31 de janeiro de 2011

COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!


Há dois anos nos deixou o Companheiro Zé Geraldo. Militante sindical foi perseguido e preso durante a ditadura militar.

Valoroso companheiro nas lutas e um dos grandes responsáveis pela vitoriosa campanha nas eleições municipais de 2008, sendo candidato a vice-prefeito na coligação Frente de Esquerda Socialista – PCB/PSOL.

Nunca distante das lutas populares se despediu de nós após uma manifestação no calçadão no dia 31 de janeiro de 2009, vítima da negligência do poder público para com o cidadão.

O PCB saúda a memória de José Geraldo Soares, nosso Camarada Zé Geraldo.

COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!
COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!
COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!


Abaixo texto enviado pelos Companheiros do PSOL-Juiz de Fora

Há exatos dois anos desaparecia o companheiro sindicalista José Geraldo Soares, vitimado pela falta de um atendimento de urgência eficiente. Político respeitado em todos os setores, Zé Geraldo (como era chamado) era grande articulador, profundo conhecedor da política brasileira, socialista de carteirinha, ex-preso político em 1964, militante do PT e fundador do PSOL JF. Tinha grande facilidade com a imprensa juizforana, era respeitado por todos os políticos da cidade. Fã de Brizola e de Miguel Arraes, até nos últimos momentos de sua vida, lutou pelos direitos dos trabalhadores em uma manifestação no calçadão da Halfeld.
Nós do PSOL JF lembramos com muito carinho desta figura ímpar que tanto contribuiu para o fortalecimento da democracia brasileira.

COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!
COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!
COMPANHEIRO ZÉ GERALDO PRESENTE!!!
TODO APOIO À REBELIÃO DO POVO ÁRABE

TODO APOIO À REBELIÃO DO POVO ÁRABE

imagemCrédito: TeleSUR


TODOS À MANIFESTAÇÃO NA FRENTE DO CONSULADO DO EGITO - RIO DE JANEIRO

Nesta terça-feira (01/02) - 13 horas

O mundo árabe está em chamas! Os povos da Tunísia e, agora, o do Egito promovem nas ruas grandes manifestações que se confrontam com uma polícia assassina e os Exércitos dos ditadores submissos aos interesses dos Estados Unidos da América (EUA) e ao sionismo.

Iniciada na Tunísia, a revolução do Jasmim como ficou conhecida a onda de protestos que ganhou as ruas e derrubou o ditador, se estendeu ao Egito. As massas árabes estão sendo há anos massacradas, dominadas e amordaçadas pela política criminosa do imperialismo americano e sua principal base militar – Israel, que têm sobre o Oriente Médio o poder avassalador sobre os governos ditatoriais e a principal riqueza da região e que move o mundo capitalista: o petróleo

O fantoche MubaraK, ditador do Egito há 30 anos, cumpre o papel, ao lado da Arábia Saudita, Jordânia, e outros, de garantir a segurança das grandes e imperiais empresas petrolíferas e o domínio dos sionistas nos territórios palestinos, estrategicamente importante para manutenção do poder imperialista na região há mais de 60 anos.

Os EUA e Israel buscam uma saída que seja uma transição pacífica e moderada para uma “democracia”, onde o povo do Egito e da Tunísia continuem sofrendo os horrores impostos por uma situação de total submissão aos interesses do império.

Por outro lado, a população nas ruas não desiste de exigir uma mudança radical e o rompimento com os EUA e Israel. Nesse sentido, as manifestações do povo no Egito cumprem um papel muito importante na emancipação e autodeterminação do povo no Oriente Médio. O Egito é o país que concentra a maior força de trabalho do Oriente Médio.

Apesar do movimento sindical e social ter sido violentamente reprimido nos anos 80 e 90, quando o ditador Mubarak utilizou munição de guerra contra os grevistas, o movimento dos trabalhadores, deste dezembro de 2006, sustenta uma grande onda de greves não vistas desde 1946. E o sentimento crescente é que a solução para seus problemas imediatos passa pelo rompimento com o imperialismo.

Neste momento , há indícios de que Mubarak, antes de passar o poder para o fascista nomeado por ele e pelos EUA, o chefe do Serviço Secreto, pró imperialista e pró sionista, Sr Omar Solaiman, promoverá um banho de sangue nas ruas, de onde os manifestantes se recusam a sair. Um novo protesto está marcado para amanhã (terça feira) e franco atiradores, policiais sem fardas e criminosos armados e libertados, no dia 28/01, pelo regime, já estão promovendo uma matança monstruosa. As forças militares estão autorizadas a atirar na população revoltada.

Neste ponto, entram nossas tarefas de solidariedade!

A exemplo de outras manifestações de apoio e solidariedade ao povo egípcio que estão ocorrendo no mundo, nós dos partidos políticos da esquerda, das centrais sindicais, dos movimentos sociais, da juventude, dos negros, do movimento estudantil , das mulheres do Estado do Rio de Janeiro, estaremos nos manifestando também em solidariedade a esse bravo povo árabe que tem, neste momento, a história em suas mãos e se confronta com o imperialismo e o sionismo.

  • FORA MUBARAK, EUA E ISRAEL DO EGITO E DO ORIENTE MÉDIO
  • TODO APOIO À LUTA DO POVO ÁRABE POR SUA EMANCIPAÇÃO E AUTODETERMINAÇÃO
  • VIVA A INTIFADA ÁRABE!

TODOS À MANIFESTAÇÃO NA FRENTE DO

CONSULADO DO EGITO -

Nesta terça-feira (01/02) - 13 horas

Rua Muniz Barreto, 741 - Botafogo

Fonte: http://somostodospalestinos.blogspot.com/2011/01/viva-intifada-arabe-fora-mubarak-eua-e.html

O Mundo Árabe Desperta

O Mundo Árabe Desperta

imagemCrédito: ODiario.info


Os Editores

Primeiro foram os protestos em Argel contra a subida dos preços. Depois ocorreram as grandes manifestações da Tunísia, reprimidas com ferocidade pela ditadura de Zin Ben Ali.

O protesto evoluiu para rebelião nacional. Em Washington acreditou-se que a fuga de Ben Ali e a formação imediata de um governo transitório presidido pelo primeiro-ministro Ghanuchi «normalizaria» a situação. Mas isso não aconteceu. O povo manteve-se nas ruas exigindo o afastamento de todos os ex-ministros do ditador incluindo o primeiro-ministro e a punição dos elementos da engrenagem corrupta do Poder.

Na Casa Branca e no Pentágono a inquietação cedeu lugar a uma atmosfera de alarme quando os acontecimentos da Tunísia começaram a abalar o mundo árabe, do Atlântico ao Tigre e ao Golfo Pérsico.

No Cairo e depois em Suez e noutras cidades os egípcios decidiram também desafiar o poder despótico de um regime corrupto e vassalo. Hosni Mubarak respondeu com a repressão. Mas o povo não se intimidou e, em manifestações gigantescas, exigiu a renúncia do presidente e da sua camarilha. Isso no momento em que Mubarak, na presidência há três décadas, se preparava para designar como seu sucessor o filho Gamal.

Quase simultaneamente, em efeito de contágio dominó, os iemenitas tomaram as ruas em Sana, a capital, num movimento de protesto torrencial.

Em Marrocos, o rei, dócil instrumento dos EUA e da França, assustado, decide impedir a subida do preço dos alimentos e de bens essenciais, temendo pelo futuro da monarquia feudal.

Na Arábia Saudita o clima é de tensão. O mesmo ocorre no Sultanato de Oman e na Jordânia, um estado artificial criado pelos ingleses após a I Guerra Mundial.

Registe-se que todos esses países eram (ou são) oprimidos por regimes ditatoriais, tutelados por Washington, cujos governantes actuam como instrumentos da sua estratégia para o Médio Oriente e a África muçulmana.

