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31 de março de 2013
12 de março de 2013
Contra a intimidação dos porões, pela revisão da Lei de Anistia
Nota Política do PCB PCB
O explosivo que foi detonado na sede da
OAB do Rio de Janeiro é mais uma demonstração de que o Brasil precisa
rever, quiçá com urgência, para a preservação de vidas humanas, a
chamada Lei de Anistia.
Artifício legal aprovado sob um regime
de exceção, numa inatingível paz entre torturados e torturadores,
assassinos e assassinados, tal Lei permite que atos como esse - escalada
de terrorismo que já deixou suas marcas com a invasão e depredação da
sede do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM-RJ) em 2012 -
continuam ocorrendo em nosso país, com os criminosos à solta.
Consideramos que tal fato representa uma
afronta àqueles que anseiam pela apuração dos crimes de Estado
praticados no país durante a sinistra Ditadura Militar instaurada em
1964. Trata-se ainda de clara tentativa de intimidação, pois além das
bombas houve mensagem de ameaça ao ex-presidente da OAB/RJ, às vésperas
de sua nomeação como presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio
de Janeiro.
É ainda um ato de desespero daqueles que
não querem a revisão da Lei da Anistia - perspectiva novamente colocada
para a sociedade brasileira após recentes declarações do presidente do
Supremo Tribunal Federal nesse sentido.
O PCB exige a apuração dos fatos e a
rigorosa punição dos culpados, sob pena do não devido encaminhamento dos
trabalhos de todas as Comissões da Verdade em andamento no país. O
Governo Federal e a justiça brasileira não podem permitir que tais
eventos, como o ocorrido no GTNM-RJ e agora na OAB-RJ permaneçam
impunes, sob pena de vermos tais fatos voltarem a ocorrer com outras
entidades da sociedade civil e partidos políticos que buscam a apuração
da verdade e a punição dos praticantes de crimes de lesa-humanidade.
08 de março de 2013
Comitê Central do PCB
Manifesto de Repúdio à Proposta do Governo Federal de Subsidiar os Planos Privados de Saúde
Brasil Privatização1.bp.blogspot |
A Frente Nacional contra a Privatização da Saúde repudia o conjunto de medidas que, segundo notícia veiculada na Folha de São Paulo em 27/02/2013
, o Governo Federal prepara desde o início do ano e que amplia a trilha
da privatização da saúde em curso, através da radicalização do
favorecimento já amplo ao mercado de planos e seguros de saúde.
Na reportagem é relatado que a própria
Presidenta, pessoalmente, vem negociando com grandes empresas que atuam
no mercado de planos privados de saúde – a maioria controlada ou com
grande participação do capital estrangeiro e grandes doadoras da
campanha presidencial de Dilma Rousseff – um pacote de medidas que
transferirão mais recursos públicos para suas já vultosas carteiras
através de redução de impostos, novas linhas de financiamento e outros
subsídios a expansão do seu mercado.
Tal proposta consistiria na prática em
universalizar o acesso à saúde das pessoas através de planos e seguros
privados, e não através de serviços públicos no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS). O preceito constitucional da saúde como direito é ferido
mortalmente, ao ser substituído por uma abordagem da saúde como
mercadoria a ser mais amplamente consumida, especialmente para as
chamadas classes C e D, para impulsionar o atual modelo de
desenvolvimento.
Esta pode ser a formalização final para a
instituição de um seguro saúde e criação de um Sistema Nacional de
Saúde integrado com o setor privado, tendo como consequência acabar com o
SUS ou torná-lo um sistema focalizado, consagrando o processo de
universalização excludente que vem ocorrendo desde os anos 1990 com a
saída dos trabalhadores melhores remunerados que foram impulsionados à
compra de serviços no mercado privado devido ao sucateamento do SUS.
