6 de novembro de 2013

Contra a criminalização dos movimentos sociais. Todo apoio às lutas da juventude e do proletariado. Pelo Poder Popular!

Contra a criminalização dos movimentos sociais. Todo apoio às lutas da juventude e do proletariado. Pelo Poder Popular!

(Nota Política do PCB)

As lutas sociais vêm se intensificando de maneira expressiva no Brasil após as extraordinárias jornadas que se iniciaram em junho. Como o governo não atendeu as reivindicações populares e como a população, especialmente a juventude, perdeu o medo de se manifestar, o conflito social tem se tornado cada vez mais explosivo em várias cidades do País, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Todo dia em alguma cidade brasileira a população proletarizada e a juventude saem às ruas para protestar contra alguma arbitrariedade do governo e do capital, fecham rodovias, paralisam a circulação de mercadorias, enfrentam as forças policiais, sendo reprimidos violentamente.

Enquanto isso, o governo federal e os governos estaduais, numa santa aliança do grande capital, afiam seus instrumentos políticos, militares e de inteligência para reprimir os movimentos sociais. A esta estratégia se juntam os meios de comunicação de massas desenvolvendo uma grande campanha de manipulação no sentido de caracterizar as manifestações de massas como atos de vandalismo, depredações e caos. Para tanto, procuram criar bodes expiatórios, para esconder o descontentamento da população, justificar a violência policial contra os manifestantes e afastar a população das ruas.

No entanto, cada vez fica mais claro para o povo que a origem da violência são as dramáticas condições de vida da população brasileira,que enfrenta cotidianamente um transporte coletivo caótico e caro, a saúde e a educação indignas, a habitação precária e a violência policial nos bairros populares. Em vez de resolver esses problemas concretos do povo, o estado burguês, como sempre, trata a questão social como caso de polícia. Dessa forma, amplia a repressão contra a justa luta da população e da juventude por seus direitos sociais básicos e contra os desmandos policiais nos bairros das grandes cidades e até chamam o Exército e a Força Nacional para reprimir as greves e manifestações, como ocorreu recentemente nos protestos contra a entrega do petróleo ao capital.

Essa é a tradição das classes dominantes brasileiras, que foram viciadas historicamente na impunidade e na violência contra o proletariado e atualmente vêm realizando uma verdadeira guerra aberta conta o povo. Isso pode ser sintetizado em recente entrevista do governador de São Paulo, após o massacre de jovens pela polícia. Arrogante, ele disse:“quem não reagiu está vivo”,  numa autorização à barbárie. Nessa guerra, a polícia utiliza armas letais, carros blindados, balas de borracha, gás lacrimogêneo e de pimenta, bombas de efeito moral e todo um aparato bélico para enfrentar a população e os manifestantes, além do fato de que ainda infiltra agentes provocadores nas manifestações para justificar a repressão. Todos são testemunhas das prisões em massas nos recentes protestos, dos assassinatos e da violência, sobretudo contra jovens pobres e negros,vítimas principais da polícia, sem direito de defesa e mais ainda a “embargos infringentes”.

Alguns exemplos concretos podem ilustrar a barbárie contra a população e a juventude. Recentemente, o ajudante de pedreiro Amarildo foi torturado até a morte numa Unidade de Polícia “pacificadora” do Rio de Janeiro. Em São Paulo, um policial matou com um tiro no peito jovem Douglas Rodrigues numa batida policial, sem nenhum motivo. “Por que o senhor atirou em mim?” foram as últimas palavras do jovem antes de morrer. Durante as manifestações de junho a polícia atirou com balas de borracha e cegou dois manifestantes, um estudante e um fotógrafo.

Portanto, essa é a verdadeira violência, a violência institucionalizada, a violência do Estado e do capital. O que é mais desumano? Quebrar algumas agências de banco, lojas comerciais e bater num policial que estava provocando os manifestantes ou a tortura até a morte do ajudante de pedreiro Amarildo, o assassinato do jovem Douglas Rodrigues ou furar os olhos de dois jovens?  Portanto, a violência da população não é nada mais nada menos que a resposta às atrocidades de que cotidianamente são vítimas o proletariado  e a juventude nos bairros populares.

Essa conjuntura é que provocou o surgimento de diversos grupos e táticas que identificamos como anticapitalistas, incluindo os chamados Black Blocs, que vêm dando resposta violenta à violência da polícia, expressando a indignação da juventude contra a repressão permanente ao povo, contra as humilhações cotidianas das batidas policiais nos bairros e as precárias condições de vida da população. Os jovens e os proletários não querem mais ver seus irmãos, amigos e conhecidos serem assassinados nesta escalada da criminalização da pobreza. Esses grupos combativos de jovens são um fenômeno social e não podem ser tratados como marginais, nem criminosos. São jovens indignados com a violência do capital, que imaginam estar contribuindo para o enfraquecimento do capitalismo com ações espetaculares, de pequenos grupos ousados. Os jovens comunistas, nas manifestações populares, perfilam lado a lado com esses grupos na autodefesa contra a violência policial.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) tem longa experiência de luta contra o capital. Sabemos que só as lutas que envolvam grandes massas, com protagonismo da classe operária e dos trabalhadores em geral, são capazes de derrubar o capitalismo. Por isso, procuramos organizar os trabalhadores, a juventude e o povo pobres dos bairros para derrotar o sistema capitalista. Entendemos que os Black Blocs, anarquistas e outros grupos que se formam em função da resistência à violência policial não são nossos inimigos, como alguns setores da esquerda institucionalizada procuram fazer crer. São companheiros que utilizam uma tática diferente da nossa, mas merecem respeito e solidariedade e temos a obrigação de dialogar com esses segmentos e procurar trazê-los para a luta organizada de massas.

Entendemos que a luta de classes mudou de patamar no País e tende a se acirrar à medida em que a crise econômica mundial avança e que a crise social se intensifica no Brasil. É bom que a esquerda institucionalizada vá se acostumando com a resposta das massas à violência do Estado. As jornadas de junho foram apenas o começo de um processo que será longo, violento e tenso, como toda a luta de classes. Como organização revolucionária, nós estaremos sem vacilações na linha de frente das lutas sociais e políticas no Brasil, procurando contribuir para a organização e autodefesa do povo e construção do poder popular, no rumo da sociedade socialista.

Contra a criminalização dos movimentos sociais!

Toda solidariedade aos que estão na luta anticapitalista!

Pela libertação dos presos políticos e o fim dos processos judiciais!

Pelo Poder Popular!

PCB (Partido Comunista Brasileiro)
Comissão Política Nacional
(novembro de 2013)

PCB REFUNDADO NO ESPÍRITO SANTO!

Realizou-se esta semana em Vitória um ato público emocionante. Depois de 21 anos sem vida regular e contínua no Espírito Santo, o PCB foi refundado no auditório da Assembléia Legislativa do Estado.

O ato foi aberto com saudações e informes dos três membros da Comissão Provisória do PCB no Estado (Mauro Ribeiro, Miguel Madeira e Manoel Tavares). Todos ressaltaram o processo criterioso de refundação do PCB no Estado, que levou dois anos de aproximação, com diversas idas de membros do Secretariado Nacional do Partido para reuniões com os camaradas.

Em seguida, Ivan Pinheiro, Secretário Geral do PCB, fez uma palestra resumindo a história do PCB (com ênfase na fase de sua reconstrução revolucionára), a estratégia e a tática do Partido e a visão sobre a crise do capitalismo, o ressurgimento das manifestações de massas no Brasil, a conjuntura e as possibilidades da esquerda socialista.

Aberto o debate, usaram da palavra 15 oradores, seja para saudar o PCB, para expor opiniões convergentes e divergentes ou formular perguntas, numa platéia que ultrapassou 50 pessoas, muitas delas já militantes, outras aspirantes ou amigas do PCB .

Prestigiaram o ato delegações do PSOL e do PSTU, alguns militantes do PSB e do PT, além do ex-governador Max Mauro, que durante a ditadura foi solidário a militantes do PCB na clandestinidade. Valorizamos também a generosa saudação que nos mandou o coordenador do Fórum Memória e Verdade (ES), Francisco Celso Calmon.

Foi significativa a presença de jovens interessados em conhecer melhor a linha política do PCB, o que pode contribuir para o surgimento no Estado da UJC (União da Juventude Comunista).
MST comemora 28 anos da primeira ocupação realizada pelo Movimento

MST comemora 28 anos da primeira ocupação realizada pelo Movimento

A data tem motivos de sobra para ser celebrada. Afinal, foram 28 anos da primeira ocupação realizada por famílias já organizadas no MST: a antiga Fazenda Annoni, em Pontão, no norte do estado do Rio Grande do Sul.

Mais de 2 mil pessoas, entre personagens importantes dessa história , movimentos sociais, lutadores que acompanharam desde o início a criação do Movimento, além do próprio governador do estado, Tarso Genro, estiveram presente no ato festivo, realizado no ginásio do assentamento 16 de Março, em Pontão, na última terça-feira (29/10).

A emoção tomou conta de todos os presentes. Uma mística retomou a história da ocupação da fazenda, que se deu na noite de 29 de outubro de 1985. Mais de 20 caminhões, ônibus e carros saíram de 32 municípios do estado do Rio Grande do Sul para ocupar uma fazenda de gado de 9.200 hectares, na sua maior parte improdutiva.