OS EUA temem sobretudo o rumo imprevisível da situação criada no Egipto, um gigante com quase 80 milhões de habitantes, o país tampão entre a África e a Ásia que controla o Canal de Suez e tem uma fronteira explosiva com a Palestina (Gaza) e Israel.

Mubarak tem sido ao longo dos 30 anos do seu consulado o mais submisso dos aliados de Washington. Com excepção de Israel, é o maior recebedor da «ajuda» financeira norte-americana, 1.300 milhões de dólares por ano, grande parte investida na compra de armamento.

O Egipto foi o primeiro país árabe a estabelecer relações diplomáticas com o Estado sionista de Israel e sem a sua cumplicidade a estratégia de dominação imperialista na Região seria inviável.

É compreensível portanto o temor de Washington (e de Tel Aviv) nascido da rebelião em marcha dos povos árabes contra os regimes ditatoriais que suportam há décadas.

Como era de esperar, os analistas de serviço nos media portugueses acumulam disparates nos comentários aos acontecimentos da Tunísia e do Egipto.

Fazer previsões sobre o desfecho das rebeliões populares árabes que alarmam a Casa Branca e as burguesias europeias, suas aliadas seria uma imprudência.

Mas pode-se afirmar que a saída torrencial das massas às ruas em países aliás muito diferentes, exigindo o fim de regimes autocráticos e corruptos, configura uma derrota do imperialismo.

É significativo que El Baradei (um politico que goza da confiança do Departamento de Estado) tenha voado imediatamente para o Cairo, apresentando-se como alternativa a Mubarak. Cumprir ali a missão de bombeiro no incêndio social egípcio é o seu objectivo. Também na Tunísia, os EUA tudo farão para evitar a radicalização do processo.

Seja qual for o desenvolvimento das lutas populares em curso, a atitude de intelectuais que se apressaram a antever na rebelião tunisina o prólogo de um 25 de Abril árabe é romântica.

Não devemos esquecer o ensinamento de Lenine segundo o qual não há revolução social profunda vitoriosa, que dure, sem que a sua direcção seja assumida por um partido ou organização revolucionária. E tal partido não é identificável na rebelião árabe, marcada pelo espontaneismo.

O tsunami político que agita o mundo árabe deve porém ser saudado com firmeza e entusiasmo pelas forças progressistas em todo o mundo. As massas, assumindo-se como sujeito histórico, tomam as ruas. A rebelião pode desembocar em revoluções democráticas nacionais.

OS EDITORES DE ODIARIO.INFO

O movimento de protesto no Egito: "Ditadores" não ditam

O movimento de protesto no Egito: "Ditadores" não ditam

imagemCrédito: Resistir.info


Michel Chossudovsky

O regime Mubarak pode entrar em colapso face ao vasto movimento de protesto à escala nacional. Quais as perspectivas para o Egipto e o mundo árabe?

"Ditadores" não ditam, eles obedecem ordens. Isto é verdade tanto na Tunísia como na Argélia e no Egipto.

Ditadores são sempre fantoches políticos. Os ditadores não decidem.

O presidente Hosni Mubarak foi o fiel servidor dos interesses econômicos ocidentais e assim era Ben Ali.

O governo nacional é o objecto do movimento de protesto. O objectivo é remover o fantoche ao invés do mestre do fantoche. Os slogans no Egipto são "Abaixo Mubarak, abaixo o regime". Não há cartazes anti-americanos... A influência avassaladora e destrutiva dos EUA no Egipto e por todo o Médio Oriente permanece oculta.

As potências estrangeiras que operam nos bastidores estão protegidas do movimento de protesto.

Nenhuma mudança política significativa se verificará a menos que a questão da interferência estrangeira seja tratada de forma explícita pelo movimento de protesto.

A Embaixada dos EUA no Cairo é uma importante entidade política, sempre ofuscando o governo nacional, não é alvo do movimento de protesto.

No Egipto, em 1991 foi imposto um devastador programa do FMI na altura da Guerra do Golfo. Ele foi negociado em troca da anulação da multimilionária dívida militar do Egipto para com os EUA bem como da sua participação na guerra. A resultante desregulamentação dos preços dos alimentos, a privatização geral e medidas de austeridade maciças levaram ao empobrecimento da população egípcia e à desestabilização da sua economia. O Egipto era louvado como uma "aluno modelo" do FMI.

O papel do governo de Ben Ali na Tunísia foi impor os remédios economicos mortais do FMI, os quais num período de mais de vinte anos serviram para desestabilizar a economia nacional e empobrecer a população tunisina. Ao longo dos últimos 23 anos, a política economica e social na Tunísia foi ditada pelo Consenso de Washington.

Tanto Hosni Mubarak como Ben Ali permaneceram no poder porque os seus governos obedeceram e aplicaram efectivamente os diktats do FMI.

Desde Pinochet e Videla até Baby Doc, Ben Ali e Mubarak, os ditadores têm sido instalados por Washington. Historicamente, na América Latina, os ditadores eram nomeados através de uma série de golpes militares patrocinados pelos EUA.

Hoje eles são nomeados através de "eleições livres e justas" sob a supervisão da comunidade internacional.

Nossa mensagem ao movimento de protesto:

As decisões reais são tomadas em Washington DC, no Departamento de Estados dos EUA, no Pentágono, em Langley, sede da CIA, na H Street NW, as sedes do Bando Mundial e do FMI.

O relacionamento do "ditador" com interesses estrangeiros deve ser considerado. Derrubar fantoches políticos mas não esquecer de alvejar os "ditadores reais".

O movimento de protesto deveria centrar-se na poltrona real da autoridade política; deveria ter como alvo a Embaixada dos EUA, a delegação da União Europeia, as missões nacionais do FMI e do Banco Mundial.

Uma mudança política significativa só pode ser assegurada se a agenda de política económica neoliberal foi jogada fora.

Substituição de regime

Se o movimento de protesto deixar de tratar o papel das potências estrangeiras incluindo pressões exercidas por "investidores", credores externos e instituições financeiras internacionais, o objectivo da soberania nacional não será alcançado. Nesse caso, o que ocorrerá é um processo estreito de "substituição de regime", o qual assegura continuidade política.

"Ditadores" são postos e depostos. Quando eles estão politicamente desacreditados e já não servem os interesses dos seus patrocinadores estado-unidenses, eles são substituídos por um novo líder, muitas vezes recrutado dentro das fileiras da oposição política.

Na Tunísia, a administração Obama já se posicionou. Ela pretende desempenhar um papel chave no "programa de democratização" (isto é, manutenção das chamadas eleições justas). Ela também pretende utilizar a crise política como um meio de enfraquecer o papel da França e consolidar a sua posição na África do Norte:

"Os Estados Unidos, que foram rápidos em avaliar a vaga de protesto nas ruas da Tunísia, estão a tentar pressionar em seu proveito a fim de promover reformas democráticas no país e outras mais além.

O alto enviado dos EUA para o Médio Oriente, Jeffrey Feltman, foi o primeiro responsável estrangeiro a chegar ao país depois de o presidente Zine El Abidine Ben Ali ser derrubado em 14 de Janeiro e suavemente apelou a reformas. Ele disse na terça-feira que só eleições livres e justas fortaleceram e dariam credibilidade à liderança sob ataque do estado norte africano.

"Espero certamente que estaremos utilizando o exemplo tunisino" em conversas com outros governos árabes, acrescentou o secretário de Estado Feltman.

Ele foi despachado para o país norte africano a fim de oferecer a ajuda dos EUA na turbulenta transição de poder e encontrar-se com ministros e figuras da sociedade civil tunisina.

Feltman viaja para Paris na quarta-feira a fim de discutir a crise com líderes da França, promovendo a impressão de que os EUA está a conduzir apoio internacional a uma nova Tunísia, em detrimento da antiga potência colonial, a França. ...

Países ocidentais apoiaram por longo tempo a derrubada liderança da Tunísia, encarando-a como um baluarte contra militantes islâmicos na região norte africana.

Em 2006, o então secretário da Defesa dos EUA Donald Rumsfeld, falando em Tunis, louvou a evolução do país.

