender,
nascido em Salvador no ano de 1923, que ingressou no PCB no período da
II Guerra Mundial, quando estudante, tendo assumido destacado papel de
dirigente nacional do Partido até o golpe de 1964, momento em que
decidiu abraçar a luta armada no PCBR. Cedo começou a trabalhar em
jornais, como arquivista, repórter e redator. No início de 1942,
estudando na Faculdade de Direito de Salvador, participou intensamente
da União de Estudantes da Bahia, quando foi contatado por Mário Alves
para ingressar no clandestino PCB. No ano seguinte, apresentou-se como
voluntário, junto com outros militantes comunistas, à Força
Expedicionária Brasileira (FEB) que seguiu para a Itália, certo de estar
assim contribuindo para com a luta antifascista. Voltando ao Brasil em
1945, desistiu do curso de Direito para se dedicar, em tempo integral,
às atividades do Partido. Tornou-se membro do secretariado do Comitê
Municipal de Salvador e do Comitê Estadual da Bahia, passando a
secretariar o jornal diário O Momento, fundado pelo PCB. Em fins de 1946, mudou-se para o Rio, a fim de integrar a redação do órgão central dos comunistas, A Classe Operária.
Com a cassação do PCB e o
retorno à clandestinidade, Gorender assumiu a secretaria de agitação e
propaganda do Comitê Metropolitano do Rio de Janeiro, tendo sido
transferido no final de 1951 para São Paulo, onde fez parte do Comitê
Estadual até 1953. De volta ao Rio, foi indicado para dar aulas nos
chamados “cursos Stalin”, criados para a educação política da militância
comunista. No IV Congresso do PCB, em 1954, foi eleito membro suplente
do Comitê Central, assumindo a condição de titular no congresso
seguinte, em 1960. Dirigiu os jornais comunistas Imprensa Popular e Voz Operária e
teve destacada participação na elaboração da Declaração de Março de
1958. Rompeu com o PCB após o golpe de 1964 e foi um dos fundadores do
PCBR, juntamente com o bravo camarada Mário Alves, torturado e morto nos
porões da ditadura. Gorender passou a se dedicar, após a prisão (1970 a
1971) e a frustrada experiência com a luta armada, às investigações
teóricas no campo da história e da formação social brasileira,
promovendo, com a obra O Escravismo Colonial, segundo Mário
Maestri, verdadeira “revolução copernicana nas ciências sociais
brasileiras”, ao superar a visão do passado "feudal" brasileiro, que
embasara até então as análises da esquerda e, em particular, do PCB,
sobre a realidade nacional. Escreveu ainda o importante livro de
memórias Combate nas Trevas - a esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada, além de outras obras no campo do marxismo.
Por
sua vida dedicada às causas libertárias e suas contribuições originais
para o pensamento marxista brasileiro e para a análise da formação
histórica de nosso país, Jacob Gorender deixa seu nome gravado na
História, entre aqueles que promoveram o bom combate.
Ricardo Costa - membro do Comitê Central do PCB
Os comunistas e a redução da maioridade penal
Contra Luta de Classes Maioridade penal Poder Popular
Peter Maahs*
Nós, comunistas, diante da manifestação aparentemente
consensual sobre a necessidade da redução da maioridade
penal de 18 para 16 anos, como solução para a delinquência
infanto-juvenil, não poderíamos deixar de manifestar nosso
posicionamento contrário a tal proposição. Entendemos que
qualquer medida de contenção da violência em nosso país
deve ser precedida por uma discussão séria e qualificada que,
atacando as verdadeiras raízes do problema, não utilize nossa
juventude como álibi para justificar a omissão do Estado e os
interesses econômicos inconsequentes de uma minoria privilegiada. A nosso
ver, os últimos acontecimentos envolvendo crimes cometidos por
adolescentes conduziram o debate sobre diminuição da maioridade penal
para o campo da marginalização da juventude e do oportunismo
eleitoreiro.
Por exemplo,
a pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo, no dia 17/04/13, segundo a
qual 93% dos paulistanos desejariam a redução da maioridade penal,
é tendenciosa e expressa, na verdade, a opinião e os interesses de
uma parcela ínfima da sociedade. Parcela esta que, maliciosamente, almeja
influenciar a opinião pública, em detrimento do conjunto da
sociedade, para que seus interesses particulares sejam legitimados como vontade
da maioria. No geral, a forma como a delinquência infanto-juvenil vem
sendo abordada em nada contribui para a compreensão da gênese desse
problema, já que vinte anos de descaso com políticas públicas
integradas para a juventude no Estado de São Paulo não são
objeto de crítica da grande imprensa; talvez porque o grupo político
responsável por esse descaso seja o mesmo grupo ligado à grande
imprensa paulista.
Inicialmente,
poderíamos dizer que a referida pesquisa nasce morta, pois comete um erro
metodológico crasso: a aplicação da enquete logo após um
evento de grande comoção pública, como foi o assassinato do
jovem Victor Hugo Deppman (19), cometido por um adolescente de dezessete anos,
três dias antes de completar a maioridade penal. O impacto da notícia
induz, inevitavelmente, à criminalização da infância e da
adolescência, impedindo uma reflexão séria sobre a
relação entre o número de casos desse tipo e suas
motivações. É importante frisar que esse tipo de erro
metodológico parece ser comum na redação da Folha de São
Paulo. Em 2003, outro levantamento desse tipo foi realizado logo após o
assassinato do casal de namorados Liana Friedenbach (16) e Felipe Caffé
(19), pelo adolescente conhecido como Champinha (16). Na época, a pesquisa
revelou que 88 % da população paulistana defendia a redução
da maioridade penal.
Seja como for, a
grande imprensa de São Paulo (Globo, Folha, Veja, Estadão) continua
sua campanha preconceituosa, tendenciosa e irresponsável, ressaltando
notícias sobre crimes violentos cometidos por adolescentes. Crimes como o
assassinato da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, no ABC paulista, e o
estupro de uma mulher em um ônibus no Rio de Janeiro, cometidos por
adolescentes (de 17 e 16 anos, respectivamente), criam a atmosfera ideal para
que os verdadeiros interesses de grupos política e economicamente
privilegiados sejam assumidos como vontade geral da sociedade.
Mas, que
interesses seriam estes? O primeiro deles faz parte da própria
concepção de mundo de nossas elites, concepção de mundo
eugênica, que resolvem as contradições do desenvolvimento urbano
eliminando, literalmente, os “problemas sociais” das vistas da
sociedade; trata-se de uma política fascista, que visa se livrar dos
“estorvos” para que a “gente de bem” possa viver sem
ser perturbada. Um dos exemplos desse modo elitista de pensar foi a
“solução” dada pela prefeitura de São Paulo para o
problema dos mendigos que se alojavam sob viadutos e marquises da cidade.
Quando José Serra foi prefeito, foram instaladas as rampas antimendigos -
blocos de cimento que impediam a ocupação dos espaços por
moradores de rua; na administração Kassab, por sua vez, além da
proibição do sopão noturno de inverno, foram tomadas medidas
ainda mais preconceituosas e violentas, como a ordem para que a Guarda Civil
Metropolitana tomasse à força os colchões e cobertores doados
aos mendigos pela população. Ou seja, o problema da indigência,
longe de ser resolvido, foi apenas deslocado, gerando a impressão de
eficiência que a administração municipal desejava causar no
munícipe/eleitor.
