
O pensador Guy Debord, em um dos clássicos do pensamento
contemporâneo – A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, pag. 116, Ed. Contraponto, 2ª. Impressão,
RJ) afirma textualmente que “a história universal nasceu nas cidades e atingiu a
maioridade no momento da vitória decisiva da cidade sobre o campo”. E mais à
frente afirma que “mas se a história da cidade é a história da liberdade, ela
também foi a da tirania da administração estatal , que controla o campo e a própria
cidade. Até agora a cidade só pode ser o terreno de batalha da liberdade histórica,
e não o lugar em que essa liberdade se realizou. A cidade é o espaço da história
que é ao mesmo tempo concentração do poder social, que torna possível a
empreitada histórica, e consciência do passado”
O Estado capitalista tem a percepção completa dessa realidade.
As transformações ocorridas desde o fim do bipolarismo (União
Soviética versus Estados Unidos) ao contrário das previsões não trouxeram nem
paz e nem significou o fim de dilemas vividos pelo ser humano. A fome, as
desigualdades, os cuidados devidos para com a saúde pública, a educação, pelo
contrário.
A natureza perversa do capitalismo acirrou a competição,
aprofundou as desigualdades, aumentou a fome, sucateou a saúde e a educação públicas,
direitos fundamentais dos povos.
O que vemos hoje? O poder da cidade em mãos que submetem a
realidade imediata de cada um aos interesses de um todo maior, totalitário,
cruel e que por seus muitos braços (a repressão, a mídia) cria o espetáculo
como forma de alienar e domesticar sentimentos e vontades de uma sociedade
justa, onde as os seres humanos possam viver, conviver em bases dignas e
humanas.
A cidade privatizada nos seus setores essenciais.
Vejamos o caso de Juiz de Fora. O abandono pelo atual
governo dos programas sociais voltados para a criança, a população idosa, a
população de rua, traz uma conseqüência imediata – o aumento da violência.
O fenômeno social das drogas é uma realidade presente em quase
todos os cantos da cidade. Se existem políticas tímidas de combate ao tráfico
de drogas, inexistem políticas públicas voltadas para a recuperação da imensa
legião de viciados.
A Organização Mundial de Saúde afirma que a partir de 2020 a depressão será a
segunda maior causa mortis em todo o mundo, atrás apenas das doenças cárdio vasculares.
O resgate da cidade como fator fundamental da história dos
povos na construção de nações é decisivo.
Isso só acontecerá com o poder popular.
Com os trabalhadores decidindo cada passo e construindo a
cidade nos moldes da liberdade plena da participação popular.
Não existe liberdade se a cidade pertencer a grupos políticos
ou econômicos.
O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO pensa a cidade como a
primeira realidade de cada um de nós e por isso mesmo enxerga a cidade como
camarada.
Educação e saúde públicas que são deveres Estados com níveis
de boa qualidade e comum a todos. Transportes coletivos acessíveis a
trabalhadores, planejamento urbano que faça da cidade um centro de paz, de
convivência harmoniosa, preservação do meio-ambiente, enfim, A CIDADE CAMARADA é
a cidade de todos e todos através da participação popular.
É a alternativa que os comunistas do PCB propõem como debate
para as eleições municipais deste ano.
Sem preocupações eleitorais ou eleitoreiras, até porque um
partido revolucionário, o PCB quer o debate. A participação.
Quer que a cidade retome seu princípio, o ponto de partida
da história universal.
E a cidade camarada é sua. A sua cidade. A cidade de todos.
A CIDADE
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Oleh
Rubens Ragone