A secretária de Estado Hillary Clinton, agilmente, interveio com um discurso em Doha a 13 de Janeiro advertindo líderes árabes para permitirem aos seus cidadãos maiores liberdades ou [sofrerem] o risco de extremistas explorarem a situação.

"Não há dúvida de que os Estados Unidos estão a tentar posicionar-se muito rapidamente do lado bom..." AFP: US helping shape outcome of Tunisian , enfase acrescentada.

Será que Washington terá êxito em nomear um novo regime fantoche?

Isto depende muito da capacidade do movimento de protesto de tratar o papel insidioso dos EUA nos assuntos internos do país.

Os poderes avassaladores do império não são mencionados. Numa ironia amarga, o presidente Obama exprimiu o seu apoio ao movimento de protesto.

Muitas pessoas dentro do movimento de protestos são levadas a acreditar que o presidente Obama está comprometido com a democracia e os direitos humanos e é apoiante da resolução da oposição de destronar o ditador, o qual fora antes instalado pelos EUA.

Cooptação de líderes da oposição

A cooptação dos líderes dos principais partidos da oposição de organizações da sociedade civil na previsão do colapso de um governo fantoche autoritário faz parte dos desígnios de Washington, aplicados em diferentes regiões do mundo. O processo de cooptação é implementado e financiado pelos EUA com base em fundações incluindo o National Endowment for Democracy (NED) e o Freedom House (FH). Tanto o FH como o NED têm ligações ao Congresso dos EUA, ao Council on Foreign Relations (CFR) e ao establishment de negócios estado-unidense. Tanto o NED como o FH são conhecidos por terem laços com a CIA.

O NED está envolvido activamente na Tunísia, Egipto e Argélia. A Freedom House apoia várias organizações da sociedade civil no Egipto.

"O NED foi estabelecido pela administração Reagan depois de o papel da CIA nos financiamentos encobertos para derrubar governos estrangeiros ter sido trazido à luz, levando ao descrédito dos partidos, movimentos, revistas, livros, jornais e indivíduos que receberam financiamento da CIA. ... Como uma fundação bi-partidária, com participação dos dois principais partidos, bem como da AFL-CIO e da US Chamber of Commerce, o NED assumiu o comando do financiamento de movimentos para derrubar governos estrangeiros, mas abertamente e sob a rubrica da "promoção da democracia". (Stephen Gowans, January « 2011 "What's left"

Se bem que os EUA tenha apoiado o governo Mubarak durante os últimos trinta anos, fundações dos EUA com laços no Departamento de Estado e no Pentágono apoiaram activamente a oposição política incluindo o movimento da sociedade civil. Segundo a Freedom House: "A sociedade civil egípcia é tanto vibrante como constrangida. Há centenas de organizações não governamentais dedicadas a expandir direitos civis e políticos no país, operando num ambiente altamente regulado". (Freedom House Press Releases).

Numa ironia amarga, Washington apoia a ditadura Mubarak, incluindo suas atrocidades, enquanto também apoia e financia seus detractores, através das actividades do FH, NED, dentre outras.

O esforço da Freedom House para envolver uma nova geração de advogados proporcionou resultados tangíveis e o programa New Generation no Egipto ganhou proeminência tanto ao nível local como internacional. Membros visitantes egípcios de todos os grupos da sociedade civil receberam [Maio 2008] atenção sem precedentes e reconhecimento, incluindo reuniões em Washington com o secretário de Estado, o Conselheiro de Segurança Nacional e membros eminentes do Congresso. Nas palavras de Condoleezza Rice, eles representam a "esperança para o futuro do Egipto".

http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=66&program=84

Política dúplice: Conversar com "ditadores", misturar-se com "dissidentes"

Sob os auspícios da Freedom House, em Maio de 2008 dissidentes egípcios e oponentes de Hosni Mubarak foram recebidos por Condoleezza Rice no Departamento de Estado e no Congresso dos EUA.

Em Maio de 2009, Hillary Clinton encontrou-se com uma delegação de dissidentes egípcios, visitando Washington sob os auspícios da Freedom House. Foram reuniões de alto nível. Este grupos de oposição, os quais estão a desempenhar um papel importante no movimento de protesto, estão destinados a servir os interesses dos EUA. A América é apresentada como um modelo de Liberdade e Justiça. O convite de dissidentes para o Departamento de Estado e o Congresso dos EUA pretende instilar um sentimento de compromisso e lealdade a valores democráticos americanos.

Os mestres dos fantoches apoiam o movimento de protesto contra os seus próprios fantoches

Os mestres dos fantoches apoiam dissidentes contra os seus próprios fantoches?

Chama-se a isto "alavancagem política", "fabricação de dissidentes". O apoio a ditadores bem como a oponentes do ditador como um meio de controlar a oposição política.

Estas acções da parte da Freedom House e do National Edowment for Democracy, por conta das administrações Bush e Obama, asseguram que a oposição da sociedade civil financiada pelos EUA não dirigirá suas energias contra os mestres do fantoche por trás do regime Mubarak, nomeadamente o governo dos EUA.

Estas organizações da sociedade civil financiadas pelos EUA actuam como um "Cavalo de Troia" o qual fica incorporado dentro do movimento de protesto. Elas protegem os interesses dos mestres do fantoche. Elas asseguram que o movimento de protesto das bases não considerará a questão mais vasta da interferência estrangeira nos assuntos internos de estados soberanos.

Os Facebook, Twitter e bloguistas apoiados e financiados por Washington

Em relação ao movimento de protesto no Egipto, vários grupos da sociedade civil financiados por fundações com sede nos EUA têm dirigido o protesto com o Twitter e o Facebook:

"Activistas do movimento Kifaya (Basta) do Egipto – uma coligação de oponentes ao governo – e o Movimento da Juventude 6 de Abril organizaram os protestos nas redes sociais dos sítios web do Facebook e Twitter". (Ver Voice of America, Egypt Rocked by Deadly Anti-Government Protests

O movimento Kifaya, o qual organizou uma das primeiras acções dirigidas contra o regime Mubarak em 2004, é apoiado pelo International Center for Non-Violent Conflict com sede nos EUA, o qual é ligado à Freedom House. Por sua vez, a Freedom House tem estado envolvida na promoção e treino do Facebook e de blogs Twitter no Médio Oriente e África do Norte.

Os assistidos pela Freedom House adquiriram qualificações em mobilização cívica, liderança e planeamento estratégico, e beneficiam de oportunidades em rede através da interacção com doadores, organizações internacionais e os media baseados em Washington. Depois de retornarem ao Egipto, os assistidos receberam pequenas subvenções para implementar iniciativas inovadoras tais como advogar pela reforma política através do Facebook e de mensagens SMS.

http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=66&program=84 (emphasis added)

De 27 de Fevereiro a 13 de Março [2010], a Freedom House hospedou 11 bloguistas do Médio Oriente e África do Norte [de diferentes organizações da sociedade civil] para um Advanced New Media Study Tour de duas semanas em Washington, DC. O Study Tour deu aos bloguistas treino em segurança digital, feitura de vídeos digitais, desenvolvimento de mensagens e mapeamento digital. Enquanto em DC, os assistidos também participaram numa reunião no Senado e encontraram-se com responsáveis de alto nível na USAID, no Departamento de Estado e no Congresso bem como com os media internacional incluindo a Al-Jazeera e o Washington Post . http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=115&program=84&item=87 ênfase acrescentada

Pode-se facilmente perceber a importância concedida pela administração dos EUA a este programa de treino de bloguistas, o qual é complementado com reuniões no Senado, no Congresso, no Departamento de Estado, etc.

O papel do movimento Facebook Twitter como expressão de dissidência deve ser cuidadosamente avaliado à luz de ligações de várias organizações da sociedade civil à Freedom House (FH), à National Endowment for Democracy (NED) e ao Departamento de Estado dos EUA.

