19 de dezembro de 2010

Centro Cultural e Favelas

Não há, no Brasil, tão valioso conjunto arquitetônico quanto o do Centro da cidade do Rio de Janeiro. Em nenhuma outra localidade encontram-se prédios com tanta importância histórica.

A beleza do Rio Antigo, mostrada no arquivo anexado, revela um centro cultural a céu aberto dos mais belos do mundo. Para muitos visitantes da cidade é tão importante quanto às belas paisagens do litoral carioca.

As paisagens não foram obras dos humanos, no entanto Biblioteca Nacional, Museu de Belas Artes, Teatro Municipal, Museu Histórico Nacional, Centro Cultural Banco do Brasil, Casa França Brasil, Palácio Tiradentes, Cais Pharoux, Paço Imperial, Arco dos Teles, Igreja Santa Luzia,Mosteiro São Bento, Arsenal de Marinha, Igreja N.S. do Carmo, Beco dos Barbeiros, Igreja São José e tantos outros magníficos prédios da cidade foram edificações resultantes do trabalho do povo brasileiro.

Mas, afinal quem foram esses humanos? Quase a totalidade da mão-de-obra empregada foi de brasileiros negros e pobres. O povo negro que antes morava nas senzalas, durante o período da escravidão negra, até o ano de 1888, e que agora habita as favelas foi o principal responsável pela construção dessa relíquia arquitetônica.

Os filhos e filhas, netos e netas, bisnetos e bisnetas, tataranetos e tataranetas desses bravos e incógnitos construtores hoje povoam o Complexo do Alemão, a Vila Cruzeiro, o Turano, o Complexo da Maré, a Rocinha, a Barreira do Vasco, o São Carlos, o Morro Santa Marta, a Cidade de Deus, o Jacarezinho, a Mangueira, o Vidigal e tantas outras favelas.

Pois não é que o Brasil declarou guerra exatamente contra esse povo miserável. As polícias militar e civil do Rio de Janeiro e as forças armadas da União invadiram favelas barbarizando, prendendo e matando brasileiros negros, mulatos e até brancos, mas todos pobres, semi-analfabetos ou analfabetos.

A criminalização dos pobres é uma realidade antiga na injusta sociedade brasileira. Os inimigos das classes mais abastadas antigamente eram os negros fujões, depois os negros sambistas, os negros malandros e agora, no auge da indiferença da burguesia, diante da alarmante injustiça social, negros traficantes. Não há julgamento, a princípio são todos traficantes. Afinal, o que esses favelados traficam? Não há explicações convincentes

Segundo os principais cientistas políticos do país: Luciano Huck, Ana Maria Braga, Fátima Bernardes, William Bonner, Hebe Camargo, Faustão, Galvão Bueno, Miriam Leitão, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) irão levar cidadania para os favelados, construindo assim um ambiente de paz entre os pobres, que se sujeitam a ganhar um salário mínimo, e os rebeldes traficantes. Quanta hipocrisia!

Quando a poeira baixar, ouviremos outras notícias da interminável história de polícia e bandidos. Tudo leva a crer que houve quebra de acordo entre o Estado opressor e os traficantes. Qual o acordo? Talvez nunca saibamos. O que importa é manter a população amedrontada. Isso tudo está muito mal contado. As causas do crime jamais são discutidas. Triste Brasil!

Saudações .........................................

José Antônio Simões







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