10 de novembro de 2011

O fascismo do século XXI

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Crédito: PRCC
Teodoro Santana*

As décadas dos anos 20 e 30 do século passado, anteriores a grande crise do capitalismo imperialista, foram também as do auge do movimento nazifascista. Na Itália, conquistaram o poder em 1922, após a Marcha sobre Roma encabeçada por Mussolini, que havia sido um dos dirigentes máximos do Partido Socialista Italiano. Na Alemanha, chegaram ao poder em 1933, implantando o III Reich. No Estado espanhol, depois do golpe militar de 1936, a Falange e suas organizações de massas se impuseram durante 40 anos.

Com a agudização da crise econômica do capitalismo de Estado e o perigo de revoluções socialistas, os capitalistas da época, patrocinadores de todos estes movimentos, buscavam apartar a classe operária e a as grandes massas do “bolchevismo”. Os nazifascistas não se apresentavam perante as pessoas como extrema direita, nem sequer como direita, afirmando não ser “nem de direita nem de esquerda”.

Todos eles diziam defender os trabalhadores. O partido nazista se chamava, nem mais nem menos, “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”. Na Espanha, a falange pregava a “revolução nacional sindicalista”. Seu discurso atacava o capitalismo e os bancos, apresentando-se como uma «terceira via» ou «terceira posição», oposta radicalmente tanto à democracia burguesa, cada vez mais questionada, como às organizações operárias, partidos e sindicatos de classe, que consideravam não representativos. Frente a estes se levantam as organizações do corporativismo italiano alemão ou o sindicato vertical espanhol.

Obviamente, os nazifascistas jamais fizeram outra coisa do que “melhorar” o capitalismo, e jamais questionaram a propriedade privada. E, muito menos, a oligarquia que criticavam da boca para fora, que de fato alimentavam.

Noventa anos mais tarde, uma nova crise econômica volta a fazer tremer os alicerces do capitalismo imperialista. E a oligarquia necessita outra vez desviar os assalariados de ideias e propostas que possam cobrar força pondo em perigo seu domínio de classe. Desta vez, sem dúvida, não esperemos ver camisas pardas, negras ou azuis. Os pequenos grupelhos neonazis, desprezados pelo povo como grupos de psicopatas, não são de grande utilidade.

Nessa mudança tática, voltamos a ver aqueles, que se aproveitando do descontentamento popular, procuram apartar a maioria de qualquer influência “bolchevique”. Dizendo estar contra o capitalismo, levantam reivindicações que não ponham em perigo o sistema. Trata-se de “reformá-lo”, de melhorá-lo “pacificamente”.

Que melhor válvula de escape do próprio sistema que uns protestos que não vão mais além e que acabam em si mesmos. Um mero descarrego que alivie a pressão sem propor um modelo alternativo de sociedade (o que requer ideologia e organização). Por isso, para os que não são tão “pacíficos”, lhes proíbem as bandeiras e os símbolos dos sindicatos e dos partidos revolucionários, chegando à agressão física a quem se atreva a expressar visualmente sua militância política.

Trata-se de substituir as mobilizações da esquerda anticapitalista, dos sindicatos e dos comunistas, frente aos que lançam as consignas de “nem partidos nem sindicatos”, “não nos representam”, etc. Tentaram na Grécia, porém chegaram demasiado tarde para desativar as mobilizações da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) e dos comunistas. O passo seguinte já conhecemos: atacar os trabalhadores e assassinar comunistas, como tem ocorrido recentemente em Atenas.

Trata-se, definitivamente, de manter as posições do capitalismo e respaldá-las com uma dissidência controlada, com “assembleias” (apenas para nomeá-las de alguma forma) manipuladas, e com uma potente máquina de propaganda, contando com o respaldo mistificador da imprensa burguesa e das multinacionais das redes sociais na Internet.

Basta perguntar quem está por trás, quem financia, quem sustenta. Certamente não são os que vivem de salário!

A trama é burlesca. Só a debilidade ideológica e política da esquerda anticapitalista explica o acoplamento ante esta nova forma de fascismo do século XXI, de anarco fascismo ou como queiramos denominá-lo. O erro bem intencionado de tentar conciliar com o monstro, de recuperá-lo eleitoralmente ou de pactuar com ele, só leva ao desastre.

*Teodoro Santana é membro do Comitê Central do Partido Revolucionário dos Comunistas das Canárias (PRCC)

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