O lixo urbano é um dos principais problemas socioambientais da atualidade. A destinação adequada dos resíduos sólidos é um dos maiores desafios e a situação é ainda mais grave nas médias e grandes cidades.
Em abril deste ano, ao divulgar mais uma edição do "Panorama Nacional dos Resíduos Sólidos no Brasil", a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) mostrou que, de 2009 para 2010, em consequência do aumento do poder aquisitivo da população, a geração de resíduos sólidos urbanos no país cresceu 6,8%, com os brasileiros produzindo mais de 195 mil toneladas de lixo diariamente.
A publicação apresenta, entre outros dados, informações detalhadas das capitais e de cidades com população superior a 500 mil habitantes, como é o caso de Juiz de Fora, em que se coleta diariamente, segundo o documento, o equivalente a 920 gramas de lixo por habitante.
Um problema de grandes proporções, mas que parece não preocupar a Prefeitura de Juiz de Fora!
Há poucas semanas, o jornalista juiz-forano Laerte Braga veiculou a informação de que todo o lixo produzido em algumas cidades da região está sendo trazido para Juiz de Fora e despejado no Aterro Sanitário de Dias Tavares, inaugurado em abril de 2010 na Fazenda Barbeiro, na zona norte de Juiz de Fora. "Há um crime sem tamanho sendo cometido contra a cidade", alerta o articulista, em texto divulgado por e-mail e reproduzido na "blogosfera".
A instalação do novo Aterro Sanitário sempre envolveu muita polêmica. Questionamentos sobre irregularidades nos contratos assinados entre a Prefeitura de Juiz de Fora e a empresa Queiroz Galvão (e seu "braço", Vital Engenharia Ambiental), bem como o temor diante do risco de comprometimento das nascentes do local, das águas do Córrego Barbeiro e da Sub-bacia do Córrego Olaria, que deságua no Rio Paraibuna, levaram o vereador José Soter de Figueirôa (PMDB) a mover uma ação visando à suspensão do licenciamento ambiental da obra, que ficou paralisada por praticamente dois meses. Contudo, no fim de março de 2009, a liminar que suspendia o processo de licenciamento foi revogada pela Vara da Fazenda Pública Estadual.
Em julho daquele ano, o vereador Wanderson Castelar (PT) propôs a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de Juiz de Fora, para investigar os indícios de irregularidades nas questões referentes ao tratamento do lixo na cidade. "Todos os contratos relacionados com o lixo são permanentemente questionados. Em contrapartida, o que recebemos como resposta são explicações nada convincentes por parte do Executivo", afirmou o petista, na ocasião, à equipe do extinto jornal "JF Hoje" (12/07/2009 - página 4).
A "CPI do Lixo", porém, não vingou! Para a sua instalação, eram necessárias sete assinaturas, mas apenas mais quatro vereadores apoiaram a iniciativa de Castelar: Flávio Cheker (PT), José Mansueto Fiorilo (Dr. Fiorilo, PDT), José Soter de Figueirôa (PMDB) e Roberto Cupolillo (Betão, PT).
Mesmo após a concessão da licença de operação pelo COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental), o Aterro Sanitário de Dias Tavares - "Central de Tratamento de Resíduos de Juiz de Fora (CTR-JF)" - continuou a receber críticas.
Há pouco mais de um ano, em 2 de julho de 2010, o jornal "Tribuna de Minas" veiculou o alerta do professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Cezar Henrique Barra Rocha, antigo membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema):
Acompanhamos, nos últimos dias, as descargas realizadas no Aterro Sanitário de Dias Tavares e constatamos que a unidade recebe diariamente o lixo de Ubá, Santos Dumont e Barbacena.
Para que se tenha uma ideia do impacto desses resíduos despachados para Juiz de Fora, em apenas um dia (05/07/2011) foram recebidas no CTR-JF mais de 186 toneladas de lixo, correspondentes a 15,71% do total descarregado no período.
