29 de julho de 2009

Estados Unidos aceleram a fase militar do Plano Colômbia - Por: Marco A. Gandásegui hijo


ALAI AMLATINA, 22/07/2009 - Informes indicam que antes do fim do mês os Estados Unidos farão um acordo com o governo colombiano mediante o qual se distribuirão tropas estadunidenses em, pelo menos, sete bases do país andino. O ministro de Defesa, o general Freddy Padilla, anunciou que o acordo terá uma duração inicial de 10 anos. A principal instalação militar é Palanquero, a apenas cem quilômetros de Bogotá, às margens do rio Magdalena. As tropas estadunidenses também operarão desde a base de Apiay nas planícies orientais da Colômbia assim como em Barranquilla, na base Alberto Puowels, na costa do Caribe.

O acordo militar entre os dois países inclui visitas de navios de guerra estadunidenses aos portos de Málaga, no Pacífico, e a Cartagena, no Caribe. Os líderes militares colombianos dizem que os novos acertos permitirão aos Estados Unidos recolocar a base que opera em Manta, instalada no norte do Equador. Washington tem um total de 220 efetivos que faziam oito voos diários. Manta tem servido para identificar barcos e aviões sobre o espaço aéreo da Colômbia e outros países da região.

O acordo, que permitirá aos Estados Unidos ocupar a Colômbia por dez anos, também estenderia o pacto atual para aumentar a presença de até 1400 soldados e assessores militares estadunidenses em território colombiano.

A base de Palanquero se abriu a operações estadunidenses em abril de 2008. Em 1998 um helicóptero que operava desde Palanquero bombardeou uma comunidade ao norte de Bogotá matando 17 pessoas. O incidente foi encoberto até que os grupos de defesa dos direitos humanos obrigaram o governo colombiano a admitir a responsabilidade das Forças Armadas no massacre.

Na capital estadunidense o Congresso está a ponto de aprovar o investimento de 46 milhões de dólares na ampliação de Palanquero. Atualmente Palanquero conta com uma pista aérea de 3500 metros de longitude, dois hangares, e aloja a divisão mais importante da Força Aérea colombiana.

A embaixada dos Estados Unidos em Bogotá nega-se a fazer declarações. O embaixador William Brownfield apontou há pouco que os Estados Unidos não investiriam na construção de novas bases. Ao contrário, disse, seu país somente fará uso e modernizará as instalações já existentes na Colômbia. Brownfield era embaixador dos Estados Unidos na Venezuela em 2002 quando a conspiração para derrubar o presidente Hugo Chávez fracassou. Washington não negou sua participação nesse golpe frustrado pelo povo venezuelano.

A Colômbia atualmente é o país mais comprometido com as políticas estadunidense de "contenção" na América do Sul. Seus vizinhos imediatos, Venezuela e Equador, têm sido objeto de constantes provocações tanto por Bogotá como por Washington. O aumento significativo de militares estadunidenses na Colômbia criará ainda mais tensões entre os países da região com Bogotá. Segundo declarações de um militar colombiano a uma agência de notícias dos Estados Unidos, o Pentágono (Departamento de Defesa) pretende converter a Colômbia em um "centro de operações" para suas operações militares. Os que se opõem no Congresso dos Estados Unidos à ampliação da presença de seu país na Colômbia estão preocupados pelos efeitos que terá esta política intervencionista na região. Ademais, aos Estados Unidos não convêm, dizem, comprometer-se mais nos conflitos internos da Colômbia.

O cenário colombiano se assemelha muito ao Vietnã de 40 anos atrás, quando os Estados Unidos enviaram tropas a esse país para logo depois atacarem aos países vizinhos da Indochina (Laos e Camboja). Neste caso os Estados Unidos poderiam estar pensando na Venezuela e Equador, aproveitando para repetir uma invasão-castigo feita ao Panamá.

Apesar do hermetismo, o documento oficial do Pentágono, "Estratégia para uma rota global" oferece algumas pistas sobre as intenções dos Estados Unidos. O documento foi apresentado em abril de 2009 na base aérea de Maxwell, no Alabama, Estados Unidos. O documento diz que Palanquero pode servir como uma "base para a segurança cooperativa" de onde se poderiam "executar operações móveis". Em outras palavras, se converteria em uma plataforma para realizar operações militares na região. Segundo o mesmo documento, "a metade do continente pode ser coberto desde Palanquero por um transporte militar C-17 sem ter que reabastecer-se".

Tanto o senador opositor colombiano, Gustavo Petro, que qualificou este plano como "uma violação da soberania", como o candidato à Presidência, Rafael Pardo, se opõem aos planos de Bogotá e Washington. Pardo, que está em campanha para as eleições de 2010, se queixa do segredo e da natureza provocativa de uma presença militar dos Estados Unidos na Colômbia. Segundo Petro, "o que busca o acordo é ter tropas estadunidenses na Colômbia. Um país soberano deve respeitar-se pelo fato de que só as tropas colombianas são as que têm direito de estar na Colômbia".

O chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, que viajou a Washington para defender o projeto em uma Comissão do Senado desse país, assegurou que as operações militares dos Estados Unidos não penetrariam o território de outros países sem a permissão correspondente. "Se trata de um acordo entre Bogotá e Washington que cobre somente o território colombiano". O presidente colombiano, Alvaro Uribe, tem declarado muitas vezes que suas tropas cruzariam todas as fronteiras para defender seu país. Assim o tem feito em múltiplas ocasiões na Venezuela, Equador e Panamá. As declarações de Bermúdez parecem não coincidir com a história recente de agressões colombianas aos países vizinhos.

Atualmente os Estados Unidos mantêm algo em torno de 600 efetivos e assessores militares na Colômbia. Os "auxiliares" estadunidenses estão incrustados nas divisões do Exército colombiano, têm seus próprios escritórios e têm treinado a milhares de oficiais desde 2000.

- Marco A. Gandásegui, hijo, é docente da Universidade do Panamá e investigador associado do Centro de Estudos Latinoamericanos (CELA) Justo Arosemena.

Original em http://marcoagandasegui.blogspot.com
Maiores informações: http://alainet.org

(traduzido por Roberta Moratori)

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