Mais de 6 mil pessoas organizadas pelo MST participaram da ação, que culminou na maior ocupação da história do Brasil, marcando a história e firmando a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Companheiros e companheiras que fizeram parte dessa história foram relembrados. Roseli Nunes, por exemplo, deu a vida pela luta camponesa e ficou marcada pela célebre frase: "prefiro morrer lutando do que morrer de fome". Deixou três filhos, entre eles a primeira criança nascida em assentamento. Hoje, símbolo do Movimento, Marcos Tiaraju se formou em medicina em Cuba.

“Me sinto orgulhoso de ter nascido em assentamento e por ser filho de quem eu sou, mas me dói saber que assim como minha mãe, muitos companheiros e companheiras morreram em luta pela terra e por um chão. Mas que isso possa servir para nos dar força e seguir na luta”, disse Tiaraju, após receber uma homenagem.

Outras homenagens a apoiadores da ocupação também foram realizadas ao longo da atividade. Um quadro com uma fotografia da ocupação da Fazenda Annoni foi entregue a eles como uma simbólica lembrança do MST. Depois das homenagens, a tarde foi comprida com almoço e baile.

Hoje, na antiga Fazenda Annoni de mais de 9 mil hectares, vivem 420 famílias, divididas em cinco assentamentos. Os agricultores produzem, entre outros itens, cerca de 20 mil sacas de trigo, 35 mil sacas de milho e 70 mil sacas de soja por ano.

As duas cooperativas dos assentamentos são responsáveis por agregar maior valor aos produtos. Um milhão de litros de leite são recolhidos  por mês pela Cooperlat. Já na Cooptar, são processados 200 bovinos e 800 suínos por mês.

www.mst.org.br
Homenagem a uma mulher exemplar: Berta Rosenvorzel

Homenagem a uma mulher exemplar: Berta Rosenvorzel

Alfabetizadora argentina em Cuba de 1961, quando recém amanhecia a Revolução.

Por Guillermina Roca Iturralde

Fotos: Verónica Canino
(do Resumen Latinoamericano)

Com grande afeto e admiração foi homenageada Berta Rosenvorzel, um dos cinco professores argentinos que participaram da Campanha Nacional de Alfabetização cubana, na Embaixada de cuba em Buenos Aires.

A Campanha está nas vésperas de comemorar 52 anos, em 22 de dezembro, dia em que Fidel Castro anunciou uma Cuba livre do analfabetismo. Berta recordou-se do papel do professor argentino José Murillo que, junto das educadoras Tatiana Viola, Elisa Vigo, Angélica Iglesias e ela, se alistou no Exército de Alfabetização das Brigadas Conrado Benítez, em solo cubano. Um momento da história revolucionária que não é conhecido na profundidade que merece, mas que está muito claro no testemunho vital de uma de suas protagonistas.

O ato foi organizado pela filial San Martín da AELAC (Associação de Educadores da América Latina e do Caribe), entidade a qual pertence a homenageada. Abriu o turno de oradores a companheira do falecido professor José Murilo, que evocou o que foi essa cruzada do saber levada a cabo pelo povo de Cuba.

Depois, Rosenvorzel, com muita força e presença apesar dos 94 anos feitos nesta mesma semana, começou esclarecendo “que no lugar do coração, possui um motor” para suportar tantas emoções. Refletiu que não podem existir as ciências sociais e educativas sem o primeiro passo dado por Cuba com a alfabetização em 1961, com essa façanha cultural e popular do povo cubano. Assinalou que confia na responsabilidade dos educadores porque “a educação é um elemento muito importante nas transformações sociais”. “Hoje compartilhamos os sonhos, a realidade do que significou Cuba para as lutas da América Latina e África que a puderam incorporar, porque Cuba demonstrou que nos momentos tão difíceis se pode e se deve bater o imperialismo ianque e aos outros que também permanecem”, assegurou Berta.

Por outro lado, recordou que o dia que regressaram à Argentina, estava ocorrendo o encontro da OEA, quando Cuba foi expulsa. “No entanto, agora temos na América Latina vários organismos muitos importantes de integração e vamos seguir adiante, pois já não se pode voltar atrás. O socialismo, de uma ou outra forma, vai permanecer em nossa América Latina. É o mais belo, não é fácil, não é simples, mas está sempre a disposição. Viva Cuba!”. Todos os presentes responderam com o mesmo fervor a esse grito sentido e com aplausos interromperam o discurso de Berta, que depois fez menção à recente declaração de constitucionalidade da Lei de Mídias na Argentina, que a professora alfabetizadora incluiu como “um dos tantos projetos futuros a serem aprovados em benefício de nosso povo”.

O ato começou com a projeção do documentário produzido pelo Resumen Latinoamericano: “Cuba: a grande façanha do saber”, de María Torrellas, onde se evoca o trabalho realizado por Berta em Cuba, e em homenagem à campanha atual de alfabetização “Yo si puedo”, realizada na Argentina e em outras partes da América Latina.

“A ideia é que Berta explique de onde surgiu esse afã da revolução cubana de ensinar a ler e escrever ao mundo e mostrar como foi essa façanha da alfabetização em torno de Martí, de Fidel, do Che, das mulheres da revolução. Dessas meninas que, com treze anos, iam alfabetizar e diziam a Fidel: “eu vou fazer o que minha pátria precisa” e os meninos de quinze anos que alfabetizavam, apesar de colocar suas vidas em perigo”, explicou Torrellas.

Depois, a responsável da Fundação Un Mundo Mejor es Posible, Claudia Cambia, lembrou que Berta apoiou desde o começo a campanha alfabetizadora do “Yo si puedo” na Argentina.

Para finalizar a homenagem, o embaixador cubano na Argentina, Jorge Lamadrid Mascaró, agradeceu Berta por sua contribuição à luta de Cuba e citou as palavras que Fidel Castro proclamou na Plaza de la Revolución em 22 de dezembro de 1961, após ganhar a batalha contra o analfabetismo: “Nenhum momento mais solene e emocionante, nenhum instante de maior júbilo, nenhum minuto de legítimo orgulho e de glória, como este em quatro século e meio de ignorância foram derrubados”.

Parte del público que asistió al homenaje, en momentos que se proyecta el documental sobre Berta.

Berta e o embaixador Lamadrid Mascaró

Homenagem aos 94 anos de existência desta lutadora argentina solidária com Cuba

A Madre de Plaza de Mayo (Línea Fundadora), Nora Cortiñas, junto da companheira de outro dos alfabetizadores de Cuba em 1961, José Murillo.

Fonte: http://www.kaosenlared.net/america-latina/item/72750-homenaje-a-una-mujer-ejemplar-berta-rosenvorzel.html

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

4 de novembro de 2013

PCB LANÇA MAURO IASI PRÉ CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

A Comissão Política Nacional do PCB, reunida nesta data, conforme decisão do Comitê Central, submete à apreciação da militância do Partido, de seus amigos e aliados, a proposta de lançamento da pré-candidatura do camarada Mauro Iasi à Presidência da República, levando em conta as seguintes razões principais:
  • A necessidade de fazermos um contraponto à escancarada antecipação da campanha eleitoral de 2014, um teatro de mau gosto em que predominam falsas divergências entre políticos e partidos burgueses, negociatas, barganhas e toda sorte de cenas da mesma novela bianual da disputa por espaços na máquina estatal;
  •  O desinteresse dos partidos com os quais compartilhamos a oposição de esquerda em construir uma frente permanente programática, para a unidade na luta para além das eleições e dos partidos com registro. Desde 2006, o PCB insiste nesta proposta, recusando-se a formar coligações efêmeras, engendradas às vésperas das eleições e apenas em função delas;
  •  A necessidade de apresentarmos um programa político que denuncie a opressão e a violência do capitalismo e contribua com a construção do Poder Popular, dialogando com todos e todas cujas vozes se levantam nas ruas, respeitando suas formas de luta e sua recusa em participar do jogo institucional burguês;
  • O fato de a pré-candidatura de Mauro Iasi vir brotando da militância e de simpatizantes do PCB, inclusive angariando a simpatia de outros setores progressistas e de esquerda, desencantados com a postura eleitoreira de partidos e movimentos, parlamentares e candidatos de plantão.
Assim sendo, a CPN, ouvido o Comitê Central, resolve iniciar um processo de discussão no interior do Partido a respeito desta proposta, recomendando que os Congressos Regionais do PCB, que se realizarão no próximo mês de novembro em todo o país, nos marcos do XV Congresso Nacional do PCB, repercutam esta proposta, sem perder a centralidade dos debates no temário principal do Congresso.

O lançamento da pré-candidatura própria do PCB não é um expediente para barganhar com os partidos da oposição de esquerda, com os quais queremos construir uma frente de unidade na luta cotidiana, a partir das bases. Nos Estados em que essa unidade já se desenvolve, devemos estimular a possibilidade de alianças nas eleições regionais.

Nos dias 7 e 8 de dezembro próximo, mais uma vez o Comitê Central estará reunido e dedicará um espaço em sua agenda, voltada para o XV Congresso e outros temas, para conhecer a repercussão da proposta nas bases e, se for o caso, dar outros passos no sentido da pré-candidatura do camarada Mauro Iasi.