O outro tipo
de interesse é, obviamente, aquele ligado à manutenção do
poder político. O ar de organização e seriedade, de
solução rápida e simples de um problema, pode render votos nas
eleições; trata-se, aqui, da boa e velha demagogia.
Foi nesse
sentido que, apesar de negar peremptoriamente o oportunismo eleitoreiro, o
governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi a Brasília,
em 16 de abril último, reuniu-se com o presidente da Câmara dos
Deputados, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), para defender o projeto
de lei que, apresentado pelo líder do PSDB na Câmara, o deputado
Carlos Sampaio (SP), altera o ECA e o Código Penal, aumentando o rigor
para crimes cometidos por adolescentes. Tal projeto de lei defende o aumento do
tempo de internação de três para oito anos, em casos graves e de
reincidência, cumprimento da pena em regime diferenciado após 18 anos
completos, ou seja, separação entre internos menores e maiores de 18
anos, e, finalmente, a possibilidade de permanência de
internação em caso de doença mental comprovada, que ofereça
riscos à sociedade. O projeto defende também maior rigor para o
adulto que cooptar o menor para a prática criminosa.
Mas qual
seria então a solução para conter a escalada da violência
no Brasil? Devemos cruzar os braços e esperar uma solução
espontânea? Evidentemente que não! Defendemos ações que
partam das origens do fenômeno social. Para encontrarmos as raízes do
problema, é preciso analisar a questão a partir de dados objetivos,
de realidades concretas, da experiência prática. Assim, é
importante conhecermos alguns dados quantitativos sobre a juventude brasileira
e sua parcela marginalizada.
Segundo o
IBGE, em 2010, os jovens entre 15 e 17 anos de idade perfaziam aproximadamente
5,1% da população brasileira, algo em torno de 9.700.000 pessoas.
Comparando os dados gerais do IBGE com dados mais específicos, como os
do Instituto Latinoamericano de las Naciones Unidas para la
Prevención del Delito y el Tratamiento del Delincuente (Ilanud),
em São Paulo, é possível dimensionar mais claramente o problema
da delinquência infanto-juvenil entre nós. O Ilanud apresentou os
resultados de uma pesquisa realizada em São Paulo entre junho de 2.000 e
abril de 2.001 e constatou que 2.100 adolescentes foram acusados por delitos no
período. Destes, 34, ou 1,6%, havia cometido algum crime contra a vida,
como homicídio. Ou seja, a maior parte dos delitos cometidos por
adolescentes está relacionada a crimes contra o patrimônio ou
tráfico de drogas, o que indica falta de políticas públicas de
educação, saúde, assistência social, esporte, lazer,
distribuição de renda e, principalmente, emprego.
Os
números da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São
Paulo confirmam esses dados: dos 9.068 internos da Fundação Casa,
apenas 0,9% estão envolvidos com latrocínio; 39% cometeram crimes
contra o patrimônio (roubo), 60,1% cometeram crimes ligados ao
tráfico de drogas. Dos 9.068 internos, 4% são meninas. Contudo, a
questão não pode ser tratada apenas de forma quantitativa, é
preciso abordá-la também em seu aspecto qualitativo. Os crimes
cometidos por adolescentes nos últimos dias – utilizados, de forma
oportunista, pela imprensa golpista de São Paulo, a fim de confundir a
opinião pública e favorecer o surgimento dos baluartes da moralidade
que salvarão a sociedade - possuem caráter inegavelmente hediondo e
não devem ser admitidos em uma sociedade saudável. Mas para que a
sociedade seja curada é preciso investir em medidas preventivas e não
punitivas. Mesmo porque, como sabemos, o sistema carcerário brasileiro
não ressocializa ninguém.
Além
disso, a violência vem sendo produzida entre nós de maneira
silenciosa, anos a fio. A saúde e a educação públicas
são constantemente negligenciadas em benefício dos empresários
dos grandes sistemas privados de ensino e dos planos de saúde e
convênios privados. O investimento em saúde mental, por exemplo, para
tratar pessoas viciadas em cocaína, crack, álcool etc., mesmo para
tratar de processos depressivos, nunca foi levado a sério, marginalizando
um sem número de pessoas. A política de emprego, tanto para a
juventude quanto para os arrimos de família, responsáveis pelos
primeiros cuidados de nossas crianças – a socialização
primária – não pode fazer parte de uma pauta séria em uma
sociedade concorrencial. Em outras palavras, nós, brasileiros, ainda
não percebemos que, na corrida social em que estamos inseridos, não
há vencedores.
Por
último, em uma sociedade dividida em classes, acaba sendo
“natural” a distribuição desigual da própria
justiça. Jovens das classes mais favorecidas, mesmo com maioridade penal
comprovada, não são punidos com o mesmo rigor que os filhos das
classes populares. Basta citarmos aqui dois casos emblemáticos: o
assassinato do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos pelos garotos de
Brasília, Max Rogério Alves (19), Antônio Novely Cardoso
Villanova (19), Eron Chaves Oliveira (19), Tomás Oliveira de Almeida (18)
e G. N. A. J. (16), que atearam fogo em seu corpo enquanto aquele dormia em um
ponto de ônibus; ou, o atropelamento do ajudante Wanderson Pereira dos
Santos (30) pelo bilionário Thor de Oliveira Fuhrken Batista (20), que no
máximo pagará uma indenização à família do morto.
Aumentando o
abismo entre as classes sociais, acirrando a violência urbana e
também no campo, criando o pior dos mundos possível, o governo do
Estado de São Paulo “inova” com o bônus desempenho, para
polícias militares que conseguirem manter bons índices de
segurança em suas respectivas regiões de atuação. O valor
das gratificações, que não será incorporada aos
salários base e não contemplará os aposentados, tomará como
critérios a redução de indicadores criminais, a produtividade
operacional (sic), o índice de satisfação da
população, o índice de confiança da população e o
índice de integridade dos policiais. Assim, o governo sinaliza que
não adotará políticas públicas inclusivas, integradas e
sérias para solucionar o problema da violência. Enquanto isso, a
realidade prática demonstra que a violência contra crianças e
jovens, principalmente nas periferias, tende a aumentar. É possível
esperar que não haja reação, consequências? Certamente que
não.
São
estes os motivos que nos levam ao posicionamento contrário à
redução da maioridade penal, como forma de inibir a violência
juvenil. Em nossa sociedade, a violência não possui raízes na
juventude, mas sim na própria forma como os adultos, principalmente
aqueles com maior poder de decisão nas esferas política e
econômica, concebem os mecanismos de produção e
distribuição das riquezas. Enquanto os interesses privados,
mascarados de interesses públicos, subjulgarem os verdadeiros interesses
coletivos nas políticas públicas do Estado, enquanto a mercadoria
valer mais que a vida humana, a sociedade será obrigada a conviver com a
escalada da violência. O populismo penal e a banalização das
prisões, que levam o governador de São Paulo a se orgulhar de possuir
a maior população carcerária do país (o Brasil possui a
quarta maior população carcerária do mundo!), somados à
falta de políticas públicas integradas e à
concentração de renda monstruosa, constituem os verdadeiros
obstáculos à pacificação da sociedade brasileira.
