28 de outubro de 2010

Obama e a sua nova diplomacia para a América Latina.

Obama e a sua nova diplomacia para a América Latina.
O tom continua o mesmo de sempre: imposição dos interesses e métodos americanos.

Por IHU OnLine

De três em três meses o Centro Gumilla de Caracas, sob a coordenação
de Francisco José Virtuoso, elabora uma Análise de conjuntura da
América Latina e Caribe. O grupo de pesquisadores que elabora a
análise é constituído por Jesús Machado, Carolina Jiménez, Hildebrand
Breuer, Alfredo Infante, SJ e Demétrio Boersner.


Eis alguns trechos da análise:


Em seu discurso de despedida de 1961, o então presidente Dwight
Eisenhower havia assinalado que não havia administrado um país senão
um “complexo industrial militar” e advertiu que sua influência
“econômica, política e até espiritual” se sentia em “cada cidade, cada
Estado, cada oficina do governo federal”, até formar parte “da própria
estrutura de nossa sociedade”.

Em princípios de fevereiro do ano em curso, o governo dos EE.UU disse
que o gasto com defesa para 2011 será de US$ 750.000 milhões, US$
31.000 milhões mais do que em 2010 e quase US$ 100.000 milhões mais do
que em 2009. Em meio a uma tremenda crise econômica, e a um déficit
recorde na história do setor público estadunidense, na ordem dos US$ 2
bilhões, nem o Nobel da paz pôde com o Pentágono.
Coincidências ou continuidades entre o Rumsfeld de 2002 e o Obama de
2008? O que significa manter em postos-chave de segurança e defesa
funcionários do Pentágono da passada administração Bush e repetir os
discursos dos operadores do Pentágono? Por que não é possível reduzir
o pressuposto do Pentágono em meio à crise? É Obama refém do
Pentágono? O Pentágono dita a política exterior dos EE.UU ?

Em princípios de fevereiro do ano em curso o governo dos EE.UU disse
que o gasto com defesa para 2011 será de US$ 750.000 milhões, US$
31.000 milhões mais do que em 2010 e quase US$ 100.000 milhões mais do
que em 2009.

O estadista dominicano Juan Bosch escrevera um livro em 1967,
intitulado O Pentagonismo: substituto do imperialismo. Com tremenda
clareza desenvolveu o modo como operava a forte diretriz do Pentágono
no sistema da tomada de decisões na Casa Branca e a justificação
ideológica de suas intervenções armadas. Tempos de releituras.

Os primeiros movimentos da política exterior norte-americana com a
América Latina e o Caribe (ALC) se caracterizaram por uma série de
atos ambíguos e atitudes contrapostas. Dos coquetismos iniciais do
presidente Obama com países como Cuba e Venezuela, a declarações
agressivas da parte de funcionários de diversos níveis contra vários
países considerados adversos aos EE.UU. As ações e discursos iniciais
que mostravam alguma flexibilidade produziram mais de uma inquietude
negativa na opinião pública estadunidense e o ataque dos setores mais
conservadores não tardou muito em se manifestar e boa conta dele deram
editoriais de imprensa e vários representantes do partido opositor.

O subsecretário de Estado para Assuntos Hemisféricos, Arturo
Valenzuela, disse em roda de imprensa, uma semana antes da tomada de
posse do recém eleito Presidente do Uruguai: “Esta viagem é uma
continuação de nossos esforços para envolver-nos com os países do
hemisfério numa multiplicidade de assuntos”.

Na visita que realizara o vice-presidente Biden ao México, enviara um
sinal bem claro de que a administração Obama daria prioridade às
relações com a ALC.

Em declarações dadas nas Bahamas pelo atual secretario de defesa
Robert Gates, a propósito da conferência de segurança regional dos
países da órbita do Caribe, em princípios de abril de 2010, ele
dissera que se estava enviando um forte sinal de que “os Estados
Unidos estão se reenvolvendo com esta região”.