Comissão Política Nacional do PCB
Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2013
Como a NSA penetrou as redes de telecomunicações latino-americanas

Como a NSA penetrou as redes de telecomunicações latino-americanas

Wayne Madsen*

Graças aos documentos proporcionados por Edward Snowden, o denunciante da National Security Agency (NSA), as actividades de um ramo pouco conhecido da comunidade estado-unidense de inteligência, o Special Collection Service (SCS), estão a tornar-se mais claras. Como organização híbrida composta sobretudo por pessoal da NSA e também da CIA, o SCS, conhecido como F6 dentro da NSA, tem sede em Beltsville, Maryland. A sede do SCS, num edifício de escritórios ostentando as iniciais "CSSG", fica adjacente ao Diplomatic Telecommunications Service (DTS) do Departamento de Estado. Um cabo subterrâneo protegido entre os dois edifícios permite ao SCS comunicar-se seguramente com postos de escuta clandestinos da NSA estabelecidos no interior de embaixadas dos EUA por todo o mundo. Estas "estações exteriores" da NSA, também conhecidas como " Special Collection Elements" e "Special Collection Units" são encontráveis em embaixadas desde Brasília e Cidade do México até Nova Delhi e Tóquio.

Como sabemos agora com os documentos de Snowden, o SCS também tem conseguido colocar escutas (taps) de comunicações dentro de infraestruturas de comunicações Internet, telefones celulares e fixos de um certo número de países, especialmente aqueles na América Latina. Tem trabalhado com o SCS o Communications Security Establishment Canada (CSEC), um dos "Cinco olhos", as agências parceiras da NSA, para escutar alvos particulares, tais como o Ministério das Minas e Energia do Brasil. Durante muitos anos, sob um nome operacional chamado PILGRIM, o CSEC esteve a monitorar redes de comunicações latino-americanas e caribenhas a partir estações localizadas dentro de embaixadas do Canadá e de altas comissões no Hemisfério Ocidental. Estas instalações têm tido nomes código tais como CORNFLOWER para a Cidade do México, ARTICHOKE para Caracas e EGRET para Kingston, Jamaica.

A recolha generalizada de dados digitais de linhas de fibra óptica, Internet Service Providers, comutadores de rede de companhias de telecomunicações e sistemas celulares na América Latina não teria sido possível sem a presença de activos de inteligência dentro de companhias de telecomunicações e outros service providers de redes. Entre os "Cinco olhos", Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália, Canadá e Nova Zelândia, os países que partilham sinais de inteligência (signals intelligence, SIGINT), tal cooperação de firmas comerciais é relativamente fácil. Eles cooperam com as agências SIGINT dos respectivos países tanto para obter favores como evitar retaliação dos seus governos. Nos Estados Unidos, a NSA desfruta da cooperação da Microsoft, AT&T, Yahoo, Google, Facebook, Twitter, Apple, Verizon e outras empresas a fim de executar a vigilância maciça efectuada pelo programa PRISM de recolha de metadados.

O Government Communications Headquarters (GCHQ) da Grã-Bretanha assegura a cooperação da British Telecom, Vodafone e Verizon. O CSEC do Canadá tem relacionamentos de trabalho com companhias como Rogers Wireless e Bell Aliant, ao passo que o Defense Signals Directorate (DSD) da Austrália pode confiar num fluxo constante de dados de companhias como Macquarie Telecom e Optus.

É inconcebível que a recolha pela NSA de 70 milhões de intercepções de comunicações telefónicas e mensagens de texto francesas, num único mês, pudesse ter sido cumprida sem a existência de activos de inteligência colocados dentro das equipes técnicas das duas companhias alvo das telecomunicações francesas, o Internet Service Provider Wanadoo e a firma de telecomunicações Alcatel-Lucent. Também é improvável que a inteligência francesa estivesse inconsciente das actividades da NSA e do SCS em França. Analogamente, é improvável que a penetração da NSA nas redes de telecomunicações alemãs fosse desconhecida das autoridades germânicas, especialmente porque o Bundesnachrichtendiesnt (BND) da Alemanha, o Serviço de Inteligência Federal, proporcionou dois programas BND de intercepção de comunicações, Veras e Mira-4, e seus dados interceptados, em troca do acesso pelo BND de intercepções SIGINT de comunicações alemãs contidas na base de dados conhecida como XKEYSCORE. A NSA e o BND quase certamente também têm agentes encaixados em companhias de telecomunicações alemãs como a Deutsche Telekom.

Diapositivos classificados preparados pelo GCHQ confirmam a utilização do engineering e equipe de apoio para penetrar a rede BELGACOM na Bélgica. Um diapositivo sobre o projecto de penetração da rede classificada MERION ZETA descreve a operação da GCHQ: "O acesso interno CNE [Certified Network Engineer] continua a expandir-se – ficando perto de acessar o núcleo dos routers GRX [General Radio Packet Services (GPRS) Roaming Exchange] – actualmente sobre computadores anfitriões (hosts) com acesso". Um outro diapositivo revela o alvo da penetração do router núcleo da BELGACOM: "alvos de roaming que utilizem smart phones".

Em países onde falta à NSA e seus parceiros uma aliança formal com as autoridades nacionais de inteligência, a Special Source Operations (SSO) e a unidade Tailored Access Operations (TAO) da NSA voltam-se para o SCS e seus parceiros da CIA para infiltrar agentes em equipes técnicas de fornecedores de telecomunicações tanto através do recrutamento de empregados, especialmente quando administradores de sistemas, contratando-os como consultores, ou subornando empregados existentes com dinheiro ou outros favores ou chantageando-os com informação pessoal embaraçosa. Informação pessoal que possa ser utilizada para chantagem é recolhida pela NSA e seus parceiros a partir de mensagens de texto, pesquisas web e visitas a sítios web, livros de endereços e listas de webmail e outras comunicações alvo.

As operações SCS são aquelas em que o SIGINT se encontra com o HUMINT, ou "inteligência humana". Em alguns países como o Afeganistão, a penetração da rede celular Roshan GSM é facilitada pela vasta presença dos EUA e aliados militares e pessoal de inteligência. Em países como os Emirados Árabes Unidos, a penetração da rede de satélite móvel Thuraya foi facilitada pelo facto de que foi o grande empreiteiro da defesa estado-unidense, a Boeing, que instalou a rede. A Boeing também é um grande empreiteiro da NSA.
Este interface SIGINT/HUMINT tem sido visto com dispositivos clandestinos de intercepção colocados em máquinas fax e computadores em várias missões diplomáticas em Nova York e Washington, DC. Ao invés de penetrar como intruso em instalações diplomáticas a coberto da escuridão, o método outrora utilizado pelas equipes operacionais "saco negro" do SCS, é muito mais fácil obter a entrada em tais instalações como pessoal dos serviços de telecomunicações ou de plantão para apoio técnico. O SCS colocou com êxito dispositivos de intercepção nas seguintes instalações etiquetadas com estes nomes código: missão europeia na ONU (PERDIDO/APALACHEE), embaixada italiana em Washington DC (BRUNEAU/HEMLOCK); missão francesa na ONU (BLACKFOOT), missão grega na ONU (POWELL); embaixada da França em Washington DC (WABASH/MAGOTHY); embaixada grega em Washington DC (KLONDYKE); missão brasileira na ONU (POCOMOKE); e embaixada brasileira em Washington DC (KATEEL).

O Signals Intelligence Activity Designator "US3273" da NSA, com o nome código SILVERZEPHYR, é a unidade de recolha SCS localizada dentro da embaixada dos EUA em Brasília. Além de efectuar vigilância de redes de telecomunicações do Brasil, o SILVERZEPHYR também pode monitorar transmissões do satélite estrangeiro (FORNSAT) da embaixada e possivelmente outro, unidades clandestinas a operar fora da cobertura diplomática oficial, dentro do território brasileiro. Um tal ponto de acesso à rede clandestina encontrado nos documentos fornecidos por Snowden tem o nome código STEELKNIGHT. Há cerca de 62 unidades SCS semelhantes a operarem a partir de outras embaixadas e missões dos EUA por todo o mundo, incluindo aquelas em Nova Delhi, Pequim, Moscovo, Nairobi, Cairo, Bagdad, Cabul, Caracas, Bogotá, San José, Cidade do México e Bangkok.

Foi através da penetração clandestina de redes do Brasil, utilizando uma combinação de meios técnicos SIGINT e HUMINT, que a NSA foi capaz de ouvir e ler as comunicações da presidente Dilma Rousseff e seus conselheiros chefes e ministros, incluindo o ministro das Minas e Energia. As operações de intercepção contra este último foram delegadas ao CSEC, o qual deu à penetração do Ministério das Minas e Energia, bem como à companhia estatal de petróleo PETROBRÁS, o nome de código projecto OLYMPIA.

As operações RAMPART, DISHFIRE e SCIMITAR da NSA, visaram especificamente as comunicações pessoais de chefes de governo e chefes de Estado como Rousseff, o presidente russo Vladimir Putin, o presidente chinês Xi Jinping, o presidente equatoriano Rafael Correa, o presidente iraniano Hasan Rouhani, o presidente boliviano Evo Morales, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro indiano Manmohan Singht, o presidente queniano Uhuru Kenyatta e o presidente venezuelano Nicolas Maduro, entre outros.

A unidade especial SIGINT da NSA, chamada "Mexico Leadership Team" utilizou penetração semelhante na Telmex e Satmex do México para poder efectuar vigilância das comunicações privadas do actual presidente Enrique Peña Nieto e seu antecessor Felipe Calderon – a operação contra este último recebeu o nome de código FLATLIQUID. A vigilância pela NSA do Secretariado de Segurança Pública mexicano recebeu o nome de código WHITEMALE e deve ter utilizado colaboradores internos dado o facto de que alguns níveis de responsáveis mexicanos de segurança utilizam métodos de comunicação encriptados. O SCS certamente confiou em algumas pessoas de dentro bem colocadas monitoração das comunicações celulares de redes mexicanas num projecto secreto com o nome de código EVENINGEASEL.

