
Partido Comunista Colombiano
A breve, porém significativa declaração assinada pelos primeiros
comandantes do ELN e das FARC-EP, dada a conhecer em 1° de julho
passado, expressa uma vontade política compartilhada de grandes
conquistas para a realidade colombiana atual. Nelas, as duas
organizações revolucionárias expressam seu compromisso com o “objetivo
de alcançar uma sociedade democrática, inclusiva, soberana e em paz” e
convidam o povo “a trabalhar unido e a mobilizar-se nessa direção”.
Uma leitura fora do contexto poderia traduzir o escrito como simples
retórica. Seria ignorar que a declaração sintetiza, na realidade,
acordos longamente trabalhados e que representa, como reconhece a
mensagem, a superação de um prolongado período de diferenças e atritos
em regiões do país, hoje cenário de processos sociais de reconciliação,
reencontro e propósitos comuns. Porém, sobretudo, seria desconhecer o
ambiente político, de mobilização popular e intelectual suscitado à raiz
dos diálogos de paz de Havana, cujo marco necessariamente alude.
A essência do documento apresenta a tese de que a solução política ao
conflito interno armado “passa pela necessidade incontornável de
promover conversações com toda a insurgência colombiana”. Pela primeira
vez no presente século, no contexto de um processo de diálogo, se
postula um alargamento dos alcances da solução política através da
ampliação do campo de participantes, que se propõe estender a toda a
insurgência colombiana. Independentemente da resposta que o governo está
dando a esta exigência, mais além dos estreitos cálculos táticos dos
assessores estadunidenses curtidos no Afeganistão, esta nova realidade
representa um primeiro desafio muito grande frente à opção de uma paz
democrática, justa e transformadora.
Essa paz tem um nome claro que a distingue dos vãos empenhos da “paz
express”, em troca de um pacote de promessas. Trata-se de uma “Paz com
Dignidade e Justiça Social” destinada a ter um impacto civilizador na
nação e no continente. Como o assinalara o presidente Mujica, do
Uruguai, o que está sendo construído é a paz da América Latina. Por
isso, destoam tanto os tombos de Santos fazendo acordos com a OTAN ou
prestando-se a ações desestabilizadoras contra a Venezuela.
Destaca a declaração que esta paz tem que ser obra do povo unido. Não
como um acordo oco. Salienta a importância na busca da unidade de todas
as forças políticas e sociais empenhadas em obter mudanças profundas na
sociedade. Este chamado constitui um segundo desafio que é preciso
compreender e assumir.
Jaime Caycedo
Secretário Geral do Partido Comunista Colombiano
Fonte: http://www.solidnet.org/colombia-colombian-communist-party/colombian-cp-alcance-y-vision-de-una-declaracion-comun-sp
Alcance e visão de uma declaração comum
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