Esse movimento faz parte do mesmo processo de aprofundamento da
subordinação do país ao grande capital financeiro, atrelado aos
interesses do imperialismo. Contra fatos não há argumentos: há um há um
há um há um há um há um crescimento no número de usuários de planos de
saúde de 34,5 milhões, em 2000, para 47,8 milhões, em 2011, tendo o
Brasil se tornado o 2º mercado mundial de seguros privado, perdendo
apenas para os Estados Unidos da América.
A referida medida que beneficia os
planos privados é anunciada poucos meses depois da venda de 90% da AMIL,
maior operadora de planos privados de saúde do Brasil, para a empresa
norte-americana United Health, e do anuncio do seu fundador, Edson Godoy
Bueno, um dos maiores bilionários brasileiros, da meta destes planos
atingirem 50% da população brasileira, ou seja, duplicar a sua cobertura
para 100 milhões de brasileiros. A estratégia anunciada pela United
Health para o Brasil é crescer entre o público de baixa renda.
Tal política não responde aos interesses
da maioria da Nação: sistemas de saúde controlados pelo mercado são
caros, deixam de fora idosos, pobres e doentes, são burocratizados e
desumanizados, pois as pessoas são tratadas como mercadorias. Se o SUS
hoje não responde aos anseios populares por uma saúde universal de
qualidade de acordo com a Constituição de 1988 não é pelas deficiências
do modelo - há modelos de sistemas universais como Reino Unido e Cuba,
amplamente bem considerados pela população e com indicadores de saúde
melhores dos que o sistema de mercado da nação mais rica do planeta, os
EUA – mas porque os governos não alocam recursos suficientes, não
cumprem a legislação e porque a democracia, expressa no controle da
sociedade sobre o sistema de saúde, não é respeitada.
O que se constata é que o Estado está
cada vez mais mínimo para o SUS e máximo para o mercado. A privatização
desta vez não é de forma travestida de modernização da gestão, como no
caso dos “novos” modelos de gerenciamento: Organizações Sociais (OSs),
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Fundações
Estatais de Direito Privado (FEDPs), Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH) e Parcerias Público-Privada (PPPs). Ou mesmo na
forma da complementariedade invertida, em que a rede privada em vez de
ser complementar à pública, tem absorvido 62% dos recursos públicos
destinados aos procedimentos de alta e média complexidade, através de
convênios e contratação de serviços da rede privada pelo SUS.
A atual inflexão, se confirmada,
vaticina uma total derrota do Movimento da Reforma Sanitária, que na 8ª
Conferência Nacional de Saúde defendia uma progressiva estatização do
setor, pois o inverso é que se materializaria. Tornar-se-ia absoluta, e
em níveis nunca antes vistos nesse país, a tendência da nossa história
recente de alocar cada vez mais os fundos públicos para o setor privado
da saúde em detrimento da ampliação do setor público para a garantia do
direito de todos à saúde e do dever do Estado de prestar serviços à
população.
Por que o governo tem recursos para
subsidiar o setor privado e não tem para ampliar a rede pública de
saúde? Por que o governo não atende às demandas dos movimentos sociais,
das Conferências Nacionais de Saúde e dos Conselhos de Saúde para
destinar 10% da receita corrente bruta da União para a saúde pública?
Por que a regulamentação da Emenda 29 não trouxe recursos novos para o
SUS como estava previsto? Por que se aprofunda a precarização da força
de trabalho na saúde e a terceirização dos serviços de saúde? Por que se
mantém a DRU (Desvinculação das Receitas da União)? Porque há uma Lei
de Responsabilidade Fiscal draconiana e nenhuma lei de responsabilidade
sanitária ou social? Por que não se respeita o controle social?
A Frente Nacional contra a Privatização
da Saúde tem empreendido lutas contra todas as formas de privatização
que vem ocorrendo após os anos 1990. Contra o desmonte do SUS público
estatal e às medidas do atual governo de fortalecimento do setor privado
de saúde, a Frente reafirma suas bandeiras:
* Defesa incondicional do SUS público, estatal, universal, de qualidade e sob comando direto do Estado.