A Fraternidade Muçulmana

A Fraternidade Muçulmana constitui no Egipto o maior segmento da oposição ao presidente Mubarak. Segundo informações, a Fraternidade Muçulmana domina o movimento de protesto.

Apesar de haver uma proibição constitucional de partidos políticos religiosos, membros eleitos ao parlamento egípcio como "independentes" constituem o maior bloco parlamentar.

A Fraternidade, contudo, não constitui uma ameaça directa aos interesses econômicos e estratégicos de Washington na região. Agências de inteligência ocidentais têm uma longa história de colaboração com a Fraternidade. O apoio britânico à Fraternidade instrumentado através do Serviço Secreto Britânico remonta à década de 1940. A partir da década de 1950, segundo o antigo responsável de inteligência William Baer, "A CIA [canalizou] apoio à Fraternidade Muçulmana devido à louvável capacidade da Fraternidade para derrubar Nasser". 1954-1970: CIA and the Muslim Brotherhood Ally to Oppose Egyptian President Nasser . Estas ligações encobertas à CIA foram mantidas na era pós Nasser.

Notas conclusivas

A remoção de Hosni Mubarak tem estado, desde há vários anos, nos planos da política externa dos EUA.

A substituição de regime serve para assegurar continuidade, ao mesmo tempo que proporciona a ilusão de que se verificou uma mudança política significativa.

A agenda de Washington para o Egipto tem sido "sequestrar o movimento de protesto" e substituir o presidente Hosni Mubarak por um novo fantoche complacente na chefia do estado.

O objectivo de Washington é sustentar os interesses de potências estrangeiras, defender a agenda econômica neoliberal que serviu para empobrecer a população egípcia.

Do ponto de vista de Washington, a substituição de regime não exige mais a instalação de um regime militar autoritário como no auge do imperialismo estado-unidense. Ela pode ser implementado pela cooptação de partidos políticos, incluindo a esquerda, financiamento de grupos da sociedade civil, infiltração no movimento de protesto e manipulação de eleições nacionais.

Em relação ao movimento de protesto no Egipto, o presidente Obama declarou num vídeo de 28 de Janeiro difundido no Youtube: "O governo não deveria recorrer à violência".

A questão mais fundamental é o que é a fonte daquela violência?

O Egipto é o maior receptor de ajuda militar dos EUA. Os militares egípcios são considerados serem a base de poder do regime Mubarak.

As políticas estado-unidenses impostas ao Egipto e ao mundo árabe durante mais de 20 anos, a par de reformas "mercado livre" e da militarização do Médio Oriente, são a causa raiz da violência de Estado.

A intenção da América é utilizar o movimento de protesto para instalar um novo regime.

O Movimento Popular deveria redireccionar suas energias: Identificar o relacionamento entre a América e "o ditador". Destronar o fantoche político da América mas não esquecer o alvo do "ditadores reais".

Desviar o processo de mudança de regime.

Desmantelar as reformas neoliberais.

Encerrar bases militares dos EUA no Egipto e no mundo árabe.

Estabelecer um governo realmente soberano.

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© Copyright Michel Chossudovsky, Global Research, 2011

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=22993

Fonte: http://resistir.info/chossudovsky/egipto_29jan11.html

Tunísia constitui a Frente do 14 de Janeiro

Tunísia constitui a Frente do 14 de Janeiro

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Um programa entusiasmante

Tunísia constitui a Frente do 14 de Janeiro

Em 20 de Janeiro de 2011 várias organizações nacionalistas e de esquerda na Tunísia constituiram-se em Frente. Ela agrupará neste momento o Movimento dos Unionisdtas Nasseristas, a Liga da Esquerda Operária, o Movimento Baath, os Esquerdistas Independentes, o Movimento dos Nacionalistas Democratas, o Partido Comunista dos Operários da Tunísia e o Partido do Trabalho Patriótico e Democrático. Esta frente tem o nome de "Frente do 14 de Janeiro" em referência à data da fuga de Ben Ali, o presidente derrubado.

Ela assume como objectivo organizar a resistência ao actual governo de transição no qual continuam a participar os caciques do RCD (Rassemblement constitutionnel démocratique), o partido de Ben Ali, e construir uma alternativa popular saída dos comités de vigilância criados nos vários distritos da Tunísia para se defenderem do terror espalhado pelos aparelhos do RCD e da polícia presidencial. O apelo dirige-se a todas as forças do progresso político, sindicais e associativas a fim de cumprir os objectivos desejados pela revolução popular tunisina. Eis a tradução do texto fundador:

Afirmando nosso empenhamento na revolução do nosso povo que combateu pelo direito à liberdade e à dignidade nacional e fez grandes sacrifícios que incluem dezenas de mártires e milhares de feridos e detidos, e a fim de alcançar a vitória contra os inimigos internos e externos e de se opor às tentativas abortadas para esmagar estes sacrifícios, constituiu-se "a Frente do 14 de Janeiro" como um quadro político que se dedicará a fazer avançar a revolução do nosso povo rumo à realização dos seus objectivos e a opor-se às forças da contra-revolução. Este quadro compreende os partidos, as forças e organizações nacionais progressistas e democráticas.

As tarefas urgentes desta Frente são:

1- Fazer cair o governo actual de Ghannouchi ou todo governo que incluísse símbolos do antigo regime, que aplicou uma política anti-nacional e anti-popular e serviu os interesses do presidente derrubado.

2- A dissolução do RCD e o confisco da sua sede, dos seus bens, haveres e fundos financeiros uma vez que eles pertencem ao povo.

3- A formação de um governo interino que desfrute da confiança do povo e das forças progressistas militantes políticas, associativas, sindicais e da juventude.

4- A dissolução da Câmara dos Representantes e do Senado, de todo os órgãos fictícios actuais e do Conselho Superior da Magistratura e o desmantelamento da estrutura política do antigo regime e a preparação das eleições para uma assembleia constituinte num prazo máximo de um ano a fim de formular uma nova constituição democrática e fundar um novo sistema jurídico para enquadrar a vida pública que garanta os direitos políticos, económicos e culturais do povo.

5- Dissolução da polícia politica e adopção de uma nova política de segurança fundada no respeito dos direitos do homem e na superioridade da lei.

6- O julgamento de todos aqueles que são culpáveis de roubo dos dinheiros do povo, daqueles que cometeram crimes contra o mesmo como a repressão, o aprisionamento, a tortura e a humilhação – da tomada de decisão à execução – e finalmente de todos aqueles que são voltados para a corrupção e o desvio de bens públicos.

7- A expropriação da antiga família reinante e dos seus próximos e associados e de todos os funcionários que utilizaram a sua posição para enriquecerem-se a expensas do povo.

8- A criação de empregos para os desempregos e medidas urgentes para conceder uma indemnização de desemprego, uma maior cobertura social e a melhoria do poder de compra para os assalariados.

9- A construção de uma economia nacional ao serviço do povo em que os sectores vitais e estratégicos estejam sob a supervisão do Estado e a re-nacionalização das instituições que foram privatizadas e a formulação de uma política económica e social que rompa com a abordagem liberal capitalista.

10- A garantia das liberdades públicas e individuais, em particular da liberdade de manifestar e de se organizar, a liberdade de expressão, da imprensa, da informação e do pensamento; a libertação dos detidos e a promulgação de uma lei de amnistia.

11- A Frente saúda o apoio das massas populares e das forças progressistas no mundo árabe e no mundo inteiro à revolução na Tunísia, e convida-as a prosseguirem o seu apoio por todos os meios possíveis.

12- A resistência à normalização com a entidade sionista e sua penalização e o apoio aos movimentos de libertação nacional no mundo árabe e no mundo inteiro.

13- A Frente conclama todas as massas populares e as forças nacionalistas e progressistas a prosseguirem a mobilização e a luta sob todas as formas de protesto legítimo, em particular na rua até a obtenção dos objectivos propostos.

14- A Frente saúda todos os comités, as associações a formas de auto-organização popular e convida-os a ampliar o seu círculo de intervenção a tudo o que se refira à condução dos assuntos públicos e aos diversos aspectos da vida quotidiana.

