11 de agosto de 2011

A Semana no Olhar Comunista - 0006


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Inadimplência em alta

Ao contrário do que quer fazer crer a máquina de propaganda do governo, a crise econômica chegou sim ao Brasil e os índices de inadimplência são apenas uma de suas conseqüências. Outras, você lê no Olhar Comunista dessa semana.

É que, segundo divulgação do Banco Central, a taxa de inadimplência registrou em junho o maior patamar desde o início de 2010, e mantém trajetória de alta nos últimos meses. Tentando tapar o sol com a peneira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou à imprensa que “o crescimento do crédito se dá de forma segura. Tomamos todas as medidas para que continue crescendo nos próximos anos. O momento é de moderação da economia brasileira, que cresce menos. A inadimplência cresceu, mas está em níveis historicamente baixos. Isso vem na esteira do crescimento da classe média, visto que 35 milhões [de cidadãos] foram incluídos na classe média. Há um processo de formalização da economia e isso também se reflete no crédito. O crédito desacelera um pouco, mas continua crescendo de forma saudável”, disse o presidente do Banco Central.

Saudável, na definição de Tombini, é a população comprometer sua renda com o pagamento de juros ao mercado, para manter níveis de consumo acima de suas possibilidades e intacta a ideologia do capital e seu fetiche da mercadoria.

Ao lado do discurso falacioso, entretanto, foram tomadas medidas que forçam o consumidor a honrar suas dívidas: nas operações com cartões de crédito, o valor mínimo de pagamento foi elevado de 10% para 15% da fatura, e a redução para até cinco do número de tarifas existentes.



Bovespa, o buraco mais fundo do mercado de ações

A queda acumulada da Bovespa em 2011 está bem acima da média observada nos principais “mercados”, estando bem próxima da realidade da bolsa da Grécia. Até o meio-dia da última sexta-feira, a queda da Bovespa foi calculada em 24,5%. As informações foram divulgadas pela BBC.

A título de comparação, no mesmo período a bolsa grega perdeu 24,9% de seu valor, o índice Dow Jones (EUA) 2,12%; a bolsa de Londres 10,4%, a de Hong Kong 9% e a de Milão 19%. Na América Latina, da América Latina, a bolsa do Chile registrou queda de 16,9%, e as de Peru e Argentina 12,7%.

Os números não mentem – ao contrário do governo, que nos últimos dias vende para a opinião pública a falácia de que o Brasil estaria ao largo da crise econômica mundial. Complementando tal conjuntura, com os resultados de ontem (segunda-feira), a Bovespa caiu 29,8% em 2011. E as maiores quedas foram verificadas nas ações das “campeãs nacionais”, “modelos” da expansão do capitalismo brasileiro e empresas fartas de receberem investimentos públicos: as ações PN da Petrobras caíram 29%, as da Vale 23,2% e apenas no pregão de ontem os papéis do frigorífico Marfrig caíram 25% - no ano, a queda chega a 41%. Já a OGX, de Eike Batista, perdeu 54% d seu valor no ano. Aqui cabe um comentário, aliás: haja empréstimo de jatinhos particulares a políticos como o governador do rio de Janeiro, Sergio Cabral, para arrumar contratos sem licitação e fazer com que o prejuízo seja menor...



China “aperta” Washington

Maior credora dos EUA e com 70% de suas reservas em moeda estrangeira em dólares, a China criticou Washington após a Standard & Poor's rebaixar a nota da dívida norte-americana. Com US$ 1,16 trilhão em bônus do Tesouro dos EUA e US$ 3,2 trilhões de reservas em moeda estrangeira em dólares, a queda na avaliação da dívida pode trazer prejuízos colossais a Pequim.

“A China tem todo o direito agora de reivindicar dos Estados Unidos que corrijam os erros estruturais de sua dívida e garantam a segurança dos ativos em dólares da China”, afirmou a agência oficial chinesa Xinhua.

A agência também reivindicou “supervisão internacional” sobre o dólar e propôs “uma nova moeda de reserva estável e assegurada em nível global” para evitar a dependência mundial da dívida dos EUA.

Algo desse tipo mudaria a correlação de forças internacional iniciada no final da Segunda Guerra, com o Acordo de Bretton Woods, e dá o tom das preocupações chinesas – que, cabe lembrar, resultam de sua política de inserção no mercado global. Quem brinca com fogo...