Um claro exemplo da ofensiva política e diplomática dos EE.UU na
região foi o recente episódio do golpe em Honduras. Como parte das
contradições inter-burguesas na condução deste país, o derrotado
presidente Mel Zelaya realizara alguns movimentos de alianças com os
países que formam a ALBA. Entre outras coisas, também realizara
declarações em torno de suas intenções de converter a Base Soto Cano
num aeroporto destinado totalmente para atividades civis, coisa que
não agradou ao Pentágono. Estes elementos fizeram supor às facções
mais conservadoras de Honduras e aos analistas estadunidenses que se
estava produzindo na região um avanço do comunismo na América Central.
Uma vez produzido o golpe, a atitude estadunidense foi ambígua,
contraditória e branda com o princípio de apoio à democracia liberal.
Os funcionários que manifestaram a política exterior dos Estados
Unidos nesse tema se mostraram mais eficazes em reconhecer eleições
que legitimavam o golpe do que em colaborar com o restabelecimento da
democracia nesse país.

Com o tema Cuba a administração Obama adotou uma política de tensão
progressiva; num primeiro momento aplicou medidas como anulação de
limites à quantidade de viagens desde seu território e o envio de
remessas à ilha, porém progressivamente tem de novo aumentado a
pressão ao governo insular e não se avançou sobre o tema do bloqueio.

As contínuas visitas ao continente de funcionários da Secretaria de
Estado ou do Pentágono mostram parte dessa ofensiva: as visitas da
Secretária de Estado, Hillary Clinton; do subsecretário de Estado dos
EE.UU, James Steimberg; do subsecretário para Assuntos Políticos,
William Burns; do subsecretário de Estado para Assuntos Hemisféricos,
Arturo Valenzuela; do Secretário de Defesa Robert Gates; e do chefe do
Comando Sul, General Douglas Fraser.

Entre os países que receberam funcionários da diplomacia e do
Pentágono se encontram Uruguai, Brasil, México, Chile, Guatemala,
Haiti, Costa Rica, Equador, Peru. Além das reuniões com presidentes na
América Central: Álvaro Colom, Porfírio Lobo, Mauricio Funes, Oscar
Arias, Laura Chinchila, Leonel Fernández.
Enquanto mantém relações tensas com alguns países considerados
adversos, com outros estreita relações, como os casos de Colômbia,
Peru, Chile, Panamá, Honduras, México.

A ação estadunidense tratou de moderar a postura do Brasil em relação
ao tema iraniano. O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva,
havia declarado na Cúpula da América Latina e do Caribe, realizada no
México, que a comunidade internacional não devia isolar nenhum país em
nome da paz mundial, referindo-se ao Irã e à perspectiva de novas
sanções. A posição do Brasil com respeito ao tema iraniano preocupa os
Estados Unidos por duas razões fundamentais: a primeira é porque eles
avaliam que o colosso do sul tem grande influência na região e pode
ajudar a bloquear ou a moderar as posturas da Venezuela e Bolívia nas
relações com o Irã: e a segunda, porque na atualidade o Brasil ocupa
um dos postos rotativos no Conselho de Segurança da ONU e ante a
discussão de eventuais sanções contra o Irã seu voto pode ser
decisivo.


A agenda militar

A presença militar norte-americana na ALC é ampla: abrange múltiplos
aspectos e formas. Encontram-se na região não menos de duas dezenas de
bases militares sob seu controle ou com forte presença, operações
militares conjuntas, presença de pessoal de tropa ou contratados
(mercenários?).

O argumento mais recorrente que se utiliza por parte dos porta-vozes
norte-americanos tem a ver com temas que deveriam concitar a aprovação
universal nesses assuntos, tais como o combate ao terrorismo e a luta
contra o tráfico de drogas. Em outros casos, quando esses argumentos
não parecem ser os mais adequados, emprega-se um roteiro cujas linhas
assinalam que a presença militar norte-americana se deve a um convite
do governo local ou simplesmente se trata de cooperação. Sendo certo
que a presença militar norte-americana seja para deter esses terríveis
flagelos, como não se avançou no controle das drogas ilícitas? Após
anos de detenção e tortura de presos em Guantánamo, a invasão e o
desenvolvimento de guerras contra países sob o argumento da luta
contra o terrorismo, a mesma se apresenta estancada. Que ameaça
terrorista tão poderosa existe na ALC, que demande uma presença
militar tão poderosa e extensa na região?