Se bem que haja um certo número de medidas técnicas e contra-medidas que podem evitar a vigilância, pela NSA e os Cinco olhos, de comunicações de governos e corporações, uma simples ameaça e avaliação de vulnerabilidade concentrada no pessoal e na segurança física é a primeira linha de defesa contra os ouvidos e olhos itinerantes do "Big Brother" da América.

26/Outubro/2013

*Jornalista investigador, vive em Washington DC.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Petrobras e ética empresarial

Petrobras e ética empresarial

Argemiro Pertence

Ainda na esteira do leilão do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, é necessário voltar a uma velha questão: até quando o petróleo será aceito como fonte primária de energia em um mundo cada vez mais informado?

É muito evidente hoje a parceria entre a indústria do petróleo e a indústria construtora de veículos automotores. Uma produz e a outra consome e vice-versa. Este modelo tornou-se mais claro a partir do fim da Segunda Guerra Mundial e fez possível a recuperação de países arrasados pelo conflito, em especial na Europa Ocidental, Japão e EUA.

Do ponto de vista da engenharia, os motores desses veículos eram equipados com motores de muito baixo rendimento, algo como 25 ou 26%. Esperava-se, entretanto, que a pesquisa e o avanço tecnológico elevassem este rendimento, tornando esses motores mais eficientes e úteis. Não foi o que ocorreu: hoje, passadas sete décadas desde então, os veículos de passeio e de carga continuam sendo equipados com motores de muito baixo rendimento, sem qualquer ganho neste aspecto.

É claro que os veículos atuais mostram ganhos em tecnologia, em especial em relação à segurança, à redução de peso, à instrumentação embarcada, ao desempenho e ao conforto. Nada, porém, foi feito para reduzir a conta paga pelo combustível gasto.

Se levarmos em conta que cerca de 70% do petróleo refinado no mundo tem como destino os tanques desses veículos e que a frota de veículos equipados com esse tipo de motores no mundo tem crescido exponencialmente, a manutenção do baixo rendimento dos motores torna-se um bom negócio para a indústria do petróleo. Portanto, entrar neste imbroglio é, no mínimo, algo eticamente discutível.

A Petrobrás está envolvida neste negócio até o pescoço. No Brasil ela é a única fornecedora de combustíveis aos veículos aqui produzidos por uma dezena de empresas multinacionais produtoras de veículos equipados com motores à explosão de baixo rendimento.

No Brasil praticou-se o monopólio da União para as atividades ligadas à indústria petrolífera, exercido pela Petrobrás, empresa sob controle da União, de 1953 até 1997, salvo num breve período em que a ditadura implantou o que se conheceu como “contratos de risco” que em nada resultaram. No período de 1953 a 1973, a Petrobrás quase nada fez para tornar o país autossuficiente no suprimento de petróleo, cuidando somente de importá-lo, em vista de seus preços baixos no mercado internacional.

Em 1973, ocorreu o que se chama de “Primeiro Choque do Petróleo”, um conflito no Oriente Médio que fez o preço do barril de petróleo passar de US$ 3 para US$ 12 em questão de dias. Este evento fez a Petrobrás despertar e sair em busca de petróleo em nossa plataforma continental.

De início, os resultados foram modestos, mas foram crescendo com o tempo, culminando com a descoberta do pré-sal. Apesar do avanço na produção nacional de petróleo ao longo desse tempo, continuamos a importar petróleo, justamente para abastecer a frota de veículos dotados de motores ineficientes fabricados pelas empresas multinacionais aqui instaladas. O petróleo aqui produzido não é capaz de atender a distorção em nossa matriz de demanda excessivamente concentrada em gasolina e óleo diesel para contemplar automóveis, caminhões e ônibus.

A Petrobrás, que hoje tem 35% de seu capital total em mãos de instituições estrangeiras, importa petróleos mais leves e mais caros para refinar e exporta o nosso petróleo mais pesado e mais barato, tornando nossa balança comercial petrolífera deficitária em US$ 15 bilhões somente este ano. Toda esta manobra apenas para atender a frota de veículos.

Patriotismo à parte, quem muito se beneficia deste belo negócio são, afinal, as montadoras multinacionais de veículos aqui instaladas. Recebem, volta e meia, belos benefícios fiscais, exploram mão-de-obra barata e ainda remetem seus lucros para suas matrizes.

Fica óbvio que “o petróleo não é nosso” com Libra ou sem Libra.

Todo apoio à luta dos trabalhadores rurais na Paraíba!


Na última quinta-feira (24 de outubro) aconteceu uma reunião entre o governador do estado da Paraíba, Ricardo Coutinho, e trabalhadores rurais que integram a Via Campesina (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA, Movimento dos Quilombolas e Comissão Pastoral da Terra – CPT).

Na ocasião foi discutido a Pauta de Reivindicações do movimento, exigindo medidas efetivas que garantam a obtenção de terras para o assentamento de famílias acampadas em diversas localidades do estado e a estruturação dos assentamentos já existentes, com relação a condições para produção, obtenção e distribuição de água, financiamento de projetos, acesso à educação e à saúde.

O governador se comprometeu em manter uma agenda de discussões com os membros do movimento para viabilizar tais reivindicações, atitude diferente daquela apresentada no último dia 21 de outubro, onde cerca de 2500 manifestantes, ao ocuparem o centro administrativo do estado, exigindo uma audiência com o governador, foram recebidos pela polícia militar da Paraíba com balas de borracha, spray de pimenta e a tradicional violência promovida pelo Estado junto aos trabalhadores que lutam por seus direitos, repetindo a brutalidade dos aparelhos repressores junto à população que vem acontecendo em outras regiões do país nas últimas semanas.

Em carta aberta, a Via Campesina esclareceu à população que foram ínfimos os avanços para ver atendidas as demandas dos movimentos sociais que a compõem nos três anos de governo de Ricardo Coutinho, e lamentou a tentativa de criminalização das ações de reivindicação por parte do governo do estado e parte da imprensa local.

O que acontece na Paraíba de nada difere das ações do governo Dilma Roussef. Atendendo aos interesses do agronegócio em detrimento das demandas por uma Reforma Agrária pautada por estes movimentos sociais, no ano de 2013 não foi realizado nenhuma desapropriações de qualquer área para este fim por parte do governo federal. O governo do Partido dos Trabalhadores e de sua base aliada vem contribuindo, assim, para a acentuação das precárias condições dos trabalhadores do campo.

A agudização das contradições capital-trabalho só vem a reafirmar a necessidade de organização e luta dos trabalhadores como a alternativa para o enfrentamento de seus problemas. Como vem acontecendo nas áreas urbanas dos grandes centros, também se vê no campo um ascenso dos movimentos dos trabalhadores. Na Paraíba, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem organizando desde julho uma de suas maiores ocupações dos últimos tempos, o acampamento Wanderley Caixe, com cerca de 1600 famílias.

Mas como em toda a iniciativa de luta, não demorou muito para que as forças contrárias aos interesses dos trabalhadores tentassem coibir e abortar este processo, o que ficou evidente no último dia 05 de outubro. Na esteira das iniciativas de coerção dos acampados que vinham acontecendo em dias anteriores, foram identificados três elementos da polícia militar de Pernambuco que, a serviço do dono da usina Maravilha Curandi, dona da área onde se localiza o acampamento, alegando fazerem parte de uma empresa de segurança, armados coagiam os trabalhadores e procuravam identificar as lideranças do acampamento. Detidos pelos membros do movimento, foi iminente o confronto com as forças policiais que tentavam resgatar estes indivíduos. A solidariedade de muitos companheiros do estado impediu um desfecho trágico.
Em protesto e em defesa da legitimidade da luta camponesa, os trabalhadores acampados fizeram nos dias 14 e 15 de outubro uma marcha de 70 Km do acampamento até João Pessoa, contando com 2500 pessoas que, nestes dois dias, percorreram à pé a BR 101. Já na capital, após marcharem por alguns bairros da cidade, acamparam na sede do INCRA. No dia 16 foram realizada manifestações no centro administrativo do estado e em frente a Caixa Econômica Federal, fechando uma das principais avenidas da capital paraibana. Não obtendo respostas por parte das autoridades constituídas, foi organizada a ocupação de que se trata o início deste texto.

O PCB na Paraíba vem se solidarizar aos camponeses e aos membros do MST, repudiando toda e qualquer forma de criminalização dos movimentos sociais e da utilização da violência para coibir as mobilizações dos trabalhadores na luta por seus direitos, denunciando o atrelamento do Estado brasileiro aos interesses do capital em detrimento aos interesses da população, propondo-se contribuir com os processos ora em curso e aqueles que apontem para a emancipação da classe trabalhadora.

João Pessoa – PB, 31 de outubro de 2013.

Comitê Regional da Paraíba
Partido Comunista Brasileiro - PCB

Moniz Bandeira: O Brasil e as ameaças de projeto imperial dos EUA

A definição do Brasil como alvo de espionagem dos EUA não é de hoje, diz o historiador e cientista político Moniz Bandeira, em entrevista à Carta Maior.

Marco Aurélio Weissheimer

Arquivo

Em 2005, o cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira apontou em seu livro “Formação do Império Americano” as práticas de espionagem exercidas pelas agências de inteligência dos Estados Unidos. Uma prática que, segundo ele, já tem aproximadamente meio século de existência. Desde os fins dos anos 60, diz Moniz Bandeira, a coleta de inteligência econômica e informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de outros países, adversos e aliados, tornou-se uma prioridade do trabalho dessas agências.

