A questão central em todo o Oriente Médio (OM) não é e nunca foi religiosa. Os conflitos são essencialmente políticos. São disputas territoriais, coloniais, por recursos energéticos e hídricos
por Lejeune Mirhan*
por Lejeune Mirhan*
Os árabes são uma civilização com milhares de anos de existência. Vivem na Península Arábica e na região da Palestina e Babilônia e seu legado é imenso. Pelo menos desde o ano de 630 da nossa era, os árabes construíram um império, decorrente da força da religião que Mohamed – ou Maomé, como é conhecido no Ocidente – fundou, que é o islã.
Os árabes em todo o mundo se encontram espalhados por 21 países, mais a Palestina (ocupada por Israel) e a República Sarauí (ocupada pelo Marrocos). A Liga dos Estados Árabes, fundada em 1945 no Cairo, aceita a Palestina como membro, sendo integrada assim por 22 Estados-membros. São oito monarquias absolutistas (ou petromonarquias, ou “monarquias americanas”, ou apoiadas pelos EUA) e 13 “repúblicas” (de fachada, pois na prática são ditaduras).
As potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial em 1918, a Inglaterra e a França, colonizaram praticamente todos os países da região do Oriente Médio (OM) e do Norte da África (conhecido como Magrebe). Interessante observar como as fronteiras entre esses países são retas, como se fossem divididas por riscos feitos com lápis num mapa da região. As “independências”, por assim dizer, iniciaram-se em 1922 (no caso do Egito) e foram concluídas em 1977 (com o Djibuti*).
• Djibuti » O pequeno país, localizado no nordeste da África, sobrevive da crise no Oriente Médio à medida que lucra com a ocupação local por equipes humanitárias e bases militares. Mas sua renda per capita é inferior a US $ 1.000 anuais
Os árabes somam 347 milhões de pessoas em todo o mundo ou 5,18% da população mundial. A soma de todos os PIBs de seus países chega a US$ 2,477 trilhões, ou apenas 4% de todo o PIB mundial. No entanto, com relação às reservas de petróleo, os países árabes detêm 685,11 bilhões de barris, ou exatos 50,81% das reservas mundiais (veja quadro Dados Econômicos e Populacionais dos Países Árabes).Por fim, com relação à produção diária de óleo, esses países produzem todos os dias 22,967 milhões de barris, o que significa 27,26% da produção total no mundo, que é de 84,24 milhões de barris/dia (b/d) . Esses dados são aqui apresentados porque o conflito existente no OM guarda uma relação direta com a estratégia de controle dessa fonte de energia (que não é renovável). Sabe-se que não há como o mundo substituir a sua dependência do petróleo e gás natural pelos próximos 30 ou mesmo 50 anos.
Os Estados Unidos consomem todos os dias 19,497 milhões de barris, mas produzem apenas 7,27 milhões de barris, ou 37,42%. Dessa forma, precisam importar todos os dias 12,22 milhões de barris, que vêm em boa parte de países árabes.
A soma de todos os PIBs dos países árabes chega a US $ 2,477 trilhões, ou apenas 4% de todo o PIB mundial. Já as reservas de petróleo somam 50,8% do total mundial do recurso
Os maiores países ocidentais não são produtores de petróleo. Os casos mais marcantes são o do Japão, que precisa todos os dias de 5,57 milhões de barris, a Alemanha necessita de 2,677 milhões de b/d, a Coreia (do Sul) 2,061 milhões de b/d, a França 2,06 milhões de b/d, a Itália 1,874 milhão de b/d e a Espanha, de 1,537 milhão de b/d (veja Quadro Países Não Produtores de Petróleo).
Os maiores exportadores de petróleo do mundo, com valores em milhões de barris por dia (b/d), pela ordem, são: Arábia Saudita (8,651), seguida por Rússia (6,65), Noruega (2,542), Irã (2,519), Emirados Árabes (2,515), Venezuela (2,203), Kuwait (2,146), Argélia (1,847), Líbia (1,525) e Iraque (com 1,438) (veja Quadro Países Exportadores de Petróleo). Por esses dados, vê-se que os países árabes exportam todos os dias 18,122 milhões de barris. Se agregarmos o Irã, país persa com linha política anti-imperialista, esse número eleva-se para 20,641 milhões de b/d. Daí a estratégia imperialista de controle da região.