É evidente que a presença militar norte-americana tem outras
intenções, além do tema das drogas e do terrorismo. Talvez a
explicação esteja relacionada com outros elementos geoestratégicos da
política exterior norte-americana.

Os intentos regionais de reduzir a influência norte-americana em
matéria militar se desenvolveram através de duas vertentes, sendo uma:
acordos militares intra-regionais, que sempre existiram, porém com o
acréscimo contemporâneo de que os mesmos são adiantados por governos
cujas identidades político-ideológicas são de contestação e até de
rechaço; e a segunda: aliança com outros países extra-regionais como
provedoras de armamento.

As bases militares

A estratégia militar norte-americana ante a ALC não é novidade. No
documento Instalações Militares de Ultramar e na Lei de Revisão de
Estrutura de Distribuição de 2003 se criou a comissão sobre a revisão
das instalações militares de ultramar e distribuição de estruturas dos
EE.UU com o seguinte objetivo: 1) estudar as questões relativas às
instalações militares e sua distribuição no exterior; e 2) dar informe
de resultados da revisão ao Presidente e ao Congresso, incluindo uma
proposta para uma estratégia de bases no exterior para satisfazer as
necessidades atuais e futuras de missões do Departamento de Defesa.

Partindo das orientações de um memorando intitulado Presença Global
Integrada e Estratégia Base, o Departamento de Defesa elaboraria uma
estratégia a longo prazo sobre as bases no exterior. Nela se prevêem
as decisões sobre o fechamento das instalações no exterior, caso se
justifiquem, tomando um conta os esforços em marcha.

Isso se traduziu, na prática, numa modificação das dimensões das bases
norte-americanas na ALC. A implementação inicial são as chamadas bases
de localização cooperativa de segurança (Cooperative Security
Location-CSL), que são centros instalados num país-anfitrião, com
presença permanente, pouca ou nenhuma dos EE.UU, os quais requerirão
manutenção periódica, por contratados e/ou apoio do país hospedeiro.
Seu objetivo é facilitar o acesso de contingência e elas são um ponto
focal das atividades de cooperação em segurança. Podem conter equipes.
Estas são: de rápido acesso para uso tático, ampliáveis para
convertê-las num ‘Forward Operating Site’ (FOS), como posto avançado e
de explorações. Não têm um sistema de apoio para as famílias dos
efetivos militares.

As bases de operações avançadas (FOS) se localizam num país anfitrião
catalogado como sítio quente, com presença limitada de apoio militar
dos EE.UU e, possivelmente, equipes militares pré-localizadas. Pode
alojar as forças de rotação e ser um foco de formação bilateral e
regional. Estas bases estão desenhadas para satisfazer as necessidades
previstas e podem ser utilizadas por um período de tempo prolongado.
São incumbidas de dar o apoio requerido às bases principais de
operações (Main Operating Base-MOB).

Uma base principal de operações (main operating base, MOB) é uma base
estratégica permanente estabelecida num país-anfitrião com forças de
combate estacionadas de maneira permanente, sólida infra-estrutura,
acesso estratégico, estruturas de comando e controle e serviços de
apoio familiar. As MOB servem como pontos de ancoragem para a
transferência, formação, participação e capacidade de apoio de FOS e
CLS.

A reengenharia da presença militar estadunidense tem implicado em
passar de grandes bases a pequenas unidades militares (CLS). Na medida
em que uma situação vá se complicando em termos de segurança, se vai
recorrendo a mecanismos de ampliação, até convertê-las em verdadeiras
bases (MOB) onde se hospedaria o pessoal militar, além de equipes de
guerra mais pesada e presença permanente. É a estratégia de flor de
lótus. Na medida em que a circunstância o exija, vão se ampliando a
capacidade e as funções.

