James Petras
Comentários para CX36 Rádio Centenário (Montevidéu)
Queria comentar neste momento o que está
acontecendo na Síria. Primeiro, os meios de comunicação falaram de uma
oposição pacífica e democrática. E, no final das contas, os mortos somam
agora 7.500, dos quais 2.500 são soldados e policiais. Como assim a
oposição é pacífica? Estão matando, recebem armas, metralhadoras,
bazucas e mísseis de países ocidentais.
Segundo, dizem que são democratas. Mas
quem os está financiando são as monarquias absolutistas do Golfo, Arábia
Saudita e outros mais, que em nada são democráticos.
Terceiro, a Síria realizou um referendo
onde a maioria do eleitorado votou, tendo uma aprovaçao majoritária.
Esse referendo, que era uma oportunidade para a oposição se posicionar,
foi rechaçado por ela, assim como rechaça a proposta russa-chinesa para
abrir um canal de diálogo. Eles não buscam uma saída pacífica, buscam
derrocar o governo. E isso foi dito por Clinton, Cameron (o
primeiro-ministro da Inglaterra) e Sarkozy. São golpistas, não são
opositores pacíficos. E em todas as referências que temos indica que a
principal força implicada agora na luta são os sauditas apoiados pelos
extremistas fundamentalistas, os wajabis, os alafis entre outros grupos.
Então, há que reformular o que está em jogo aqui.
Na primeira instância estão os
autoritários, mercenários do ocidente armados e violentos. No outro lado
está o governo soberano, secular e autoritário de Bashar Al Assad.
Não é uma luta entre democratas e
autoritários, é uma luta entre duas variantes de autoritarismo. Um,
apoiado pelo imperialismo, e o outro, um governo soberano independente,
aliado do Irã, mas independente.
O que buscam os países a partir do
ataque à Síria é um trampolim para atacar o Irã. E isso nos leva ao
quarto tema que é o congresso do principal braço do governo israelita em
Washington, nesta semana.
Reuniram-se 13.000 fanáticos judeus sionistas em apoio incondicional a Netanyahu .
Esta organização, que se chama Comitê de
Assuntos Públicos dos EUA e Israel, é uma organização que tem respaldo
entre a grande maioria de organizações cívicas, religiosas e políticas
de judeus. Inclusive pessoas que apoiam uma saída militar. Têm apoio
entre rabinos que incitaram o bombardeio atômico sobre o Irã. Inclusive,
era um rabino ortodoxo, principal líder da comunidade judia nos Estados
Unidos. Também há membros que posam de pacifistas, mas são aliados
incondicionáis de Israel.
A característica do grupo é que qualquer
coisa que faça Israel, seja quando mata palestinos em Gaza, quando
está invadindo o Líbano, ou quando está ameaçando o Irã, podem contar
com eles como intrínsecos aliados.
Agora, desde que Israel começou a
ameaçar o Irã com uma guerra, o preço do petróleo, em apenas 2 meses e
poucos dias deste ano, subiu 15%. Isso é o chamado imposto israelense,
o imposto sionista ao qual sujeitam o mundo.
Estas ameaças de Israel custam ao mundo
bilhões de dólares. Porque frente à ameaça de guerra, os especuladores
subiram o preço do petróleo para 125 dólares o barril.
Israel, em outras palavras, a partir de
sua política bélica, criou uma grande instabilidade no mercado do
petróleo, porque esta guerra vai acabar com as exportações do Irã, que é
o segundo maior exportador de petróleo do mundo.
Porém, não importa aos sionistas que,
aqui nos EUA, estão esvaziando os bolsos dos cidadãos que têm que
abastecer seus veículos. Não lhes importa o custo para o público, o
tesouro, só lhes interessa repetir como papagaios qualquer coisa que
diga Pérez, ou que diga Netanyahu. Vivem nos EUA, mas são cidadãos de
Israel incondicionavelmente. Não questionam este congresso, não há
nenhum debate, nenhuma crítica. Se levantaram 40 vezes para aplaudir
Shimon Pérez e Netanyahu, quando declararam que não permitirão que o Irã
desenvolva capacidade para construir uma bomba nuclear.
Antes, a ameaça do Irã era ter a posse
de uma bomba nuclear. Agora, este grupo de pressão declara que vai ao
congresso norte-americano para conseguir o voto de 90% dos congressistas
dizendo que a ameaça do Irã está na capacidade deste fazer uma bomba.
O que significa isso? O Irã, assim como
outros 125 países do mundo, está enriquecendo urânio. Para ter o uso de
urânio para qualquer razão civil, médica, o que seja, tem que
enriquecê-lo, porém, também para fazer uma bomba.
Agora, os sionistas nos Estados Unidos
querem utilizar o fato de o Irã enriquecer urânio, como todo o mundo,
como pretexto para uma guerra. Isso é o que estão fazendo os sionistas.
Têm um documento, e a partir de quarta-feira vão em pelotões visitar
435 congressistas, para insistir que assinem um decreto de lei que diz
que a ação iraniana é um pretexto para uma guerra. Chegamos a este grau
de subordinação.
Pela primeira vez em mais de 200 anos,
Washington está ocupado por um país estrangeiro a partir de seus
porta-vozes, seus clientes sionistas dos EUA. É uma grande vergonha ver
meu país humilhado por estes fanáticos, esta gente que tomou o controle
da política norte-americana, tomam o controle do Congresso, subordinam o
presidente e ditam a política, desde o país israelita, diabólico e
moralmente corrupto.
O QUE BUSCAM OS PAÍSES IMPERIALISTAS A PARTIR DO ATAQUE A SÍRIA É UM TRAMPOLIM PARA ATACAR O IRÃ
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Oleh
Rubens Ragone