15 de novembro de 2011

A Semana no Olhar Comunista - 0018

imagem


Quem vai pagar a conta de US$1 trilhão?

O destaque dessa semana em O Olhar Comunista é a falta de definição no G-20 sobre quem vai pagar a conta de US$ 1 trilhão para salvar o sistema financeiro global.

A idéia inicial da reunião era aumentar os fundos do FMI dos atuais US$300 bilhões em mais US$700 bilhões – alcançando a vergonhosa cifra de US$1 trilhão para irrigar o sistema financeiro. Sim, pois o dispêndio dessa quantia não está vinculado ao incremento do poder de compra das famílias nem na expansão dos direitos sociais pelo planeta, muito pelo contrário. A decisão de quem serão os “doadores” foi postergada para uma reunião de ministros das Finanças do G-20, “possivelmente no início de dezembro, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega”. Os governos representantes do capital encontram-se, assim, diante de uma sinuca de bico: como sangrar tantos recursos e manter sua fidelidade ao atual status quo sem provocar reações em seus “lares” – afinal de contas, é de se esperar que cada povo irá criticar de forma contundente medidas como essa.


União “nacional" ou de banqueiros?

Após o mercado dar seu “recado” de que não aceitaria um plebiscito, atreves do qual o povo grego provavelmente rechaçaria as propostas de “saneamento” de sua dívida, os setores conservadores do país, como office boys do capital, debatem quem será o representante do sistema financeiro a sentar na cadeira da presidência.

Até esta terça-feira, as fichas eram jogadas em Lucas Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e também do Banco da Grécia, portanto inequívoco gestor de uma saída que permita aos bancos continuarem a sangria dos direitos do povo grego.

Neste baile de máscaras, segundo o canal Skai, o novo gabinete será composto tanto com membros do atual governista partido Pasok (social-liberal) como pela Nova Democracia (oposição conservadora de direita). Numa jogada de puro marketing farsesco, o o partido opositor rejeitou a idéia para não passar aimpressão de que está envolvido na aplicação das duras políticas exigidas pelo acordo da Zona do Euro.


Na França, o mesmo dicurso...
O primeiro-ministro francês, François Fillon, anunciou cortes orçamentários de 7 bilhões de euros em 2012 e de 11,6 bilhões de euros em 2013, após o mercado financeiro fazer mais uma de suas já escancaradas chantagens sobre os governos através das agências de classificação de risco.
Afinal de contas, os cortes foram anunciados sob a desculpa de que visam “proteger o rating máximo "AAA" da França e evitar a pressão dos mercados financeiros, que agora está afetando a Itália”. Fillon, entretanto, foi mais explícito em suas verdadeiras intenções ao declarar que a meta é gerar mais 65 bilhões de euros até 2016 porque “era hora de o país dar as costas definitivamente a 30 anos de gastos excessivos”. Por gastos excessivos, leia-se os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários do povo francês.


... Que a dívida italiana mostra ser uma farsa

Assim como Grécia e França, a Itália também se vê envolvida numa profunda crise econômica, cujos “remédios” receitados pelo mercado são igualmente de profundos cortes orçamentários nas áreas sociais. Matéria desta terça-feira divulgada pela agênciaBloomberg, entretanto, desmascara a farsa: “os títulos da dívida da Itália ainda são, em tese, mais seguros e custam menos ao governo do país que os do Brasil”. Sim, o Brasil que vive “boa fase” na economia – sob a ótica liberal, óbvio.

Os títulos da dívida brasileira com resgate de 10 anos são negociados com juros anuais médios acima de 11%, quase o dobro dos 6,7% pagos pelo governo italiano. No Brasil, a dívida compromete 64,9% da economia, segundo números do FMI (Fundo Monetário Internacional). Na Itália, esse nível é de 121% do PIB (na Grécia é de 165%).

Isso significa que a economia italiana não está tão mal assim? Não. De fato a situação é bem ruim. Os números, porém, também reafirmam que os banqueiros internacionais ganham muito, mas muito mesmo, as custas dos direitos e do suor dos trabalhadores brasileiros. E que as agências de classificação de risco têm conseguido agir como profetas do apocalipse para conseguir acabar com o estado de bem estar social europeu.


