Os números divulgados hoje pelo jornal O Globo referentes aos
resultados do Exame Nacional de Ensino Médio revelam o alarmante quadro
geral da Educação brasileira.
Analisando as informações de questionários respondidos por 3, 87
milhões de candidatos da versão 2011 do ENEM, constatou-se que a nota
média obtida na prova de redação – a prova mais importante do exame –
entre os estudantes cujas famílias tem renda de até 1 salário mínimo foi
460, sendo de 597 anota média dos estudantes oriundos de famílias com
renda entre 5 e 7 salários mínimos e de 642 a nota média dos estudantes
pertencentes a famílias com renda entre 15 e 30 salários mínimos.
A média de notas também varia bastante de acordo com a rede de ensino
à qual os estudantes pertencem: os alunos da rede federal (menos
numerosa) tiveram média de 623 na redação; em segundo lugar vêm os
estudantes da rede privada, com 612; em terceiro vêm os da rede
municipal, com 498 e, em quarto, os da rede estadual, com 486.
Além de refletir o perverso perfil de distribuição da renda no
Brasil, os números, mostram com destaqu,e as condições em que funcionam
as redes públicas, com condições materiais bastante precárias, no caso
geral. Os baixos salários pagos aos profissionais de Educação – hoje
mobilizados e em greve em muitas cidades do país, e com toda a razão nas
suas reivindicações –, além de levá-los à exaustão física pelo elevado
número de aulas que têm que dar para garantir, ao menos, o seu sustento,
geralmente mais de 40 por semana e em mais de 3 escolas, realimenta um
círculo vicioso em que cada vez menos estudantes secundaristas se
interessam pela carreira do magistério, gerando uma crônica escassez
além de professores.
A forma como a Educação vem se desenvolvendo revela a mercantilização
do setor, onde, no ensino médio, além das poucas escolas federais de
alta qualidade existentes, têm grande peso as escolas privadas, dentre
as quais uma parte, com mensalidades mais elevadas, responde pela
maioria das notas mais elevadas do ENEM. E demonstra, claramente, o
desprezo dos governos, que não hesitam em gastar bilhões com obras
faraônicas e supérfluas em detrimento da Educação e outras áreas de
interesse direto da maior parte da população.
Educação não é mercadoria. Somente com a universalização do acesso ao
ensino público, gratuito e de alta qualidade, com escolas bem equipadas
e bons salários para os profissionais de Educação poderemos superar o
quadro atual e avançar na construção de uma sociedade justa e
igualitária.
Resultados do ENEM refletem a desigualdade da sociedade brasileira
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5
Oleh
Kaizim