Glória aos mártires da Intifada e Vitória às massas revolucionárias do nosso povo.

Tunísia, 20 de Janeiro de 2011.

O original encontra-se em http://www.ptb.be/nieuws/artikel/tunisie-front-du-14-janvier.html

Fonte: http://resistir.info/africa/tunisia_frente.html
As forças por trás do Massacre de Tucson

As forças por trás do Massacre de Tucson

imagemCrédito: ODiario.info


Worker’s Party*

A 8 de Janeiro, vinte pessoas foram vítimas de disparos e seis delas morreram enquanto assistiam a um meting político da representante Gabrielle Giffords em Tucson, Arizona. As autoridades dizem que os disparos foram uma tentativa de assassínio da congressista democrata, que se encontra em Estado crítico.

O atirador, Jared Lee Loughner de 22 anos de idade, foi capturado no local pelos assistentes no estacionamento de um supermercado e entregue à polícia. De acordo com os relatórios, é uma pessoa com distúrbios mentais e uma história recente de fascínio com a retórica de extrema-direita.

Até agora não aparece salientado nos meios de comunicação burgueses nem pela imprensa que Loughner tinha cúmplices no massacre de tantas pessoas. No entanto, poderão aparecer mais à frente indícios de uma conspiração. É bom não esquecer que toda a informação está nas mãos do FBI e das autoridades do Arizona – do Estado capitalista.

Independentemente de Loughner actuar só ou com cúmplices, o facto é que este foi um acto político. Não foi um novo Columbine. O seu objectivo era uma personalidade política que já tinha sido agredida verbalmente e ameaçada pela extrema-direita. O crime deve ser considerado no contexto da insidiosa ofensiva anti-laboral, anti-imigrante, sexista, racista, anti-muçulmano, anti-gay, e anti-Obama da direita republicana, através do Partido do Chá, que permitiu o aparecimento de um movimento neofascista ainda mais à direita.

Arizona foi o epicentro deste movimento. Até o esbirro de Pima, Clarence Dupnik, disse que Arizona se tinha convertido «na capital dos preconceitos da intolerância». John McCain, o senador de Arizona que se propôs para presidente em 2008 com Sarah Palin, um promotor da guerra em sintonia com o Pentágono, é praticamente dono do Estado. No entanto McCain não está tão à direita como Sarah Palin que na sua página Web durante as eleições de 2010 publicou um mapa com o distrito da representante Gabrielle Giffords, com uma espingarda apontada e as seguintes palavras: «Não retirem, voltem à carga!»

Este apelo a atitudes violentas, no entanto, não é um fenómeno exclusivo de Arizona. Em dezenas de Estados a planear alterar as leis de imigração baseadas na infame lei SB 1.070 de Arizona, o que significa que há poderosas forças da classe dominante a aliar-se a este racismo amti-imigrante.

A direita e a extrema-direita – e frequentemente também a «média» –- estão a aproveitar a crise económica capitalista para lançar as culpas sobre os imigrantes, os muçulmanos, os sindicatos – sobre todos menos sobre os super-ricos que não roubaram apenas os salários e benefícios dos e das trabalhadores, mas também os recursos sociais do governo, para garantirem os seus lucros, independentemente da crise.

A responsabilidade final deste acto sangrento é dos milionários e multimilionários que nos últimos tempos financiaram abundantemente a direita. Através do ex-congressista de direita pelo Texas Dick Armey, e a sua bem financiada fundação Freedom Works, a ultra-direita organizou durante o tímido debate do projecto de lei sobre os cuidados de saúde ataques racistas às reuniões públicas. Financiaram as «falsas reuniões do povo» que foram a base do Partido do Chá. Por outro lado, as corporações lançaram centenas de milhões de dólares na promoção de candidatos do partido do Chá e em geral da direita às últimas eleições

Em tempos de crise económica e de desemprego massivo que dura já há três anos, este tipo de política de procura de bodes expiatórios serve os interesses da classe dominante, chegando mesmo ao cume do capital financeiro.

O FBI tomou conta do caso e tem a custódia de Loughner. É este mesmo FBI que tem atacado desenfreada e ilegalmente o movimento anti-guerra e que persegue os activistas solidários.

Mas foi também o FBI que assistiu passivamente á criação pelos vigilantes armados do auto-denominado Projecto Minuteman formaram uma milícia fascista ao longo da fronteira Arizona-México e perseguiram abertamente os trabalhadores e trabalhadoras indocumentados. A resposta da administração Obama foi enviar mais tropas norte-americanas para fazer o mesmo que já faziam os membros do Minutemen, e em 6 de Janeiro, um membro da Patrulha da Fronteira matou mesmo um jovem mexicano desarmado, de 17 anos de idade, Ramsés Barrón Torres.

O FBI, o Departamento de Segurança Nacional e outros organismos governamentais espiam e monitoreiam grupos de pessoas e indivíduos por todos os Estados Unidos. De acordo com vários relatórios, o assassino falou do Partido do Renascimento Americano, um conhecido grupo fascista, na sua página do Facebook. Pela sua conduta e pela apologia do livro de Hitler «Mein Kampf» deveria ser um suspeito digno de vigilância - se isso fosse o que o Estado capitalista andava à procura e não fechassem os olhos às actividades dos grupos de ultra-direita de recorte fascista.

Não se pode deixar de relacionar os elogios de Loughner a «Mein Kampf» com o facto de Gabrielle Giffords ser a primeira mulher judia a chegar à Câmara dos Representantes pelo Arizona e abertamente identificada como tal ao longo de toda a campanha eleitoral.

O governo Obama teve uma resposta frouxa sobre este massacre, tentando reduzi-lo a um acontecimento não político – E também Washington se manteve á margem enquanto o esbirro fascizante Joe Arpaio, do condado de Maricopa, criava um estado policial contra os trabalhadores indocumentados. Este refluxo reaccionário é impulsionado pelos republicanos, mas também é alimentado pela debilidade dos líderes democratas e pelo abandono que estes fizeram de todas as questões que interessavam à classe trabalhadora, desde os cuidados de saúde e a Segurança Social, até aos direitos laborais.

Estas atrocidades são um alerta. O povo não pode confiar que o governo capitalista o proteja das investidas da ultra-direita e dos fascistas. As organizações progressistas, os grupos comunitários, os sindicatos e todos os apoiantes da justiça devem unir-se numa resposta massiva ao ódio e aos preconceitos da classe política e dos meios de comunicação.

É possível travá-los.

É a hora.

* Worker’s Party

Este texto foi publicado em www.workers.org/

Tradução de José Paulo Gascão

Fonte: http://www.odiario.info/?p=1949

As causas de tantos desastres ambientais

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Editorial da edição 412 do Brasil de Fato

O fato é que tudo isto faz parte de um modelo capitalista de organizar a vida social apenas para o lucro, que representa o desastre, a desgraça e o alto custo de vidas humanas cada vez maior

19/01/2011

Sofremos mais uma tragédia. Mais de 600 pessoas perderam a vida nos municípios serranos do Rio de Janeiro. Outras dezenas pagaram com a vida em São Paulo, Minas Gerais...

A televisão e os meios de comunicação da burguesia estão cumprindo seu papel: transformaram a desgraça alheia num espetáculo diuturno, em que se assiste a tudo, menos o mais importante, que é debater sobre o por que está acontecendo tudo isso.

Para a televisão não interessa debater as causas. Seu objetivo não é resolver os problemas sociais, é apenas aumentar a audiência. E aumentando a audiência, sobem os pontos para as tarifas da publicidade que cobram das empresas.

Para a classe dominante, a burguesia brasileira e seus representantes no Estado brasileiro, tampouco interessa debater quais as causas destes desastres ambientais. Eles sabem que um debate mais reflexivo, sério e profundo certamente chegaria até eles como os principais responsáveis e causadores dessas tragédias.

