escrito por Eva Golinger
Uribe Vélez cumpre com o que ordena o império e agora ameaça com invasão militar o território venezuelano.
A expansão militarista dos Estados Unidos na região e sua estratégia de mobilidade global estão em processo de execução contra a Venezuela. A carta revelada pelo Presidente Chávez confirma os planos contidos em documentos do Pentágono desde 2009.
Caracas, 24 de julho 2010 – O Presidente Hugo Chávez denunciou, neste sábado, que os Estados Unidos planejam atacar a Venezuela e derrotar seu governo. Durante a celebração do nascimento do Libertador Simón Bolívar, Chávez leu uma carta secreta, recebida de uma fonte não revelada dos Estados Unidos.
“Velho amigo, faz anos que não o vejo. Como comentado, leia os três últimos comunicados que enviei. A ideia segue sendo a geração do conflito pelo lado ocidental”, leu Chávez do texto confidencial.
“Os últimos acontecimentos confirmam tudo. Parte discutiram por aqui. Outras informações me chegaram por cima”, continuou a carta.
“A fase de preparação da comunidade internacional, com ajuda da Colômbia, está em plena execução”, manifestou o texto, fazendo referência à sessão extraordinária na Organização dos Estados Americanos (OEA), quinta-feira passada. Durante a citada sessão, o governo da Colômbia acusou a Venezuela de apoiar “terroristas” e dar refúgio aos “acampamentos terroristas” em território venezuelano. O governo colombiano deu um “ultimato” de “30 dias” à Venezuela para permitir uma “intervenção internacional”. O Departamento de Estado também apoiou a posição da Colômbia e solicitou à Venezuela que “responda frente a esta informação 'comprovada e confirmada'”.
A carta continuou com mais detalhes: “Mandei dizer que os eventos tinham data-limite de 26 de julho, porém, por alguma razão, estão adiantando movimentos que eram para serem executados depois”.
“Nos Estados Unidos, se acelera a fase de execução com uma força de contenção até a Costa Rica, com o pretexto da luta contra o narcotráfico”.
Em 1º de julho passado, o governo da Costa Rica autorizou a entrada de 46 navios de guerra e 7 marines norte-americanos em seu território.
O verdadeiro objetivo desta mobilização militar, destacou o documento, é para “apoiar as operações militares” contra a Venezuela.
ASSASSINATO E DERRUBADA
“Há um acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos, que possui dois objetivos: um é Mauricio e o outro é o governo”, revelou o texto secreto. O Presidente Chávez explicou que “Mauricio” é o pseudônimo utilizado nestas comunicações.
“A operação militar esta acontecendo”, alertou o texto. Sobre a sua realização, “porém, os do norte não querem entrar diretamente em Caracas”.
“Estão caçando 'Mauricio' fora de Caracas. É muito importante. Repito: é muito importante”.
O Presidente Chávez revelou que recebeu comunicações da mesma fonte em ocasiões anteriores. As comunicações alertavam-no sobre ameaças perigosas. Recebeu uma carta da fonte dias antes da captura de mais de cem paramilitares colombianos nas periferias de Caracas. Esses paramilitares eram parte de um plano de assassinato contra o chefe de Estado venezuelano. Outra comunicação chegou semanas antes do golpe de Estado de abril de 2002. “A carta falou de franco-atiradores e do golpe”, explicou Chávez, “e tinha razão. A informação era verídica, porém não fomos capazes de atuar a tempo para prevenir a situação”.
EXPANSÃO MILITAR DOS EUA
Esta última revelação chega, justamente, depois da decisão de romper relações com a Colômbia. A medida foi tomada pelo Presidente Chávez após o “show” da Colômbia na OEA. “Uribe é capaz de qualquer coisa”, alertou Chávez, anunciando que o país está em alerta máxima e as fronteiras serão reforçadas.
Em outubro de 2009, Colômbia e Estados Unidos assinaram um polêmico acordo militar que autorizou Washington ocupar sete bases militares e o uso do território completo para executar suas missões militares. Uma das bases assinaladas no acordo, Palanquero, foi citada num documento da Força Aérea dos Estados Unidos, datado de maio de 2009, como necessária para “conduzir operações militares de amplo espectro” por todo o continente e para combater “a ameaça de governos anti-norte-americanos” na região.
Palanquero também foi considerada uma peça importantíssima para a mobilidade global do Pentágono, como foi destacado no Livro Branco: Estratégia de Mobilidade Global do Comando de Mobilidade Aérea, publicado em fevereiro de 2009. “O Comando Sul identificou Palanquero, Colômbia (Base Germán Olano SKPQ), como um lugar de cooperação em segurança (CSL na sigla em inglês). Deste lugar, quase a metade do continente pode ser alcançado por um C-17 sem ter que reabastecer”.
O orçamento de 2010 do Pentágono incluiu uma solicitação de 46 milhões de dólares para melhorar a instalação em Palanquero, para apoiar a “Estratégia de Postura de Teatro” do Comando Combatente, e “dar uma oportunidade única para operações de amplo espectro numa sub-região crítica de nosso hemisfério, onde a segurança e a estabilidade estão sob a constante ameaça de insurgências terroristas, governos anti-norte-americanos, a pobreza endêmica e os frequentes desastres naturais”.
O documento da Força Aérea de maio de 2009 também revelou que Palanquero seria utilizado para “incrementar nossa capacidade de conduzir operações de Inteligência, Reconhecimento e Espionagem (ISR na sigla em inglês), melhorar o alcance global (…) e aumentar a capacidade de guerra rápida”.
Em fevereiro de 2010, a Direção Nacional de Inteligência dos Estados Unidos classificou a Venezuela e o Presidente Chávez como “Líder Anti-norte-americano” na região, em seu informe anual de ameaças.
Os Estados Unidos também mantem duas bases de operações avançadas em Aruba e Curazao, a apenas alguns quilômetros da costa venezuelana. Durante os últimos meses, o governo venezuelano denunciou a intromissão não-autorizada de vários aviões não-tripulados (drones) e outras aeronaves estrangeiras em território venezuelano.
Ao mesmo tempo, documentos oficiais dos Estados Unidos recentemente tornados públicos, revelam que entre $40 a $50 milhões de dólares são gastos em financiamento de grupos e meio de comunicação anti-Chávez, para alimentar o conflito dentro do país, executar ações de desestabilização e subversão interna e promover modelos de opinião a nível internacional para justificar uma agressão contra a Venezuela.
Estas últimas revelações evidenciam que estão preparando um conflito sério, perigoso e não justificado contra a Venezuela; um país com uma democracia vibrante e as maiores reservas petroleiras do mundo.
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza
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