A movimentação dos caminhões pode ser acompanhada no site do DEMLURB - Departamento Municipal de Limpeza Urbana, na seção "Descargas no Aterro".
Infelizmente, porém, só é possível visualizar as informações referentes ao dia da consulta!
Em Juiz de Fora, o assunto não é abordado publicamente, diferentemente do que ocorre nas cidades que despacham seus resíduos sólidos para a "Nova Gramacho"!
Segundo informações veiculadas no blog "Vôo Independente", de Aylce Helena da Silva, a Prefeitura Municipal de Santos Dumont, cumprindo a determinação da FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente), constante do Auto de Fiscalização nº 008475, encaminha, desde julho de 2010, todo o lixo urbano da cidade para Juiz de Fora. "Segundo informações obtidas, foi uma boa negociação e o dispêndio financeiro antes destinado ao pagamento da Coletec será suficiente para os novos gastos", informa a blogueira.
Qual será o significado exato de "boa negociação"? Quem são seus verdadeiros beneficiários?
Em maio deste ano, foi a vez de Ubá, cuja população produz, em média, 60 toneladas de lixo por dia, segundo informações veiculadas pela equipe do "MG TV" daquela cidade.
Embora necessitem, os juiz-foranos ainda não encontram os milhares de empregos anunciados pela Prefeitura, mas o resultado concreto da "política de atração" da atual administração municipal já pode ser testemunhado na zona norte da cidade, cuja população, antes das eleições de 2008, reivindicava um hospital.
Em vez de saúde e emprego, toneladas de lixo!
Leia também:
- Ou a Câmara apura ou os vereadores são cúmplices - para que votar nesses caras? (Laerte Braga)
- O destino do nosso lixo (Aylce Helena da Silva)
- Lixo de Ubá será transferido para o Aterro Sanitário de Juiz de Fora
Em abril deste ano, ao divulgar mais uma edição do "Panorama Nacional dos Resíduos Sólidos no Brasil", a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) mostrou que, de 2009 para 2010, em consequência do aumento do poder aquisitivo da população, a geração de resíduos sólidos urbanos no país cresceu 6,8%, com os brasileiros produzindo mais de 195 mil toneladas de lixo diariamente.
A publicação apresenta, entre outros dados, informações detalhadas das capitais e de cidades com população superior a 500 mil habitantes, como é o caso de Juiz de Fora, em que se coleta diariamente, segundo o documento, o equivalente a 920 gramas de lixo por habitante.
Um problema de grandes proporções, mas que parece não preocupar a Prefeitura de Juiz de Fora!
Há poucas semanas, o jornalista juiz-forano Laerte Braga veiculou a informação de que todo o lixo produzido em algumas cidades da região está sendo trazido para Juiz de Fora e despejado no Aterro Sanitário de Dias Tavares, inaugurado em abril de 2010 na Fazenda Barbeiro, na zona norte de Juiz de Fora. "Há um crime sem tamanho sendo cometido contra a cidade", alerta o articulista, em texto divulgado por e-mail e reproduzido na "blogosfera".
A instalação do novo Aterro Sanitário sempre envolveu muita polêmica. Questionamentos sobre irregularidades nos contratos assinados entre a Prefeitura de Juiz de Fora e a empresa Queiroz Galvão (e seu "braço", Vital Engenharia Ambiental), bem como o temor diante do risco de comprometimento das nascentes do local, das águas do Córrego Barbeiro e da Sub-bacia do Córrego Olaria, que deságua no Rio Paraibuna, levaram o vereador José Soter de Figueirôa (PMDB) a mover uma ação visando à suspensão do licenciamento ambiental da obra, que ficou paralisada por praticamente dois meses. Contudo, no fim de março de 2009, a liminar que suspendia o processo de licenciamento foi revogada pela Vara da Fazenda Pública Estadual.