* Professor, diretor de escola da Rede Municipal de Cubatão, estudante do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP), e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
11 de junho de 2013
Curso de Foramação Marxista - PCB Juiz de Fora - Módulo 01 - Socialismo Utópico e Socialismo Científico
Curso Formação MarxistaNo primeiro módulo tivemos 35 pessoas ricamente interessadas em conhecer e discutir o Marxismo. O Prof. Pablo Lima foi espetacular, uma ótima aula inicial para nosso curso. Que venham os
próximos 11 módulos. Depois iremos divulgar mais informações.
Entre o céu e o inferno
América Latina Colômbia
Declaração das FARC-EP
Os diálogos de Havana encontram-se no Limbo por conta do homem que
quer passar para a história como o presidente que alcançou a paz na
Colômbia.
Os ecos do justo protesto do governo da República Bolivariana da
Venezuela em consequência da recepção de Santos ao opositor Capriles no
Palácio de Nariño, ainda replicam com um sonoro vibrato.
Não são poucos os que acreditam que o passeio de Joe Biden,
vice-presidente dos Estados Unidos, por Bogotá, foi a origem da explosão
santista. E o associam com um plano de Washington encabeçado por um
cavalo de Tróia de nome “Aliança Pacífico” que, manejado por Washington,
se propõe a desestabilizar e inviabilizar governos populares, como os
da Venezuela, Equador, Bolívia e Uruguai, entre outros. O que
impulsionaria Santos a anunciar o fantasioso ingresso da Colômbia á
OTAN? Ameaçar a Venezuela, o Brasil?
Àqueles que defendem a ingenuidade na conduta do presidente, não
acreditem tanto, porque Santos não é nenhum tonto. Como estadista, é
obrigado a medir o efeito de suas atuações.
Juan Manuel Santos sabia que sua provocação contra o governo legítimo
da Venezuela espocaria como fogos de artifício na mesa de diálogo de
Havana, pois o tema Venezuela, país acompanhante e facilitador do
processo, é muito sensível para as FARC, que vê nos venezuelanos o
principal fator gerador de confiança e, em consequência, um dos
artífices fundamentais do processo de paz.
Por tudo isto é que causa tanta perplexidade o convite de Santos a
Capriles, precisamente quando o entusiasmo pela paz cravava sua bandeira
no pico Everest da reconciliação dos colombianos, motivado no acordo
parcial sobre terras, tema que representa a nudez do conflito. A atitude
de Santos desinflou o otimismo, a atmosfera favorável à paz que se
busca construir com tanto esforço em Havana. A questão se resume no fato
de que se não fosse pela Venezuela, não ocorreria o diálogo de paz na
capital cubana.
É contraditório, profundamente contraditório, pretender entrar para a
história como o presidente que fez a paz, propiciando, ao mesmo tempo,
uma cadeia de atentados contra a paz. O assassinato a sangue frio de
Alfonso Cano, o comandante guia da reconciliação, já é uma mancha
indelével. Por outro lado, ninguém entende por que o governo repudia a
necessária trégua bilateral proposta pelas FARC desde o início das
conversações, se o objetivo é parar a guerra. Durante os últimos 6
meses, o ministro de defesa atuou como um franco-atirador sectário
contra o processo, deixando a sensação de que não existe unidade de
critérios no governo. E até o próprio presidente em pessoa não deixa
passar uma oportunidade para desqualificar o interlocutor com acusações
infundadas e ameaças de ruptura.
Além disso, outros elementos que estão enfraquecendo o diálogo e a
construção do acordo como esse irritante estalar do chicote do tempo e
dos ritmos nas mãos do governo. Um afã para quê? Para precipitar um mau
acordo, uma paz mal feita? A progressão de um acordo tão transcendental
não deve ser interferida nem pelos tempos eleitorais nem pelos prazos
legislativos. Paralelamente às sessões da mesa, alguém do alto escalão
orquestra campanha midiáticas que semeiam, com algum grau de maldade, a
ideia de uma guerrilha assassina de um lado e, do outro, a de um Estado
angelical, esvoaçando inocente sem nenhuma responsabilidade histórica
pela violência e pelo terrorismo institucional.
Um governo que realmente queira a paz não fica marcando passo nas
linhas vermelhas de sua intransigência, de sua imobilidade, mas atua com
grandeza para facilitar o entendimento. Onde está a genialidade, onde
está o bom senso? Aqui, o que se vê é uma grande inconsistência. E
também uma grande mesquinhez quando se defende com argumentos teimosos
privilégios indignantes. Essas atitudes pouco contribuem com a
construção de uma atmosfera de paz. Então, os diálogos servem para que?
É preciso entender que este não é um processo de submissão, mas de
construção de paz. Não se trata de uma incorporação da insurgência ao
sistema político vigente, assim como está, sem que se opere nenhuma
mudança a favor das maiorias excluídas. Então, qual foi o intuito da
luta? O melhor epílogo desta guerra deve ser rubricado por mudanças
estruturais no político, econômico e social que propiciem a superação da
pobreza e da desigualdade.
Temos que defender este processo de paz, esta esperança. Todos,
resolutamente, governo, guerrilha das FARC e as organizações sociais e
políticas do país, devem somar vontades para alcançar, após décadas de
confronto bélico, a ansiada reconciliação com justiça social. O que nos
importa Uribe e Fedegan se estamos determinados a alcançar a paz?
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montañas da Colômbia, 7 de junho de 2013
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
O que a mídia não conta acerca da explosão social na Turquia
Internacional - Imperialismo
por LibreRed [*]
Um dosargumentos mais utilizados pelos grandes meios de comunicação
ocidentais quando se trata de interpretar a origem da explosão social
nas ruas da Turquia é a deriva islâmica e autoritária do governo de
Recep Tayip Erdogan.
Deste modo, os mass media centram toda a atenção na
disjuntiva islamismo-laicismo e autoritarismo-democracia, fazendo uma
análise simplista e parcial da realidade que vive estes dias o país
euro-asiático.
Mas para analisar com maior profundidade a recente revolta popular
nas ruas de cidades como Istambul ou Ancara seria preciso adoptar outra
perspectiva e por a lupa nas políticas sócio-económicas que o executivo
tem desenvolvido nestes últimos anos.
O governo de Erdogan, integrado pelo Partido Justiça e
Desenvolvimento (AKP), chega ao poder no ano de 2002 num contexto de
crise económica (crise financeira de 2001) onde acorda um programa de
medidas de feitio claramente neoliberal com o Fundo Monetário
Internacional (FMI) que passam pela privatização do sector público,
reformas laborais e drásticos cortes sociais.
Um ano depois de chegar ao governo, em 2003, é aberto o caminho à
privatização da empresa pública de telecomunicações Turk Telekom [1] .
No ano seguinte, 2004, põem-se à venda companhias de bebida, fábricas de
aço e a as Linhas Aéreas Turcas [2] .
Desde então, inicia-se um processo que não tem marcha-atrás. Em 2007,
dá-se sinal verde à privatização da empresa pública de tabacos da
Turquia, Tekel [3] . Em 2008, é a vez da rede eléctrica, com a venda de
duas companhias de distribuição em Ancara e Sakarya-Kocaeli [4] . Além
disso, nesse mesmo ano anuncia-se a venda de banco de propriedade
estatal Halkbank e a privatização de 15 por cento das acções da Turk
Telekom.