As maiores empresas petrolíferas privadas são ExxonMobil (EUA), ChevronTexaco (EUA), Shell (Holanda), British Petroleum (Inglaterra), Total (França) e ConnocoPhilips (EUA). Todas elas, juntas, empregam 514 mil trabalhadores e faturam por ano US$ 1,697 trilhão. No entanto, respondem por apenas 10% de toda a reserva de petróleo do mundo (veja quadro Seis Irmãs das Indústrias de Petróleo).
Por fim, é relevante destacar a questão do islã. Hoje existem no mundo 1,6 bilhão de muçulmanos praticantes (dos quais 1,4 bilhão é sunita e apenas 200 milhões são xiitas). Não devemos confundir “muçulmanos” com árabes. Nem todo muçulmano é árabe e nem todo árabe é muçulmano. Apenas 8% dos árabes não são muçulmanos (27,76 milhões; geralmente cristãos cooptas ou ortodoxos; católicos são residuais). Em termos mundiais, apenas 19,95% dos muçulmanos no mundo todo são árabes (um em cada cinco).
Panorama da Revolução Árabe |
1. Obama perde nesse processo. Seu discurso no Cairo em julho de 2009, estendendo a mão aos muçulmanos, provou-se uma farsa. Não deu passo algum para respeitar os muçulmanos e os árabes em geral. Insiste em classificar partidos políticos como o Hamas e o Hezbolláh como “terroristas”, e não são. Vai se antagonizando com mais de 1,6 bilhão de muçulmanos de todo o mundo.
2. Os novos governos árabes não serão tão subservientes com os norte-americanos. O que tanto os Estados Unidos sempre tiveram pavor poderá acontecer, que é a participação, com destaque, da Irmandade Muçulmana nos governos árabes. Os países tendem a se afastar da órbita da Otan, da União Europeia e mesmo dos Estados Unidos.
3. Israel poderá sair derrotado. Perdeu seu discurso de que o maior inimigo é o Irã, que este precisaria ser derrotado e bombardeado e que seu programa nuclear visa à construção da bomba atômica. Terá de voltar à discussão do Estado Palestino.
4. Um novo Oriente Médio será construído . Deverá crescer a democracia, os partidos terão maiores liberdades, bem como a imprensa. Eleições gerais devem ocorrer em curto prazo no Egito e na Tunísia. O OM nunca mais será o mesmo depois desse imenso tremor político ocorrido.
5. O islã não é a solução. Dificilmente veremos um Egito, uma Tunísia ou qualquer outro país árabe como repúblicas islâmicas. Os países seguirão sendo laicos em toda a região, tal qual o Iraque e a Síria sempre foram.
6. O Irã se fortalece no OM. Por razões diversas, mas em especial por sempre ter apoiado a causa palestina e todos os movimentos revolucionários antiamericanos na região. Ainda pelo fato de que vem enfrentando, quase que sozinho, o império norte-americano na sua defesa pela soberania, independência nacional e pela condução de seu programa nuclear para fins pacíficos.
7. Crescerá o nacionalismo árabe. Fundado por Gamal Abdel Nasser, poderá ganhar papel preponderante. Esse nacionalismo defende a soberania e a independência dos países árabes, respeito aos direitos de seu povo e solidariedade ao povo palestino. A esquerda poderá crescer.
8. Modelo neoliberal em xeque. Difícil que os rumos da revolução árabe substituam o modelo capitalista pelo socialismo. No entanto, encontra-se em xeque o modelo de capitalismo financeiro denominado neoliberal.