Assim, a população brasileira vai vivendo de espetáculo em espetáculo, como uma verdadeira novela. Ou melhor, de tragédia em tragédia. Mas novela é ficção, representação, teatro. E o que está acontecendo não é teatro. Na vida real, milhares de famílias perdem suas casas e tudo o que construíram. Centenas perdem seus entes queridos. Mas quem se importa com isso? As elites dizem: “o povo logo esquece as desgraças...” e a vida se normaliza.

Quem ainda se lembra de quantos morreram na região sul do estado do Rio no ano passado? Quantos se lembram das 13 cidades pobres do sul de Pernambuco e norte de Alagoas que foram soterradas no ano passado? Quantos ainda se lembram que ainda há centenas de desabrigados, na região de Blumenau (SC), dos desastres de dois anos?

Felizmente têm aparecido análises sérias, de estudiosos e especialistas ambientais, que nos levam a entender e a explicar onde estão as verdadeiras causas desses “desastres naturais”, provocados pela ação humana e que têm-se repetido sistematicamente no território brasileiro.

Destas avaliações, podemos enumerar as principais:

1. Houve uma agressão permanente no Bioma da Amazônia e do Cerrado, destruindo a vegetação nativa e introduzindo a monocultura e a pecuária. Isso alterou o regime de chuvas e criou uma verdadeira estrada que traz chuvas torrenciais do Norte para o Sudeste.

2. Houve uma agressão ao não se respeitar o meio ambiente ao redor das cidades, e não há mais áreas de proteção nos cumes das montanhas, nas encostas e margens dos rios. De maneira que, quando aumentam as chuvas, elas se projetam diretamente sobre as moradias e a infraestrutura social existente.

3. Houve uma impermeabilização das cidades, em função do automóvel, para ele andar mais rápido.Tudo é asfaltado. E quando chove, a velocidade das águas aumenta de forma abrupta, em tempo e volume.

4. Há uma especulação imobiliária permanente, que quer apenas lucro, empurrando os pobres para ladeiras, encostas, margens de rios, córregos e manguezais.

5. O modelo de produção agrícola do agronegócio introduziu o monocultivo extensivo, sobretudo com pasto, cana e soja, que desequilibraram o meio ambiente. Destruindo toda a biodiversidade vegetal e animal. Este desequilíbrio provoca alteração no regime de chuvas, na sua intensidade e concentração em determinadas regiões. Ou seja, chuvas torrenciais, concentradas em volume e em determinados dias. Isso é provocado pelo tipo de agricultura, que devastou o equilíbrio que havia na biodiversidade natural. Daí que a agricultura familiar, que pratica agroecologia e agrofl oresta é fundamental para o equilíbrio do regime de chuvas, de clima e temperaturas em todo o território nacional, inclusive nas cidades.

6. As cidades brasileiras estão se organizando apenas em função do transporte individual, do automóvel, que apenas dá lucro para meia dúzias de transnacionais instaladas no país. Então se investem volumosos recursos em obras de vias públicas, fazem-se pontes, túneis, viadutos, soterram-se córregos etc. Tudo isso altera o equilíbrio que havia nos territórios hoje urbanizados.

7. A população urbana perdeu o hábito de ter jardins, hortas familiares e defender mais áreas verdes nas cidades, que ainda poderiam amenizar o volume das chuvas e o equilíbrio das temperaturas. Elas também são induzidas a impermeabilizar os arredores de suas casas.

8. Nenhum governante ou agência estatal se preocupa com medidas preventivas, que podem avisar e deslocar as populações para lugares seguros, como se faz na maioria dos países. Basta lembrar que, há dois anos, Cuba sofreu um ciclone de proporções imagináveis, que arrasou o território. Mas eles tiveram apenas três mortos em todo país. Porque, antes, deslocaram milhões de pessoas para abrigos, e o Estado os deu proteção.

O fato é que tudo isto faz parte de um modelo capitalista de organizar a vida social apenas para o lucro, que representa o desastre, a desgraça e o alto custo de vidas humanas cada vez maior. Portanto, enquanto a sociedade e os governantes não se conscientizarem, assumirem suas responsabilidades e tomarem medidas concretas para enfrentar as verdadeiras causas, teremos, infelizmente, a repetição periódica de tragédias ambientais e sociais.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/5504

29 de janeiro de 2011

Pela vitória de Gana Peru e Ollanta Humala, conquistemos um Governo Democrático e Patriótico

Pela vitória de Gana Peru e Ollanta Humala, conquistemos um Governo Democrático e Patriótico

imagemCrédito: PCP


Peru, a Unidade de Esquerda

A Unidade de Esquerda, formada pelo Partido Comunista Peruano, o Partido Socialista, o Partido Socialista Revolucionário, o Movimento Político Voz Socialista, o Movimento Político Lima Para Todos, dirigentes populares e movimentos sociais e da juventude, assim como muitos homens e mulheres independentes e de esquerda, do mundo da arte e da cultura, intelectuais e jornalistas, nos dirigimos às peruanas e peruanos, para manifestar o seguinte:

As eleições gerais de abril de 2011 nos dão uma oportunidade histórica de abrir o caminho para uma mudança de direção em nossa pátria.

Hoje, o país está experimentando um crescimento econômico baseado na exploração de nossos recursos naturais não renováveis por grandes consórcios transnacionais, que não gera emprego, não assume a tarefa da industrialização nem do desenvolvimento da ciência e tecnologia, e não redistribui a riqueza gerada pela grande maioria dos peruanos excluídos do bem-estar e do progresso.

Vivemos entre grandes lacunas e uma profunda injustiça social, que provoca agudos conflitos sociais e problemas ambientais. Sofremos uma deterioração geral da saúde e da educação pública. Pisoteiam os direitos trabalhistas de forma permanente. Somos assolados por sérios problemas urbanos e o atraso no campo, com a corrupção institucionalizada na administração pública, o autoritarismo e a criminalização do protesto social. Uma constituição espúria legaliza o saque de nossos recursos naturais e a sobre-exploração dos trabalhadores. Temos uma economia completamente vulnerável ao exterior, isolada do progressivo processo de integração latino-americano e, essencialmente, bloqueada para o desenvolvimento sustentável a longo prazo.

As políticas neoliberais aplicadas durante 20 anos só têm aprofundado as desigualdades sociais. As empresas transnacionais e as grandes empresas peruanas têm se tornado mais ricas do que nunca, enquanto a grande maioria tem visto suas condições de vida deteriorar-se ou não tem maior participação nos resultados do crescimento econômico.

Perante esta situação, aqueles que subscrevem este manifesto, reivindicamos a nossa aspiração de construir uma sociedade livre e socialista a longo prazo, e tomamos a firme decisão de apoiar a candidatura de GANA PERU com Ollanta Humala Tasso para a Presidência da República, com o qual nós firmamos um Acordo Político e de Governo para ajudar a garantir as mudanças de rumo no país. Juntos, estamos empenhados em desenvolver a grande confluência política GANA PERU, para conquistar a vitória eleitoral nas eleições de 2011 e estabelecer um governo democrático e patriótico.

A Unidade de Esquerda pretende contribuir para restaurar a gestão soberana dos nossos recursos naturais e do destino da nação, reavaliar a educação e a saúde pública resgatando a sua gratuidade, universalidade e qualidade. Somos a favor da restauração dos direitos laborais que permitam um trabalho digno, corretamente remunerado e direitos de negociação e organização sindical.

Lutamos pela democratização do Estado e a abertura de canais eficazes de democracia participativa, para uma efetiva descentralização de governo; por uma assembleia constituinte e uma nova constituição que garanta a soberania nacional, a consolidação de nossa identidade nacional e dos direitos dos povos indígenas no país. E, acima de tudo, estamos implementando um plano estratégico para a sustentabilidade a longo prazo como uma política central de industrialização da nossa economia, a preservação do equilíbrio ecológico, alcançando uma maior integração nacional e avançando na luta por justiça social.

