30 de março de 2010

Toda solidariedade à Cuba Socialista (Nota Política do PCB)



A Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB) vem a público manifestar sua indignação diante da vergonhosa campanha que os meios de comunicação, a serviço das grandes corporações capitalistas, vêm desenvolvendo contra Cuba e seu sistema socialista.
Sob o pretexto de protestar contra a morte por greve de fome de um delinqüente comum, agora transformado em “preso político”, os meios de comunicação realizam uma grande ofensiva para satanizar e tentar desmoralizar Cuba, justamente agora que vem obtendo seguidas vitórias diplomáticas e econômicas, além do fato de que possui significativas conquistas sociais, como a alta qualidade e a universalidade dos sistemas públicos de saúde e educação, inteiramente gratuitos.
Em que pesem todas as nossas divergências, não podemos deixar de registrar que o Presidente Lula - que se encontrava em Havana no dia da morte do preso comum - não se rendeu à intensa pressão do imperialismo, que lhe cobrava a condenação de Cuba.
Todos sabem que em Cuba não há tortura nem desaparecimentos políticos e a participação popular, através da democracia direta, é um dos instrumentos que tem garantido o regime socialista, mesmo depois da queda da URSS e dos países do Leste Europeu e da intensificação da propaganda anticomunista em todo o continente.
No entanto, essa campanha visa não apenas atingir Cuba, mas também, todos os processos de mudanças que estão ocorrendo na América Latina, especialmente na Venezuela e na Bolívia. Eles temem que o exemplo cubano se espalhe pelo continente e desviam a atenção da opinião pública do fato de que a crise econômica capitalista jogou centenas de milhares de trabalhadores, em todo o mundo, no desemprego e na miséria.
Os meios de comunicação que hoje atacam Cuba são os mesmos que silenciam diante das atrocidades (torturas e assassinatos) cometidas pelos Estados Unidos contra supostos “terroristas”, em bases e prisões espalhadas pelo mundo. A manipulação é tão cínica que a mais cruel e conhecida dessas prisões fica justamente em Guantánamo, parte do território cubano ocupada pelos EUA antes da revolução socialista e nunca devolvida. São os mesmos meios de comunicação que calam diante do genocídio do povo palestino e do massacre da população do Iraque e do Afeganistão.
Na verdade, o que desperta o ódio desses meios de comunicação a serviço do capital é o fato de que, apesar do desumano bloqueio de mais de 50 anos, o que por si só é uma terrível violação dos direitos de um povo, Cuba resiste bravamente ao imperialismo e se transformou num exemplo de dignidade para todos os povos do mundo.
Muitos não sabem que estes pretensos dissidentes possuem ligações com organizações de cubanos exilados em Miami desde 1959 e são financiados pela CIA, pela USAID e outras organizações imperialistas.
Este não é o primeiro e, provavelmente, não será o último ato de uma peça teatral que se arrasta há mais de 50 anos, operada pelos meios de comunicação contra a dignidade de um povo que soube suportar tentativas de invasões militares, embargos criminosos, boicotes e pressões políticas de todas as formas, e permanece dando ao mundo um exemplo de firmeza ideológica e convicção do seu papel histórico para o proletariado mundial.
O Partido Comunista Brasileiro, coerente com sua política internacionalista, manifesta sua irrestrita solidariedade ao povo, ao governo e ao Partido Comunista de Cuba e reafirma sua decisão de lutar, no Brasil, por uma pátria socialista.

Rio de Janeiro, março de 2009
Comissão Política Nacional
Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Entrevista com Antonio Carlos Mazzeo


ENTREVISTA
Antonio Carlos Mazzeo / O Vôo de Minerva – A construção da política, do igualitarismo e da democracia no Ocidente antigo


1- O senador Cristovam Buarque (PDT), diante dos recentes escândalos de corrupção e uso indevido de verbas por deputados e senadores, insinuou em entrevista que um plebiscito para fechar o Congresso poderia ser levado adiante por clamor popular. O Congresso, de acordo com o pensamento político grego, é essencial para a manutenção da democracia?
No meu ponto de vista esta é uma afirmação perigosa e inconsequente, pois indica uma profunda inconsistência teórico-política e demonstra uma grande incompreensão do que é atuar nas contradições onto-negativas da política e qual o papel da democracia, num Estado de cariz burguês. No atual momento político do país o Congresso garante o funcionamento da vida institucional democrática e dos direitos. Se não há uma correlação de forças onde os trabalhadores possam ter hegemonia para construir uma outra forma societal, uma proposta como esta pressupõe intrinsecamente um golpe de Estado. Isso deve ser duramente repudiado.
A questão está no que devemos fazer para avançar na representatividade e na legitimidade de nossos parlamentares. Teríamos que pensar em ações e medidas políticas que garantissem o avanço de uma democracia substantiva, a partir de uma ampla participação popular nos processos decisórios do país e onde as eleições fossem o resultado de uma efetiva presença dos trabalhadores na vida nacional. Devemos criar condições para ampliar os espaços na midia para os debates das questões de interesse nacional, deveríamos optar pelo financiamento público das campanhas eleitorais e reforçar o amplo debate das propostas programáticas dos partidos políticos. Se a votação fosse nos partidos em listas partidárias flexíveis, reforçando os compromissos programáticos a representação parlamentar sairia muito mais fortalecida e legitimada. Devemos pensar numa reforma política de fundo, optar pelo unicameralismo, acabar com existência anacrônica do senado e reforçar a Câmara dos Deputados, dando a ela qualidade, fortalecendo o elemento programático do processo eleitoral.

