20 de fevereiro de 2011

Militante do PCB é espancado pela polícia de SP

PM reprime protesto contra o aumento das tarifas

Um jovem foi espancado e preso por policiais ao tentar proteger a vereadora Juliana Cardoso (PT) de uma agressão

18/02/2011

Michelle Amaral
da Redação

O sexto protesto do ano contra o aumento das tarifas dos ônibus municipais em São Paulo, ocorrido nesta quinta-feira (17) foi violentamente reprimido pela Polícia Militar. A manifestação foi realizada em frente à prefeitura, no centro da capital paulista, e teve início às 17h.
A PM não divulgou informação sobre detidos e feridos entre os manifestantes, apenas que cerca de 400 pessoas participaram do protesto e um policial teve ferimentos leves.
No entanto, o Movimento Passe Livre, que encabeça as ações contra o aumento das passagens em São Paulo, afirma em nota que participaram da manifestação em torno de mil pessoas. Alguns estudantes ficaram feridos por balas de borracha.
Para dispesar a manifestação, a PM utilizou gás lacrimogênio, bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha. Além dos estudantes, três vereadores do PT – Antonio Donato, José Américo e Juliana Cardoso -, saíram feridos do confronto com a polícia. “Eu, os vereadores Zé Américo e Juliana fomos agredidos por policiais sem identificação, vamos representar contra o comandante da tropa de choque [Amarildo Garcia]”, disse o verador Antonio Donato em seu Twitter.
O assistente social Vinícius Figueira, que participava do protesto, ao tentar proteger a vereadora Juliana de uma agressão, acabou sendo espancado e preso pelos policiais. “Ele tinha acabado de chegar na manifestação, fazia uns 20 minutos. E, no que ele foi proteger a vereadora Juliana, vieram os policiais em cima dele”, conta Vanessa Faro, esposa de Figueira. Ela relata que o esposo foi agredido por oito policiais e teve o nariz quebrado, além de várias lesões pelo corpo.
Figueira foi levado algemado pela PM ao Hospital do Servidor Público Municipal, onde aguarda até o momento por uma cirurgia no nariz. “Ele está no corredor do hospital desde ontem, por volta das 19h30”, afirma a esposa do assistente social.
Segundo Faro, os médicos do hospital haviam informado que não disponibilizam de equipe para fazer a cirurgia de Figueira. No entanto, com a pressão exercida por advogados que dão apoio ao assistente social, os médicos disseram que a cirurgia será realizada ainda nesta sexta-feira (18).
Figueira é servidor público, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e mestrando em Serviço Social pela Pontífica Universidade Católica (PUC) de São Paulo.
O protesto em frente à prefeitura havia sido agendado na semana passada e faz parte da jornada contra o reajuste das tarifas, em vigor desde o dia 5 de janeiro. O primeiro protesto do ano, realizado no dia 13 de janeiro, também foi duramente reprimido pela PM e resultou em 30 estudantes detidos e 10 feridos.

Reunião
Estava agendada para a manhã desta quinta-feira uma reunião sobre o valor das passagens com militantes do MPL e representantes do Executivo, no Museu do Transporte, zona norte da capital. Mas, segundo o MPL, nenhum representante da prefeitura compareceu.
A reunião foi acertada durante uma audiência pública, no último sábado (12), na Câmara dos Vereadores. Na audiência estiveram presentes militantes do MPL, estudantes, vereadores e secretário de Transportes, Marcelo Cardinale Branco.
Os militantes seguiram para a Secretaria Municipal de Transportes. Lá, foram recebidos pelo secretário-adjunto de Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado, que afirmou considerar remota a possibilidade de revisão do reajuste. Conforme o movimento, Machado informou que o aumento das passagens foi uma decisão política da administração municipal, e não técnica.
Após terem recebido a informação do secretário-adjunto, seis militantes resolveram se acorrentar às catracas no saguão da prefeitura. Eles chegaram ao prédio ao meio dia e só puderam sair às 23h30, após liberação da PM.

Mais protestos
Também nesta quinta-feira (17) houve protestos contra o aumento das passagens dos ônibus em Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).
Na capital gaúcha, estudantes realizaram uma mobilização na avenida João Pessoa. Eles protestaram contra o reajuste, em vigor desde o dia 9, que fez com que as tarifas dos ônibus passassem de R$ 2,45 para R$ 2,70.
Já em Curitiba, o protesto foi realizado na praça Tiradentes e culminou na sede da Urbanização de Curitiba S/A, que gerencia o transporte na cidade. Os estudantes exigem o congelamento da tarifa em R$ 2,20 e a reabertura da CPI do transporte público na capital paranaense.
Para a próxima semana, o MPL de São Paulo convoca o sétimo grande ato contra o aumento das passagens dos ônibus municipais. “Em Florianópolis e Vitóra, a população organizada e mobilizada conseguiu barrar o aumento! A luta tem se mostrado forte e podemos estar prestes a conseguir o mesmo em São Paulo!”, afirma nota do MPL-SP. A manifestação será na quinta-feira (24), em frente ao Teatro Municipal de São Paulo.

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