Em um cenário onde a direita, com diferentes máscaras que cobrem a mesma cara e os mesmos interesses, trabalha para garantir a continuidade do neoliberalismo, apelamos a todas as forças progressistas, democráticas e patrióticas, especialmente o movimento popular organizado, as forças regionais descentralizadas, os povos nativos e a militância da esquerda socialista, a redobrarem os esforços para alcançar a vitória eleitoral de GANA PERU com Ollanta Humala em abril de 2011.

Construamos de norte a sul do país uma grande aliança política GANA PERU, possibilitando a convergência e a unidade entre todos os setores que estão comprometidos com a mudança.

Lima 08 de janeiro de 2011

CONGRESSO DE HONDURAS APROVA POLÊMICA REFORMA QUE PERMITE REELEIÇÃO PRESIDENCIAL

imagemCrédito: 2.bp.blogspot.com


Por: TeleSUR

Data de publicação: 14/01/11

14 de janeiro de 2011 – O Parlamento de Honduras aprovou, nesta quarta-feira (12/01), uma polêmica reforma na Constituição Nacional. Por conta desta reforma, o questionado presidente Porfirio Lobo poderá disputar a reeleição sem restrições.

Esta proposta já havia sido apresentada pelo ex-mandatário Manuel Zelaya e foi utilizada como motivo para derrubá-lo do poder, em junho de 2009.

O secretário da Câmara Legislativa, Rigoberto Chang, informou que a questionada reforma do artigo 5, relacionado ao plebiscito e referendo, foi aprovada por 103 votos favoráveis e 16 votos contrários, num universo de 128 deputados.

Até então inalterável, o artigo estabelecia como delito de “traição à pátria” a reeleição presidencial. Com base neste artigo, Zelaya foi acusado, o que justificou a derrubada de seu Governo.

O segundo artigo reformado é o 213, que concedia unicamente ao Legislativo, Executivo, Judiciário e Supremo Tribunal Eleitoral o poder para propor iniciativas de lei.

As reformas foram propostas e defendidas pelo Partido Nacional, no qual figura o mandatário Porfirio Lobo. Com elas, foram eliminadas as restrições acerca das consultas populares. No entanto, Lobo disse que, provavelmente, não concorrerá às eleições.

A proposta de inclusão do referendo revocatório ao mandato presidencial, apresentada pelo deputado Germán Leitzelar, do minoritário Partido Inovação e Unidade Social-democrata, foi recusada.

Nesta quinta-feira (13/01), Leitzelar declarou à imprensa que, com a recusa de sua iniciativa, os deputados que aprovaram a reforma da Constituição “demonstraram ter uma moral dúbia”.

As mudanças nos artigos 5 e 213 da Constituição foram aprovadas após o golpe de Estado infligido à Manuel Zelaya, quando defendeu um referendo popular para modificar a Carta Magna pela via democrática.

Espera-se que, na próxima quinta-feira (20/01), os deputados realizem uma sessão para ratificar as reformas que serão aprovadas no início do próximo mandato, em 25 de janeiro.

Os partidos apoiadores da aprovação das reformas são o Partido Nacional (governante), Unificação Democrática, Democracia Cristã e o Partido Liberal.

Para assistir ao vídeo da aprovação, acesse http://www.aporrea.org/internacionales/n172984.html

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

Para: Todos os Partidos Comunistas e Operários irmãos

Para: Todos os Partidos Comunistas e Operários irmãos

imagemCrédito: PCB


Madrid, 18 de janeiro de 2011

Estimados camaradas,

Nossos 3 camaradas da Catalunha que sofrem um processo judicial sob a falsa acusação de organizar desordem pública numa manifestação antifascista em Barcelona em 2007. Se forem condenados, cumprirão uma pena de 3 anos e 10 meses de prisão. Gostaríamos de agradecer todas as organizações que enviaram apoio e prestaram solidariedade.

O julgamento, previsto inicialmente para outubro de 2010, foi adiado para 14 de fevereiro de 2011 por questões técnicas, e nossa organização decidiu relançar a campanha de solidariedade com nossos camaradas Juanjo, Xavi e Albert.

Gostaríamos de salientar os seguintes elementos, que consideramos muito importantes :

1 – A acusação a nossos três camaradas é absolutamente falsa e obedece a uma montagem policial contra os comunistas da organização catalã do PCPE. Como prova disso só 2 dos 3 camaradas estavam na zona próxima ao local da brutal agressão policial que motivou as desordens. O terceiro camarada acusado, membro do Comitê Central do PCPE neste momento, foi acusado depois de ir à delegacia de polícia ara averiguar a situação dos 2 camaradas detidos. Por questões de trabalho, este camarada nem sequer havia participado da manifestação;

2 – Do total de cinco pessoas inicialmente detidas, só duas eram militantes da CJC (organização juvenil do PCPE) ou PCPE, mas serão julgados esses dois militantes mais o terceiro camarada que foi à delegacia em momento posterior, tramitando em processo separado as denúncias contra o resto dos companheiros, para os quais se pede penas muito menores. Isso indica claramente a vontade de criminalizar militantes comunistas com base unicamente numa acusação falsa da polícia.

Pela presente carta, gostaríamos de solicitar a sua organização a realização de algum tipo de ato de solidariedade com nossos camaradas que sofrem perseguição. Propomos a coleta de assinaturas ao mesmo tempo da realização de concentrações ante as embaixadas da Espanha em seus respectivos países e o envio de cartas de denúncia à autoridades espanholas. A coleta de assinaturas podem ficar sob a responsabilidade de seu partido, cargos públicos, responsáveis de frentes de massas, personalidades da cultura e todo aquele que possa servir para pressionar em favor da absolvição de nossos camaradas, denunciando ao mesmo tempo a perseguição que sofrem os comunistas. Acreditamos firmemente que esta solicitação está vinculada à histeria anticomunista.

Propomos a data de 4 de fevereiro como momento em torno ao qual se realizaram estes atos de solidariedade. Nessa data ocorrerão muitas cidades espanholas atos em solidariedade ao três camaradas perseguidos. Solicitamos também que nos remetam qualquer material gráfico dos atos que forem organizados.

Qualquer pergunta ou dúvida, entrem em contato com o PCPE através da direção: internacional@pcpe.es Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Saudações Comunistas

Carmelo Suárez Ástor García

Secretário Geral do PCPE Responsável Área Internacional do CC

Traduzido por Dario da Silva

26 de janeiro de 2011

Manifesto. A todos os que lutam por uma sociedade justa e livre de qualquer tipo de opressão  (Nota Política do PCB)

Manifesto. A todos os que lutam por uma sociedade justa e livre de qualquer tipo de opressão (Nota Política do PCB)

imagemCrédito: Greve/MG


A cada dia que passa, fica mais clara, para todos, a natureza excludente do capitalismo: aumentam as expropriações sobre o trabalho, reduzem-se os direitos sociais, desvaloriza-se a força de trabalho, diminuem as perspectivas para os jovens trabalhadores, pioram as condições de vida da imensa maioria da população mundial, enquanto um número cada vez menor de empresas obtém lucros crescentemente obscenos, ampliando o apelo ao consumo exacerbado e provocando mais destruição dos biomas e dos recursos naturais da terra.

A atual crise econômica, que não se esgotou nos Estados Unidos e se alastra pela Europa e por outras regiões do planeta, reafirma as tendências do capitalismo: as grandes empresas estão cada vez mais internacionalizadas, buscando explorar novas oportunidades de mercado, salários baixos, matérias-primas e outros insumos de produção mais baratos. Unindo-se aos grandes bancos e forjando fusões, trustes e cartéis dos mais variados tipos, com seus tentáculos espalhados pelo mundo, os oligopólios exploram mais e mais a classe trabalhadora, constituindo enormes e poderosas oligarquias, formando aquilo que Lênin chamou de imperialismo.