Em seu novo livro, “A Segunda Guerra Fria - Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos – Das rebeliões na Eurásia à África do Norte e Oriente Médio”(Civilização Brasileira), Moniz Bandeira defende a tese de que os Estados Unidos continuam a implementar a estratégia da full spectrum dominance (dominação de espectro total) contra a presença da Rússia e da China naquelas regiões. “As revoltas da Primavera Árabe”, afirma o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que assina o prefácio do livro, “não foram nem espontâneas e ainda muito menos democráticas, mas que nelas tiveram papel fundamental os Estados Unidos, na promoção da agitação e da subversão, por meio do envio de armas e de pessoal, direta ou indiretamente, através do Qatar e da Arábia Saudita”,

Nesta nova obra, Moniz Bandeira aprofunda e atualiza as questões apresentadas em “Formação do Império Americano”. “Em face das revoltas ocorridas na África do Norte e no Oriente Médio a partir de 2010, julguei necessário expandir e atualizar o estudo. Tratei de fazê-lo, entre e março e novembro de 2012”, afirma o autor. É neste contexto que o cientista político analisa as recentes denúncias de espionagem praticadas pelos EUA em vários países, inclusive o Brasil.

A definição do Brasil como alvo de espionagem também não é de hoje. Em entrevista à Carta Maior, Moniz Bandeira assinala que a Agência Nacional de Segurança (NSA) interveio na concorrência para a montagem do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), pelo Brasil, e assegurou a vitória da Raytheon, a companhia encarregada da manutenção e serviços de engenharia da estação de interceptação de satélites do sistema Echelon. Na entrevista, o cientista político conta um pouco da história desse esquema de espionagem que, para ele, está a serviço de um projeto de poder imperial de proporções planetárias.

Moniz Bandeira defende que o Brasil, especialmente a partir da descoberta das reservas de petróleo do pré-sal, deve se preparar para defender seus interesses contra esse projeto imperial. “As ameaças existem, conquanto possam parecer remotas. Mas o Direito Internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar”, afirma.

Carta Maior: O seu livro "Formação do Império Americano" já tratava, em 2005, do tema da espionagem praticada por agências de inteligência dos Estados Unidos. Qual o paralelo que pode ser traçado entre a situação daquele período e as revelações que vêm sendo feitas hoje?

Moniz Bandeira: Sim, em “Formação do Império Americano”, cuja primeira edição foi lançada em 2995, mostrei, com fundamento em diversas fontes e nas revelações pelo professor visitante da Universidade de Berkeley (Califórnia), James Bamford, que o sistema de espionagem, estabelecido pela National Security Agency (NSA), começou a funcionar há mais de meio século. O objetivo inicial era captar mensagens e comunicações diplomáticas entre os governos estrangeiros, informações, que pudessem afetar a segurança nacional dos Estados Unidos, e dar assistência às atividades da CIA.

Com o desenvolvimento da tecnologia eletrônica, passou a ser usado para interceptar comunicações internacionais via satélite, tais como telefonemas, faxes, mensagens através da Internet. Os equipamentos estão instalados em Elmendorf (Alaska), Yakima (Estado de Washington), Sugar Grove (Virginia ocidental), Porto Rico e Guam (Oceano Pacífico), bem como nas embaixadas, bases aéreas militares e navios dos Estados Unidos.

A diferença com a situação atual consiste na sua comprovação, com os documentos revelados por Edward Snowden, através do notável jornalista Gleen Greenwald, que a espionagem é feita em larga escala, com a maior amplitude.
Desde os fins dos anos 60, porém, a coleta de inteligência econômica e informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de outros países, adversos e aliados,  tornou-se mais e mais um dos principais objetivos da COMINT (communications inteligence), operado pela NSA), dos Estados Unidos, e pelo Government Communications Headquarters (GCHQ), da Grã-Bretanha, que em 1948 haviam firmado um pacto secreto, conhecido como UKUSA (UK-USA) - Signals Intelligence (SIGINT). Esses dois países formaram um pool - conhecido como UKUSA - para interceptação de mensagens da União Soviética e demais países do Bloco Socialista, a primeira grande aliança de serviços de inteligência e à qual aderiram, posteriormente, agências de outros países, tais como  Communications Security Establishment (CSE), do Canadá, Defense Security Directorate (DSD), da Austrália e do General Communications Security Bureau (GCSB), da Nova Zelândia. Essa rede de espionagem, de Five Eyes e conhecida também como ECHELON -  só se tornou publicamente conhecida, em março de 1999, quando o governo da Austrália nela integrou o Defence Signals Directorate (DSD),  sua organização de  SIGINT.

Carta Maior: Qual sua avaliação a respeito da reação (ou da falta de) da União Europeia diante das denúncias de espionagem?

Moniz Bandeira: Os serviços de inteligência da União Europeia sempre colaboraram, intimamente, com a CIA e demais órgãos dos Estados Unidos. Os governos da Alemanha, França, Espanha, Itália e outros evidentemente sabiam da existência do ECHELON e deviam intuir que o ECHELON - os Five Eyes - trabalhasse também para as corporações industriais. As informações do ECHELON, sobretudo a partir do governo do presidente Bill Clinton, eram canalizadas para o Trade Promotion Co-ordinating Committee (TPCC), uma agência inter-governamental criada em 1992 pelo Export Enhancement Act e dirigida pelo Departamento de Comércio, com o objetivo de unificar e coordenar as atividades de exportação e financiamento do dos Estados Unidos. Corporações, como Lockheed, Boeing, Loral, TRW, e Raytheon, empenhadas no desenvolvimento de tecnologia, receberam comumente importantes informações comerciais, obtidas da Alemanha, França e outros países através do ECHELON.

O presidente Clinton recorreu amplamente aos serviços da NSA para espionar os concorrentes e promover os interesses das corporações americanas. Em 1993, pediu à CIA que espionasse os fabricantes japoneses, que projetavam a fabricação de automóveis com zero-emissão de gás, e transmitiu a informação para  a Ford, General Motors e Chrysler. Também ordenou que a NSA e o FBI, em 1993, espionassem  a conferência da Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC), Seattle, onde aparelhos foram instalados secretamente em todos os quartos do hotel, visando a  obter informação relacionada com negócios para a construção no Vietnã, da hidroelétrica Yaly. As informações foram passadas para os contribuintes de alto nível do Partido Democrata. E, em 1994, a NSA não só interceptou faxes e chamadas telefônicas entre o consórcio europeus Airbus e o governo da Arábia Saudita,  permitindo ao governo americano intervir  em favor da Boeing Co, como interveio na concorrência para a montagem do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), pelo Brasil, e assegurou a vitória da Raytheon, a companhia encarregada da manutenção e serviços de engenharia da estação de interceptação de satélites do sistema  ECHELON, em  Sugar Grove.

Carta Maior: Um dos temas centrais de seus últimos trabalhos é a configuração do Império Americano. Qual é a particularidade desse Império Americano hoje? Trata-se de um Império no sentido tradicional do termo ou de um novo tipo?

Moniz Bandeira: Todos os impérios têm particularidades, que são determinadas pelo desenvolvimento das forças produtivas. Assim, não obstante a estabilidade das palavras, o conceito deve evoluir conforme a realidade que ele trata de representar. O império, na atualidade, tem outras características, as características do ultra-imperialismo, o cartel das potências industriais, sob a hegemonia dos Estados Unidos, que configuram a única potência capaz de executar uma política de poder, com o objetivo estratégico de assegurar fontes de energia e de matérias primas, bem como os investimentos e mercados de suas grandes corporações, mediante a manutenção de bases militares, nas mais diversas regiões do mundo, nas quais avança seus interesses, através da mídia, ações encobertas dos serviços de inteligência, lobbies, corrupção, pressões econômicas diretas ou indiretas, por meio de organizações internacionais, como Banco Mundial, FMI, onde detém posição majoritária. As guerras, para o consumo dos armamentos e aquecimento da economia, foram transferidas para a periferia do sistema capitalista.

É óbvio, portanto, que o Império Americano é diferente do Império Romano e do Império Britânico. Ainda que informal, isto é, não declarado, os Estados Unidos constituem um império. São a única potência, com bases militares em todas as regiões do mundo e cujas Forças Armadas não têm como finalidade a defesa das fronteiras nacionais, mas a intervenção em outros países. Desde sua fundação, em 1776, os Estados Unidos estiveram at war 214 em seus 236 anos do calendário de sua existência, até dezembro de 2012. Somente 21 anos não promoveram qualquer guerra. E, atualmente, o governo do presidente Barack Obama promove guerras secretas em mais de 129 países. O Império Americano (e, em larga medida, as potências industriais da Europa) necessita de guerras para manter sua economia em funcionamento, evitar o colapso da indústria bélica e de sua cadeia produtiva, bem como evitar o aumento do número de desempregados e a bancarrota de muitos Estados americanos, como a Califórnia, cuja receita depende da produção de armamentos.

Ademais do incomparável poderio militar, os Estados Unidos também detém o monopólio da moeda de reserva internacional, o dólar, que somente Washington pode determinar a emissão e com a emissão de papéis podres e postos em circulação, sem lastro, financiar seus déficits orçámentários e a dívida pública. Trata-se de um "previligégio exorbitante", conforme o general Charles de Gaulle definiu esse unipolar global currency system, que permite aos Estados Unidos a supremacia sobre o sistema financeiro internacional.

Carta Maior: Qual a perspectiva de longo prazo desse império?