9. Mitos e “teorias” que caíram por terra. Pelo menos dois. Que as redes sociais da internet e os celulares foram os responsáveis pela revolução árabe. Apenas 20% da população egípcia tem acesso à internet (em outros países, ainda menos) e apenas um terço possui celulares. Que não houve líderes e o processo foi espontâneo. Lideranças ficarem ocultas ou não serem famosas não significa ausências de líderes. Quanto às “teorias”, pelo menos duas esfumaçaram-se: a de Francis Fukuyama (O Fim da história) e a de Samuel Huntington (Choque de civilizações). A de Fukuyama já estava desmoralizada há uma década. Agora se enterra de vez a de Huntington.
10. Crise e declínio do s Estados Unidos. Os EUA sofrem maior aprofundamento e desestabilização em seu processo de declínio de sua posição hegemônica no sistema de relações internacionais com a presente Revolução Árabe, que tem sentido democrático, popular e anti-imperialista.
De uma coisa temos certeza: a democracia se constrói pela soberania de um povo. Os EUA passaram anos afirmando que levariam a “democracia” para o OM . “Durante nove anos os EUA forçaram uma porta, que só se abre para fora. E mais. Essa porta só se abre por vontade própria. Os acontecimentos das últimas semanas demonstraram com clareza que não apenas partes importantes do OM estão prontas para a mudança, mas também esse impulso vem de dentro”, afirmou o professor de Relações Internacionais da Universidade de Boston Andrew Bacevich. Cem por cento de acordo.
A história recente dos levantes
Certa vez, perguntaram para Chu En Lai, um dos líderes da Revolução Chinesa de 1949, o que ele achava da Revolução Francesa de 1789. Tal pergunta foi feita no início dos anos 1970. A sua resposta, como bom chinês, foi: “ainda é cedo para dizer”1. Danton, líder dessa revolução, dizia: “precisamos de audácia, mais audácia e sempre audácia”. É verdade. Ele foi guilhotinado e quem o guilhotinou também morreu dessa forma. São as idas e vindas de uma revolução. Depois disso veio Napoleão (1800), a Restauração (1814), a Revolução de 1848 (que incendiou parte da Europa), a Comuna de Paris (em 1871). Por isso é muito prematuro formar uma opinião mais completa do processo revolucionário em curso no mundo árabe.
Cabe aqui, no entanto, um pequeno histórico do processo. Os levantes populares em curso no OM tiveram seu início, de forma inesperada, com o caso do jovem de 26 anos Mohamed Bouazizi, um vendedor de frutas ambulante com formação universitária. Inconformado com o fato de a polícia corrupta ter-lhe tomado seu carrinho, que era seu ganha-pão, por ele não aceitar pagar propinas, decidiu atear fogo ao seu corpo em frente ao palácio presidencial onde governava, desde 1988, o ditador Zine Abdine Ben Ali. Isso ocorreu em 15 de dezembro de 2010. A partir desse momento, até a queda do regime em 16 de janeiro, transcorreram 32 dias de grandes manifestações.
A polícia atacou com fúria a multidão diariamente que, de peito aberto, a enfrentou. O ditador – chamado pela imprensa internacional durante todos esses anos de “presidente” por ser amigo de Washington – fugiu em debelada com sua família e, dizem, com mais de cem malas carregadas de ouro e dólares.
Sabe-se que não há como o mundo substituir a sua dependência do petróleo e gás natural pelos próximos 30 ou mesmo 50 anos. E os governos longevos e ditatoriais garantem a estratégia norteamericana de domínio do fluxo na região dos países árabes
Em todos os 22 países árabes temos a presença de governos longevos. Ou são monarquias absolutistas ou são ditaduras disfarçadas de democracias, onde a cada cinco ou seis anos, fazem-se “eleições” farsescas, fraudulentas para tentar legitimar ditadores amigos dos Estados Unidos. Desta forma, garantem ao império norte-americano a defesa de seus interesses nessa estratégica região, em especial a garantia do fluxo de petróleo para a América, a passagem dos seus navios petroleiros e cargueiros pelo Canal de Suez e pelo Estreito de Ormuz no Golfo.