2- Em que ponto o conceito de democracia que surge com os gregos ainda se assemelha ao conceito de democracia que temos hoje? E em que ponto eles divergem?
O ser-precisamente-assim dos fenômenos histórico-sociais, como dizia Lukács, não é meramente um problema de antíteses metodológicas, mas o resultado de uma indivisível e contraditória unidade dialética, do modo como se apresentam as contradições entre as forças sócioeconômicas que operam em um determinado momento histórico. Então, mesmo que possam haver identidades entre o conceito antigo e o contemporâneo de democracia, eles são produtos de fenômenos historico-ontológicos diversos. A democracia ateniense resultou de uma sociedade agrária e do trabalho escravo que emancipou o extrato dirigente da pólis e possibilitou a ele pensar e a fazer política. Daí o forte vínculo entre escravidão e democracia. Também há o fato dessa democracia ser restrita aos que eram considerados cidadãos: os homens e excluia os escravos, as mulheres, as crianças e os estrangeiros. A democracia contemporânea, por sua vez, é mais genérica e mais ampla, resultado da Revolução Burguesa e da sociedade civil, definida por Marx como burgerliche Geselschaft – sociedade burguesa. Por outro lado, o que há de semelhante entre as duas democracias é que ambas regem a desigualdade, são produtos de sociedades desiguais. Os processos de participação popular foram resultado de pressões populares; na Grécia, do campesinato, e no capitalismo moderno, ela é produto das relações sociais capitalistas, das lutas do proletariado e do conjunto dos trabalhadores. A democracia cria no plano formal uma igualdade perante o Estado e às leis. No plano legal ou abstrato todos as pessoas são iguais. Mas no plano concreto das relações sociais, são desiguais. Também no Mundo Antigo acontecia isso: os camponeses podiam votar na Agorá, mas na realidade concreta, da inserção social e na produção, havia desigualdade, camponeses com mais ou menos dinheiro e poderosas oligarquias. No capitalismo, a democracia aparece como resultado de um “céu político” construído pelo Estado burguês onde também ali, há uma igualdade genérica, mas onde no plano das relações sociais engendradas pela divisão social do trabalho e pelas relações sociais de produção, o indivíduo aparece como cidadão de vida pública e burguês ou proletário de vida privada.

3- É possível dizer por que o conceito de democracia surge naquele momento na Grécia? E por que vai ser um conceito com tamanha difusão e longevidade?
Havia uma intensa e permanente luta política, a stasis. Antes disso, desde a emergência do campesinato como forca política e econômica, no período arcaico, essa classe pressiona a aristocracia a ponto de derrubar a monarquia. E desta emergência camponesa surgem novas formas de representação política. Desse processo surgem as tiranias (que não tinham o sentido dos governos opressores de hoje) que preparam a Grécia, particularmente Atenas, para a presença permanente dos camponeses na vida política e social da pólis. Nesses governos ocorrem várias mudanças importantes, tanto no plano econômico como no social, entre elas a forma de organização do exército que passa de aristocrático para “popular”, surge o exército dos hoplitas, os camponeses que participam militarmente do exército da pólis, desde que possam comprar suas armas, seu escudo, seu capacete e suas coraças de guerra e que lutam coletivamente. Com esta forma de organização, reforça-se a noção de igualdade, de solidariedade e de isonomia, a idéia de “espírito comunal” Mas a democracia antiga só pode eclodir quando o campesinato perde força econômica, a escravidão emerge como elemento central e a pólis ateniense torna-se uma talassocracia imperialista. Assim, pólis passa a ter um caráter aristocrático mais forte, centrada nos que possuem escravos. Quando a burguesia aparece como classe ela vai buscar referências na história, em sociedades onde existiram formas sociais desiguais, reguladas por leis isonômicas. A burguesia, quando volta ao passado e “olha” a experiência dos antigos gregos, não copia, mas recria outra democracia, mais adaptada aos seus interesses.
Mas essa democracia também se esfuma na vida material já que o ser-precisamente-assim do capitalismo não é igualitário. E aí, qualquer ilusão idealista de identidade com a experiência histórica vivida na antiguidade cai por terra exatamente no plano da realidade, pois jamais no capitalismo o trabalhador foi dono dos meios de produção, como o eram os camponeses atenienses, quer dizer, o ser social que emerge da estrutura capitalista é aquele que vende sua força de trabalho ao dono dos meios de produção e não pode ser o camponês da pólis que troca suas mercadorias com a liberdade igualitária.