Nos casos da Colômbia e do Panamá se utilizou o mesmo discurso, no
qual se sustenta que as bases, nas quais mantêm presença militar os
norte-americanos, são dos países anfitriões e que sua presença é
pequena. Nisso há uma dose de verdade, porém não toda a verdade. O que
ocultam é que esses convênios de cooperação militar estão sob a lógica
militar de escalamento das bases militares até convertê-las em
verdadeiras bases, desta vez, totalmente controladas pelos
norte-americanos: CLS>FOS>MOB.

Por outra parte, esta nova reengenharia permite aos EE.UU
descentralizarem sua presença militar no continente, porém não
eliminá-la, e assim tratar de minimizar as rejeições que suscitam as
grandes bases.

Bases militares norte-americanas na ALC

Os Estados Unidos têm 865 assentamentos militares fora de seu
território, dos quais entre 45 e 49 estariam na América Latina e
Caribe ou em suas proximidades.

- Colômbia (10); trata-se de três bases da Força Aérea: Malambo
(norte), Palanquero (centro) e Apiay (leste); duas do Exército: em
Tolemaida (centro) e Larandia (sul); e duas navais: Cartagena (norte,
sobre o Atlântico) e Málaga (oeste, no Pacífico). A base aérea de
Palanquero tem uma posição estratégica de grande importância para os
Estados Unidos. A partir desta base “em torno da metade do continente
pode ser coberta com um C-17 sem reabastecimento. Tendo subministração
adequada de combustível no destino, um C-17 pode abarcar todo o
continente, excetuando a região de Cabo de Hornos no Chile e a
Argentina.”

Arauca: esta instalação se utiliza para a vigilância da
infra-estrutura petrolífera, o que inclui o oleoduto Caño
Limón-Coveña. Lugar de treinamento para militares colombianos, estação
de monitoramento da zona fronteiriça com a Venezuela.

Forte Militar Larandia: serve como base de helicópteros dos Estados
Unidos. Possui uma pista de aterrissagem para bombardeiros B-52, uma
capacidade operadora que ultrapassa o território colombiano e permite
uma cobertura para ataques em quase todo o sul do continente.

Base militar Três Esquinas: nesse lugar funciona a Rede de Radar de la
Cuenca del Caribe (Caribbean Area Radar Program (CBRN) e o Centro
Conjunto de Inteligência. Serve, além disso, para operações
terrestres, helitáticas e fluviais.Esta instalação é receptora
permanente de armamento, logística e serve para o treinamento de
tropas de combate.

- El Salvador (1): Base Militar Comalapa. Esta base é conhecida como
uma FOL; é uma base pequena que se utiliza para o monitoramento de
satélites e para apoiar as bases grandes, com pessoal que tem acesso a
portos, espaços aéreos e instalações do governo. O acordo autoriza o
ingresso de tropas estadunidenses, naves, aeronaves, transporte
terrestre e armamentos.

- Aruba (1): Base Militar Rainha Beatriz. Utilizada para o
monitoramento de satélites e como apoio para o controle de vigilância
no Mar Caribe.

- Curaçao (1): Base Militar Hatos. Utilizada para o monitoramente de
satélites e como apoio para o controle de vigilância no Mar Caribe.

- Panamá: Em fins do ano passado se dava como fato a instalação de
duas bases. Estas seriam instaladas na Baía Piña, na província de
Veraguas (300 kms. ao sudoeste da capital). Mencionou-se que o
presidente Martinelli teria firmado um acordo com os Estados Unidos
para a instalação de quatro bases. Além das duas já mencionadas, as
restantes se localizariam uma na Ilha Chapera e outra em Rambala,
província de Bocas del Toro.

- Porto Rico (14): Inclui uma ampla gama de instalações militares para
diferentes funções. Haveria umas 14 instalações militares, a partir
das quais se desenrolam atividades de patrulhamento, treinamento, zona
de tiro, estações de radar. Têm assento as forças do exército, bem
como navais, de aviação e guarda nacional.