Há também a questão estratégica da defesa incondicional por parte dos EUA, do Estado sionista de Israel. “No caso da política de Obama para o OM, são cegos guiando um cego e cegos aconselhando um cego no salão oval da Casa Branca”, afirmou em seu blog a escritora e jornalista inglesa Helena Cobban, em uma clara alusão a Bill Daley, Ben Rhodes, Tony Blinken, Denis McDorough, John Brennan e Robert Cardillo, assessores e conselheiros de diversas funções de Obama, todos, indistintamente, militantes fanáticos pró-Israel e a serviço do lobby judaico.
Acerta Ury Avnery, um dos maiores escritores e intelectuais israelenses, quando diz: “estamos passando por um evento geológico. Um terremoto de vastíssimas dimensões, que está mudando a paisagem no OM. Montanhas viram vales, ilhas emergem do mar e vulcões cobrem a terra de lava”.
Como diz o professor da Universidade Americana de Beirute, Ahmad Massouli*, Obama comete erros e mais erros na sua política externa para a região. Não consegue sequer barrar os assentamentos judaicos na Cisjordânia (os EUA vetaram em 18 de fevereiro o congelamento no CS/ONU) e vai se antagonizando com mais de 1,6 bilhão de muçulmanos de todo o mundo. Massouli arrisca dizer que vamos presenciar um novo mundo árabe, revolucionário e que não será mais submisso aos interesses norte-americanos. Os EUA só conseguirão criar boas relações com o mundo árabe quando a questão palestina estiver completamente resolvida.
• Ahmad Shah Massoud » Ministro da Defesa do Afeganistão em 1992, firmou-se como líder militar na ascensão do regime Talibã. Representou a Frente da União Islâmica para a Salvação do Afeganistão, a Aliança do Norte, mas foi morto pela Al Qaeda em 2001.
Sem exceção, os governos árabes próamericanos têm como características: 1. Sempre combateram o comunismo desde a chamada Guerra Fria; 2. Desde 1979, combateram o Irã de Khomeini; 3. Tudo fazem para liquidar o islã político, a que chamam de “fundamentalista”; 4. Sempre adotaram posições contrárias aos movimentos sociais, em especial contra os sindicatos; 5. Atuaram sempre contra as resistências libanesa e palestina. Foi nesse caldeirão que a revolução árabe teve início.
Regra geral, as grandes reivindicações, praticamente unânimes em todos os países, são as seguintes: 1. Revogação do Estado de Emergência; 2. Libertação de todos os presos políticos; 3. Liberdade de organização partidária; 4. Liberdade sindical e de organização social; 5. Liberdade da imprensa e de expressão; 6. Eleições livres para presidente e para o Parlamento; 7. Convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Livre, Democrática e Soberana.
Não está claro se tais avanços serão possíveis, em especial na Tunísia e no Egito, que foram os primeiros países a derrubarem seus governantes. “Para impor mudança tão ampla, o movimento de massas egípcio teria de quebrar a espinha dorsal do regime, que é o seu exército”. Não se vê, no momento, condições para que isso ocorra. A tomada da “Bastilha” egípcia não aconteceu. “O espírito do governo de Hosni Mubarak, a essência de seu regime, seus métodos estão longe de terem acabado” .
Os levantes populares em curso no OM tiveram seu início, de forma inesperada, com o caso do jovem de 26 anos Mohamed Bouazizi, que se imolou publicamente
Um dos maiores sociólogos da atualidade, Immanuel Wallerstein, conclui: “Os EUA, aflitos para ficarem ao lado dos vencedores, mas sem saber exatamente quais serão e sem querer perder o apoio dos ditadores e monarcas absolutos de que ainda julgam precisar, fazem do Irã e da Turquia os dois maiores ganhadores com o processo revolucionário que agita os países árabes”. Sendo assim, “é possível que estejamos testemunhando o nascimento de um novo tipo de política revolucionária que não é definido pelos protestos maciços das massas nas ruas, mas pela maneira como os participantes se reuniram”.
