5 de julho de 2010

Irã: A guerra de Obama

imagem Crédito: ecodebate.com.br



Dr. Atilio A. Boron *

26 de junho de 2010

Amitai Eztioni é um dos sociólogos mais influentes do mundo. Nascido na Alemanha e emigrado para Israel nos anos da fundação desse estado, radicou-se tempos depois nos Estados Unidos, onde começou uma longa carreira acadêmica que o levou a transitar em algumas das mais prestigiadas universidades daquele país: Berkeley, Columbia, Harvard, culminando nos últimos anos em Washington, DC, como Professor de Relações Internacionais da George Washington University. Porém, suas atividades não se limitaram a academia: ele foi um consultor permanente de vários presidentes norte-americanos, nomeadamente Jimmy Carter e Bill Clinton. E desde 11/09, no auge do militarismo, sua voz ecoou com força crescente no establishment americano. Poucos dias atrás, ofereceu um novo exemplo.

Apologista incondicional do Estado de Israel, acaba de publicar no MilitaryReview, um jornal do Exército dos Estados Unidos, o artigo que destaca o "clima de opinião" que prevalece na direita norte-americana, no complexo militar-industrial e nos mais elevados ramos do Governo, particularmente no Pentágono. O título do seu artigo diz tudo: "Um Irã com armas nucleares, pode ser dissuadido?" A resposta é desnecessariamente negativa.

Esta publicação não poderia vir em melhor hora para os belicistas estadunidense, quando repetidas informações - silenciadas pela imprensa que se autodenomina "livre" ou "independente" - fala do movimento de navios de guerra dos EUA e Israel através do Canal de Suez em direção ao Irã, o que faz temer uma guerra iminente. Em várias de suas recentes "Reflexões", o Comandante Fidel Castro tinha avisado, com sua lucidez habitual, sobre as implicações sinistras da escalada provocada por Washington contra o Irã, cujo padrão não é diferente das anedotas utilizadas para apoiar a agressão contra o Iraque: o assédio diplomata, as queixas à ONU, sanções cada vez mais rigorosas do Conselho de Segurança, "violação material" de Teerã e o desenlace militar inevitável.

As previsões sombrias do Comandante são um olhar otimista em relação ao que suscita este ideólogo obscuro dos falcões norte-americanos. Em uma entrevista concedida na última quarta-feira a Natasha Mozgovaya, correspondente do jornal israelense Haaretz nos Estados Unidos, Etzioni ratifica o que expressou na MilitaryReview, a saber: o Irã pretende construir um arsenal nuclear, e isso é inaceitável. A única opção é um ataque militar exemplar, e é preferível desencadeá-lo um mês antes e não dez dias após o Irã, demonizado, ter sua bomba atômica. Em seu artigo, o professor da GWU insiste em assinalar que qualquer alternativa deve ser excluída: a diplomacia fracassou, as sanções da ONU são ineficazes, o bombardeio de instalações nucleares não mudaria muitas coisas porque, de acordo com declarações do secretário de Defesa Robert Gates, tudo o que se conseguiria seria atrasar o andamento do projeto nuclear iraniano durante três anos e, finalmente, a dissuasão não funciona com "agentes racionais", como o atual governo do Irã, dominado pelo irracionalismo fundamentalista em contraste com a moderação e racionalidade dos governantes israelenses que matam ativistas dos direitos humanos no Mediterrâneo. Portanto, a única medida realmente eficaz é destruir a infra-estrutura do Irã para impedir a continuação do seu programa nuclear.

Esse ataque, como acrescenta o autor do artigo, "pode ser interpretado por Teerã como uma declaração de guerra total", mas como as tentativas de diálogo ensaiadas por Obama fracassaram, é urgente e imperativo tomar medidas drásticas se os EUA não quiserem que sua posição dominante no Oriente Médio passe para as mãos do Irã. Devido à sua grande reserva de petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita e Canadá, e muito superiores às existentes no Iraque, Kuwait e nos Emirados Árabes Unidos, o Irã excita a rapinagem do imperialismo norte-americano, onde 3 por cento da população mundial consome 25 por cento da produção mundial de petróleo. Além disso, não devemos esquecer que a guerra é o principal negócio do complexo militar-industrial, de modo que, para manter os seus lucros, devem ser utilizados e destruídos aeronaves, foguetes, helicópteros, etc. Assim, o diabólico duo formado pela "guerra preventiva" e a "guerra infinita" permaneçam no mesmo curso, agora presidida por um Prêmio Nobel da Paz, cuja subserviência a interesses obscuros combinados com sua falta de coragem para honrar o prêmio, colocam a humanidade à beira de um abismo.

* Diretor do Programa Latino-americano de Educação à Distância em Ciências Sociais (PLED), Buenos Aires, Argentina

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Fonte: http://pcb.org.br

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Oleh

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