Os governos da socialdemocracia, em todo o mundo, se aproximam mais e mais do pensamento, das proposições e das ações políticas liberais e neoliberais, implementando cortes de gastos públicos, sucateando os sistemas públicos de saúde, educação, previdência, impondo a redução de salários e a precarização dos empregos; a lógica e a fundamentação essencial é a de que o mercado é a melhor estrutura para a organização da economia e da sociedade; o mercado é absoluto e intocável, cabendo aos “mais fortes, mais competentes e mais ousados”, os lucros e frutos de seu esforço e, aos mais fracos, a desesperança.

Os valores e ideias que sustentam e apoiam tais políticas são os mesmos que justificam o individualismo, a exclusão e a desigualdade social como inerentes à vida em sociedade e ao “ser humano”. Estas ideias e valores, apesar de sofrerem cada vez mais oposição em muitos países, ainda seguem hegemônicas na maior parte do planeta, contaminando, ainda, movimentos sociais e organizações de trabalhadores. O sistema político-eleitoral burguês mais e mais se torna refém dos grandes grupos econômicos que financiam as campanhas dos partidos da ordem e controlam a mídia capitalista. A participação popular fica restrita ao ato de votar.

Os estados capitalistas mais desenvolvidos, reunidos em blocos políticos e econômicos, apresentam crescentes contradições, oposições internas e disputas entre si, mas seguem sua escalada de ações políticas, econômicas e militares para defender seus interesses estratégicos por todo o mundo, buscando reprimir toda e qualquer manifestação contrária à ordem do capital. Daí a permanente ação de desestabilização, bloqueio e sabotagem de qualquer forma alternativa, sejam as experiências de transição socialista como Cuba, ou mesmo governos populares como os da Venezuela, Bolívia e outros. Esta ação do imperialismo é reforçada pela subserviência descarada de governos vassalos do imperialismo, como o da Colômbia, na América do Sul, e Israel, no Oriente Médio, mas também pelas alternativas moderadas que levam ao pacto social e à neutralização da capacidade de luta dos trabalhadores, como as que ocorreram no Chile com Bachelet ou no Brasil com Lula. Por isso a luta anticapitalista e anti-imperialista exige a solidariedade internacional, não como mero ato de solidariedade, mas como ativa participação na luta contra o império do capital.

O capitalismo, no Brasil, é monopolista, dispõe de instituições consolidadas e as empresas que aqui atuam estão, em sua grande maioria, perfeitamente integradas à economia mundial. O capitalismo brasileiro atingiu um grau tamanho de maturação que as lutas sociais e a resistência dos trabalhadores na defesa de seus direitos mais imediatos, como o salário, as condições de trabalho, os direitos previdenciários, o pleno acesso a uma educação pública de qualidade, ao atendimento de saúde, à moradia digna, aos bens culturais e ao lazer se chocam hoje não com a falta de verbas ou de projetos de desenvolvimento, mas com a lógica privatista e de mercado que transforma todos estes bens e serviços em mercadorias. Assim é que a luta pelos direitos, pela qualidade vida e dignas condições de trabalho é hoje uma luta anticapitalista.

O desenvolvimento do capitalismo brasileiro está, de forma profunda e incontornável, associado ao capitalismo internacional, sendo impossível separar onde começa e onde acaba o capital “nacional” e aquele ligado à internacionalização das grandes empresas transnacionais. O desenvolvimento dos monopólios, das fusões, da concentração e centralização dos principais meios de produção nas mãos de grandes corporações monopolistas, nos setores industrial, bancário e comercial, torna impossível separar o capital de origem brasileira ou estrangeira, assim como o chamado capital produtivo do especulativo, já que nesta fase o capital financeiro funde seus investimentos tanto na produção direta como no chamado capital portador de juros e flui de um campo para outro, de acordo com as necessidades e interesses da acumulação privada, sendo avesso a qualquer tipo de planejamento e controle. Não há, portanto, contradição entre o desenvolvimento do capitalismo nacional e os interesses do capitalismo central, pelo contrário, aquele passa a ser a condição do desenvolvimento deste. Por tudo isso, entendemos que a luta anticapitalista hoje é, necessariamente, uma luta anti-imperialista.

Não há perspectivas, pois, da formação, no Brasil, de alianças entre a classe trabalhadora e a burguesia com vistas à construção de um governo que pudesse desencadear um processo de pleno desenvolvimento social com qualidade de vida e bem-estar, com amplo acesso dos trabalhadores aos bens e serviços essenciais à vida; tampouco existe a possibilidade de uma união entre empresários e trabalhadores brasileiros para o enfrentamento ao “capital estrangeiro”, dada a internacionalização das empresas e do capital em geral e da própria burguesia. Não passa de uma grande falácia a propaganda de alguns partidos ditos de esquerda em defesa de uma alternativa nacional em que se inclua a burguesia, ou seja, no sentido de um “capitalismo autônomo”.

Somente a alternativa socialista, pela via revolucionária, nos aparece como o objetivo maior a ser alcançado, constituindo o norte balizador de todas as ações e iniciativas verdadeiramente transformadoras. Entendemos que a revolução socialista é um processo complexo e de longo prazo, que envolve múltiplas formas e instrumentos de luta. Para que este objetivo se viabilize, será necessária a união de todas as forças que identificam no capitalismo e no imperialismo as causas mais profundas do quadro excludente atual e os inimigos centrais a serem derrotados, sejam estas forças partidos políticos, grupos, entidades, movimentos sociais ou pessoas que se colocam em oposição à ordem burguesa hegemônica, que defendem a justiça e a igualdade social, que propõem caminhos e realizam lutas e ações políticas no sentido da mudança radical da realidade.

Faz parte da luta contra a hegemonia conservadora no Brasil a superação da divisão das forças socialistas, populares e revolucionárias. A fragmentação das nossas forças é alimentada não apenas pela capacidade de cooptação e neutralização estatal e governista, pela violenta manipulação ideológica imposta tanto pela grande mídia a serviço do capital quanto pela escalada consumista impingida às camadas trabalhadoras (não de bens e serviços essenciais, mas de bugigangas do reino mágico das mercadorias), mas também pelas dificuldades no campo da esquerda de produzir patamares de unificação mínimos que permitam passar à ofensiva contra a hegemonia burguesa.

É hora de dar um salto de qualidade na busca de unidade prática dos movimentos sociais, forças de esquerda e entidades representativas dos trabalhadores, no caminho da formação de um bloco proletário capaz de contrapor à hegemonia conservadora uma real alternativa de poder popular em nosso país. Como instrumento organizador coletivo e construtor do caminho revolucionário, propomos a criação de uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista.

Uma vez criada, esta frente não será propriedade de nenhum partido, organização ou grupo, constituindo-se como móvel estruturador das ações políticas e organizativas nos planos da luta das ideias, dos movimentos de massa e das lutas institucionais. Nem a linguagem a ser utilizada, tampouco as formas de luta a serem empregadas pela frente serão ditadas por esta ou aquela organização, mas construídas em conjunto: as decisões da Frente deverão ser tomadas por consenso.

O programa político da Frente deverá ser composto pelos grandes eixos de luta de cada plano de ação; não será, assim, apenas o somatório simples das lutas encaminhadas pelas organizações que a compõem, as quais continuarão a levar adiante as lutas específicas que empreendem.

Como bandeiras de luta, sugerimos que a Frente priorize:

  • a luta pela reforma agrária e pela reforma urbana;

  • a luta pela Petrobrás 100% estatal;

  • a luta pela reestatização da infraestrutura produtiva, da geração e distribuição de energia, das grandes empresas industriais e financeiras;

  • a luta contra a precarização do trabalho e pela ampliação dos direitos sociais;

  • a luta pela expansão da educação, da previdência, da assistência social e da saúde públicas, gratuitas e de qualidade para a totalidade da população;

  • a luta pelo controle estatal das comunicações, para a sua democratização;

  • a luta em defesa dos povos e governos progressistas da América Latina e de todo o mundo;

  • a defesa do povo palestino pelo seu direito à autodeterminação.

Rio de Janeiro, janeiro de 2011.

Partido Comunista Brasileiro – PCB