- Peru (3): em Iquitos funciona o Centro de Operações Ribeirinhas.
Administram-se cursos de adestramento a soldados peruanos. É, ademais,
uma base de monitoramento com radar. A base de Chiclayo serve
fundamentalmente para operações aéreas. Pucalpa: funcionou aí a Escola
de Sobrevivência na selva e é uma base aérea utilizada por pessoal do
Comando Sul e da DEA. É uma base anti-narcóticos. O governo dos
Estados Unidos diz que estas bases pertencem às forças armadas
peruanas, porém foram construídas e são utilizadas por soldados
estadunidenses que operam na zona fluvial Nanay, na Amazônia peruana.

- Cuba (1): Base naval de Guantánamo.

- Paraguai (1): Base Marechal Estigarribia. Em maio de 2005 o governo
dos EE.UU firmou um tratado com o Paraguai para instalar a base
militar na cidade de Marechal Estigarribia, província de Boquerón, no
chamado Chaco Paraguaio. Tem capacidade para alojar 20 mil soldados
estadunidenses, uma enorme pista de aterrissagem e se encontra a 200
quilômetros da Argentina e da Bolívia e a 300 quilômetros do Brasil.
Seu aeroporto é maior que o de Assunção, a capital paraguaia. A base
está estrategicamente localizada perto da tríplice fronteira Paraguai,
Brasil, Argentina, e próxima ao Aqüífero Guarani, que é a maior
reserva de água doce do mundo. A partir dali também se vigia o
Altiplano boliviano e a Venezuela.

- Honduras (2); Base Soto Cano em Palmerola; usa-se como estação de
radar e proporciona apoio para treinamento e missões em helicóptero,
que monitoram os céus e as águas da região e são chaves nas operações
militares. Base Naval no departamento norte-oriental de Gracias a
Dios. Conta com um edifício multifuncional e um centro de operações
que contribui para o aumento da capacidade de albergar mais pessoal e
um cais para a ancoragem de lanchas de patrulhamento.

- Ilhas Turkos e Caicos (1): Base de Operações para o Apoio de
Esforços Internacionais (OBAT).

- Bahamas (1): Base de Operações para Apoio de Esforços Internacionais (OBAT).

- Ilha Ascensão: embora não faça parte da ALC, encontra-se frente às
costas orientais do Brasil. É uma estação de seguimento de mísseis.

- Costa Rica (2): Base Militar Libéria. Estação de radar. O
Subcomandante do Comando Sul do exército norte-americano Paul Trivelli
informou também sobre a inversão de 15 milhões de dólares numa base
naval que já está sendo construída na localidade de Caldera, da
província de Puntarenas.

- Antígua (1): base localizada próximo à cidade de Saint Johns.

- Jamaica (1): estação de radar e estação da aviação.

- Ilha Granada (1): estação de radar.

Os Estados unidos possuem bases militares nas ilhas Santa Cruz e Santo
Tomás, que, embora não formem parte da América Latina, estão na região
caribenha.

Foram reveladas 17 estações de radares operadas por pessoal dos
Estados Unidos. Na maioria dos casos, os pontos de radar encontram-se
num país-anfitrião. Um destacamento operacional típico se compõe de 36
a 45 pessoas. As bases conhecidas dessas estações de radares são: na
Colômbia (6): Leticia (sudeste da Colômbia); Marandúa (leste, na
fronteira com a Venezuela); Rohacha (noroeste, na costa do Caribe);
San Andrés (ao leste da Nicarágua e no Mar Caribe); San José del
Guaviare (sul do centro da Colômbia); Três Esquinas (sudoeste, perto
da fronteira do Equador). No Peru (3): Iquitos (no rio Amazonas, perto
da fronteira com a Colômbia); Andoas (norte do Peru, entre Colômbia e
Equador); Pucallpa (sobre o rio Ucayali, perto do Brasil). As
restantes estações de radar são móveis ou estão situadas em lugares
secretos.

De igual maneira, os Estados Unidos tem pretensões de instalar
futuramente quatro bases adicionais: uma em Alcântara, no Brasil.
Recém obtiveram acordo em matéria militar com o governo de Lula, porém
sem instalações militares. Outra base seria na zona de Chapare, na
Bolívia, onde a forte oposição ao presidente Evo Morales torna
difícil, de imediato, que a mesma se concretize; mais uma em Tolhuin,
na província de Terra do Fogo, na Argentina; e a última na zona
conhecida como a tríplice fronteira, situada entre os limites do
Brasil, da Argentina e do Paraguai.

