
Na última quinta-feira (24 de outubro) aconteceu uma reunião entre o
governador do estado da Paraíba, Ricardo Coutinho, e trabalhadores
rurais que integram a Via Campesina (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra - MST, Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, Movimento
dos Pequenos Agricultores - MPA, Movimento dos Quilombolas e Comissão
Pastoral da Terra – CPT).
Na ocasião foi discutido a Pauta de Reivindicações do movimento,
exigindo medidas efetivas que garantam a obtenção de terras para o
assentamento de famílias acampadas em diversas localidades do estado e a
estruturação dos assentamentos já existentes, com relação a condições
para produção, obtenção e distribuição de água, financiamento de
projetos, acesso à educação e à saúde.
O governador se comprometeu em manter uma agenda de discussões com os
membros do movimento para viabilizar tais reivindicações, atitude
diferente daquela apresentada no último dia 21 de outubro, onde cerca de
2500 manifestantes, ao ocuparem o centro administrativo do estado,
exigindo uma audiência com o governador, foram recebidos pela polícia
militar da Paraíba com balas de borracha, spray de pimenta e a
tradicional violência promovida pelo Estado junto aos trabalhadores que
lutam por seus direitos, repetindo a brutalidade dos aparelhos
repressores junto à população que vem acontecendo em outras regiões do
país nas últimas semanas.
Em carta aberta, a Via Campesina esclareceu à população que foram
ínfimos os avanços para ver atendidas as demandas dos movimentos sociais
que a compõem nos três anos de governo de Ricardo Coutinho, e lamentou a
tentativa de criminalização das ações de reivindicação por parte do
governo do estado e parte da imprensa local.
O que acontece na Paraíba de nada difere das ações do governo Dilma
Roussef. Atendendo aos interesses do agronegócio em detrimento das
demandas por uma Reforma Agrária pautada por estes movimentos sociais,
no ano de 2013 não foi realizado nenhuma desapropriações de qualquer
área para este fim por parte do governo federal. O governo do Partido
dos Trabalhadores e de sua base aliada vem contribuindo, assim, para a
acentuação das precárias condições dos trabalhadores do campo.
A agudização das contradições capital-trabalho só vem a reafirmar a
necessidade de organização e luta dos trabalhadores como a alternativa
para o enfrentamento de seus problemas. Como vem acontecendo nas áreas
urbanas dos grandes centros, também se vê no campo um ascenso dos
movimentos dos trabalhadores. Na Paraíba, o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) vem organizando desde julho uma de suas maiores
ocupações dos últimos tempos, o acampamento Wanderley Caixe, com cerca
de 1600 famílias.
Mas como em toda a iniciativa de luta, não demorou muito para que as
forças contrárias aos interesses dos trabalhadores tentassem coibir e
abortar este processo, o que ficou evidente no último dia 05 de outubro.
Na esteira das iniciativas de coerção dos acampados que vinham
acontecendo em dias anteriores, foram identificados três elementos da
polícia militar de Pernambuco que, a serviço do dono da usina Maravilha
Curandi, dona da área onde se localiza o acampamento, alegando fazerem
parte de uma empresa de segurança, armados coagiam os trabalhadores e
procuravam identificar as lideranças do acampamento. Detidos pelos
membros do movimento, foi iminente o confronto com as forças policiais
que tentavam resgatar estes indivíduos. A solidariedade de muitos
companheiros do estado impediu um desfecho trágico.
Em protesto e em defesa da legitimidade da luta camponesa, os
trabalhadores acampados fizeram nos dias 14 e 15 de outubro uma marcha
de 70 Km do acampamento até João Pessoa, contando com 2500 pessoas que,
nestes dois dias, percorreram à pé a BR 101. Já na capital, após
marcharem por alguns bairros da cidade, acamparam na sede do INCRA. No
dia 16 foram realizada manifestações no centro administrativo do estado e
em frente a Caixa Econômica Federal, fechando uma das principais
avenidas da capital paraibana. Não obtendo respostas por parte das
autoridades constituídas, foi organizada a ocupação de que se trata o
início deste texto.
O PCB na Paraíba vem se solidarizar aos camponeses e aos membros do
MST, repudiando toda e qualquer forma de criminalização dos movimentos
sociais e da utilização da violência para coibir as mobilizações dos
trabalhadores na luta por seus direitos, denunciando o atrelamento do
Estado brasileiro aos interesses do capital em detrimento aos interesses
da população, propondo-se contribuir com os processos ora em curso e
aqueles que apontem para a emancipação da classe trabalhadora.
João Pessoa – PB, 31 de outubro de 2013.
Comitê Regional da Paraíba
Partido Comunista Brasileiro - PCB
Todo apoio à luta dos trabalhadores rurais na Paraíba!
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Oleh
Kaizim