Em 2009, o governo aprova legislação para conceder a água dos rios,
dos lagos e das albufeiras às corporações privadas. Isto significa que
os recursos hídricos podem ser transferidos a corporações, que até então
controlavam só os serviços de distribuição [5] .
Diante disto, a Confederação dos sindicatos camponeses turcos,
Çiftçi-Sen, juntamente com mais de 100 outras forças de oposição social
que defendem o reconhecimento do direito à água, constituem uma
plataforma chamada "Não à comercialização da água" e manifestam-se
maciçamente em 15 de Março de 2009 em Istambul no âmbito do Fórum
Mundial da Água [6] .
Em 2011, o governo de Erdogan inicia as negociações para a
privatização [7] de 2.000 quilómetros de auto-estradas e pontes do país.
Desta maneira o executivo turco pretende ceder ao capital privado até
nove rodovias com portagem e duas pontes sobre o Bósforo, vias de
comunicação muito importantes na área de Istambul.
Através da chamada "Administração de Privatizações" (OIB na sua sigla
em turco), Erdogan procurar fazer avançar um pacote de privatizações no
país que inclui o têxtil, a mineração, o petróleo, a alimentação e o
transporte marítimo, dentre outros sectores [8] .
Em Fevereiro desse mesmo ano, 10 mil pessoas manifestam-se no centro
de Ancara em repúdio à reforma laboral do governo que, entre outras
medidas, inclui a redução do salário mínimo para os jovens, a
possibilidade de transferência dos funcionários e permite a contratação
de empregados sem seguro social [9] .
Muitos dos presentes à manifestação gritam em coro: "Isto é Ancara,
não o Cairo", "Tayyip, chegou a sua vez" e "Tayyip, te desejamos um
final [tão] feliz como o de Mubarak".
As directrizes neoliberais aplicadas durante estes últimos anos
geraram um aumento da desigualdade social no país. Segundo a
revista Forbes, em Istambul, capital financeira da Turquia, havia um
total de 35 multi-milionários em Março de 2008 (em comparação com 25 em
2007), situando-se em 4º lugar no mundo. Um relatório para empresários
interessados em investir na Turquia elaborado pelo banco espanhol
Banesto assegura que "o país está marcado pela existência de fortes
desigualdades de rendimento" [10] . Muitos empregados na Turquia não
ganham mais que o salário mínimo de 570 dólares e o rendimento per
capita é quase a metade dos rendimentos médios europeus.
Talvez este conjunto de factores ajude a explicar o mal-estar social
que deu origem aos distúrbios hoje vividos na Turquia, para além do
enfoque liberal que a imprensa do Ocidente pretende dar dos mesmos.
Referências:
[3] www.icex.es/...
[5] www.tni.org/
[7]www.cincodias.com/... as/turquia-inicia-privatizacion-2000-kilometros-autopistas/20110830cdscdiemp_16/
Ver também:
O original encontra-se em http://www.librered.net/?p=27218
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
'Arapongocracia'
Olhar Comunista - PCB
O Olhar Comunista comenta o modelo
norte-americano "campeão da democracia" de colocar milhões sob suspeita
- e vasculhar toda sua vida.
Não são apenas os telefonemas de cerca de um milhão de pessoas, os
serviços de espionagem dos EUA monitoram servidores do Google, Facebook e
Apple, e-mails e perfis em redes sociais, dentro do país e no exterior,
nos últimos seis anos. Tudo autorizado pela Justiça e sob conhecimento
do Congresso! Entre os dados coletados estão e-mails, chats, vídeos,
fotos, downloads e teleconferências.
Apavorados com as consequências da confirmação, por fontes oficiais,
dessa devassa na vida da população, Google, Apple, Yahoo e Facebook
imediatamente negaram que o governo tenha tido acesso aos seus
servidores centrais. Quem acredita neles?...
Não restam dúvidas quanto às razões por trás do fato: a aliança entre
Executivo, Legislativo, Judiciário e barões da iniciativa privada tem
como alvo qualquer possibilidade não apenas de atos terroristas (a
surrada desculpa para todo e qualquer abuso desde o 11 de setembro de
2001), mas de qualquer interferência nos "democráticos valores" que
regem a sociedade dos EUA - no pilar delas, o capitalismo em seu estado
mais execrável e assassino.
Dilma vai as compras em Portugal
Olhar Comunista - PCB
O Olhar Comunista inicia a semana comentando a
visita de Dilma Rousseff a Portugal: a presidente, em típica posição de
"caixeira viajante" inaugurada por seu antecessor, tem como "tarefa" de
sua viagem garantir a participação de empresas brasileiras nas
privatizações portuguesas.
Na programação oficial, que se limitou a esta segunda-feira, o motivo
oficial da viagem foi "participar do encerramento do Ano do Brasil em
Portugal". Dilma, no entanto, não divulgou participação em nenhuma das
várias atividades do evento.
Na verdade, a viagem serviu para firmar acordos educacionais (a
desculpa oficial) e, no verdadeiro motivo, para "cavar" a participação
de empresas do Brasil na privatização de companhias portuguesas. Entre
as empresas que Dilma pretende captar para o empresariado brasileiro
estão a companhia aérea TAP, os correios e companhias de distribuição de
água.
Questionado por jornalistas brasileiros, o ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel,
afirmou que o BNDES poderia financiar as aquisições por parte das
empresas brasileiras. "Nós vamos assistir, nós vamos tentar ajudar. Mas
primeiro tem que haver manifestação de interesse por parte das empresas.
A partir daí o BNDES oferece ajuda", afirmou.
Do Brasil, o Olhar Comunista se solidariza com os
trabalhadores portugueses em sua luta contra a privatização de tais
empresas. Como o PCB denuncia desde o seu XIII Congresso, em 2005, de
"progressista" o PT e seu governo nada tem - quando age em contraposição
aos EUA é apenas em benefício de uma burguesia brasileira em busca de
novos mercados. Os portugueses começarão a confirmar isso, da pior
maneira...
UMA REVOLUÇÃO JOVEM E COM NOME DE MULHER
Internacional Solidariedade
TURQUIA: Prossegue a grande insurreição popular!
Mujeres e hinchas de fútbol marchan en Turquía contra el gobierno
Miles de ciudadanos de todo tipo y condición, desde simpatizantes de
organizaciones feministas a hinchas de fútbol, vuelven a reunirse hoy
sábado en la céntrica plaza de Taksim de Estambul, epicentro de las
protestas antigubernamentales que desde hace diez días sacuden Turquía.
8 de junio 2013
Pasado el mediodía, numerosas organizaciones feministas se
dieron cita en la cercana calle Istiklal para iniciar una marcha "por
una vida sin abusos y sin Tayyip", en referencia al primer ministro,
Recep Tayyip Erdogan.
Las mujeres se mantienen en la primera fila de las protestas
desde que éstas se iniciaron, el martes 28 de mayo, en defensa de un
parque público de Estambul, aunque pronto se convirtieron en un
movimiento de crítica al estilo autoritario del gubernamental Partido
Justicia y Desarrollo (AKP), islamista moderado.
