30 de julho de 2009

Imobilidade estudantil



Ao término do 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no último domingo, 19, o que todos já sabiam aconteceu: vitória de Augusto Chagas, estudante da USP, que encabeçava a chapa da União da Juventude Socialista (UJS), a juventude do PC do B.

A UJS domina a entidade há quase vinte anos e, após as duas eleições de Lula, conseguiu subsídios federais sob a forma de repasses de verbas públicas, além de contribuições, para a organização de congressos que pouco ou nada representam em termos de avanços das lutas estudantis, tal como o encerrado na última semana.

A confirmação da direção formada por militantes da UJS e correligionários, baseada no apoio à política adotada pelo PT nos últimos anos, já causou graves feridas à imagem e à história de lutas da entidade. Fato é que, no passado, eram levantadas bandeiras em favor do monopólio estatal do petróleo, da luta pela democracia, vozes e ações militantes contra a ditadura e o imperialismo, solidariedade internacional a Cuba, presença destacada na campanha pelas Eleições Diretas e pelo impeachment de Fernando Collor de Mello, através das passeatas comandadas pelos "caras pintadas". Na contramão deste passado de lutas, ao qual se junta o período glorioso dos Centros Populares de Cultura - os CPCs da UNE, de onde saíram artistas e intelectuais brasileiros de renome, hoje predomina, da parte das direções da UNE, uma postura imobilista e a defesa das políticas do governo para a educação. É sintomática e patética a atitude passiva e de total silêncio perante as alianças esdrúxulas de Lula com o que há de pior na política nacional: a família Sarney e Collor de Mello.

As recentes diretorias da UNE, após muitos Congressos de “crachás marcados”, afastaram-se cada vez mais do estudantado brasileiro, fazendo com que a UNE perdesse sua identidade combativa, pois preferiram apoiar-se nos braços seguros do governo Lula. Seus principais momentos de deliberação, que deveriam girar em torno do debate democrático, são submetidos às malandragens dos que necessitam manter-se na direção. Opositores são sabotados e tudo, no final, se resume a uma votação orientada pelas lideranças.

No entanto, pelo passado histórico, a UJC defende, apesar da linha política adotada pelos militantes da UJS, a manutenção da entidade como aglutinadora do movimento estudantil. A história já provou que a criação de entidades paralelas, formadas de “cima para baixo”, sem a ampla participação dos maiores interessados, neste caso, os estudantes universitários, não resolve as questões organizacionais.

A UJC é oposição à diretoria atual da UNE e será sempre quando sua direção agir contra os verdadeiros interesses do movimento estudantil e se calar diante das políticas antipopulares adotadas pelos governo. A UJC é oposição à UNE porque “educação não é mercadoria”, e a política educacional não pode continuar sendo a atual, que favorece os tubarões do ensino, permite o crescimento sem freios da iniciativa privada na educação, das universidades-mercado, dos cursos à distância sem fiscalização alguma, do ataque aos direitos dos profissionais do ensino, dos salários rebaixados dos professores. A UJC e o PCB propõem uma mobilização nacional pela reconstrução da UNE, pela retomada da postura combativa da entidade histórica representativa dos estudantes e em defesa da Educação Superior pública, gratuita, de qualidade.

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Oleh

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