
Segunda-feira, 07 de Setembro de 2009.
O Dr. Martín Almada enviou uma nota ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, expressando a necessidade de se abrirem os arquivos secretos da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870): "abrir esses documentos - ilustrou - será de vital importância, neste momento em que o bicentenário da independência paraguaia está prestes a acontecer, pois é de grande significação que o Paraguai disponha de todos os fragmentos de sua História, para conhecer, refletir e assumir o seu passado".
Pergunto se a atitude dos responsáveis pela negativa em entregar esse formidável legado se deve à mesquinhez ou ao temor ou a ambos, pois que outra motivação racional pode ser alegada? Talvez algum rancor escondido explique, por não terem conseguido enterrar o passado glorioso de uma experiência emancipatória guaranítica.
Eis aqui, precisamente, o ponto da questão: o povo brasileiro deve exigir essa justa devolução dos "prêmios" e documentos históricos, de legítimo patrimônio paraguaio, às suas autoridades de direito, para iniciar o seu próprio processo de libertação histórica de um passado que os ofende em demasia.
O exército brasileiro perseguiu implacavelmente, e beirando a loucura, às tropas extenuadas do Marechal Francisco Solano López, e num ato de extrema covardia encurralaram e assassinaram a este homem símbolo de uma nação independente e autônoma… livre dos grilhões estrangeiros que oprimem o seu destino!
Logo depois…o despojo, o confisco de bens, e o desaparecimento de documentos contendo o pensamento, a visão e o porvir venturoso planejado a partir de vontades comuns.
Quantas mentiras e calúnias se levantaram, com a inútil pretensão de apagar da face da terra tanto heroísmo e laboriosidade coletiva de um povo que construiu uma sociedade moderna e dinâmica, baseada na igualdade em direitos!
Os atuais padecimentos, derivados de uma estrutura política da qual o povo paraguaio é consciente, encontram a sua origem inequívoca nesse despojo inicial e no posterior atrelamento de um poder oligárquico conservador e reacionário com seus pares brasileiros.
Insisto, o povo brasileiro não merece tanto escárnio, tanta vergonha em seu processo histórico, perpetuando as pesadas cargas de tal depredação feita por sujeitos ultrajantes, e às escondidas do povo. Ele merece a irmandade latinoamericana, merece o abraço de confraternização.
Os integrantes da Tríplice Aliança em sua genocida guerra contra o Paraguai Independente, acaso encontraram no Paraguai uma nação submetida ao jugo ditatorial como o que eles mesmos possuíam em suas respectivas repúblicas nascentes [e por nascer]? Encontraram uma próspera república, em realidade, o mais moderno desenvolvimento socioeconômico e tecnológico que se conhecia nestes tempos.
Um povo feliz e laborioso, profundamente entrelaçado com as suas autoridades, disposto a os seguir até a morte, como o fez, é o que encontraram as milícias mercenárias invasoras em solo livre e venturoso.
Ao retardar o que inevitavelmente terá que acontecer, a entrega de "todos os fragmentos da história paraguaia para conhecer, refletir e assumir o seu passado", fortalece-se o desejo e expande-se globalmente essa reivindicação legítima.
Necessitamos resgatar a história, tal como se deram os fatos, mas sobretudo o porquê ocorreram tais acontecimentos para configurá-los em uma proposta pedagógica desde um critério rigorosamente ético, dinâmico e profundamente libertário, que leve às escolas - primária, secundária e universitária - um olhar que desvele os verdadeiros fatores responsáveis pela interrupção de uma experiência baseada em mudanças sociais, econômicas, jurídicas e políticas.
Então, já é tempo de satisfações, brasileiros Recuperem vossa honra, devolvam ao Paraguai os seus documentos históricos!
Em fraternidade, um abraço cooperativo!
[*] "cooperário", professor do ensino primário, técnico em cooperativismo e licenciado em administração
(tradução de Rodrigo Oliveira Fonseca)
BRASILEIROS: RECUPEREM A VOSSA HONRA, DEVOLVAM AO PARAGUAI OS SEUS DOCUMENTOS HISTÓRICOS! - Por: José Yorg [*]
4/
5
Oleh
Kaizim