Además, las hinchadas de dos de los tres clubes de fútbol más
importantes de Estambul, el Fenerbahce y el Besiktas, anunciaron que se
reunirán al atardecer en la plaza, hacia la que marcharán desde sus
respectivos estadios, informó la agencia EFE.
Los hinchas reemplazarán en parte la presencia de los
estudiantes universitarios, que normalmente son el grueso de ocupantes
de la plaza, pero que hoy están ocupados en una jornada de exámenes.
08/06/13 - 08:57 Internacionales
Miles de manifestantes siguen movilizados en Turquía contra primer ministro
Miles de turcos volvieron a salir a las calles este sábado
para unirse a las masivas manifestaciones contra el gobierno, un desafío
directo al primer ministro Recep Tayyip Erdogan, quien llamó al cese de
las protestas, inéditas desde que llegó hace una década al frente del
gobierno.
POR AGENCIA AFP Turquía
ESTAMBUL.- Temprano por la mañana, los
manifestantes comenzaron a llegar a la plaza Taksim de Estambul, el
epicentro de la protesta, con comida y mantas, dispuestos a pasar otro
fin de semana de protesta, sumando carpas al famoso parque Gezi, cuya
anunciada destrucción ha provocado la peor crisis política desde que
llegó al poder el gobierno islamista conservador en 2002.
"Hace una semana jamás podría haberme imaginado durmiendo en las
calles de Estambul", dijo Aleyna, una manifestante que pasó la noche a
la intemperie.
"El primer ministro intenta todos los días dividir a la población.
Sólo habla de su 50% (el 50% de los electores votaron por su partido en
2011) y actúa en contra de la otra mitad", lamentó Eroy Dilek, un
estudiante de 21 años que promete que los manifestantes "regresarán aquí
todos los días hasta que renuncie" Erdogan.
Todo el fin de semana están previstas nuevas manifestaciones y
concentraciones en los principales focos de las protestas, en Estambul,
Ankara e Izmir (oeste).
Los manifestantes critican al primer ministro por su ejercicio
autoritario del poder y lo acusan de querer islamizar la sociedad turca.
Criticado en su país, así como en el extranjero por la brutalidad con
la que la Policía reprimió a los manifestantes, Erdogan suavizó el
viernes el discurso de firmeza que mantenía desde hace varios días
contra los manifestantes, a los que calificó a menudo de "vándalos" o
"extremistas".
"Estamos en contra de la violencia, el vandalismo y las acciones que
amenacen a los otros en nombre de la libertad", declaró en un foro
internacional en Estambul, añadiendo que recibirá a todos los que
"vengan con exigencias democráticas".
En esta misma conferencia, el comisario europeo a cargo de la
Ampliación de la UE, Stefan Füle, denunció "el recurso excesivo a la
fuerza".
En el mismo sentido, la canciller alemana, Angela Merkel, la
Federación Internacional de Periodistas o la Federación Internacional de
Derechos Humanos denunciaron la brutalidad policial.
En respuesta, el primer ministro turco reaccionó y denunció el "doble
discurso" de los países occidentales hacia su país. "En cualquier país
de Europa, cuando hay una protesta violenta contra un proyecto de
demolición de este tipo, créanme, los que están implicados son
reprimidos aún con más severidad", dijo citando Grecia, Francia o
Alemania.
Según el último balance publicado por el sindicato de médicos turcos,
debido a las protestas han muerto dos manifestantes y un policía y
cuatro mil 785 personas han resultado heridas.
Este sábado, el primer ministro debe reunirse con la dirección de su
partido, el Partido de la Justicia y el Desarrollo (AKP), en un
encuentro programado que en esta ocasión se llevará a cabo en Estambul.
Las Protestas Turcas Entran en su Noveno Día
Miles
de turcos indignados tomaron las calles del país el sábado para unirse a
las grandes protestas contra el gobierno y desafiar al primer ministro,
Recep Tayyip Erdogan, que pidió la víspera el fin de la peor ola de
protestas que ha vivido el país en la década de su gobierno.
Desde
la mañana temprano, los manifestantes comenzaron a llegar a la Plaza
Taksim de Estambul con comida y mantas para quedarse allí todo el fin de
semana, uniéndose así a la ciudad de tiendas que se ha instalado en el
Parque Gezi, situado cerca de la plaza.
También hay planeadas manifestaciones en la capital, Ankara, mientras las protestas entran en su noveno día.
Erdogan
pidió el viernes el inmediato fin de las manifestaciones diciendo que
su gobierno estaba abierto a las “demandas democráticas” pero insistió
en que las protestas estaban “bordeando el vandalismo”.
Sus
comentarios se producen en un momento en el que la policía turca ha
sido criticada duramente por utilizar una fuerza excesiva contra las
protestas pacíficas, con un saldo de tres muertos y miles de heridos,
algunos graves.
Las
protestas dieron inicio cuando la policía reprimió duramente una
pequeña protesta que buscaba salvar el Parque Gezi de la demolición.
Esto dio lugar a una campaña nacional de protestas contra Erdogan y su
Partido de la Justicia y el Desarrollo (AKP), que ha ido convirtiéndose
en cada vez más autoritario.
Erdogan y sus idas y vueltas: ahora dice que escuchará las “exigencias democráticas”
La UE advierte a Turquía contra el uso excesivo de la fuerza y exige que se investigue la violencia
El primer ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. / REUTERS - LIVE!
En un claro ejemplo de su impulsivo talante político, el primer
ministro turco, el islamista moderado Recep Tayyip Erdogan, dio este
viernes marcha atrás a sus amenazas. El intransigente mensaje lanzado a primeras horas de la madrugada contra los indignados turcos para que abandonen sus protestas
fue modulado horas después con una invitación a escuchar sus
“exigencias democráticas”. La Bolsa de Estambul, que se había desplomado
casi cinco puntos la víspera, cerró hoy sus sesiones con un alza del
3,2% tras el discurso conciliador del jefe del Gobierno. La presión de
la Unión Europea, que transmitió a Erdogan su rechazo al excesivo uso de
la violencia contra los manifestantes, también contribuyó a apaciguar
los ánimos en Turquía, que ha vivido en la última semana la mayor
revuelta ciudadana contra el poder desde hace una década.
Los gritos de “Aláhu akbar" (Dios es el más grande) y “Vamos a
aplastar Taksim”, que se escucharon de madrugada entre la multitud en el
aeropuerto Atatürk de Estambul, parecían estar finalmente dirigidos al
consumo interno del Partido de la Justicia y el Desarrollo (AKP, en sus
siglas en turco) ante la vuelta de su líder tras una gira por el Magreb.
Más de 10.000 seguidores del partido de Erdogan que aguardaban su
regreso aclamaron sus palabras, lanzadas desde lo alto de un autobús con
el techo descubierto, contra los miles de indignados que acampan en el
parque de Gezi y ocupan la plaza de Taksim en el centro de la ciudad. El
discurso combativo del primer ministro al exigir el fin de las
protestas parecía cerrar la vía del diálogo abierta por el viceprimer
ministro Bülent Arinç al entrevistarse con representantes de los
manifestantes.