4- A noção de igualitarismo surge na Grécia clássica, com a Filosofia?
O “sentimento igualitário” é tão antigo quanto o homem. Mas no sentido ocidental o igualitarismo surge na Grécia arcaica, por volta do século VIII a.C. e vai até o século V, na Grécia clássica, quando então subordina-se à democracia. O igualitarismo tem um vínculo estreito com o pensamento filosófico jônio. Os jônios projetam a pólis no universo, isto é, o universo é entendido a partir dos elementos igualitários presentes na pólis. Verificamos esse vínculo no pensamento de Anaximandro, para quem a “substância única” não encontra-se na água nem no ar, mas no infinito, na qualidade infinita da matéria, da qual todas as coisas são originárias e na qual tudo se dissolve quando o cíclo estabelecido por uma lei necessia termina. Para esse filósofo, tal princípio que envolve e governa todas as coias é imortal e indestrutível. Para esse pensador o universo é animado por um eterno movimento. Os elementos físicos que o compõem são igualitários, nenhum é maior ou mais importante que o outro, sendo que esses elementos se equilibram contraditoriamente: molhado e seco, escuro e claro, frio e quente. Quer dizer, no plano filosófico pensava-se o universo de acordo com o que ocorria na pólis - o igualitarismo surgido das lutas sociais.

5- O igualitarismo, como pensado pelos gregos, só vale para o contexto social da época ou pode ser aplicado à nossa sociedade?
A noção de igualitarismo sempre existiu, mas com formas ideo-históricas diferentes. Mesmo quando pensamos o mundo na remota antiguidade, por exemplo, o das sociedades palaciais, observamos tentativas de explicar o mundo a partir do igualitarismo, ainda que mítico, permeado por uma consciência mítico-religiosa, onde o protagonismo desse igualitarismo não era dos homens mas dos deuses em favor dos homens. Esse tipo de consciência de si existente nessas sociedades ditas palaciais, expressava suas formas sócio-metabólicas de reprodução da vida e de apreesão da realidade. Essas eram sociedades camponesas, tributárias a um tipo de Estado onde um rei-deus fazia o papel de intermediação entre os homens e a deidade. Nesse sentido, a própria existência de uma sociedade camponesa colocava em sua forma de coesão social, o princípio igualitário. Mas havia a questão da legitimidade do grupo dirigente, em geral uma nobreza que vivia dos tributos sociais. De modo que era socialmente necessário existir uma forma ideo-societal que colocasse a perspectiva da igualdade. Se pegarmos por exemplo, o conjunto de textos sagrados que formam a Torá hebráica/ Velho Testamento dos cristãos, verificamos a expressão de um Deus que toma como iguais todos os judeus, o “povo eleito”. Já com o helenismo, desenvolve-se uma noção de igualitarismo mais universalizante, como ocorre no cristianismo – em que um Deus salvador (através da imolação de seu filho) transforma toda a humanidade em “povo eleito”, redimindo-a coletivamente.
Já o igualitarismo resultante da Revolução Burguesa será baseado tanto na concepção laica e radical, em geral de origem pequeno-burguesa, como na dos núcleos de proletários e de camponeses. Se pensarmos na Revolução Inglesa de Cromwell, por exemplo, verificamos a presença de um núcleo igualitarista em seu exército revolucionário. Portanto, o igualitarismo contemporâneo nasce com a Revolução Burguesa e esse igualitarismo vai dar origem inclusive ao socialismo e ao comunismo.