Moniz Bandeira: Os Estados Unidos, como demonstrei nesse meu novo livro “A Segunda Guerra Fria”, lançado pela editora Civilização Brasileira, estão empenhados em consolidar uma ordem global, um império planetário, sob sua hegemonia e da Grã-Bretanha, conforme preconizara o geopolítico Nicholas J. Spykman, tendo os países da União Européia e outros como vassalos. O próprio presidente Obama  reafirmou, perante o Parlamento britânico, em Westminster (maio de 2011) que a “special relationship” dos dois países (Estados Unidos e Grã-Bretanha), sua ação e liderança eram indispensáveis à causa da dignidade humana, e os ideais e o caráter de seus povos tornavam “the United States and the United Kingdom indispensable to this moment in history”. Entrementes, o processo de globalização econômica e política, fomentado pelo sistema financeiro internacional e pelas grandes corporações multinacionais, estava a debilitar cada vez mais o poder dos Estados nacionais, levando-os a perder a soberania sobre suas próprias questões econômicas e sociais, bem como de ordem jurídica.

O Project for the New American Century , dos neo-conservadores  e executado pelo ex-presidente George W. Bush inseriu os Estados Unidos em um estado de guerra permanente, uma guerra infinita e indefinida, contra um inimigo assimétrico, sem esquadras e sem força aérea, com o objetivo de implantar a full spectrum dominance, isto é, o domínio completo da terra, mar, ar e ciberespaço pelos Estados Unidos, que se arrogaram à condição de única potência verdadeiramente soberana sobre a Terra, de  "indispensable nation" e “exceptional”.

O presidente Barack Obama  endossou-o, tal como explicitado na Joint Vision 2010 e ratificado pela Joint Vision 2020, do Estado Maior-Conjunto, sob a chefia do general de exército Henry Shelton. E o NSA é um dos intrumentos para implantar a full spectrum dominance, uma vez que possibilitar monitorar as comunicações de todos os governantes tanto aliados quanto rivis. Informação é poder

Carta Maior: Qual o contraponto possível a esse império no ambiente geopolítico atual?

Moniz Bandeira: Quando em 2006 recebi o Troféu Juca Pato, eleito pela União Brasileira de Escritores "Intelectual do ano 2005", por causa do meu livro “Formação do Império Americano”, pronunciei um discurso, no qual previ que, se o declínio do Império Romano durou muitos séculos, mas  o declínio do Império Americano provavelmente levará provavelmente algumas décadas. O desenvolvimento das ferramentas eletrônicas, da tecnologia digital, imprimiu velocidade ao tempo, e a sua queda será tão vertiginosa, dramática e violenta quanto sua ascensão. Contudo, não será destruído militarmente por nenhuma outra potência. Essa perspectiva não há. O Império Americano esbarrondará sob o peso de suas próprias contradições econômicas, de suas dívidas, pois não poderá indefinidamente emitir dólares sem lastros para comprar petróleo e todas as mercadorias das quais depende, e depender do financiamento de outros países, que compram os bonus do Tesouro americano, para financiar seu consumo, que execede a produção, financiar suas guerras.

É com isto que a China conta. Ela é o maior credor dos Estados Unidos, com reservas de cerca US$ 3,5 trilhões, das quais apenas US$ 1,145 trilhão estavam investidos em U.S. Treasuries. E o  ex-primeiro-ministro Wen Jiabao  previu o “primeiro estágio do socialismo para dentro de 100 anos”, ao afirmar que o Partido Comunista persistiria executando as reformas e inovação a fim de assegurar o vigor e vitalidade e assegurar o socialismo com as características chinesas, pois “sem a sustentação e pleno desemvolvimento das forças produtivas, seria impossível alcançar a equidade e justiça social, requesitos essenciais do socialismo.”

Carta Maior: Na sua opinião, o que um país como o Brasil pode fazer para enfrentar esse cenário?

Moniz Bandeira: O ministro-plenipotenciário do Brasil em Washington, Sérgio Teixeira de Macedo, escreveu, em 1849, que não acreditava que houvesse “um só país civilizado onde a idéia de provocações e de guerras seja tão popular como nos Estados Unidos”. Conforme percebeu, a “democracia”, orgulhosa do seu desenvolvimento, só pensava em conquista, intervenção e guerra estrangeira, e preparava, de um lado, a anexação de toda a América do Norte e, do outro, uma política de influência sobre a América do Sul, que se confundia com suserania.

O embaixador do Brasil em Washington, Domício da Gama, comentou, em 1912, que o povo americano, formado com o concurso de tantos povos, se julgava diferente de todos eles e superior a eles. E acrescentou que “o duro egoísmo individual ampliou-se às proporções do que se poderia chamar de egoísmo nacional”. Assim os Estados Unidos sempre tenderam e tendem a não aceitar normas ou limitações jurídicas internacionais, o Direito Internacional, não obstante o trabalho de Woodrow Wilson para formar a Liga das Nações e de Franklin D. Roosevelt para constituir a ONU. E o Brasil, desde 1849, esteve a enfrentar a ameaça dos Estados Unidos que pretendiam assenhorear-se da Amazônia.

Agora, a situação é diferente, mas, como adverti diversas vezes, uma potência, tecnologicamente superior, é muito mais perigosa quando está em declínio, a perder sua hegemonia e quer conservá-la, do que quando expandia seu império. Com as descobertas das jazidas pré-sal, o Brasil entrou no mapa geopolítico do petróleo. As ameaças existem, conquanto possam parecer remotas. Mas o Direito Internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar. O Brasil, portanto, deve estar preparado para enfrentar, no mar e em terra, e no ciberespaço, os desafios que se configuram, lembrando a máxima “se queres a paz prepara-te para a guerra” (Si vis pacem,para bellum).

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Moniz-Bandeira-O-Brasil-e-as-ameacas-de-projeto-imperial-dos-EUA/6/29340
O jogo especulativo final

O jogo especulativo final

A "paralisação" do governo e o "incumprimento da dívida"

– uma benesse de muitos milhares de milhões para a Wall Street

por Michel Chossudovsky
 
A "paralisação" do governo dos EUA e o clímax financeiro associado a uma data limite, que pode levar a um "incumprimento da dívida" do governo federal, é uma oportunidade para a Wall Street ganhar dinheiro.

Uma onda de actividade especulativa varre os grandes mercados.

A incerteza em relação à paralisação e ao "incumprimento da dívida" constitui uma oportunidade de ouro para os "especuladores institucionais". Os que têm "informações privilegiadas" fidedignas no que se refere ao complexo resultado do processo legislativo poderão ganhar milhares de milhões de dólares em receitas excepcionais.

Benesse especulativa 

Surgem diversas agendas políticas e económicas sobrepostas. Num artigo anterior, examinámos a saga do incumprimento da dívida em relação à eventual privatização de importantes componentes do sistema do Estado federal .

Embora a Wall Street exerça uma influência decisiva na política e na legislação relativa à paralisação do governo, essas mesmas importantes instituições financeiras também controlam o movimento dos mercados de divisas, dos mercados de produtos e de acções através de operações em grande escala no comércio de derivativos.

A maior parte dos actores chave no Congresso dos EUA e no Senado, envolvidos no debate da paralisação, é controlada por poderosos grupos de pressão empresariais que agem, directa ou indirectamente, por conta da Wall Street. Os grandes interesses da Wall Street não só estão em posição de influenciar os resultados dos trabalhos do Congresso, como também têm "informação privilegiada" ou conhecimentos anteriores da cronologia e do resultado do impasse da paralisação do governo.

Vão poder fazer milhares de milhões de dólares de receitas excepcionais em actividades especulativas que são "seguras", visto que estão em posição de exercer a sua influência sobre resultados políticos relevantes.

Mas é preciso notar que há importantes divisões no seio do Congresso americano e no seio do establishment financeiro. Este último revela a confrontação e a rivalidade de importantes conglomerados da banca.

Estas divisões terão impacto nos movimentos e contra movimentos especulativos nos mercados de acções, de dinheiro e de produtos. Aquilo a que assistimos é uma "guerra financeira". E esta não se limita à Wall Street, as instituições chinesas, russas e japonesas (entre outras) também se vão envolver no jogo final especulativo.

Assim, as movimentações especulativas baseadas em informações privilegiadas podem seguir direcções diferentes. Que resultados do mercado é que as instituições bancárias rivais estão a procurar? Ter informações privilegiadas quanto às acções dos principais competidores da banca é um elemento importante para desencadear grandes operações especulativas.

Comércio de derivativos 

O principal instrumento de actividade especulativa "segura" para estes actores financeiros é o comércio de derivativos, com apostas cuidadosamente formuladas nos mercados de acções, de produtos principais – incluindo o ouro e o petróleo – e nos mercados cambiais de divisas.

Estes actores principais têm a possibilidade de saber "para onde vai o mercado" porque estão em posição de influenciar as políticas e a legislação no Congresso dos EUA assim como de manipular os resultados do mercado.

Mais ainda, os especuladores da Wall Street também influenciam a percepção do grande público nos meios de comunicação, para não falar das acções de correctores financeiros de instituições financeiras rivais ou menores que não têm conhecimento antecipado nem acesso a informações privilegiadas.

Estes mesmos actores financeiros estão envolvidos na dispersão de "desinformações financeiras", que assumem muitas vezes a forma de notícias nos meios de comunicação que contribuem para enganar o público ou para formar um "consenso" entre os economistas e os analistas financeiros que impulsionam os mercados numa determinada direcção.

Apontando para um inevitável declínio do dólar americano, os meios de comunicação servem os interesses dos especuladores institucionais para camuflar o que pode acontecer num ambiente caracterizado pela manipulação financeira e a interacção da actividade especulativa em grande escala.

