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Sob o marco do Congresso Constitutivo do Movimento Continental Bolivariano, o Comandante das Farc, Alfonso Cano, se une ao sentimento dos povos da América e do mundo.
Delegados Internacionais - cerca de cem - e mil do continente americano lotaram o auditório Sala Plenária do "Parque Central", em pleno centro de Caracas, na abertura do Congresso da CCB, no dia 7 de dezembro.
Um dos apresentadores do grande acontecimento chamou a atenção para as tentativas do governo de Uribe de sabotá-lo. Organizações colombianas não puderam estar presentes pelas dificuldades na passagem pela fronteira, principalmente devido ao belicismo de Bogotá para com o povo bolivariano da Venezuela.
Leia a saudação completa:
Movimento Continental Bolivariano: uma necessidade política de implicações estratégicas
Compatriotas latino-americanos e caribenhos presentes a este histórico evento, companheiros e companheiras: recebam a entusiasta saudação do Secretariado, do Estado Maior Central, do corpo de comando e dos guerrilheiros das FARC - EP, bem como de todos os membros das milícias Bolivarianas.
Constituir um movimento político continental, de essência bolivariana, justo quando o império estadunidense intensifica sua força militar na Colômbia e dispõe, de forma ameaçadora, sua máquina de guerra e de terror contra os povos latino-americanos e caribenhos, não é apenas uma necessidade histórica, mas um dever urgente, marcando o horizonte da unidade da luta de nossos povos para defender a sua dignidade, independência, história, valores, cultura, território, recursos humanos, a riqueza natural e o inalienável direito de moldar o seu futuro soberanamente.
O objetivo do Libertador de formar um país latino-americano estruturado como um único corpo de nações livres, que integrasse os nossos povos, foi o que garantiu a derrota do colonialismo em sua época, e para a definitiva independência de nossos povos do jugo de qualquer poder, esse objetivo continua em vigor; mantendo sua força como uma estratégia nascida do gênio e empenho exemplar e do inesgotável compromisso revolucionário de Simón Bolívar, que concebeu uma grande nação como um patrimônio coletivo de todos os povos e não como uma soma de grandes latifúndios reservados para minorias privilegiadas, ajoelhadas e submissas as ordens do império de plantão.
O acerto do poderoso plano bolivariano transcende 200 anos depois, da mesma forma que todos os seus ideais de igualdade, liberdade, justiça social, soberania e independência, resumo e essência das lutas atuais de muitos dos países da América Latina e Caribe, que combatem regimes oligárquicos que se renderam incondicionalmente aos amos estrangeiros, e como vítimas que somos da expansão capitalista descrita como "globalização", levantamos hoje, com mais urgência e legitimidade do que nunca, a bandeira da Grande Pátria ante a indisfarçável intenção gringa de ocupar os territórios ao sul do Rio Grande até a Patagônia, para realizar a sua estratégia de "destino manifesto", de acordo com seu slogan imperial e censurável: "a América para os americanos".
Está claro que um tratado militar como o recentemente assinado entre Washington e Bogotá, que permite a formação de sete bases estadunidenses na Colômbia, com a prerrogativa de utilizar todo o sistema aeroportuário, o espaço aéreo e mares territoriais sem limites para as tropas que se deslocam em seus navios e aviões de guerra, e pela presença maciça de paramilitares norte-americanos chamados "empreiteiros", não estão limitados à luta contra o tráfico de drogas e o chamado terrorismo, mas buscam desestabilizar os processos de democratização e independência em curso na América Latina.
A guerra contra as drogas é uma estratégia fracassada que os EUA Utilizam hoje como um pretexto para a intervenção e agressão em diferentes partes do mundo.
A guerra contra o terrorismo - lastro qualificativo onde cabem todos os seus adversários políticos - conduzida pela Casa Branca, a mesma que ordenou o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, que devastou o Vietnã com napalm e armas químicas, que ataca o povo do Iraque e Afeganistão e apóia o terrorismo de Estado israelense, é uma outra máscara do império e das transnacionais para justificar suas atrocidades.
A América Latina, na estratégica esquina da América do Sul que ocupa a Colômbia e como resultado de um longo plano que está em andamento, começa a ser novamente invadida, desta vez com a aquiescência de um presidente como Álvaro Uribe, apoiado pelo para-militarismo criminoso e narcotraficante - uma realidade bem conhecida por Washington - apátrida e chefe do governo mais corrupto da história da Colômbia, e que precisamente por isso os EUA o utilizam para avançar neste projeto que visa recuperar a influência perdida no seu antigo "quintal dos fundos".
O fracassado golpe contra o presidente Chávez, em 11 de abril de 2002, e o golpe contra o presidente Zelaya - que pretendem encobrir reconhecendo as eleições espúrias vencidas por Lobo - as sistemáticas provocações para desestabilizar a fronteira Colômbia/Venezuela, os esforços claros e ininterruptos de desestabilização em vários dos nossos países, fazem parte desta nova ofensiva do estado gringo e da reação contra os avanços da integração continental e o crescente sentimento anti-imperialista de nosso continente, enquadrada na visão Bolivariana da independência, ou seja, no ataque frontal das massas oprimidas contra o poder colonial e as oligarquias. Em outras palavras, a luta de classes para a libertação dos oprimidos, o confronto social e político pela democracia desenvolvem-se profundamente, sem interrupções, com raízes no melhor e mais avançado das nossas tradições, marcadad por nossas peculiaridades e idiossincrasias, como parte de um processo verdadeiramente latino-americano rumo ao socialismo.
Nosso compromisso com este processo, com a soberania nacional e popular, pela grande pátria e pelo socialismo é total e incondicional. É a nossa inabalável razão para a existência das FARC - EP como nos incutiram nossos comandantes e fundadores Manuel y Jacobo, e que reafirmamos diariamente com plena e total confiança na vitória final.
Ante este acontecimento excepcional, reafirmamos nossa confiança na demarcação que significará para as lutas dos povos latino-americanos a construção do Movimento Continental, nutrido do pensamento bolivariano e inspirado como todos nós na vida exemplar do Libertador, incomensurável quadro ético que nos estimula permanentemente nas dificuldades da luta para alcançar os objetivos que estabelecemos.
Reiteramos os nossos votos de um intercâmbio enriquecedor, que gere conclusões e propostas sábias que vão de encontro ao movimento de massas, a organização, a luta contra o invasor e a construção da Pátria Grande!
Pela unidade latino-americana e caribenha contra a invasão imperial dos Estados Unidos: Adiante!
Muito obrigado,
Alfonso Cano
Cmte do EMC das FARC - EP
Montanhas da Colômbia, dezembro 2009
Alfonso Cano saúda os bolivarianos reunidos em Caracas
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Oleh
Rubens Ragone