6- O senhor tenta mostrar no livro “O Vôo de Minerva” como a política aparece como fator de mediação e ordenação da vida social no mundo antigo. Ela ainda tem este papel hoje? De que maneira?
Sim. Como vimos, a política resulta da luta social e da desigualdade. A política só pode nascer porque surge o igualitarismo. Ela regula as lutas sociais, é uma forma de organizar a desigualdade e o conflito. A própria explicação mítica do seu surgimento nos da essa dimensão, a partir do mito de Prometeu que rouba o fogo e o conhecimento dos deuses para dar aos homens e é severamente punido por Zeus. Ele é acorrentado a uma montanha nos confins do universo onde todos os dias um abutre devora seu fígado. Mas ao mesmo tempo em que pune Prometeu por ter amado os homens como deuses, Zeus olha a humanidade e sabe que é preciso dar condições para que ela se regule, já que tendo o conhecimento e a técnica pode destruir a si mesma. Zeus então dá aos homens a política, para que possam regular os conflitos e as desigualdades.
Também no mundo contemporâneo a política regula a desigualdade e controla os conflitos, e há nela mais elementos de controle do que de emancipação. Regula a desigualdade para manter e não para romper a estrutura da burgerliche Geselschaft. Se, de um lado, a política joga um papel “positivo” na emancipação institucional da sociedade, na emancipação política dos homens, por outro lado ela encontra seu limite na sua própria forma, porque a política expressa o plano da cidadania (também ela burguesa), e que por seu ser-precisamente-assim, é incompatível com um projeto que vá para além daquele presente na sociabilidade burguesa.

7- O senhor escreve, no livro, que para Sócrates e Platão, a democracia destrói o igualitarismo. De que forma isto ocorreria?
A democracia tem mais condição de regular a desigualdade, então incorpora o igualitarismo em seu interior. A democracia ateniense realiza uma “inclusão excludente”, exclui os escravos, de um lado e de outro, subordinam os camponeses às oligarquias. Nesse sentido, a democracia da Grécia Antiga é altamente manipulatória. Platão no Górgias é radical em vincular a degradação da sociedade ateniense à democracia e por meio das “palavras” de Sócrates acusa Péricles como o responsável pela transformação dos atenienses em pessoas ávidas, ociosas e corruptas.
No caso da democracia moderna, ela incorpora o igualitarismo, mas o coloca no plano abstrato. Na democracia da burgerliche Geselschaft, a igualdade de direitos – inclusive a da distribuição dos meios de consumo, é, em todo momento, um corolário da distribuição das próprias condições de produção, quer dizer, quando o ser-humano esta apartado (alienado) de seu próprio produto, resultado de sua praxis essencial, ele não pratica o igual, mas sim um “tipo” de igualitarismo que aliena o homem de si. A essência humana não é uma abstração inerente ao indivíduo singular, mas sim o conjunto das relações sociais, que na sociabilidade burguesa, aparece fragmentada. A democracia na sociedade capitalista é a expressão superestrutural das próprias formas materiais que reproduzem a sociabilidade burguesa. No capitalismo há uma “socialização” intrínseca que é posta por um processo produtivo realizado socialmente. Mas esta produção social se dá no plano de uma produção genérica, já que a apropriação do que é produzido socialmente não é realizada plenamente pelos que produzem a riqueza, quer dizer, pelos trabalhadores. Isso significa dizer que no plano material da vida, o trabalhador recebe apenas parte e, diga-se, a menor parte, do que produziu socialmente. Produz-se desse modo, a separação entre a vida genérica e a vida material não somente de cada indivíduo, mas também da totalidade dos homens. Ora, vemos aí, que nessa fragmentação ocorre a separação entre trabalho e riqueza. Grosso modo, podemos dizer que essa é a base material da superestrutura posta pela democracia da burgerliche Geselschaft. Também essa é uma democracia altamente manipulatória.