O comércio especulativo envolve rotineiramente actos fraudulentos. Nas últimas semanas, os meios de comunicação têm estado inundados com "previsões" de diversos acontecimentos económicos catastróficos que se concentram no colapso do dólar, no aparecimento de uma nova divisa de reserva dos países BRICS, etc.

Numa conferência recente promovida pelo poderoso Institute of International Finance (IIF), uma organização de reflexão com sede em Washington que representa os bancos e instituições financeiras mais poderosos do mundo:
"Três dos banqueiros mais poderosos do mundo alertaram para as terríveis consequências no caso de os Estados Unidos não cumprirem a sua dívida ; o director executivo do Deutsche Bank, Anshu Jain, afirmou que o incumprimento seria "terrivelmente catastrófico".

Seria uma doença fatal, de contágio instantâneo,… não posso recomendar a esta audiência… que ponha um penso rápido numa ferida aberta", disse.

"O director executivo do JPMorgan Chase, Jamie Dimon e o presidente do BNP Paribas, Baudouin Prot, disseram que um incumprimento teria consequências dramáticas para o valor da dívida dos EUA e para o dólar, e provavelmente mergulharia o mundo noutra recessão". (…)

Na semana passada, Dimon e outros altos executivos de importantes empresas financeiras americanas reuniram com o presidente Barack Obama e com advogados para os instar a resolver estas questões.

No sábado, Dimon disse que os bancos já estão a gastar "quantidades enormes" de dinheiro a preparar-se para a possibilidade de um incumprimento que, segundo afirmou, ameaçará a recuperação global depois da crise financeira de 2007-2009.

Dimon também defendeu o JPMorgan contra as críticas que dizem que o banco é grande demais para se gerir. Está sob a vigilância de numerosos reguladores e na sexta-feira deu conta dos primeiros prejuízos trimestrais desde que Dimon assumiu o cargo, devido a mais de 7 mil milhões de dólares em protecção jurídica. (Emily Stephenson e Douwe Miedema, World top bankers warn of dire consequences if U.S. defaults | Reuters , October 12, 2013
O que estas afirmações económicas "de autoridades" pretendem criar é uma aura de pânico e de incerteza económica, apontando para a possibilidade de um colapso do dólar americano.

O que é retratado pelo painel do Instituto Internacional de Finanças (que são os líderes dos maiores conglomerados da banca mundial) equivale a uma análise de Economia Básica de ajustamento do mercado, que exclui negligentemente o facto conhecido de que os mercados são manipulados através do uso de sofisticados instrumentos de troca de derivativos. Ironicamente, os painéis de IIF estão envolvidos em valores de mercado rotineiramente retorcidos através do comércio de derivativos. O capitalismo do século XXI já não está baseado nos lucros resultantes dum processo produtivo da economia real, os ganhos financeiros inesperados são adquiridos em grande medida através de operações especulativas, sem a ocorrência de actividade da economia real, ao toque de um botão do rato.

A manipulação de mercados é feita segundo as ordens de executivos dos bancos mais importantes, incluindo os directores do JPMorgan Chase, do Deutsche Bank e do BNP Paribas.

Os "demasiado grandes para cair" são apresentados, nas palavras do director da JPMorgan Chase, Jamie Dimon, como as "vítimas" da crise de incumprimento da dívida quando, na realidade, são os arquitectos do caos económico, assim como os receptadores silenciosos de milhares de milhões de dólares do dinheiro roubado aos contribuintes.

Estes megabancos corruptos são os responsáveis por criar a "ferida aberta" a que se refere Anshu Jain do Deutsche Bank, em relação à crise da dívida pública dos EU.

Colapso do Dólar? 

Os movimentos de subida e descida do dólar americano nos últimos anos pouco têm a ver com as forças normais de mercado, ao contrário do que é afirmado pelas doutrinas da economia neoclássica.

As afirmações do director Jamie Dimon do JP Morgan Chase e do director Anshu Jain do Deutsche Bank fornecem uma compreensão distorcida do funcionamento do mercado do dólar americano. Os especuladores querem convencer-nos de que o dólar vai entrar em colapso, em linha com o mecanismo normal do mercado, sem reconhecer que os bancos "demasiado grandes para cair" têm a capacidade de provocar um declínio do dólar americano que, em certo sentido, impede o funcionamento normal do mercado.

A Wall Street tem, de facto, a capacidade de "encolher" a nota verde com vista a reduzir o seu valor. Também tem tido a capacidade, através do comércio de derivativos, de fazer subir o dólar. Estes movimentos de subida e descida da nota verde, por assim dizer, são o "alimento do canhão" da guerra financeira. Fazer subir o dólar americano e especular em alta, fazê-lo descer e especular em baixa.

É impossível prever o próximo movimento do dólar americano concentrando-nos unicamente na interacção das forças do "mercado normal" em resposta à crise da divida pública dos EUA.

Embora uma análise baseada nas forças do "Mercado normal" aponte inegavelmente para fraquezas estruturais no dólar americano enquanto divisa de reserva, isso não quer dizer que um dólar americano enfraquecido vá cair obrigatoriamente num mercado estrangeiro que está sujeito, rotineiramente, à manipulação especulativa.

Além disso, é de assinalar que as divisas nacionais de vários países profundamente endividados aumentaram de valor em relação ao dólar americano, sobretudo em consequência da manipulação dos mercados de câmbios estrangeiros. Porque é que as divisas nacionais de países literalmente esmagados por endividamento externo sobem em relação ao dólar americano?

O especulador institucional 

JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Bank America, Citi-Group, Deutsche Bank e outros: a estratégia dos especuladores institucionais é manter-se quieto nas suas "informações privilegiadas" e criar a incerteza através de notícias profundamente tendenciosas que, por sua vez, são usadas por corretores individuais para aconselhar os seus clientes individuais quanto a "investimentos seguros". E foi assim que as pessoas por toda a América perderam as suas poupanças.

Deve sublinhar-se que estes importantes actores financeiros não só controlam os meios de comunicação, como também controlam as agências de avaliação da divida, como a Moody's e a Standard and Poor.

Segundo a bíblia da economia neoclássica, o comércio especulativo reflecte o movimento "normal" dos mercados. Uma afirmação absurda.

Desde a revogação da Lei Glass-Steagall e a adopção da Lei de Modernização dos Serviços Financeiros em1999, a manipulação do mercado tende a relegar totalmente para segundo plano as "leis do mercado", levando a uma dívida em derivativos altamente instável de muitos milhões de milhões de dólares que inevitavelmente tem relevância no actual impasse do Capitólio. Este entendimento é agora reconhecido por sectores da análise financeira institucional.

Não há "movimentos normais de mercado". O resultado da paralisação do governo nos mercados financeiros não pode ser previsto tacanhamente aplicando uma análise macroeconómica convencional, que exclui totalmente o papel da manipulação do mercado e do comércio de derivativos.

O resultado da paralisação do governo sobre os principais mercados não depende das "forças normais do mercado" e dos seus impactos sobre os preços, taxas de juro e câmbios de divisas. O que tem que ser analisado é a interacção complexa das "forças normais do mercado" com um conjunto de instrumentos sofisticados de manipulação do mercado. Estes são uma interacção de operações especulativas em grande escala realizadas pelas instituições financeiras mais poderosas e corruptas, com a intenção de distorcer as forças de mercado "normais".

Vale a pena referir que imediatamente depois da aprovação da Lei da Modernização dos Serviços Financeiros em 1999, o Congresso dos EUA aprovou a Lei da Modernização dos Produtos Futuros de 2000 que, na sua essência, "isentava o comércio de produtos futuros da fiscalização reguladora".

Quatro das principais instituições financeiras da Wall Street são responsáveis por mais de 90 por cento do chamado risco de derivativos: J.P. Morgan Chase, Citi-Group, Bank America, e Goldman Sachs. Estes importantes bancos exercem uma influência omnipresente no comportamento da política monetária, incluindo o debate no seio do Congresso americano sobre o tecto da dívida. Estão também entre os maiores especuladores mundiais.

Qual é o jogo especulativo final por detrás da saga da paralisação e do incumprimento da dívida?

Predomina uma aura de incerteza. As pessoas por toda a América estão empobrecidas em resultado do corte de "direitos", podem ocorrer manifestações de protesto e conflitos civis. A Segurança Interna é o procedimento de imposição da lei interna militarizada. Ironicamente, cada um desses incidentes económicos e sociais, incluindo afirmações políticas e decisões do Congresso americano relativas ao tecto da dívida, as avaliações das agências de avaliação, etc, criam oportunidades para o especulador.

As grandes operações especulativas – alimentando-se de informações privilegiadas e de embustes – parecem vir a ocorrer rotineiramente nos próximos meses enquanto se desenrola a crise fiscal e de incumprimento da dívida.

O que é diabólico em todo este processo é que os principais conglomerados bancários não hesitarão em desestabilizar os mercados de acções, de produtos e de câmbios de divisas se isso for do seu interesse, nomeadamente como meio de se apropriarem de ganhos especulativos resultantes duma situação de perturbação e de crise económica, sem se preocuparem com o fardo social de milhões de americanos.

Uma solução – que pouco provavelmente será adoptada a não ser que ocorra uma importante viragem na política americana – seria cancelar toda a dívida de derivativos e congelar todas as transações de derivativos nos principais mercados. Isso ajudaria certamente a deter a carnificina especulativa.

A manipulação através do comércio de derivativos dos mercados de produtos alimentares básicos é especialmente perniciosa porque cria potencialmente a fome. Tem um efeito direto na vida de milhões de pessoas.

