4 de junho de 2014

A Copa é Visibilidade, o Capitalismo a Realidade a ser Enfrentada




Antonio Jorge Braga*
Muito tem se falado dos gastos da copa do mundo que ultrapassam os 30 bilhões. Além dos gastos exorbitantes, o que é mais questionável é o modelo de Copa que se busca. Daí a reflexão: Copa pra quem? As manifestações contrárias aos gastos de um evento elitista, excludente para a gigantesca maioria da população, enquanto notamos o descaso com as pautas populares históricas é mais que justificativa para a população tomar as ruas e exigir saúde, educação, moradia e transporte de qualidade, aproveitando a visibilidade dos mega-eventos, a cobertura midiática nacional e internacional para os nossos problemas crônicos.
O caso do Maracanã é o que melhor exemplifica a revolta popular. Construído com dinheiro público para a Copa do Mundo de 1950, remodelado no início do século XXI, foi praticamente refeito para a Copa do Mundo de 2014 por cifras da ordem de 1,4 bilhão. Após a reforma bilionária custeada por recursos públicos, o governo estadual concedeu sua exploração à iniciativa privada. Socializadas às despesas da reforma, todo lucro será privatizado, entregue aos grandes capitalistas. Nesta reforma autoritária, não se respeitou nada, nem ninguém, muito menos o valor histórico do monumental estádio. Passaram por cima do tombamento do IPHAN, quebraram a cobertura do estádio, acabaram com o anel superior e toda estética do velho Maraca, transformando o Maracanã em mais um estádio padrão FIFA, igual a tantos outros, perdendo sua identidade própria e características originais, um desrespeito à sua história.
Tudo isso é verdade, e os gastos e o modelo da Copa devem e serão criticados, mesmo com a militarização e o gasto de 2 bilhões com “segurança pública” para apontar fuzis e armas “não letais” para quem ousa contestar. Entretanto, é necessário avançar. Afinal, daqui a um mês não teremos Copa, nem a visibilidade da grande mídia. E agora José? Que fazer? Quem será a vitrine dos protestos? Quem culparemos por nossa miséria ancestral? O capitalismo, claro. É necessário avançar nestas manifestações demonstrando que a Copa não é se não um pequeno nicho de mercado para a exploração do capital, uma luta dos acontecimentos, não conjuntural e muito menos estrututral. O capitalismo nos rouba cada respiro que damos neste mundo.
Nesse sentido, nunca é demais relembrar que somos roubados em 250 bilhões por ano com o pagamento dos juros da dívida pública brasileira. Pagos efetivamente com cerca de 100 bilhões com recursos próprios, provenientes de superávit primário (em outras palavras, dinheiro público oriundo dos impostos pagos por todos os brasileiros, que deixam de ser investidos em saúde, educação, moradia, infraestrutura, etc). Mas e aí? E os outros 150 bilhões de onde vem pra fechar esta conta? Ah, de novos empréstimos, é a rolagem da dívida, para delírio e empolgação dos grandes capitalistas financeiros, parasitas do povo, que seguem amando o governo Dilma, como amariam de igual modo o governo Aécio ou Campos.
Então que se combata a Copa, que se avance e que se combata o capital, os credores da dívida pública e a classe política que age em favor da ordem capitalista.
Dinheiro Público pra quem? Para o povo! A riqueza gerada pelo trabalhador deve ficar com o trabalhador.
*Antonio Jorge Braga é professor e Secretário Político do PCB-Teresópolis
http://pcbteresopolis.blogspot.com.br/2014/06/a-copa-e-visibilidade-o-capitalismo.html

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