Ministério Público quer impugnação do balaio de gatos PSD

O Ministério Público Eleitoral em São Paulo pediu a impugnação do PSD, aglomeração de politiqueiros que está sendo criada pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab. Felizmente, mas como se houvessem descoberto a pólvora, justificam o pedido pela duplicidade na contagem de assinaturas nas listas de apoio à criação da legenda em pelo menos 56 zonas eleitorais paulistas.

Agora, o partido cartorial precisará enviar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as certidões com os nomes dos apoiadores, com pelo menos 492 mil assinaturas. Haja gabinete e jogatina para acomodar tanta gente.



Corrupto, se for do PMDB, fica

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou ter o apoio da presidente Dilma Rousseff para continuar no cargo mesmo com a corrupção na pasta. “Ela tem me dado motivos para que eu me sinta firme e confortável”, afirmou Rossi. A fala gerou protestos de Blairo Maggi, que pela imprensa afirmou o porque de Rossi receber tratamento diferenciado do de outros casos de corrupção: “Só por que é do PMDB?”, reclamou. Faz sentido: se integrantes desse monstrengo de quatro letras podem roubar, por que figuras graúdas de seu PR foram defenestradas?

Mais cedo, nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff já havia declarado seu apoio ao ministro. No domingo, o Palácio do Planalto divulgou uma nota onde a presidente manifestava “confiança” no ministro.



Farc ampliam ações

Dados divulgados por ONG de Bogotá mostram que o número de ações das Farc rebelde aumentou 10% no primeiro semestre de 2011, o que indica possível fortalecimento da guerrilha revolucionária, ao contrário do que divulga a imprensa burguesa.

O documento “A nova realidade das Farc”, da Corporación Nuevo Arco Iris, indica que as Farc realizaram 1.115 ações armadas na primeira metade de 2011 e devem totalizar até o fim do ano cerca de 2.200 ataques. Os números contradizem o governo fascista da Colômbia, que em 2008 chegou a dizer que a organização estava perto do fim, e demonstra que a luta de classes na Colômbia não se arrefeceu, ao contrário.



Ilegal e imoral

Quatro siderúrgicas em Minas Gerais e na Bahia receberam R$56 milhões em multas do Ibama por terem desmatado cerca de 19 mil hectares de vegetação nativa que “alimentou” a cadeia produtiva de carvão ilegal oriundo da Caatinga e do Cerrado. Também fora apreendidas mil toneladas de ferro-gusa, 73 caminhões, 3 mil metros de carvão, 22 armas. Ao todo, 39 pessoas foram presas.

Os alvos foram empresas, agenciadores, transportadores e produtores de carvão sem autorização em 25 municípios nos dois estados.

De acordo com a imprensa, a extração ilegal de carvão é sustentada pelo “comércio” de créditos fictícios de carbono gerados na Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste, e destinados a fabricação de ferro-gusa.

Foram constatados cerca de 8 mil viagens de caminhões transportando carvão extraídos ilegalmente da Caatinga e do Cerrado, o que representa pouco mais de meio milhão de metros de carvão. Além da expansão da fronteira agrícola e pecuária, descobre-se mais um desafio predatório aos biomas brasileiros.



Londres: o caos do neoliberalismo

Nos últimos dias ocorreram, em Londres, conforme noticiado amplamente pela mídia, numerosos conflitos entre a Polícia e manifestantes que protestavam contra o anúncio de cortes nos orçamentos da saúde e da assistência social, em meio à política de “austeridade” adotada pelo governo. Os protestos, que já deixam um saldo de dezenas de feridos e prédios destruídos, se acirraram a partir da morte de um homem, em condições ainda não esclarecidas, em um bairro onde vivem, predominantemente, negros e imigrantes.

A onde de manifestações se concentra nos bairros mais pobres da cidade, onde os índices de desemprego são elevados. A situação tende a se agravar com a redução dos gastos públicos em geral (o que reforça a recessão) e das ações sociais. A Inglaterra, mesmo não tendo aderido ao Euro, mantém políticas neoliberais há muitos anos e não está imune à crise do sistema capitalista que se alastra pela Europa e Estados Unidos.

A adoção de políticas recessivas e de redução de gastos sociais pelo governo do primeiro-ministro David Cameron, do Partido Conservador, agravam um quadro social de exclusão e desemprego, de polarização entre ricos e pobres, como vem ocorrendo em toda a Europa e nos EUA, que leva ao desespero e à violência. As festivas inaugurações de estádios e instalações de apoio para os jogos olímpicos de 2012, que serão realizados nesta cidade reforçam os contrates com as precárias condições de vida de um número cada vez mais elevado de cidadãos britânicos e tende a elevar o tom dos protestos.

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Oleh

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