Mesmo com queda, imagine qual é o maior juros do mundo?
A reação da imprensa ao corte nos juros
promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) foi a de quem não
quer enxergar o óbvio: enquanto a população não tiver o poder de definir
o presidente do Banco Central, este deve estar subordinado à política
do governo. Além disso, continuamos tendo a maior taxa do mundo, bem a
frente da de outros países. Essa e outras notícias você confere no Olhar Comunista dessa semana.
A primeira redução em 2011, de 0,5 ponto
percentual, fixou a Selic em 12%. Trata-se da maior taxa de juros do
mundo, bem à frente de Rússia e Egito (ambos com 8,25%), Índia (8%),
China (6,56%) e Turquia (5,75%). Nas economias desenvolvidas, como EUA,
Japão e Grã Bretanha, a taxa está próxima de zero devido aos efeitos da
crise econômica. Enfim, os banqueiros e especuladores continuam ganhando
rios de dinheiro no Brasil.
Os "analistas de mercado", todos
vinculados a estes banqueiros e especuladores, reclamaram da medida e
iniciaram gritaria contra o que chamaram de "fim da autonomia do Banco
Central". Trata-se de um importante tema para os destinos da economia
brasileira, e gostaríamos que essa tão falada "autonomia" de fato
estivesse enterrada.
Como não temos o direito de escolher o
presidente do Banco Central, cremos que as políticas fiscal e de câmbio,
além da de juros, devem ser firmemente controladas pelo governo - o que
não ocorre desde o período de Fernando Henrique Cardoso.
Brasil, irmão caçula dos EUA na América do Sul
O Brasil tem ocupado o espaço de Washington na América do Sul. É o que diz artigo da revista britânica The Economist,
bunker do pensamento neoliberal, em sua última edição semanal. Segundo a
publicação, o imperialismo ianque na região é prejudicado pelas
disputas domésticas no Congresso dos EUA, o que abre espaço para a
expansão do capitalismo verde-amarelo na região.
"Enquanto os EUA são restringidos por
disputas domésticas, a América Latina está mudando rapidamente. Uma
década de crescimento econômico, comércio pulsante com a China,
democracias mais fortes e o advento de governos de centro-esquerda têm
ajudado a fazer a região mais assertiva", afirma a revista, para
complementar: "Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro que no Brasil".
É, os governos petistas transformaram o país no queridinho do momento para os think tanks do stablishment global...
Petrobrás: exploração global
Em entrevista a última edição da Carta Capital,
o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, "desde já, um potencial
candidato ao governo da Bahia pelo PT em 2014", afirma que a empresa vai
crescer em média 9,6% ao ano até 2020 e corrobora afirmação do
vice-primeiro ministro britânico, Nick Clegg, que disse: "a Petrobras
vai dar uma mexida na geopolítica mundial".
Dando a senha de por onde a companhia
pretende crescer fora do Brasil, aumentando a presença de capitais
brasileiros no exterior, Gabrielli disse que "a América do Sul tem uma
produção para o mundo muito pequena".
Povos explorados e com seus recursos
naturais exauridos pela gigante brasileira – como o peruano, o
colombiano e o boliviano – não devem ter a mesma visão do executivo
petista. Só para lembrar: a companhia já atua em 26 países além do
Brasil.
Missão de paz???
A "missão de paz" da ONU para o Haiti
(Minustah), comandada pelo Brasil (em mais uma iniciativa para colocar o
país como ator do capitalismo global) foi responsável por abuso sexual
contra um adolescente, praticado por militares do Uruguai. O povo
haitiano, após tomar conhecimento do fato, sentiu-se obviamente
desrespeitado.
No ano passado, a missão da ONU já havia
sido alvo de protestos durante epidemia de cólera que vitimou cerca de
seis mil pessoas no país e que teria sido disseminada pelos "capacetes
azuis" do Nepal.
Prestes que estamos a lembrar a
Independência do Brasil, seria bom que o governo tomasse vergonha na
cara e retirasse as tropas militares do país irmão.
Bancos ricos, governos pobres, trabalhadores sem direitos
Quase três anos após o banco de
investimentos Lehman Brothers ir à bancarrota, em 15 de setembro de
2008, a crise econômica provocou o endividamento de estados nacionais,
que atuaram como salva-vidas do sistema financeiro. A fatura, mais uma
vez, foi apresentada aos trabalhadores, que em várias nações perderam
seus direitos, seu trabalho, sua renda.
É de causar revolta, dessa forma, a
divulgação na imprensa norte-americana de que os bancos socorridos estão
"muito bem, obrigado".
Seis dos principais bancos ajudados na
crise (Bank of America Merrill Lynch, BNY Mellon, Citigroup, Goldman
Sachs, JP Morgan Chase e Morgan Stanley) lucraram US$ 42,4 bilhões em
2010, alta de 40% frente aos números de 2009. Na mesma onda, voltaram os
bônus imorais pagos aos grandes executivos de Wall Street por tais
resultados: em um único caso, o "mimo" chegou a US$ 23,3 milhões.
Já no Brasil...
No primeiro semestre, os bancos foram o
tipo de empresa a registrar os maiores lucros entre as companhias que
possuem ações da Bovespa. O lucro dos sanguessugas somou R$ 24,9 bilhões
no período, 19% a mais do que o resultado do mesmo período de 2010.
