6 de dezembro de 2011

DECLARACAO PÚBLICA DAS FARC-EP

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Crédito: ANNCOL Brasil
Nas FARC-EP lamentamos profundamente o trágico desenlace do demencial intento de resgate ordenado pelo governo colombiano o dia 26 de novembro no Departamento do Caquetá. Ao mesmo tempo, que estendemos nosso sentimento de pesar para as famílias do Sargento Libio José Martínez, Coronel Edgar Yezid Duarte, o Major Elkin Hernández e o intendente Álvaro Moreno, denunciamos, também, ante a opinião nacional e mundial que tal feito obedeceu ao prepotente e desumano afão do Presidente Santos e do alto mando militar de impedir sua iminente liberação unilateral. Para eles a morte esta primeiro que a vida!

A Senadora Piedad Córdoba e o importante grupo de personalidades femininas de todo o mundo que nos solicitara uma entrega unilateral em carta que recebemos em agosto de 2011, podem dar fé de nossa resposta positiva, em carta que já havia sido aprovada pelo Secretariado, em vida do Camarada Alfonso Cano e que anexamos a esta. O cuidado necessário exigido aos contatos encarregados de ajudar na entrega, foi acompanhado da ordem do traslado dos prisioneiros de guerra ate o possível lugar que em seu momento se indiciaria. A carta estava a ponto de ser entregue.

A morte em combate do Camarada Alfonso Cano não podia frustrar nosso proposito de chegar a um acordo de troca de prisioneiros de guerra, tal e como ele o concebia. Correios nesse sentido repousavam nos arquivos tomados pelo exercito nessa operação. Mais que evidente como o governo e o alto mando militar, com base nessa informação buscaram frustrar a gestão humanitária e seus possíveis efeitos. O mundo conheceu os resultados. Para ocultar a felonia de Juan Manuel Santos foi montada uma mega operação desinformadora contra nós. Em nosso país, a mentira oficial há muito tempo foi convertida em politica de Estado.

Catorze anos não foram suficientes para que a oligarquia colombiana se preocupara, ao menos um instante, pela sorte de soldados e policiais que entregam sua vida, sua integridade ou sua liberdade por defender-lhes suas imensas riquezas. Perto de oitocentos guerrilheiros e mais de sete mil e quinhentos lutadores sociais, são sometidos a infames tratos nos cárceres do regime e do Império.

Dialogar sobre um acordo que permita a troca de prisioneiros e abra as comportas para a paz é uma necessidades histórica para Colômbia.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 28 de novembro de 2011

CARTA ABERTA

Piedad Córdoba, Colombianas e colombianos pela paz,

Lucía Topolanski Senadora de Uruguay, Jody Williams Premio Nobel de Paz 1997, Elena Poniatowska Amor Escritora mexicana, Alice Williams Escritora afroamericana e feminista. Premio Pulitzer a obra de ficão em 1983 pela novela A cor púrpura, Mirta Baravalle Presidenta das Madres da Praza de Maio, Isabel Allende Escritora e Senadora Chilena, Danielle Miterrand, França , Rigoberta Menchú Premio Nobel de Paz, Socorro Gómez Presidenta do Conselho Mundial pela Paz, Hermana Elsie Mongue, Ángela Jeira

Caras amigas, da paz e da solução politica dos conflitos: Em nome do Secretariado das FARC-EP, recebam nossa cordial saudação.

Confiantes em que a libertação de prisioneiros de guerra, como resultado de um acordo entre as partes contendentes, pode enveredar a nação pelo caminho da solução politica, respondemos hoje sua missiva do mês de agosto.

Concordamos com vocês no sentido de que o conflito armado colombiano tem profundas causas sociais, econômicas e politicas. Essas causas devem ser aceitas, discutidas e convertidas no inicio da superação definitiva do conflito. Compartimos igualmente que a paz da Colômbia está ligada a paz da região e que, ademais, é um anseio universal. Não permitiremos que se nos escape essa oportunidade para reiterar através de vocês, nossa disposição de dialogar com o Estado, de cara ao pais, com miras a um futuro de paz. Desde logo, aceitamos a disposição e apoio de vocês para contribuir na busca desse nobre proposito.

Nos solicitam na sua carta um novo gesto de libertação unilateral de prisioneiros de guerra. Tudo bem. Mas, gostaríamos de compartir algumas reflexões sobre esse tema:

Seria justo que apelando ao exercício da ração, do direito e a ética no tratamento do problema, não se invisibilizara os guerrilheiros presos. São ao redor de 800. A dor não é somente dos familiares dos prisioneiros em poder nosso. O humanitarismo deve olhar sempre com seus dois olhos.