Estambul amaneció este viernes ensombrecida por la amenaza de una escalada de crispación entre los
partidarios del AKP, que obtuvo el 50% de los votos en las legislativas
de 2011 y se mantiene en el poder desde finales de 2002, y el
conglomerado civil de jóvenes, partidos laicos y organizaciones de
izquierda que han impulsado las protestas en defensa del parque de Gezi y
contra la violencia policial. El diario liberal Taraf, que se
ha destacado por sus investigaciones de las tramas militares golpistas,
no vacilaba en titular en su primera página: “Erdogan incendia Turquía”.
Pero el supuesto pirómano aprovechó su primer acto público del día
para echar agua al fuego. “Estoy contra el terrorismo, la violencia, el
vandalismo y las amenazas, pero estoy abierto a escuchar a quienes
plantean exigencias democráticas”, proclamó Erdogan en la apertura de un
foro sobre la UE en Estambul. El primer ministro aseguró que el
proyecto de su Gobierno para la reforma del parque “solo afecta a una
docena de árboles” y ya fue expuesto al público antes de las elecciones.
En el mismo foro e encontraba presente el comisario europeo para la
Ampliación, Stefan Füle, quien advirtió al Gobierno turco de que “el uso
de una fuerza excesiva contra manifestantes no tiene cabida en un país
que aspira a ser miembro de la Unión”. La canciller alemana, Angela
Merkel, había condenado poco antes la violencia policial contra el
movimiento de los indignados en Estambul y otras ciudades de Turquía,
que ha causado tres muertos y más de 4.300 heridos
“Turquía debe cumplir los máximos estándares democráticos e
investigar y castigar los abusos policiales”, advirtió el comisario Füle
ante Erdogan, quien se limitó a señalar que en otros Estados europeos,
como Grecia, se han producido acciones contundentes de las fuerzas de
seguridad y que su país había alcanzado en los últimos años los mayores
niveles democráticos de su historia. También aprovechó la ocasión para
criticar a Bruselas por la lentitud del proceso de negociaciones de
adhesión de Turquía a la UE, abierto de 2005 y que apenas ha avanzado a
causa de las trabas planteadas por Francia y Alemania y los continuos
vetos de Chipre.
Ajenos al intercambio de reproches en el foro europeo de Estambul, los jóvenes indignados concentrados en Taksim
se preparaban esta noche para una larga resistencia y a organizar las
manifestaciones convocadas este fin de semana Un movimiento similar de
ocupación y acampada en un parque de Ankara fue bloqueado ayer por la
policía, que, sin embarpo, se ha ausentado de la plaza y el parque de
Estambul donde estalló la protesta desde el pasado sábado. Los
manifestantes han anunciado que solo se retiraran si el Gobierno anula
su plan para la construcción de un centro cultural y comercial en la
zona verde y pone en libertad sin cargos a decenas de jóvenes que aún
siguen detenidos.
Pero el movimiento de los indignados turcos ya se ha extendido más
allá de Estambul y ha trascendido sus iniciales reivindicaciones
ciudadanas y medioambientales para convertirse en el primer frente de
oposición significativa al que se enfrenta el AKP en diez años de poder
casi hegemónico. Erdogan ha convocado en Estambul una reunión urgente de
la cúpula de su partido para afrontar el reto.
Chávez, presente en Turquía |
|||
La lenta de un fotógrafo de Reuters retrató a un manifestante que vestía una remera negra con el rostro de... Hugo Chávez. Así, el recientemente fallecido presidente de Venezuela, hacía su aparición en medio de la crisis turca que lleva varios días de reclamos. Quizá el joven, de rodillas, siente admiración por el hombre que dejó su huella en la política venezolana y en todo el mundo. En cuanto a Turquía, desde el pasado martes 28 de mayo un grupo de mujeres iniciaron las protestas, en defensa de un parque público de Estambul. Eso derivó en un movimiento de crítica al estilo autoritario del gubernamental Partido Justicia y Desarrollo (AKP), islamista moderado. Los reclamos en Turquía contra el gobierno de Erdogan, entraron el pasado jueves en una nueva fase, con la movilización de decenas de miles de personas convocadas por dos importantes sindicatos, tras seis días de masivas manifestaciones en varias ciudades del país. Lejos de terminar, la crisis crece con los minutos. En su defensa, Erdogan, aseguró que hay "terroristas" entre los manifestantes que protestan en las calles de Turquía e insinuó que no retrocederá en sus planes de demoler el parque Gezi, origen de la actual crisis, que ya dejó cuatro muertos y 4.000 heridos. (Por C.S.) |
TKP (Partido Comunista): "Esto es un levantamiento del pueblo. El pueblo está enfadado"
-
Un contenedor quemado durante el quinto día de protestas en Estambul
contra el gobierno turco. El Ejecutivo turco cifró en más de 70 millones
de liras turcas (unos 30 millones de euros) los daños materiales
causados en los cinco días de protestas antigubernamentales, que han
dejado ya dos muertos y más de 1.500 heridos. YANNIS BEHRAKIS (REUTERS)
-
Un manifestante devuelve un gas lacrimógeno disparado por policías
antidisturbios, cerca de la plaza de Taksim, en Estambul. Sedat Suna
(EFE)
-
Jóvenes lanzan objetos a la policía turca en Ankara, 3 de junio de
2013. La virulencia de los enfrentamientos entre Policía y manifestantes
ha llevado al primer ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, a hacer un
llamamiento a la "calma" y a pedir a la población que no se deje
provocar por los "elementos extremistas" UMIT BEKTAS (REUTERS)
-
Manifestantes tras una barricada colocada en un barrio de Ankara
(Turquía). Las principales universidades turcas han anunciado el
aplazamiento de los exámenes de fin de curso debido a las
multitudinarias protestas que se están produciendo en Turquía en los
últimos días para protestar por la represión de la Policía contra los
manifestantes.
UMIT BEKTAS (REUTERS)
PROTESTAS EN TURQUÍA
Los indignados turcos bajan los humos a Erdogan
El Gobierno turco recibe a los líderes de los manifestantes,
que le exigen que frene la demolición del parque y que destituya a los
policías que ordenaron la represión
Tres mujeres hacen el signo de la victoria en Ankara este miércoles. / ADEM ALTAN (AFP)
Un grupo que representa a algunos de los primeros manifestantes que se opusieron a la destrucción de un parque
en el centro de Estambul ha comunicado sus demandas al viceprimer
ministro turco, Bülent Arinc, que los recibió ayer en Ankara. Mantener
el parque de Gezi como una zona verde y detener su transformación en
centro comercial. No demoler el Centro Cultural Ataturk, situado en la
plaza de Taksim y adyacente al parque. Investigar y expulsar del cuerpo a
los policías responsables de la violencia. Prohibir el uso de gases
lacrimógenos. Poner en libertad a los manifestantes detenidos. Eliminar
todos los obstáculos que impiden la libertad de expresión.
Este es el memorial de demandas que la Plataforma de Solidaridad con
Taksim ha transmitido al viceprimer ministro. En un significativo paso
atrás de su Gobierno, Arinc pidió disculpas el martes a quienes iniciaron la protesta en el parque. Y lo hizo como primer ministro en funciones. El jefe del Gobierno, Recep Tayyip Erdogan,
que se encuentra en el norte de África en viaje oficial, ha mantenido
una retórica mucho más dura contra los indignados que han tomado las
calles, que exigen al unísono su dimisión.
