15 de janeiro de 2011

EUA: uma diplomacia de morte

imagemCrédito: Latuff


Por Ángel Guerra Cabrera - México

A diplomacia dos Estados Unidos tem atuado historicamente em prol do saque, da guerra e da morte de milhões de seres humanos.

A diplomacia dos Estados Unidos tem atuado historicamente em prol do saque, da guerra e da morte de milhões de seres humanos, ou seja, antagônica ao seu discurso de fomento da democracia, da amizade, da paz e prosperidade dos povos. Nesse sentido, as revelações do Wikileaks sobre a troca de telegramas entre o Departamento de Estado e as embaixadas estadunidenses, para além de outros interesses que poderiam influir, têm proporcionado um panorama quase em tempo real, e consideravelmente amplo, sobre as atitudes dos protagonistas da política exterior imperial nas últimas décadas e, sobretudo, na atualidade. Eles revelam o tanto de ignorância e menosprezo pelos “outros, além de um culto fanático à onipotência do mercado e da banalidade com que dialogam sobre a morte com seus acólitos.

Quando digo morte me refiro às guerras de rapina travadas desde que os próceres da república escravista exterminaram a maioria da população indígena e anexaram a metade do México até os atos de supremo terrorismo como as bombas nucleares lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Falo também dos milhões de vietnamitas mortos pelos bombardeios ou o assassinato de milhares de civis no Iraque, Afeganistão e Paquistão, e ultimamente os festejados conceitos desenvolvidos sobre uma suposta guerra nuclear “controlada” taticamente.

Ainda incluo, dada sua enorme importância, os milhões que morrem a cada ano por fome, insalubridade ou por efeitos das mudanças climáticas ocasionadas pelo sistema capitalista. Por conta disso morrem anualmente perto de 300 mil pessoas, cifra que, em pouco tempo, poderá chegar a um milhão se os Estados Unidos insistirem em reduzir a emissão de gases em apenas 3% em lugar dos 40% que propõem os países integrantes do G-77. A postura ianque equivaleria a um aumento nas temperaturas do planeta na ordem de quatro a cinco graus, conduzindo a uma situação sem retorno até a desaparição completa da nossa espécie.

A pesar de serem conhecidas, nunca é demais reiterar estas verdades porque afinal, ainda não as conhecem milhares de pessoas no mundo, vítimas do inclemente e imoral bombardeio de reflexos condicionados e preconceitos gerados pela maioria dos meios de comunicação, parte inseparável do sistema de dominação e seus interesses mais mesquinhos.

Assim, por conta desta lógica são sumamente importantes os telegramas filtrados pela Wikileak em relação à intenção de imposição por parte dos Estados Unidos da ilegal e antidemocrática Declaração de Copenhague, baseando-se em subornos, chantagens e ameaças, particularmente contra países mais pobres, como os pequenos estados insulares ou os africanos. A declaração foi cozinhada por Obama e um grupinho de amigos incondicionais à margem dos regulamentos e às costas da maioria das delegações presentes à conferência sobre as mudanças climáticas. Isso já havia sido denunciado em várias ocasiões por Fidel Castro, Evo Morales e Hugo Chávez, sem que tivesse difusão pelos meios de comunicação. O que os meios faziam era ridicularizar os discursos dos líderes da ALBA chamando-os de apocalípticos e ideológicos.

Pode-se ver também como se fossem poemas as solicitações de dados pessoais sobre diplomatas da ONU e ativistas de ONGs assinadas pela secretária Hilary Clinton a pedido da CIA, buscando pontos débeis por onde atacar os prováveis adversários da atitude estadunidense sobre o clima. Ou ainda a persuasiva e delicada prenda expedida pela subsecretária do Estado, María Otero, a Meles Zenawi, diplomata etíope e representante da União Africana nas negociações sobre as mudanças climáticas: “Assina o acordo (de Copenhague) ou a discussão acaba agora”. E que tal essa outra: “Neutralizar, cooptar ou colocar à margem os países que não nos ajudam tais como a Venezuela e Bolívia”, tirada de um telegrama que relata a reunião dos representantes dos Estados Unidos e a União Europeia com negociadores. Mais tarde Washington cortou da Bolivia e do Equador a ajuda para combater as mudanças climáticas, citando sua oposição ao acordo.

Mas isso não é tudo. Estados Unidos e seus aliados pretendem comerciar com a tragédia climática convertendo em mercadoria a água, o ar e o carbono, além de pretender salvar-se da crise capitalista vendendo bônus destes bens no cassino global.

Justiça para Julian Assange!

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