8- Há alguma relação entre o pensamento de Sócrates e Platão de que a democracia destrói o igualitarismo e os velhos embates entre capitalistas e comunistas, de que o capitalismo não permite a igualdade e o comunismo impossibilita a liberdade (ligada à democracia)?
Sócrates e Platão, tinham como referências as velhas leis arcaicas que regulavam a sociedade. Sócrates dizia que a democracia estava corrompendo os valores citadinos. Para ele, os cidadãos haviam perdido a noção do “espírito coletivo” da pólis do qual todos faziam parte. Na visão socrático-platônica, a virtude era produto da vida comunitária, passada pelo convívio social e pela apreensão dos conteúdos emanados pelo “espírito da pólis”. Nesse sentido, a virtude jamais poderia ser vendida ou comprada. Daí, na visão socrática, serem os sofistas, filósofos errantes que vendiam seus conhecimentos aos filhos das famílhas abastadas, a síntese da decadência, como evidencia Platão no Protágoras, quando Sócrates chama os sofistas de vendedores varejistas de mercadorias que alimentam a alma.
E é esse o sentido de sua defesa, quando é acusado de corromper a juventude. Sócrates vai dizer, em seu julgamento, que nunca vendeu seus conhecimentos, mas sempre os deu como obrigação de alguém que tem consciência de ser preciso transmitir os fundamentos que regem a vida coletiva. Nessa visão, vender o conhecimento era vender a própria virtude. Aí reside a contraposição socrática do homem coletivo contra o homem privado, que emerge na democracia. Na República, Platão irá dizer que todos os males provinham do comércio e da propriedade privada. Para esses filósofos da pólis, a educação deveria ser a Paidéia pedagógica de um modelo civilizatório, onde o núcleo seria a construção de uma política ética.
Quanto ao embate sobre democracia, capitalismo e comunismo, podemos dizer que se inexistem “identidades” reais entre a visão desses filósofos e a dos críticos da sociabilidade burguesa. Marx enfatizou a impossibilidade de se analisar as sociedades humanas fora de seu escopo histórico-concreto. O capitalismo é uma forma econômico-social baseada na produção de mercadorias, que tem como pressuposto o trabalho livre e assalariado e a propriedade privada dos meios de produção. Além disso, a condição do trabalho livre e o alto grau da individualidade da pessoa, as relações sociais engendradas pela sociabilidade capitalista, a sofisticação científica e técnica dessa sociabilidade, irão permitir o afloramento de uma consciência jamais vista nas formas sociais anteriores. Somente no capitalismo a crítica social aparece junto com uma forma de consciência que possibilita a construção de uma proposta alternativa à socialidade burguesa, que vem com as idéias socialistas e comunistas.
O capitalismo apresenta limites para a liberdade em seus aspectos nodais: a propriedade privada dos meios de produção e a expropriação da mais-valia do trabalhador. Essa condição gera uma forma superestrutural que expressa essa determinação material de reprodução de si do capitalismo, que são as formas de representação que emanam da sociabilidade burguesa (democracia, direitos e instituições, etc), e que constituem os elementos regulatórios que fazem parte de seu aparelho ideo-político. Daí, a crítica de Marx ser nucleada na necessidade de coletivização dos meios de produção que garantiria a mais ampla liberdade, pois além desses meios de produção, (incluindo-se aí a propriedade coletiva da terra) e da socialização do produto do trabalho de todos, a sociedade comunista estinguiria toda a estrutura do Estado, trazendo-o para o meio da sociedade, quer dizer, a gestão social passaria para a própria sociedade. Ressaltemos que a humanidade não vivenciou ainda a experiência do comunismo. O que tivemos até hoje foram experiências socialistas que encontraram um enorme gama de problemas em sua aplicação, um deles, foi exatamente a hipertrofia do aparelho estatal, dadas as condições histórias dessas experiências e que, pelos limites de uma entrevista, não poderemos aprofundar.
De qualquer modo, entendo que mesmo com seus graves problemas, sendo que um dos maiores foi a restrição de liberdades civis, essas experiências apresentaram grandes positividades, no âmbito de conquistas sociais que não podemos desconsiderar, se quisermos pensar ainda o futuro do projeto do socialismo e do comunismo.


10- No livro, o senhor defende a hipótese de que o ‘Ocidente antigo’ é resultado de um longo processo de absorção da cultura oriental. Que conceitos (ou que comportamentos) orientais foram importados pelo ‘Ocidente antigo’? De que sociedades, em especial, veio esta influência?
O conceito inicial é de que o Oriente, até por ter construído as primeiras formas de civilização, sempre manteve uma estreita relação com o Ocidente. Relação interativa e permanente, na medida em que as sociedades palaciais, no período do bronze, surgem e se relacionam com o Ocidente e o influenciam. Se pensarmos naquele período, as sociedades mais importantes eram a egípicia e a hitita, e estas sociedades hegemônicas criaram um “modelo” de sociabilidade que irá influenciar também o Ocidente. Por exemplo, Creta é o resultado direto dessa forma societal posta pelo Oriente, assemelha-se às sociedades palaciais orientais, sem ter seu brilho e luxo. Através do mar Mediterrâneo, constrói-se uma integração onde o Ocidente absorve a civilização oriental sintetizando uma cultura euro-mediterranea, no que chamo, seguindo as formulações pioneiras de Gordon Childe, de longo processo de mediterranização da cultura oriental. Essa interação dialética permanente nunca deixará de existir, ao menos até os finais da Idade Média. Há um vínculo umbilical entre Ocidente e Oriente. O que é o helenismo a não ser esse processo de permanente integração? A cultura Ocidental vai para o Oriente e quando retorna ao Ocidente, como síntese, enquanto ruptura e continuidade, traz em seu bojo, e pelo Mediterrâneo, o cristianismo

11- A volta ao mundo político grego foi a forma que o senhor encontrou de embasar uma pesquisa maior, que pretende entender a burguesia que surge no século XVI. Que relação é esta que o senhor foi buscar?
Fui buscar as origens da democracia e do igualitarismo, como se desenvolveram, quais foram suas expressões históricas e intelectuais e, mais tarde, como a burguesia revisita essa experiência e cria uma nova expressão cultural tipicamente burguesa.
Estou começando a escrever um livro sobre o conceito de Virtus como fundamento do igualitarismo burguês, exatamente com produto histórico da construção de uma cosmologia burguesa, mas ainda vai levar um tempinho.

acmazzeo@superig.com.br

Noticias de Cuba


Para aqueles que só têm acesso ao que a mídia burguesa noticia sobre os "dissidentes cubanos", nada melhor do que assistir o vídeo abaixo.

