19 de junho de 2011

OTAN arrasta Portugal na deriva militarista


Namorado Rosa

A OTAN anunciou a decisão de transferir para Portugal o “comando operacional” da Força Marítima de Reacção Rápida ‘StrikforOTAN’, a formidável estrutura agressiva actualmente em acção contra a Líbia. Para além de mais este sinal de servil alinhamento com o imperialismo, ficam por apurar quais as condições e as consequências directas que a anunciada instalação deste “comando operacional” implicam para o nosso país, assunto que o discreto ministro e os distraídos analistas silenciam.

Uma reunião de alto nível da OTAN acontece, com prometidas implicações para o nosso país, contudo as notícias são escassas e disfarçadamente procuram iludir as suas graves consequências. Os políticos e os órgãos de comunicação ao serviço dos partidos burgueses sabem e fazem como de costume. Falar muito acerca de nada, e dizem meia verdade acerca do que realmente importa.

Passado meio ano sobre a cimeira de Lisboa, no quadro de declaradamente mais ambiciosa e agressiva estratégia global, o conselho de ministros da OTAN reuniu dias 8 e 9 de Junho na sede em Bruxelas para decidir sobre reformas na sua estrutura de comando.

A agenda daquele conselho de ministros testemunha a vocação imperial dessa “aliança”. Aí foram avaliadas as situações militares das guerras no Afeganistão, Iraque e Líbia, de que os EUA e seus aliados são promotores e parte; a situação na Coreia e o posicionamento assertivo da China no Mar da China e nas rotas marítimas do Oriente; as relações com a Rússia, a proliferação nuclear e a defesa balística anti-míssil na Europa (“a guerra das estrelas”).

A OTAN procedeu a reforma da sua estrutura de comando estratégico e operacional, tendo em particular anunciado a decisão de transferir para Portugal o “comando operacional” da Força Marítima de Reacção Rápida ‘StrikforOTAN’, até agora sedeado em Nápoles. Este ‘comando operacional’ abarca a Sexta Frota dos Estados Unidos da América e forças navais de outros estados membros. O comando desta Força é assumido pelo próprio comandante da Sexta Frota, e reporta directamente com o Comandante Supremo das Forças Aliadas ‘SACEUR’ em Bruxelas.

A Sexta Frota opera sobre a Europa e África, com os aliados da OTAN e em outras “cooperações estratégicas” que os EUA vão impondo ou cultivando com outros estados. A Sexta Frota fornece o braço naval para os comandos dos EUA para a Europa (EUCOM) e para a África (AFRICOM). A partir do navio almirante Mount Whitney, o seu comandante detém o “comando operacional” da Força Marítima de Reacção Rápida da OTAN.

Constituída por 40 navios, quase duzentos aviões e 20 mil homens, a Sexta Frota dispõe de diversas bases de apoio naval e aéreo no Mar Mediterrâneo – incluindo Rota (Espanha), Souda Bay (Creta, Grécia) Gaeta e Sigonella (Lácio e Sicília, Itália). Tem operado sobretudo no Mediterrâneo e no Golfo da Guiné, e tem intervindo em numerosas acções, de que se destacam a agressão à Jugoslávia em 1999, ao Iraque em 2003, e presentemente à Líbia.

Com efeito, o comandante da Sexta Frota, na qualidade também de comandante da força de intervenção conjunta EUA-OTAN, superintende a operação denominada “Odyssey Dawn” que, desde 31 de Março, vem conduzindo os criminosos e ilegais bombardeamentos sobre a Líbia, muito para além de qualquer interpretação plausível da Resolução 1973 do Conselho de Segurança, que invocava a protecção da população civil, no já declarado propósito de forçar a “mudança de regime” a qualquer preço.

É essa a formidável estrutura agressiva de que se propõe instalar o “comando operacional” em Portugal.

Um governo em gestão, ilegítima e indignamente não só aceitou como até argumentou a favor de tão grave submissão, por intermédio do ministro da Defesa ainda em funções. O que abusa e ofende a consciência e a segurança do povo português, num passo que também viola a letra e o espírito da Constituição da República Portuguesa.

Para além do referido “comando operacional”, a OTAN pretende também transferir para Portugal a Escola de Sistemas de Comunicação e Informações, agora sediada em Roma; e manter em Monsanto o Centro de Lições Aprendidas e Análise Conjunta (‘JALLC’) e encerrar o “comando conjunto” há muito instalado em Oeiras.

Esta posição de indigna sujeição do governo português face ao imperialismo, e a reiterada pretensão de associar o povo português às inumanas e ilegais políticas que a OTAN tem desenvolvido, e que neste preciso momento desenvolve na criminosa agressão contra a vida do povo e a integridade do estado líbios, são um sinal da arrogância imperial e da ignóbil submissão dos partidos da burguesia nacional, que alienam o soberania, os direitos do povo, e os recursos e património do nosso país aos interesses do capital internacional.

E fica ainda por apurar quais as condições e as consequências directas que a anunciada instalação deste “comando operacional” implicam e terão para o nosso país, assunto que o discreto ministro e os distraídos analistas silenciam, até serem dadas como adquiridas como assumido compromisso de estado.

A dissolução da OTAN e de todo e qualquer bloco político-militar, bem como o encerramento de todas as bases e outras instalações militares em solo estrangeiro, têm sido dois objectivos da luta dos povos. São condições inalienáveis para alcançar a Paz no mundo.

12 Junho 2011.

Bibliografia

http://www.newsahead.com/preview/2011/06/08/brussels-8-9-jun-2011-OTAN-defense-ministers-hold-second-meeting-of-2011/index.php

http://en.wikipedia.org/wiki/United_States_Sixth_Fleet

http://united-states-sixth-fleet.co.tv/

http://niqnaq.wordpress.com/2011/03/26/us-were-really-good-at-bringing-al-qaeda-to-power-where-it-suits-us/

http://www.globalsecurity.org/military/ops/odyssey-dawn.htm

Fonte: http://www.odiario.info/?p=2105

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