15 de novembro de 2011

Os que morrem pela vida não podem ser chamados de mortos

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Crédito: EA.com.py

Não recordo quando se fez habitual falar da realidade colombiana como se esta pudesse igualar-se à de qualquer país “democrático” ou quando se promoveu um pacto para a manutenção do silêncio.

Se aqueles que opinam, como se conhecessem os conflitos colombianos, pudessem se aproximar um pouco da realidade, pelo menos através dos dados, veriam que esta nação irmã não pode chegar à paz sem as armas, enquanto for mantido um Estado terrorista como o que hoje governa Juan Manuel Santos.

A história da Colômbia está repleta de violência, na mesma proporção que estão cheias de árvores as montanhas que protegem as FARC. Liberais e conservadores mantém um regime terrorista, baseado no sangue e no fogo. Nesse marco, surgiram as resistências armadas.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) nasceram depois da ofensiva do exército colombiano, em 1964, que buscava reafirmar a autoridade da Frente nacional. Esta avançou sobre a República de Marquetalia, uma das comunidades autônomas criadas em fins da época de violência, que se seguiu ao Bogotazo, um período de protestos, desordens e repressão, seguintes ao assassinato de Jorge Eliezer Gaitán, em 1948. Muitos apontam esse acontecimento como o início do conflito armado atual.

A guerra na Colômbia não nasceu do nada. Seus antecedentes são claros e estão vinculados diretamente à repressão, à violação sistemática aos direitos humanos e ao esmagamento das reivindicações dos movimentos populares. Esse é o marco da guerra.

Por acaso o mundo esqueceu a União Patriótica e seu extermínio?

Em 1985, uma boa parte da militância social acreditou que se podia tomar um caminho pacífico na Colômbia. Várias organizações, inclusive as FARC, ingressaram na União Patriótica (UP). O resultado foi brutal. Foram assassinados 2 candidatos à presidência, 8 congressistas, 13 deputados, 70 vereadores, 11 prefeitos e milhares de militantes, quaes 5.000 militantes. O documentário “O Baile Vermelho” (El Baile Rojo) oferece uma clara imagem do massacre.

Os pedidos que fazem os movimentos sociais na Colômbia, estão relacionados ao respeito aos direitos cidadãos, à liberdade de organização, à democracia, à justiça social. São estas bandeiras que sustentam até hoje a guerrilha mais antiga de Nossa América. Alfonso Cano as sintetizava da maneira mais clara: “Nossos objetivos são a convivência democrática com justiça social e exercício pleno da soberania nacional, como resultado de um processo de participação cidadã massiva que encaminhe a Colômbia para o socialismo”.

Tal como afirma a Coordenadora Simón Bolívar: “O assassinato de Alfonso Cano é uma bofetada na paz”. Cano era herdeiro intelectual de Jacobo Arenas e sucessor de Manuel Marulanda. Sua morte representa a queda do maior líder da guerrilha, mas não o fim da luta do povo colombiano por sua libertação.

Em janeiro de 2008, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de maneira brilhante, propôs reconhecer as FARC como força beligerante, pois reconheceu que este era o único caminho para uma paz negociada. Até então, Chávez não costumava prender nem entregar revolucionários, como fez com Joaquín Pérez Becerra, editor da Agência de Notícias Nova Colômbia (ANNCOL) e Julián Conrado.

Para as chamadas nações civilizadas, é mais fácil olhar para o outro lado e acusar as FARC de terrorismo, como se esta guerrilha, que conta com cerca de 20.000 combatentes, fosse simplesmente um grupo de foragidos. É mais fácil ignorar a Guerra Civil Colombiana.

Incomodando ou não aos louros do império, aos defensores do status quo, aos contrarrevolucionários, podemos dizer com total segurança que a morte de Alfonso Cano atenta contra qualquer processo de paz na Colômbia, alenta a beligerância e assegura a continuidade da Guerra Civil.

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Oleh

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