La plataforma que se presentó en Ankara agrupa a unas 80 ONG y
colectivos, algunos de los cuales participaron en las sentadas
originales que se iniciaron el pasado 27 de mayo para intentar evitar la
destrucción del parque de Gezi, según explica Betul Tanbay, doctora en
Matemáticas y una de las fundadoras del movimiento.
La violencia policial contra los activistas que protestaban en el
parque provocó que miles de personas acabaran ocupando espontáneamente
la zona verde y la plaza de Taksim en el centro de la parte europea de
Estambul. “El destino de las protesta depende ahora de los próximos
pasos que dé el Gobierno”, anunciaron los miembros de la plataforma tras
reunirse con Arinc.
“Ellos empezaron con la iniciativa sobre el parque, pero ahora esto
ha ido mucho más allá, la gente está muy enfadada con el Gobierno”,
reflexionaba Efe Potoy, un cocinero de 30 años que se unió el sábado a
las protestas y que se mantiene entre los ocupantes del parque de Gezi. A
su espalda, un enorme grupo de gente cantaba, “Erdogan istifa!
(¡Erdogan dimisión!)”, que se ha convertido en el lema más repetido por
los manifestantes.
Aunque la mayoría se muestra de acuerdo con las exigencias de la
plataforma, los manifestantes de Gezi Taksim que han tomado las calles
van más allá y exigen la dimisión del primer ministro antes de poner fin
a las protestas. Este miércoles se sumaron a su movimiento centenares
de trabajadores del sector público en huelga.
“Nadie puede detener las protestas, lo que decimos es que Erdogan
debe marcharse”, resumió en este sentido Tamer Dogan, un abogado de 35
años que ahora participa como voluntario en una biblioteca el Parque
Gezi. “La protesta empezó aquí en Taksim, pero ahora también está en
Ankara, en Esmirna, en Adana… Está en toda Turquía y es sobre
democracia”.
Miles de personas seguían ocupando anoche Gezi y Taksim, cuyos
accesos permanecen cerrados por barricadas, en un ambiente de fiesta y
celebración, mientras las protestas continúan atrayendo apoyos. El
premio Nobel de Literatura turco, Orhan Pamuk,
expresó en un comunicado su solidaridad con los manifestantes, a los
que calificó de “esperanza de futuro” frente a un Gobierno “represor y
autoritario”.
Sin embargo, los choques entre manifestantes y policías
antidisturbios continuaron durante la noche del martes al miércoles en
la zona de Dolmabahçee, en Estambul, donde Erdogan tiene su oficina en
la ciudad, y en otros lugares como la plaza de Kizilay de Ankara, cerca
de la sede del Gobierno. La Asociación Médica Turca confirmó el
miércoles la tercera muerte que se ha producido durante las protestas.
Ethen Sarisuluk, que la asociación describió como un “activista”,
falleció a consecuencia de las heridas que sufrió en la cabeza durante
las manifestaciones en Ankara.
En total, más de 4.000 personas han resultado heridas en todo el
país, según la Plataforma de Solidaridad con Taksim, y más de 3.300 han
sido detenidas por la policía, según la Asociación de Derechos Humanos
de Turquía.
Las protestas han dado también un salto al ciberespacio con la detención de decenas de jóvenes en Esmirna, acusados de “incitar a causar disturbios” a través de Twitter. Por su parte, los grupos de hackers
Anonymous y el Ejército Electrónico de Siria (SEA, por sus siglas en
inglés) han llevado a cabo ataques contra las páginas web del Gobierno y
aseguran que han robado información.
El pasado día 2, Anonymous anunció en un vídeo que iba a atacar las
páginas web del Gobierno turco en apoyo a los manifestantes. Por su
parte, el SEA es leal al presidente sirio Bachar el Asad, mientras que
Turquía ha dado su apoyo a los rebeldes enfrentados a Damasco desde el
inicio del conflicto en el país vecino en marzo de 2011.
Protestas en Turquía
Erdogan desafía a los indignados al vincularlos con el terrorismo
Erdogan afirma que seguirá adelante con sus planes y que entre los manifestantes hay terroristas
Los ocupantes del parque de Estambul se organizan en una pequeña ciudad de tiendas de campaña
Juan Carlos Sanz (enviado especial) El País es Estambul 7 JUN 2013 - 01:47 CET
Arrogante, ungido por tres victorias electorales consecutivas, Recep
Tayyip Erdogan regresó anoche a Turquía como un sultán de inapelable
poderío. Antes de que su avión aterrizara en el aeropuerto Atatürk de
Estambul, el primer ministro advirtió en Túnez, última etapa de su gira
oficial por el Magreb, que no cederá ni un palmo de césped en los planes
para construir un centro comercial en un parque de la ciudad del
Bósforo, y vínculo al movimiento ciudadano contra el proyecto —que ha
protagonizado la mayor protesta popular registrada en sus más de 10 años
de mandato— con elementos terroristas de la ultraizquierda turca. Ya en
la terminal área de la ciudad del Bósforo miles de sus partidarios le
aguardaban, en contra de la consigna oficial de calma del partido en el
poder, coreando cánticos de apoyo. "Estamos dispuestos a morir por ti,
maestro", le gritaban. Mientras en el centro de la ciudad, una masa de
opositores a su política exigía su dimisión en un tono festivo y
reivindicativo. Subido en el techo de un autobús, Erdogan llamó a la
unidad y hermandad de sus seguidores en un mensaje apaciguador, pero
también exigió "el fin de las manifestaciones violentas". Turquía nunca
parecía haber estado tan dividida desde el golpe de Estado de 1980.
Partidarios de Erdogan esperan su llegada en el aeropuerto de Estambul. / OZAN KOSE (AFP)
“Nuestro proyecto en la plaza de Taksim conjuga la preservación de la
naturaleza y del patrimonio histórico”, aseguró Erdogan en Túnez para
defender la construcción de un centro cultural y comercial en un
edificio inspirado en el antiguo cuartel otomano sobre cuyo solar fue
creado el parque de Gezi. El primer ministro también declaró que algunos
de los detenidos en las protestas están vinculados al Partido
Revolucionario para la Liberación del Pueblo, un grupo ilegal de extrema
izquierda acusado del ataque cometido el pasado 1 de febrero contra la
Embajada de Estados Unidos en Ankara, en el que murieron un guarda de
seguridad y un asaltante. “Quienes se preocupan por el medio ambiente
deben saber que [algunos participantes en las protestas] están
condenados por terrorismo”, afirmó.
El mensaje intransigente de Erdogan provocó poco después un desplome
de la Bolsa de Estambul, que cerró con una caída del 4,7%, y de la lira
turca, que se hundió hasta su cambio más bajo de los últimos dos años
con el euro y el dólar.
Durante la ausencia del primer ministro, el presidente de la
República, Abdulá Gül, y el viceprimer ministro Bülent Arinc, se habían
mostrado apaciguadores —el segundo recibió el miércoles en Ankara a
representantes del movimiento en defensa del parque de Gezi— para
intentar apagar el incendio provocado por las descalificaciones lanzadas
por el jefe del Ejecutivo contra los indignados antes de su partida.