Casamento em crise na UE

Esta é a chamada da matério de O Globo, de 6 de novembro, que analisa o risco de quebra da União Européia em face da enorme dívida - de cerca de 3 trilhões de Euros - acumulada por diversos países. O montante da soma da dívida de países como Grécia, Portugal, Itália e Irlanda supera o valor do PIB (Produto Interno Bruto) da Alemanha - de 2,5 trilhões de Euros em 2010 -, a maior economia da Europa.

Esta dívida põe em risco o próprio Euro - apenas 17 dos 27 países da União européia adotam esta moeda, compondo a chamada "zona do Euro". Além de metas não cumpridas - como a do limite para o déficit público, de 3% (A frança tem 7,1% e a Alemanha 4,3%, por exemplo), a moeda comum expõe a fragilidade das economias menores, que não têm como operar políticas monetárias próprias ou proteger sua produção interna, apresentando elevadíssimos índices de desemprego e ficando à mercê dos rumos ditados pelas economia centrais, que obtiveram os maiores ganhos com a unificação.

A UE foi criada ao final da "Guerra Fria" para avançar na união política do bloco capitalista europeu, atrair os ex-membros do CAME - o bloco econômico (e político) socialista, liderado pela União Soviética - e preparar um forte pólo político e econômico para enfrentar a disputa pelo mercado mundial. Internamente, predominou, na criação da União Européia e do Euro, a visão neoliberal, a "aposta" no livre mercado para a regulação e o impulsionamento do desenvolvimento econômico e social no continente.

O processo como um todo revela a tendência geral de concentração e centralização do capital, que tende a convergir para os pólos mais fortes, criando, mesmo num sistema integrado, regiões mais ricas e mais pobre. O novo contexto tem colocado a classe trabalhadora como ator fundamental do processo, reabrindo a discussão sobre alternativas para o desenvolvimento e a superação do desemprego e da perda de direitos sociais que vem ocorrendo em toda a região e colocando, no horizonte, a proposta socialista.


R$ 17,3 bilhões para a banca

O anúncio de que a desvalorização cambial (dólar 16,8% mais caro) “propiciou um alívio às contas públicas brasileiras”, nas palavras da mídia burguesa, esconde a notícia principal: em um único mês, o setor público fez superávit primário de R$ 8,1 bilhões (governo federal R$5,9 bilhões e estaduais R$2,2 bilhões). De juros, foram repassados aos financistas cerca de R$17,3 bilhões.

Nos primeiros nove meses do ano, governos federal, estaduais e municipais cumpriram 82% da meta de superávit para 2011 (R$127 bilhões). É muito dinheiro a financiar quem nada produz, enquanto os trabalhadores convivem com péssimos sistemas de educação, saúde, transportes e moradia!


IDH revela desigualdade

O abismo entre ricos e pobres pesa - e muito - no bem estar da população brasileira. Quando o IDH é ajustado pela desigualdade, o país perde 13 posições, ocupando a 97ª posição no ranking dos países. E, assim, o índice vai para 0,519 - redução de 27,7% sobre o indicador (0,718). Se fosse este o IDH brasileiro, o país cairia para o fim da fila do grupo de médio desenvolvimento. No ano passado, a desigualdade levou a país a perder 15 posições, com IDH perdendo 27,2%. No mundo, a desigualdade faz o IDH cair 23% e na América Latina, 26,1%. Nos países de desenvolvimento muito elevado, a perda é de 11,5%”.

Assim começa matéria de O Globo revelando que as “comemorações” pela elevação do país no ranking geral do IDH – de 85º para 84º – deveriam ser ainda mais envergonhadas do que foram. Segundo a ONU, a educação é fundamental para reduzir a desigualdade: "As tendências da distribuição de oportunidades de educação mostram um estreitamento das desigualdades em todo mundo, com aumento geral das matrículas e conclusões de estudo".

Para isso, devemos lutar. É que o mesmo estudo indica que a crise econômica é uma ameaça à redução da desigualdade: "Transferências compensatórios ou a tributação progressiva podem atenuar a desigualdade, enquanto que o corte das transferências para reduzir os déficits orçamentários podem fazer o oposto".