A questão central em todo o OM não é e nunca foi religiosa. Claro que o componente religioso pode existir, mas os conflitos são essencialmente políticos. São disputas territoriais, coloniais, por recursos energéticos e hídricos. Nesse sentido, Robert Fisk menciona: “se são revoltas seculares, por que só se falam das religiões?”. Até esse jornalista inglês fica espantado com isso. Não há dúvidas que isso faz parte de uma estratégia midiática para tentar mostrar o pano de fundo dos conflitos no OM como religioso, para enganar as massas e, mais do que isso, indispor bilhões de pessoas contra uma das maiores religiões, que é o islã.
Uma revolução em curso
A concepção de esquerda marxista ensina que o termo “revolução” está relacionado diretamente com a tomada revolucionária do poder, mudanças profundas na estrutura de direção do Estado de um determinado país e, fundamentalmente, de troca da classe social que manda no país. Ou seja, mudanças na superestrutura, na economia, na ideologia, nos costumes, etc.
Mas o que está ocorrendo mesmo no mundo árabe? Uma “revolta”? Uma “insurreição”? Uma “rebelião”? É fato que tudo isso está acontecendo por lá. Mas está, sim, em curso uma revolução nesse mundo. Que caráter terá essa revolução é que no momento não é possível prever. Será essa revolução meramente democrática e patriótica? Será uma revolução mais avançada, de caráter mais popular e progressista? Ou chegará a ser até socialista, alterando profundamente o modelo econômico dos países, que hoje são todos capitalistas de inspiração neoliberal?
Quando Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como Lenin, líder da Revolução Bolchevique de outubro de 1917, tratou desse tema, dois anos antes desse histórico acontecimento, estabeleceu claramente as condições objetivas para que uma revolução pudesse ocorrer em um determinado país. E isso é uma das formulações do pensamento científico marxista, sobre as leis gerais das sociedades humanas. Essas condições objetivas ocorrem quando “os de cima já não conseguem mais governar como antes e os de baixo já não aceitam mais ser governados como antes”. Isso pode ser lido no texto Bancarrota da II Internacional, escrito entre maio e junho de 1915.
Ele diz que as condições objetivas são decorrentes de questões relacionadas com a materialidade da vida das pessoas. Isso poderia ser desemprego elevado, fome e miséria, ausências de liberdades, arrocho salarial, repressão política, etc. Tudo isso não determina, ainda assim, que as condições subjetivas para que uma revolução aconteça estejam dadas.
É preciso que ocorra uma combinação entre as condições objetivas e as subjetivas. Estas últimas guardam uma relação direta com a necessidade de uma liderança política revolucionária – aqui entra a necessidade de um partido de feições revolucionárias, detentor de uma teoria revolucionária que, além de dar uma direção correta para as amplas massas, contribua para elevar seu nível de consciência política.
É possível que estejamos testemunhando o nascimento de um novo tipo de política revolucionária. Processo está em curso, com caráter progressista, mas sem liderança
Se apenas as condições objetivas fossem suficientes para que uma revolução de caráter mais socialista ocorresse, a Índia, o Paquistão, o Afeganistão e tantos outros países extremamente pobres já seriam os mais socialistas do mundo. E não são. Faltam-lhes as condições subjetivas, um partido avançado com uma teoria revolucionária. Dessa forma, não há erro conceitual algum em que se use o termo Revolução Árabe. O seu caráter vai depender das lideranças que a conduzem – pulverizadas por vários países – e os compromissos e tarefas que ela possa vir a assumir.
Portanto, há sim um processo revolucionário em curso, com caráter anticolonial, democrático e progressista geral, mas que ainda tem a sua liderança em disputa. E essa disputa, diga-se de passagem, não é com ninguém menos que a maior potência política, militar e econômica do planeta, que são os Estados Unidos da América. Tal revolução ou revoluções – são vários países em processo avançado de mudanças – nada tem a ver com as que ocorreram no leste europeu, que tinham, a propósito, alguns nomes de cores (Laranja, de Veludo, Rosa e outras bobagens mais).
Lejeune Mirhan é sociólogo, professor, escritor e arabista. Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa e diretor do Instituto Jerusalém do Brasil.
Lejeune Mirhan é sociólogo, professor, escritor e arabista. Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa e diretor do Instituto Jerusalém do Brasil.
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