Em julho daquele ano, o vereador Wanderson Castelar (PT) propôs a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de Juiz de Fora, para investigar os indícios de irregularidades nas questões referentes ao tratamento do lixo na cidade. "Todos os contratos relacionados com o lixo são permanentemente questionados. Em contrapartida, o que recebemos como resposta são explicações nada convincentes por parte do Executivo", afirmou o petista, na ocasião, à equipe do extinto jornal "JF Hoje" (12/07/2009 - página 4).
A "CPI do Lixo", porém, não vingou! Para a sua instalação, eram necessárias sete assinaturas, mas apenas mais quatro vereadores apoiaram a iniciativa de Castelar: Flávio Cheker (PT), José Mansueto Fiorilo (Dr. Fiorilo, PDT), José Soter de Figueirôa (PMDB) e Roberto Cupolillo (Betão, PT).
Mesmo após a concessão da licença de operação pelo COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental), o Aterro Sanitário de Dias Tavares - "Central de Tratamento de Resíduos de Juiz de Fora (CTR-JF)" - continuou a receber críticas.
Há pouco mais de um ano, em 2 de julho de 2010, o jornal "Tribuna de Minas" veiculou o alerta do professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Cezar Henrique Barra Rocha, antigo membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema):
A cidade terá prejuízos ambientais e financeiros. A unidade foi instalada em uma bacia hidrográfica classificada como classe 1 e que, conforme deliberação normativa do próprio Copam, não pode receber aterro. Como fica longe do Centro, o custo para transporte do lixo recolhido até a CTR, trabalho feito pelo Demlurb, é elevado. Além do combustível, é preciso considerar o desgaste de peças.
Acompanhamos, nos últimos dias, as descargas realizadas no Aterro Sanitário de Dias Tavares e constatamos que a unidade recebe diariamente o lixo de Ubá, Santos Dumont e Barbacena.
Para que se tenha uma ideia do impacto desses resíduos despachados para Juiz de Fora, em apenas um dia (05/07/2011) foram recebidas no CTR-JF mais de 186 toneladas de lixo, correspondentes a 15,71% do total descarregado no período.
A movimentação dos caminhões pode ser acompanhada no site do DEMLURB - Departamento Municipal de Limpeza Urbana, na seção "Descargas no Aterro".
Infelizmente, porém, só é possível visualizar as informações referentes ao dia da consulta!
Em Juiz de Fora, o assunto não é abordado publicamente, diferentemente do que ocorre nas cidades que despacham seus resíduos sólidos para a "Nova Gramacho"!
Segundo informações veiculadas no blog "Vôo Independente", de Aylce Helena da Silva, a Prefeitura Municipal de Santos Dumont, cumprindo a determinação da FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente), constante do Auto de Fiscalização nº 008475, encaminha, desde julho de 2010, todo o lixo urbano da cidade para Juiz de Fora. "Segundo informações obtidas, foi uma boa negociação e o dispêndio financeiro antes destinado ao pagamento da Coletec será suficiente para os novos gastos", informa a blogueira.
Qual será o significado exato de "boa negociação"? Quem são seus verdadeiros beneficiários?
Em maio deste ano, foi a vez de Ubá, cuja população produz, em média, 60 toneladas de lixo por dia, segundo informações veiculadas pela equipe do "MG TV" daquela cidade.
Embora necessitem, os juiz-foranos ainda não encontram os milhares de empregos anunciados pela Prefeitura, mas o resultado concreto da "política de atração" da atual administração municipal já pode ser testemunhado na zona norte da cidade, cuja população, antes das eleições de 2008, reivindicava um hospital.
Em vez de saúde e emprego, toneladas de lixo!
Leia também:
- Ou a Câmara apura ou os vereadores são cúmplices - para que votar nesses caras? (Laerte Braga)
- O destino do nosso lixo (Aylce Helena da Silva)
- Lixo de Ubá será transferido para o Aterro Sanitário de Juiz de Fora
Prefeitura transforma Juiz de Fora em Aterro Sanitário da região. Por: Vínncius Moraes
4/
5
Oleh
Kaizim