* Contra todas as formas de privatização
da rede pública de serviços: OSs, OSCIPs, Fundações Estatais de Direito
Privado, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares; e Parcerias
Público Privadas.
* Contra a implantação da Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), impedindo a terceirização
dos Hospitais Universitários e de ensino federais.
* Pela Inconstitucionalidade das Leis que criam as Organizações Sociais (OSs) e a EBSERH.
* Defesa de investimento de recursos públicos no setor público.
* Pela gestão e serviços públicos de qualidade
* Defesa de concursos públicos RJU e da carreira pública no Serviço Público.
* Contra todas as formas de precarização do trabalho.
* Pelo fim da Desvinculação das Receitas da União (DRU).
* Exigência de 10% da receita corrente bruta da União para a saúde.
* Defesa da implementação da Reforma
Psiquiátrica com ampliação e fortalecimento da rede de atenção
psicossocial, contra as internações compulsórias e a privatização dos
recursos destinados à saúde mental via ampliação das comunidades
terapêuticas.
* Pela efetivação do Controle Social Democrático.
* Por uma sociedade justa, plena de
vida, sem discriminação de gênero, etnia, raça, orientação sexual, sem
divisão de classes sociais!
FRENTE NACIONAL CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE
Março/2013
DEVEMOS TER BEM CLARO QUE CHÁVEZ MORRE, MAS SEU LEGADO VIVE
JAMES PETRAS:
“DEVEMOS TER BEM CLARO QUE
CHÁVEZ MORRE, MAS SEU LEGADO VIVE. VIVE EM TODAS AS PARTES DO MUNDO ONDE
SE LUTE PELA JUSTIÇA SOCIAL. CHÁVEZ PRESENTE!”
Programação Especial da CX36 diante do falecimento do líder bolivariano
A Radio Centenario manteve, nesta
quarta-feira, uma programação especial desde a tarde de terça-feira, 5
de março, devido ao falecimento do líder da Revolução Bolivariana,
presidente Hugo Rafael Chávez Frías. “Hugo Chávez vai entrar na história
como uma figura à altura de José Artigas no Uruguai, José Martí em Cuba
ou Simón Bolívar em toda a América Latina”, disse na oportunidade o
sociólogo norte-americano James Petras, colunista exclusivo da CX36 em
espanhol e que transcrevemos a seguir.
Baixe aqui o áudio desta entrevista em mp3: https://soundcloud.com/adriada/2013-03-06-progama-especial
Efraín Chury Iribarne: Nesta
programação especial da CX36, Radio Centenario, é imprescindível a
presença, as palavras, a análise de nosso colunista James Petras. Bem
vindo, Petras. Bom dia.
James Petras: Bom dia.
Primeiramente, o que senti foi um grande golpe. É uma grande perda para a América Latina.
Porém, depois de algumas reflexões, devo
dizer que Hugo Chávez vive. Ou seja, fisicamente morre, mas deixa um
legado muito amplo, muito profundo, que afeta não só a Venezuela e a
América Latina, mas o mundo inteiro.
Falando concretamente, Chávez demonstrou
como um pequeno país pode enfrentar e derrotar ao imperialismo, manter
as tradições democráticas, implementar programas muito avançados
socialmente, apoiar uma integração regional poderosa e dar um exemplo de
conduta ética na política em um mundo tão corrupto, tão selvagem, onde
presidentes como Barack Obama, podem tomar decisões de assassinar a
qualquer cidadão sem nenhum processo judicial.
Frente a este panorama, Hugo Chávez vai
entrar na história como uma figura à altura de José Artigas no Uruguai,
José Martí em Cuba ou Simón Bolívar em toda a América Latina.
Devemos levar em conta que Chávez
realizou grandes construções a nível institucional, pondo como exemplo
as instituições de integração, como ALBA, CELAC.