Durante o governo de Ernesto Samper liberamos unilateralmente, em Cartagena do Chairá, 80 prisioneiros de guerra. No quatriênio de Andrés Pastrana, logo da assinatura de um acordo humanitário, liberamos 47 militares e policiais, em troca de 13 guerrilheiros. Imediatamente, com a esperança de gerar um meio ambiente propicio para consolidar o mecanismo da troca, deixamos em liberdade em La Macarena e em Urabá, sem receber nada em troca, 305 soldados e policiais que tínhamos capturado em vários combates. Mais recentemente, durante o governo de Uribe, graças a gestão humanitária do presidente da Venezuela, Hugo Chavez, e da Senadora Piedad Córdoba. Liberamos, também, de maneira unilateral, alguns senadores, Deputados Federais e Vereadores e, mais um grupo de militares e policiais. O certo é que nunca houve reciprocidade por parte do governo da Colômbia. A disposição das FARC nesse sentido tem sido diáfana. Não admite discussão nem questionamentos. Continuamos esperando o memento propicio para pactar com o Estado colombiano uma troca de prisioneiros de guerra.

A realidade é dura. Quando no Meio Oriente o Estado sionista de Israel libera mais de 1.000 prisioneiros palestinos a cambio de um só de seus soldados, o governo da Colômbia tem virado as costas durante 13 anos aos seus. Aqui há uma indolência infinita com o sentimento dos familiares dos soldados prisioneiros, mas também, um despreço pela sorte de uns homens que pondo em risco sua vida, como ninguém, foram presos em combate defendendo os interesses de quem hoje os esquecem.

A logica indica que um acordo de paz na Colômbia deveria estar antecedido por uma troca de prisioneiros entre as partes contendentes porque, sem duvida, um evento desse tipo abriria a senda do entendimento e do fim da guerra, do conflito social e armado que se prolonga por seis décadas, devido a intransigência estéril dos governos. Se deve colocar ponto final a uma larga historia de violência institucional, de despojo violento, de paramilitarismo, desaparições forçadas, chacinas, “falsos positivos”, covas comuns, exclusão, imposições neoliberais e manipulação da opinião. Pedimos que todas as mulheres pacifistas do mundo representadas por vocês atuem e estendam suas mãos solidarias para o povo da Colômbia.

Lhes sugerimos que dirijam sua mirada sobre a situação de centenas de guerrilheiros presos e uns 7.500 cidadãos encarcerados pelas suas ideias, como resultado da criminalização da oposição política e a protesta social; a maioria deles acusados de terrorismo e de outros delitos que tratam de ocultar o caráter político de sua causa e sometidos a condições infra-humanas de reclusão, desrespeito de sua dignidade, violação de seus direitos humanos, superlotação nos carceres e, torturas; políticas acentuadas pela ingerência do buro federal de prisões dos Estados Unidos. Lhes pedimos analisar a possibilidade de se constituir em Comissão, ou gestionar a conformação de uma Comissão Humanitária que visite os cárceres da Colômbia e constate a veracidade da denuncia. Intercedemos, igualmente, pelos presos sociais, pelos que quase ninguém fala, para protestar pelas condições degradantes de sua reclusão.

Lhes solicitamos considerar, como assunto crucial para aclimatar a convivência, o estudo de fórmulas que permitam a repatriação e liberação de Simón Trinidad, Sonia e Iván Vargas, guerrilheiros das FARC prisioneiros do Império, extraditados aos Estados Unidos pelo rancor e a retaliação de um ex-presidente desquiciado. Sua extradição, sustentada em montagens jurídicas urdidos por Uribe Vélez, a inteligencia militar e o ex Fiscal Osorio, foi uma flagrante violação de claras disposições constitucionais. Simón Trinidad tem sido condenado a 60 anos de prisão por uma causa alheia aquela pela qual foi extraditado. Nossa voz de alento para esses três rebeldes farianos, que padecem um infame e prolongado cativeiro neocolonial.

Nos permitimos reiterar-lhes, distinguidas cidadãs do mundo, nossa mensagem de irrenunciável decisão de continuar e elevar a novos níveis a luta pela liberdade dos prisioneiros de guerra e dos presos políticos.

Como um novo ato humanitário que respalda a presente carta, anunciamos a liberação de 6 prisioneiros dos que permanecem em nosso poder, os quais serão entregues as firmantes da missiva que hoje respondemos, encabeçadas pela insigne dirigente política colombiana, Senadora Piedad Córdoba previa precisão dos protocolos de segurança. Esta foi a determinação do Comandante Alfonso Cano dias antes de tombar em combate.

¡Viva a memoria do Comandante Alfonso Cano!

Com sentimentos de respeito e admiração.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, novembro de 2011.

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