Vide o video:


"Damas de Branco" recebem resposta popular!

http://www.youtube.com/watch?v=Flsj3-w7wjo&feature=player_embedded

HOMENAGEM DO PCB A JAYME MIRANDA - Jornalista Morto pela Ditadura é Homenageado




TRIBUNA INDEPENDENTE – MACEIÓ – ALAGOAS
Terça-feira, 16 de Março de 2010.

Gilson Monteiro (Repórter)


O presidente (*) do comitê nacional (**) do PCB, Ivan Pinheiro, esteve ontem em Maceió para a cerimônia de entrega da Medalha Dinarco Reis ao jornalista alagoano Jayme Amorim de Miranda, ontem pela manhã no auditório da OAB/AL, no centro. A honraria é entregue a personalidades que contribuíram com a construção do partido e na luta pelos princípios socialistas no Brasil.

Nascido em 18 de Julho de 1926, Miranda é um dos onze membros do Comitê Central do PCB assassinados pela ditadura militar entre os anos de 1974 e 1975. O jornalista foi seqüestrado em 1975, no Rio de Janeiro, onde exercia atividades clandestinas, sendo membro da executiva nacional do partido. Entre 1941 e 1945, o jornalista atuou como revisor no Jornal de Alagoas, empresa do grupo Diários Associados, e em A Notícia.

A trajetória completa do homenageado pode ser conferida em uma pagina na internet, no endereço eletrônico http://www.jaymemiranda.org .



Arquivos do DOPS

Na cerimônia de ontem, estiveram presentes os filhos e a esposa de Jayme Miranda. Olga Miranda, filha do homenageado, defendeu a abertura dos arquivos do Departamento Estadual da Ordem Política e Social, o chamado DOPS, órgão criado especialmente para controlar e reprimir movimentos contrários ao regime militar.

“A sociedade precisa conhecer a história de Jayme Miranda, que lutou pela construção política deste país. Há hoje sites na internet que defendem os militares. È preciso abrir de verdade os arquivos do DOPS para que se possa conhecer mais a fundo nossa história”, disse Olga Miranda. (GM)

(*) – o termo usado no PCB é Secretário Geral
(**) – o termo correto é Comitê Central.

Foto 1 – Diógenes Paes (Secretário Político do PCB em Alagoas), Dinarco Reis Filho (Presidente da Fundação Dinarco Reis), Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB) e Elza Rocha de Miranda (viúva de Jayme Miranda)
Foto 2 – Confraternização com a família de Jayme Miranda.

CONHEÇA A NOVA PÁGINA DO PCB NA INTERNET:


www.pcb.org.br


VEJA ALI TRÊS MATÉRIAS IMPORTANTES:


- RESOLUÇÕES DO XIV CONGRESSO NACIONAL DO PCB;

- Por que o PCB vai apresentar candidatura própria nas eleições de 2010;

- Vídeo do programa nacional do PCB, em cadeia nacional de televisão, no dia dos 88 anos de sua fundação (25 de março de 2010)

30 DE MARÇO – O DIA DA TERRA PALESTINA (Nota Política do PCB)



No mundo inteiro, o dia 30 de março tem um significado especial para os internacionalistas. Neste dia, em 1976, na Galiléia, uma poderosa greve geral organizada pelos trabalhadores palestinos, contra o confisco de suas terras pelo exército sionista, é reprimida violentamente pela força de ocupação.

Desde então, os internacionalistas comemoram o dia 30 de março como o Dia da Terra, uma forma de celebrar todos os anos a resistência e a luta desse sofrido e combativo povo em defesa de suas terras e de sua cultura.

De lá para cá, pouca coisa mudou. Os palestinos continuam diariamente sendo assassinados, presos e humilhados pelo exército de Israel; seu território continua sendo diariamente apropriado pelos sionistas, suas casas derrubadas; continua a construção e ampliação de colônias, nas terras palestinas, para assentar judeus europeus.

A ameaça de transformar lugares sagrados para a religião dos mulçumanos - especialmente a explanada das Mesquitas, onde se encontra a importante Mesquita de Al Aqsa - em sítios para a religião judaica está sendo levada a cabo pelas autoridades israelitas.