Les llamó çapulcu, un término peyorativo turco que equivale a
“merodeador sin domicilio fijo”, y que bien podría traducirse por
“perroflauta”.
Pero Erdogan no pareció hacer caso de los llamamientos a la calma.
Incluso el líder espiritual del islamismo político turco, Fetulá Gülen,
le advirtió desde las páginas del diario Today´s Zaman de que debía
tener en cuenta la opinión de los manifestantes y actuar “con moderación
e inteligencia”. La aparente brecha abierta por el conflicto de Taksim
entre Erdogan y Gül, cofundadores del AKP, amenaza con desestabilizar al
partido que controla el poder desde finales de 2002.
El mensaje enviado desde Túnez caldeó los ánimos en Taksim y Gazi,
donde se concentraban anoche miles de personas. La jornada había
transcurrido en tono festivo en el epicentro de las protestas. Grupos de
estudiantes cantaban por la mañana viejas canciones de amor de
Anatolia. “Le hemos cambiado la letra, en lugar de ‘vete ya de mi lado’,
decimos ‘Erdogan, lárgate ya”, explicaba sonriente Çagaz, de 19 años,
un alumno de la Facultad de Empresariales del campus de Bilgi de
Estambul que declinó facilitar su apellido.
Los indignados de Gezi se han organizado a conciencia junto a la
céntrica plaza de Taksim. Gracias a las donaciones de los ciudadanos que
les visitan han instalado una biblioteca con ladrillos y tablones, una
cantina que reparte bebidas y bocadillos, un centro de información en un
viejo minibús… “Vamos a quedarnos y resistiremos hasta que Erdogan
rectifique”, aseguraba Çagaz, que se declara políticamente
independiente, pero confiesa su simpatía por la oposición
socialdemócrata y laica.
Las pintadas de Taksim y Gezi rinden homenaje al ingenio heredado del
Mayo francés por estos çapulcu turcos, que —como el legendario “no hay
pan para tanto chorizo” de los perroflautas de la Puerta del Sol—
también tienen sus lemas inspirados como “no necesitamos gases
lacrimógenos, somos gente sentimental”.
"La vida de uno de mis policías es tan importante como la de dos jóvenes"
Erdogan vuelve a Estambul y realiza a su llegada un discurso en el que mantiene su línea dura ante los 'indignados' turcos
EFE Estambul 07/06/2013 07:49 Actualizado: 07/06/2013 09:53 Público
El primer ministro turco, Recep Tayyip Erdogan (i), y su esposa, Emine, saludan a sus seguidores. EFE/Kerim Okten
El primer ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, declaró ante miles de
sus seguidores a su regreso a Turquía que las protestas
antigubernamentales que han sacudido al país en la última semana deben
acabar "de inmediato".
Erdogan se dirigió a una multitud desde un autobús descubierto en el
aeropuerto de Estambul, en un discurso también retransmitido en directo
por la televisión, mientras que sus seguidores coreaban su nombre y
lanzaban gritos de "Dios es grande". Se debe "poner fin de inmediato a
manifestaciones que han derivado en vandalismo", advirtió.
"Los así llamados periodistas, artistas y políticos están provocando
las protestas", afirmó ante una gran multitud que había acudido al
aeropuerto para recibirlo a su vuelta de una gira por el Magreb, en una
demostración de fuerza después de una semana de protestas.
"Por menos de 15 árboles se han perdido tres vidas. La vida de uno de
mis policías es tan importante como la vida de dos jóvenes", dijo
Erdogan en referencia al agente que murió al caer de una zona en
construcción mientras perseguía a unos manifestantes en la ciudad sureña
de Adana. Dos manifestantes han fallecido durante las protestas y otro
se encuentra en estado de muerte cerebral. Dos manifestantes han muerto y
otro se encuentra en estado de muerte cerebral
Declaró que se investigará si hubo un uso excesivo de la fuerza,
pero, subrayó, "Piden la retirada de la policía. Este no es un lugar
donde puedes hacer de todo. La policía está haciendo su deber contra
quienes atacan".
Erdogan acusó a los manifestantes de saquear tiendas, destruir
propiedades públicas y quemar la bandera turca, así como de tratar de
ganar en las calles lo que no podían obtener en las urnas. Las palabras
de Erdogan eran jaleadas por sus seguidores con gritos de "Dios es
grande, vayamos a aplastar Taksim".
También elogió a sus simpatizantes al afirmar: "Se han comportado con
sentido común y calma durante los últimos diez días. Desde aquí nos
vamos a nuestras casas y no abandonaremos nunca el sentido común".
Según la televisión NTV, las autoridades prolongaron la apertura del
metro hasta la 1.00 GMT, cuatro horas más de lo habitual, para permitir
la llegada de sus seguidores.
Lo que comenzó el pasado viernes como una protesta medioambiental por
la destrucción de uno de los pocos parques del centro de Estambul ha
derivado en una ola de protestas inédita en la última década en Turquía.
Aunque el centro de Estambul se mantuvo tranquilo hoy y con un ambiente
festivo, se registraron choques en Sultangazi, un barrio muy humilde en
la periferia europea de la ciudad, según la cadena NTV.
La policía dispersó con un blindado, cañones de agua a presión y gas
lacrimógeno a un centenar de manifestantes que intentaron levantar una
barricada para cortar el tráfico de una avenida. Según la misma fuente,
uno de los manifestantes ha tenido que ser hospitalizado por el impacto
de un bote de humo.
Pingüinos, el símbolo de las protestas en Turquía
Los manifestantes turcos han tomado como símbolo de sus
protestas a los pingüinos después que la censura de los medios de
comunicaciones reemplazara las informaciones sobre las manifestaciones
por documentales sobre pingüinos.
por La Tercera - 07/06/2013 - 14:06
Mientras los medios internacionales cubrían ampliamente las masivas
protestas en Turquía que comenzaron por el repudio de la sociedad a la
eventual destrucción del parque Gezi y que luego se volcaron en contra
del primer ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, la televisora CNN de
Turquía emitía un documental sobre pingüinos.
El sábado la cadena CNN turca transmitió un documental en
tres partes sobre pingüinos, lo que fue fuertemente rechazado por los
manifestantes que decidieron llevar a las concentraciones banderas y
camisetas con el ave, para luchar de esa manera contra el silencio y la
censura.
Según un reportaje de BBC
que denunciaba la censura de la prensa televisiva, CNN Turk -propiedad
del grupo mediático Dogan– explicó que comenzó a reportar las
manifestaciones una vez que éstas cobraron más fuerza.
En tanto, una crónica periodística de la agencia de noticias EFE que
explicaba el rol de las redes sociales durante las manifestaciones
sociales reflejaba que ello se debió en parte a la censura de los medios
de comunicación.
Según explicó, Merve Alici, diseñadora de publicidad y activista de derechos civiles explicó que "si
los canales de televisión y los diarios hubieran reflejado la verdad al
menos parcialmente, seguramente los medios sociales se habrían
utilizado mucho menos".
"Pero la gente encendía la tele y se encontraba unos pingüinos",
denuncia, en referencia a la emisión de los documentales sobre esas
aves en el canal CNN Türk, al mismo tiempo en CNN International ya
informaba en directo de las protestas turcas.
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