Tanto quanto nos lembramos, "o preço dos alimentos e de outros produtos começou a aumentar rapidamente [em 2006]… Foram lançados abaixo da linha da pobreza milhões de pessoas e irromperam motins por alimentos por todo o mundo em desenvolvimento, desde Haiti a Moçambique".

Segundo o economista indiano, Dr. Jayati Ghosh:
"Reconhece-se agora amplamente que a especulação financeira foi o factor principal por detrás da forte subida de preços de muitos produtos primários, incluindo produtos agrícolas, durante o ano passado [2011]… Até uma investigação recente do Banco Mundial (Bafis and Haniotis 2010) reconhece o papel desempenhado pela "financiarização de produtos" nas subidas e descidas dos preços, e assinala que a variabilidade de preços esmagou as tendências dos preços em produtos importantes". (Citado em Speculation in Agricultural Commodities: Driving up the Price of Food Worldwide and plunging Millions into Hunger By Edward Miller, October 05, 2011)
As subidas artificiais no preço do petróleo, que também são resultado de manipulação do mercado, têm um impacto geral sobre os custos de produção e de transporte mundiais que, por sua vez, contribuem para levar à falência milhares de pequenas e médias empresas.

O Big Oil, incluindo a BP e o Goldman Sachs, exerce um impacto global sobre os mercados de petróleo e de energia.

A crise económica global é cuidadosamente projectada.

O resultado final da guerra financeira é a apropriação da riqueza através do comércio especulativo incluindo a confiscação de poupanças, a apropriação descarada de activos da economia real assim como a desestabilização das instituições do Estado Federal através da adopção de medidas radicais de austeridade.
A carnificina especulativa liderada pela Wall Street não está apenas a empobrecer o povo americano, mas a afectar toda a população mundial.

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
PT = PSDB

PT = PSDB


O PT, principal partido da base do governo, e o PSDB, maior partido da oposição à presidente Dilma Rousseff, devem caminhar juntos, em 2014, na eleição estadual do Mato Grosso do Sul. A notícia vem do jornal Valor Econômico, que informa, ainda, que a a articulação da aliança está sendo operada pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), provável candidato petista para disputar o governo do Estado no próximo ano, e pelo deputado federal Reinaldo Azambuja, do PSDB, que aspira à vaga de senador .

A movimentação ajuda a colocar por terra a alegação, largamente usada nas campanhas eleitorais , de que há diferenças de fundo entre as duas legendas. PT e PSDB quase em nada divergem na condução da política econômica – de corte neoliberal – com direito a privatizações a granel e venda de riquezas nacionais para empresas estrangeiras. Os dois partidos têm a mesma postura quanto ao apoio total aos interesses dos grandes grupos econômicos privados e à retirada de direitos dos trabalhadores, entre muitas outras identidades.
O LEILÃO DE LIBRA E SUAS IMPLICAÇÕES

O LEILÃO DE LIBRA E SUAS IMPLICAÇÕES

Ronald Barata

Para o governo e seus acólitos, o leilão de Libra foi um grande sucesso. Apresentam números manipulados. Dizem que 85% do petróleo extraído irão para o governo. E a mídia privatista vem dando a maior cobertura. Vamos ver se é verdade o que Dilma e o camarada Lobão vêm apregoando. Antes, porém, algumas indispensáveis informações.

Foi um leilão com um só concorrente. A Shell, que não participava do consórcio, só associou-se na última hora, depois que o ministro Lobão anunciou o nome de engenheiro Oswaldo Pedrosa, para a presidência da PPSA-Pré Sal Petróleo S.A (estatal que controlará o pré sal). O Sr. Pedrosa, formado na Universidade Stanford na California-EUA, aposentado na Petrobras, é gerente executivo da empresa de petróleo HRT e foi diretor da ANP no governo FHC; quando começou a defender a privatização da PETROBRAS, o que faz até hoje. Para CEO, foi nomeado o Sr. Antonio Claudio Pereira da Silva, que é sócio na empresa Barra Energia do Brasil, do presidente João Carlos de Luca que é também presidente do IBP-Instituto Brasileiro de Petroleo, Gas e Biocombustíveis, que pertence a 200 empresas petrolíferas, a maior parte, estrangeiras. A Shell tem participação na Total, que é ramificação das petroleiras norte-americanas. Só topou entrar no negócio depois que esses senhores foram confirmados para a Diretoria da nova estatal.

Sobre a PETROBRAS - A União detém apenas 48% das ações. Os fundos de pensão têm 10% e o FGTS 3%. Dos 39% restantes, 31% estão no exterior. As estrangeiras têm 100% no exterior. Os softwares da Petrobras são feitos pela norte-americana Halliburton.

É claríssimo que foi tudo combinado: uma só proposta, para oferecer o preço mínimo; a entrada, na undécima hora, das duas europeias; 60% do campo passam a pertencer a quatro empresas estrangeiras; formas de remuneração altamente vantajosas para o consórcio.

A privatização desnecessária encontra duas explicações: A) o governo está querendo atrair capitais externos e quis dar um atestado de bom comportamento aos bancos internacionais. B) O superávit primário está em nível muito aquém do estabelecido pelo governo. O bônus de assinatura melhora, pois se destina a pagar juros da dívida.

No exacerbado início da campanha eleitoral já em curso, temos, até agora, três candidatos que defendem, flagrantemente, as políticas neoliberais e as privatizações. E as grandes empresas de mídia nem disfarçam essa posição. Por isso, apresentam com ufanismo o “sucesso” do leilão. A oposição liberal não tem vontade, nem moral, para desmascarar as mentiras governamentais.

Com empresas estrangeiras dominando 60% do maior campo petrolífero do mundo, apregoam que isso não é privatização. Pensam que o povo não sabe distinguir o azul do amarelo. Não é ledo engano. É má fé.
A Petrobras teve seu saldo de caixa, nos últimos anos, reduzido drasticamente. Passou de R$ 70 bilhões para seis a sete bilhões de reais. O alegado motivo que o governo apresenta por não ter feito o contrato de partilha com a empresa nacional, é falta de dinheiro. Então, como poderá desembolsar R$ 6 bilhões, sua parcela no bônus? E sangra o caixa da empresa, pois obriga-a-a vender a R$ 1,42 a gasolina que compra a R$ 1,72. É que, se aumentar o preço de venda, o PT perderá a eleição.

Se houvesse planejamento estratégico para médio e longo prazos, vultosos recursos poderiam ser direcionados para investimentos e para fortalecer o caixa da Petrobras. O governo destina recursos para obras do desnecessário trem bala, que poderia direcionar para a exploração do pré sal. O Tesouro paga DIARIAMENTE, R$ 2 bilhões de juros da dívida que não foi auditada. Apenas sete dias e meio desse pagamento dá os R$ 15 bi do bônus. Em pouco mais de quatro anos, o governo pegou empréstimos no mercado de R$ 400 bilhões, a juros em torno de 17%, e entregou ao BNDES que desperdiçou com empreiteiras (compraram empresas no exterior) e bancos que estavam falindo (Votorantin) a juros de 5,5 a 6%.

A REMUNERAÇÃO DO GOVERNO E DO CONSÓRCIO

Para pagamento dos custos de produção, 40% do óleo extraído ficam com o Consórcio. Os R$ 15 bilhões do bônus, serão deduzidos no pagamento de óleo/lucro. Os 15% referentes a royalties ficarão com o consórcio, que pagarão em dinheiro, não em óleo. Desses 55%, 60% irão para as quatro estrangeiras.

Portanto, a União receberá 41,65% dos 45% que sobraram, ou seja, equivalem a 18,72% do total do óleo extraído. Se a produção ultrapassar a 25 mil barris/dia, o consórcio pagará mais 3,41%. Logo, o total será 45,56% dos 45% que sobraram. Em outro cenário, se a produção for menor que 4 mil barris/dia, ou se o preço do barril baixar para menos de US$ 60, a União cederá ao Consórcio 31,72%. Ficarão então, apenas 9.93% (41,65-31,72). A União receberá entre 9.93% (9.93 x 45) e 45,56% (45,56 x 45) do óleo/lucro que é de 45%, ou seja, de 4,45% a 20,5% do total do petroleo extraído. O Consórcio ficará com 79,5% a 95,55% do petróleo extraído, sendo 40% para a Petrobras e 60% para as outras quatro.

Além do óleo recebido conforme acima, a União receberá, em dinheiro, royalties de 15%. E 25% de impostos.

Só chamando o Malba Tahan (O Homem que Calculava) para explicar os 85%. A Venezuela e todos os países exportadores, em contratos de partilha, ficam com 80% do petróleo extraído.

Se firmasse contrato de partilha exclusivamente com a Petrobras, o lucro e o óleo ficariam integralmente no Brasil. As multinacionais e os governos respectivos, para explorar o petróleo de outros países, mandam tropas, promovem guerras civis, enfim, utilizam a força, como no Iraque, na Libia etc. Aqui no Brasil, já atuam com desenvoltura no pos sal e agora entram no pré sal, com a ajuda das forças armadas que atuaram contra os poucos patriotas que protestavam contra a privatização.

Essa política foi implantada por Fernando Collor, continuada por FHC, por Lula e por Dilma que declarou que o pré  sal não seria privatizado.

obrigado

Em 22 de outubro de 2013-

RONALD SANTOS BARATA
Dados colhidos no sitio da AEPET-Associação dos Engenheiros da Petrobras e na página do Correio da Cidadania.