As localizações das bases têm assinaladas áreas de cobertura. O raio
de ação de algumas delas seria: Aruba-Curaçao (para operações no
Caribe Oriental e na região norte da Venezuela); Comalapa em El
Salvador (para as operações no Pacífico Oriental, no Caribe Ocidental
e América Central). A base Soto Cano de Honduras, que provê apoio e
resposta mediante helicópteros em missões do Comando Sul na América
Latina e no Caribe. As bases na Colômbia, com capacidade de
monitoramento e intervenção com equipes e tropas, em toda a parte
norte da América do Sul, em parte do Cone Sul e na América Central,
além de outras tarefas encobertas: lutar contra os insurgentes
colombianos; controlar os fluxos de petróleo e minerais, os recursos
em água doce e a biodiversidade. Porém, desde o princípio seus
principais objetivos foram: vigiar a Venezuela e desestabilizar a
revolução bolivariana.

Presença de tropas na ALC

A terrível tragédia sofrida pelos irmãos haitianos foi um pretexto
oportuno para que os EE.UU pusessem em solo haitiano uns 20.000
homens, pessoal de tropa da 82ª Divisão. Os mesmos tomaram o controle
do principal porto e aeroporto de Porto Príncipe e exerceram ações de
controle à população. A situação acabou sendo tão escandalosa que
várias chancelarias latino-americanas se pronunciaram sobre o fato e
até o Secretário de Estado francês para a Cooperação, Alain Joyandet
declarou: “Trata-se de ajudar o Haiti, e não de ocupar Haiti”. Ante
este fato há muitas perguntas: por que a presença de tantas tropas?
Não teria sido de mais ajuda colocar pessoal médico nessas mesmas
proporções? Por que assumir o controle de aeroportos e portos sem
contar com a anuência da Minustah? Quem lhe outorgou essas funções?
Foi um exercício de ocupação militar a um país da ALC?

A reativação da 4a Frota

Em julho de 2008 a armada estadunidense reativou a IV. Frota que havia
sido dissolvida em 1950, e começou a patrulhar os mares da América
Latina e do Caribe, respondendo às ordens do Comando Sul dos Estados
Unidos (o Southcom), cujas bases se encontram em Miami. A IV. Frota
conta com o porta-aviões nuclear George Washington, fragatas com
mísseis, 120 aviões, entre eles bombardeiros F-14, tanques,
submarinhos nucleares e 12 navios d escolta (cruzeiros ou
caça-torpedeiros).

A reativação da IV. Frota implicou em pronunciamentos de vários
presidentes latino-americanos. Ao que um funcionário de Assuntos
Públicos do Comando Sul replicou dizendo que esta frota concentrará
seus esforços na luta contra o tráfico ilícito de drogas e em prover
ajuda humanitária e socorro em casos de desastres.

Conclusões

A nova política exterior norte-americana com respeito à ALC se
expressa no momento atual numa ofensiva político-diplomática, por um
lado, e militar, pelo outro. Trata-se de estreitar relações com
governos da região catalogados como aliados, enquanto se hostiliza e
se implementam táticas para o desgaste interno e externo de governos
catalogados por eles como hostis. Paralelamente, desenvolve-se o
componente militar sob a responsabilidade do Comando Sul, que inclui a
obtenção de acordos para instalação de bases com diferentes
finalidades, como monitoramento por radar e satélite, postos de
controle e supervisão de áreas geográficas, treinamento de tropas dos
países anfitriões, exercícios militares conjuntos, etc. Esta nova
ofensiva norte-americana ocorre num contexto em que o continente
latino-americano experimenta governos discursivamente de esquerda ou
progressistas.

IHU OnLine é uma publicação da Unisinos de São Leopoldo,
RSArtigosObama e a sua nova diplomacia para a América Latina

Fonte:http://www.domtotal.com/especiais/detalhes.php?espId=776
A tradução é de Benno Dischinger.


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