Em segundo lugar, estabeleceu normas
políticas para cuidar das agressões imperialistas, como a convocatória
das reuniões latino-americanas, condenando os golpes de Estado em
Honduras e Paraguai.
Porém, acima de tudo, aqui nos Estados
Unidos, temos recordações muito claras da posição de Chávez no momento
em que o presidente George Bush lançava a guerra contra o terrorismo. Em
um momento de grandes tensões, Chávez declarou frente a isso: “Não se
pode lutar contra o terrorismo utilizando os métodos terroristas”. E
isso causou a ira e a histeria na Casa Branca, porém Chávez foi o único
Presidente no mundo que se atreveu a dizer que o terrorismo de Estado é
tão condenável como o terrorismo dos fanáticos. Parece-me que isto
marcou com grande astúcia o caminho que outros tomaram depois,
declarando que os assassinatos promovidos pela CIA eram tão graves
quanto os atentados contra as Torres Gêmeas em Nova York.
Nesse sentido, Hugo Chávez entra na
história como o primeiro e mais importante Presidente que define a nova
política ética e humanitária.
Chávez nunca matou adversário. Obama,
Hollande, todos os Presidentes da OTAN cometeram crimes contra seus
próprios cidadãos e invadem outros territórios. Porém, Chávez não.
Chávez manda petróleo inclusive aos pobres nos Estados Unidos, para que
possam esquentar suas casas. Chávez manda médicos e ajuda humanitária
aos países, em vez de armas, marines e agentes assassinos. Não se pode
subestimar a importância disto.
Esta manhã, quando abri o computador,
encontrei declarações da Ásia, da Malásia até a China, da América
Latina, de todas as partes do mundo. Não era uma figura venezuelana e
nem latino-americana. É uma figura histórica mundial e continuará tendo
impacto, tendo influência na institucionalidade na América Latina, nas
novas práticas de ajuda mútua, no comércio sul-sul. Criou uma ideologia
que justifica programas sociais e contra a corrente na política
econômica. Enquanto Obama nos Estados Unidos e Cameron na Inglaterra
estão cortando programas, impondo austeridade, Chávez avança nos
programas sociais, aumenta o investimento na Saúde, Educação, ajudando
pequenos produtores com empréstimos baratos. Enquanto que aqui e em
outros países da Europa, cresce a desnutrição infantil, se cortam os
programas dirigidos aos mais pobres.
Chávez vai contra a corrente reacionária
e definiu que é possível, inclusive na crise, continuar os programas
sociais e não sacrificar o povo por um punhado de mercadores na Bolsa.
EChI: Deixou também elementos de
integração latino-americanos importantes, seu olhar esteve posto muito
além de seu país, ao qual deu a vida.
JP: Sim. Chávez morreu em sua querida
Pátria, nos braços de seus familiares, saudando seus camaradas e
companheiros. Vivia uma vida plena, profunda e querida.
Lembro de meus encontros com Chávez,
sempre com um grande sorriso e grande apoio para a humanidade, bem
humorado quando tinha possibilidade, porém outras vezes muito sério,
grave, frente às grandes ameaças à humanidade.
Era, em todo sentido, um ser humano
completo, não somente politicamente, como pessoa que ama a humanidade.
Não eram simples palavras vazias, em sua prática. Era um homem que
cumpriu suas palavras. Quando temos neste mundo tantos demagogos que
prometem mudanças sociais, porém que em vez deste cortam o Orçamento,
despedem centenas de milhares de trabalhadores da Saúde e professores.
Chávez cumpriu e marcou um exemplo, que
nos permite medir a todos os políticos do mundo e não alcançam a
estatura de Hugo Chávez.
EChI: Petras, valorizamos muito a sua participação hoje, dia em que a Radio Centenario mantém uma programação especial.
JP: Sim. E devemos ter bem claro que Chávez morre, mas seu legado vive.
Vive em todas as partes do mundo onde se lute por justiça social.
Chávez Presente!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
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