Em Gaza, a população sitiada, que sofre os horrores do Bloqueio Econômico que impede a entrada de alimentos, remédios, combustível e toda sorte de produtos para necessidades básicas, está sendo frequentemente bombardeada pelo exército invasor, que impiedosamente mata sem discriminação homens, mulheres e crianças palestinas.

Neste dia 30 de março, cujo símbolo é uma oliveira, aproveitamos para reforçar nosso irrestrito apoio à resistência do povo palestino, nossa solidariedade à sua luta contra o sionismo e mais uma vez afirmar a defesa intransigente por uma Palestina Laica e Democrática para todos, com o retorno dos refugiados e tendo Jerusalém como capital.

Viva a intifada; viva a resistência do povo palestino!

PCB – Partido Comunista Brasileiro
Secretariado Nacional
30 de março de 2010

28 de março de 2010

PCB COMEMORA 88 ANOS DE VIDA - Ivan Pinheiro (*)



Neste 25 de março de 2010, o PCB completa oitenta e oito anos de sua fundação. É o Partido mais antigo do Brasil. A história do PCB confunde-se com a história do Brasil e sobretudo com a história das lutas do proletariado e dos trabalhadores em geral.

Mas a comemoração não é exclusiva do PCB e de seus amigos. Os que estamos revitalizando esta sigla histórica reconhecemos que do ventre do PCB nasceram várias organizações políticas. Estas têm também o direito de comemorar este aniversário, que não pertence apenas aos que nele hoje militamos.

Queremos comemorar esta data confraternizando-nos com os diversos camaradas que saíram do PCB e criaram outras organizações revolucionárias por conta de divergências internas, basicamente com relação à política de conciliação de classes que vigorou no Partido em boa parte da segunda metade do século passado, críticas com as quais concordamos. Da mesma forma, devem festejar a data os milhares de comunistas brasileiros, hoje sem partido, em função da diáspora que teve como matriz o PCB.

Para nós, do PCB, esta confraternização, naturalmente, é mais fraterna com aqueles que, apesar das divergências passadas, têm alguma proximidade com a nossa atual linha política, consolidada recentemente no XIV Congresso, cujos eixos centrais são o caráter socialista da revolução brasileira e a rejeição às ilusões de alianças com a burguesia.

Estes camaradas são nossos parceiros no esforço de construção da necessária frente antiimperialista e anticapitalista em nosso país, no rumo do socialismo, que não será obra de um só partido. Nossa saudação, portanto, aos que, saindo do PCB, criaram outros espaços de luta, dentre os quais destacamos, pelo seu relevo, os camaradas Luiz Carlos Prestes, Carlos Marighella e Mário Alves.

O próprio PCdoB - com o qual hoje temos divergências de fundo - tem direito e legitimidade para comemorar este aniversário, já que também foi do interior do PCB, liderados por João Amazonas, que alguns camaradas saíram para fundá-lo, em 1962, ligando-se primeiro aos chineses e depois aos albaneses.

Só esperamos que o PPS assuma sua identidade de partido burguês e não venha se referir a heranças que não honra, com a única intenção de maquiar sua vergonhosa aliança com a direita.

Voltando ao PCB, a sua longevidade não tem nada a ver com o exercício do poder, que revigora os partidos da ordem. Até porque, em sua longa história, o PCB nunca esteve no poder. Pelo contrário, passou a maior parte de sua vida na clandestinidade.

Mas este março de 2010 marca também dois aniversários da maior importância para o nosso Partido. Celebramos 18 anos de reconstrução revolucionária do PCB, contados desde 1992, quando as forças vivas da nossa militância resolveram manter o PCB, enfrentando a maioria do Comitê Central de então, que tentou liquidar e enterrar jurídica e politicamente o PCB.

E comemoramos ainda, neste mês de março, os 110 anos de nascimento de uma das figuras mais importantes da história do proletariado e do PCB, aquele cuja trajetória de lutas melhor representa o tipo de militante e de Partido revolucionário que estamos reconstruindo.

Falo de Gregório Bezerra. Militante comunista inserido no movimento de massas, organizador da luta dos camponeses sem terra antes do golpe de 1964, que o obrigou a partir para o exílio na então União Soviética. Um exemplo de coragem e dedicação à revolução, um verdadeiro comunista, que fez jus à acusação que lhe faziam os órgãos de repressão da ditadura: um agitador subversivo!

Viva a reconstrução revolucionária do PCB!
Gregório Bezerra vive!


(*) Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB

Entrega da medalha Dinarco Reis


A Fundação Dinarco Reis e o Partido Comunista Brasileiro convidam para a entrega da Medalha Dinarco Reis AOS CAMARADAS:


Irun Sant’Ana

Zuleide Faria de Melo



Neste mesmo ano a Fundação Dinarco Reis e o Partido Comunista Brasileiro já entregaram a Medalha, in memoriam, aos familiares de Gregório Bezerra (em Recife) e de Jayme Miranda (em Maceió).