Lembra-se das primeiras notas desse Olhar? Pois é, a tendência nítida e clara é por mais desigualdade...


Em plena crise, surgem 1.642 novos milionários no Brasil

São 64.866 os ricos do Brasil (rico é quem tem mais de R$ 1milhão aplicado nos bancos), dos quais 1642 surgiram neste ano, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) publicados n'O Globo de 01/11. ) Os ricos possuem um total de 429,6 bilhões de Reais, 58 a mais do que no ano passado.

O aumento do número de ricos e do total de suas fortunas acontece em plena crise internacional e reflete a tendência - brutal - da concentração de renda, no Brasil e em todos os países capitalistas. Reflete também os ganhos adicionais derivados da vigência das políticas neoliberais de precarização das relações de trabalho e achatamento dos salários, além a própria crise, com a redução dos salários, e os ganhos as mais que muitos setores da economia recebem por conta da própria crise, que implica, por exemplo, em demissões e aumento da produtividade do trabalho.


Brasil importa alimentos: arroz, feijão, banana....

A matéria de O Globo, publicada em 06 / 11, mostra o aumento recente nas importações de alimentos pelo Brasil. Itens como feijão, carne vermelha laranja, banana e até mesmo o café estão entre os que mais cresceram no último ano.

É claro que, muitas vezes, devido a variações nas condições climáticas, faz-se necessário importar alimentos cuja safra interna tenha sido afetada, ou quando não há produção interna. Mas, no caso geral atual, o que pesa mesmo é a orientação agroexportadora da economia brasileira e a exposição - sem qualquer proteção, em muitos casos - ao mercado mundial: a expansão desenfreada das grandes plantações de soja, cana e outras commodities agrícolas reduziu muito as áreas anteriormente voltadas para a produção de alimentos para o consumo interno; as grandes redes de comercialização, por sua vez, compram de quem oferece o menor preço, no Brasil ou em outros países. Estes fatores - e mais a estagnação do processo de Reforma Agrária - fazem com que os micro e pequenos produtores se inviabilizem cada vez mais.

São as decorrências da estrutura capitalista que, hoje, prevalece no campo brasileiro, e da internacionalização da economia sob os marcos do neoliberalismo, cujos principais beneficiários são as grandes empresas privadas, hoje internacionalizadas.


Número de universitários dobra em 10 anos

De 3.060.113 alunos matriculados em 2001, o Brasil passou a ter 6.379.299 estudantes universitários em 2010. Os números, do MEC, mostram ainda que os estudantes das Instituições públicas era de 1.643.298 em 2010, contra 944.588 em 2001. O total de jovens estudando no nível superior corresponde a 17,4 % dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos.

O crescimento foi significativo. No entanto, alguns outros dados chamam a atenção: do total de estudantes, cerca de 15% fazem seus estudos à distância; apenas 15,7 % estudam em instituições públicas; a maioria dos estudantes está concentrada no Sudeste e no Sul do país. Mais ainda, é fato conhecido que a maior parte das instituições privadas oferecem cursos de baixa qualidade, concentrados em poucas áreas do conhecimento, não têm atividades de pesquisa e extensão e são caras - além de serem financiadas, em grande medida, com dinheiro público, por meio do programa Prouni.

O número de universitários no Brasil é muito baixo, sendo inferior, em termos relativos, ao da maioria dos países vizinhos da América do Sul. A dimensão do sistema público é muito reduzida - mais ainda nos que diz respeito a cursos noturnos -, o que impossibilita muitos e muitos jovens de ter acesso a uma formação de nível superior. E devemos lembrar que uma parte significativa desta expansão recente se fez de forma precarizada, no contexto do programa Reuni.

O crescimento da Universidade brasileira é uma necessidade imperiosa. precisamos de uma Universidade pública, gratuita, democrática, de alta qualidade, voltada, em suas ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, para o desenvolvimento com justiça social, para a resolução dos problemas que afligem a grande maioria da população brasileira - uma Universidade Popular.

Postagens relacionadas

A Semana no Olhar Comunista - 0018
4/ 5
Oleh

Assine via e-mail

Por favor inscreva-se para receber as ultimas postagens no e-mail.