O lucro dos bancos equivale a cinco
vezes o que obtiveram as empresas de telecomunicação e 10 vezes mais que
a construção civil. Aviso aos bancários que iniciaram suas campanhas
salariais: guardem esses números. Seus sindicatos, na imensa maioria,
vão querer escondê-los. São sócios minoritários dessa máfia.
Justiça burguesa é isso aí...
A contestação da Associação dos Juízes
Federais do Brasil (Ajufe) ao argumento do Executivo de que a proposta
de aumento salarial dos juízes não caberia no momento fundamenta-se em
frases "esclarecedores".
A nota da entidade afirma ser
"maniqueísta dizer que recursos para projetos sociais, saúde e educação
serão cortados em virtude do orçamento proposto pelo Poder Judiciário.
Idêntico argumento em dezembro do ano passado, quando o Poder Executivo e
o Poder Legislativo tiveram aumento salarial na ordem de 62%". Diz
ainda que, nos últimos três anos, as varas federais de execução fiscal
arrecadaram R$ 27,7 bilhões para os cofres da União e autarquias
federais, "quase quatro vezes mais do que o alegado e suposto 'impacto
econômico' ".
Por que tal entidade não reclamou dos
vergonhosos aumento de 62% "auto-promovido" pelos colegas dos dois
outros poderes naquele período??? Arrecadação é critério para barganhar
aumento??? É, a Justiça parece ser um grande negócio no Brasil...
Israel, mas pode chamar de truculência e arrogância
Pressionado por seu público interno, o
governo turco adotou cinco medidas de retaliação contra Israel por sua
negativa em se desculpar pelo ataque israelense a uma frota de ajuda
humanitária que se dirigia a Gaza. Na ocasião, nove passageiros turcos
morreram.
Entre elas está a "hipótese" do governo
turco recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TTPI) em Haia para que
este examine se o bloqueio imposto por Israel a Gaza é legal. Que é
imoral e ilegítimo, qualquer pessoa de bom senso sabe...
A Turquia é considerada o país com
melhores relações diplomáticas com Israel, desde a criação deste último,
no mundo muçulmano. O convívio, entretanto, vinha em banho-maria desde a
operação "Chumbo Grosso" realizada pelo exército israelense em Gaza no
fim de 2008 e início de 2009.
Truculento e arrogante, Israel se negou a
pedir desculpas pelos assassinatos. O país foi acobertado pela ONU. Na
última quinta-feira (1º), o órgão afirmou que o exército israelense usou
de força "excessiva e desproporcional" contra a frota, mas que era
legal o bloqueio naval israelense em Gaza.
Trata-se de um péssimo sinal pré-votação
do reconhecimento do estado palestino, que acontecerá na organização, e
demonstra a necessidade da solidariedade internacionalista para com o
povo subjugado nas próximas semanas.
Unidade de Pancada em Pobre - UPP I
A violência usada pela "Força de
Pacificação" do Complexo do Alemão no último domingo, com soldados
atirando balas de borracha e usando spray de pimenta contra os
moradores, escancara a truculência dos "pacificadores". De acordo com a
população, um tumulto começou após grupo de 10 soldados do Exército ter
entrado num bar, de forma desrespeitosa, pedindo para abaixar o som de
TV na qual pessoas assistiam a uma partida de futebol. Os oficiais
teriam chegado já usando armas como gás de pimenta. Em 24 de julho, na
Vila Cruzeiro, militares também usaram spray de pimenta e balas de
borracha contra moradores que estavam em um bar.
É essa a política de segurança que o Governo Federal quer "exportar" do Rio de Janeiro para outros estados...
Unidade de Proteção à Propriedade - UPP II
No mesmo dia, matéria do jornal Extra
denunciou: "A Secretaria de Segurança está repetindo nas UPPs a
histórica distorção entre o policiamento da Zona Sul e outras partes do
Rio, como o Centro, a Zona Norte e a Zona Oeste". Levantamento do jornal
informa que cada soldado de UPP é responsável pelo policiamento de
1.788 metros quadrados na Zona Sul, enquanto na Zona Oeste a média sobe
para 7.973 metros quadrados.
Trata-se da histórica segmentação da
população em castas, pela qual a vida e a segurança de um morador da
Zona Sul, área nobre da cidade, vale mais que a de pessoas que vivem em
outras regiões do Rio. Escancara também que as UPPs não resolvem a
questão da violência, e que nas regiões próximas às áreas "pacificadas"
outras modalidades de crimes que não o tráfico de drogas tendem a
aumentar. O governo do Rio de Janeiro, dessa forma, privilegia a
proteção ao patrimônio nas regiões mais ricas da cidade.
Não custa repetir: é essa a política de segurança que o Governo Federal quer "exportar" do Rio de Janeiro para outros estados...
Expansão da pecuária, retração da biodiversidade
Estudo divulgado na última sexta-feira
indica que a pecuária foi a grande responsável pelo desmatamento
acumulado da Amazônia (62% dos 719,2 mil quilômetros quadrados
desflorestados na região). O trabalho indica que apenas 21% da área
desmatada estão se regenerando.
Trata-se de problema denunciado há
tempos e não resolvido pelo poder de barganha da bancada ruralista e dos
interesses da expansão capitalista brasileira, capitaneados nos últimos
mandatos petistas. Enfim, o "lado feio" a acompanhar notícias como a
criação da BR Foods e os investimentos públicos (via BNDES) em empresas
como a JBS-Friboi
A Semana no Olhar Comunista - 0010
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5
Oleh
Rubens Ragone