A familiares de José Montenegro de Lima, a Medalha será entregue em Goiânia na ocasião do V Congresso da UJC (União da Juventude Comunista), em 02 de Abril de 2010.



Local: Sede Nacional do PCB

RUA DA LAPA, 180 - SALA 801 - LAPA - RIO DE JANEIRO

Data: 29 de Março de 2010 às 18:30

EM DEFESA DO CONTROLE POPULAR DO TRANSPORTE! PELO DIREITO DE IR E VIR!! DAR UM FIM À FARRA DOS EMPRESÁRIOS!! - PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO – PCB


O transporte coletivo constitui instrumento importante na consolidação do direito de ir e vir. Aproximadamente 600 mil trabalhadores circulam diariamente na grande Goiânia por meio deste tipo de transporte. Para ir ao trabalho, a escola, a hospitais... mais da metade da população se vê dependente de linhas de ônibus controladas pela CMTC (Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo) e operadas por grandes empresas (Rápido Araguaia, HP Transportes, Viação Reunidas, Cootego – Cooperativa de Transportes do Estado de Goiás, e a estatal Metrobus). O usuário, maior interessado no bom funcionamento deste sistema, é tratado como marionete pelos gestores, que para manterem o lucro e as barganhas eleitoreiras privam os trabalhadores deste direito fundamental, o direito de ir e vir.


Em 2007, foi iniciado o processo de nova licitação para a exploração do sistema público de transporte, no qual, as empresas foram condicionadas a um conjunto de obrigações: reforma de terminais, aquisição de novos ônibus, estabelecimento e divulgação das planilhas de horários, adequação do tempo de viagem... Estas mudanças foram norteadas pelo Plano Diretor de Goiânia, aprovado na Câmara Municipal em 2008 estabelecendo que:


CAPÍTULO III

Art. 15. A política para a mobilidade, acessibilidade e transporte do Município de Goiânia tem por objetivo promover ações de forma a garantir a mobilidade urbana sustentável, proporcionando o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, eliminando ou reduzindo a segregação espacial, garantindo o desenvolvimento urbano, contribuindo para a inclusão social, favorecendo a sustentabilidade sócio ambiental e a acessibilidade universal.



Para garantir a implementação das mudanças, foi previsto um investimento de 240 milhões de reais por parte das empresas, que acabaram por passar esta conta ao trabalhador, haja visto os contínuos aumentos da passagem.


Fica visível, que no âmbito do discurso, as propostas de mudanças elevariam a eficácia do transporte, atendendo as demandas e exigências da população. Contudo, o que temos presenciado são alterações (mudanças e retiradas de linhas), que simplesmente serviram para aumentar o lucro das empresas. Todas estas mudanças são elaboradas politicamente pela Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC). Este órgão não conta com a participação de entidades que representem os usuários, tomando decisões que interessam as empresas organizadas no SETRANSP (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo). Ou seja, é como colocar a “raposa para cuidar das galinhas”, já que a busca desenfreada por lucros não combina com o ensejo da população por qualidade e respeito no transporte público. Exemplo disto são as linhas 302 (Campus/Marista), que não funciona mais nos finais de semana, a linha 263 (Praça da Bíblia/Campus), que passa a ter um acréscimo em média de 20 minutos no seu tempo de viagem e o atraso de quase uma hora da linha 019 (Praça da Bíblia/Terminal do Cruzeiro), que foram alteradas pegando os usuários de surpresa.

O Partido Comunista Brasileiro convoca a sociedade a refletir sobre a necessidade de construir UM CONTROLE POPULAR SOBRE O TRANSPORTE COLETIVO! Associações de moradores, sindicatos de trabalhadores, entidades estudantis, têm legitimidade para apresentar propostas de mudanças necessárias sobre a organização do sistema de transporte, tomando decisões que atendam de fato os interesses do usuário. Chega de promessas! Só o povo organizado pode enfrentar a ganância dos empresário e a politicagem que tomou conta do sistema de transporte.


Março de 2010

O PCB, os royalties do Petróleo e a reestatização da Petrobrás (Nota Política do PCB)


A aprovação, na Câmara Federal, da emenda que redistribui os royalties do petróleo, gera um intenso debate sobre as razões da existência destes recursos e sua melhor destinação, envolvendo, principalmente, o pacto federativo.

O debate sobre o tema descambou para o passionalismo, fazendo aflorar bairrismos e oportunismos eleitorais. A maioria dos partidos adota uma posição em cada Estado, em função da lógica meramente eleitoral. O PCB, com a responsabilidade de partido centralizado, olha a questão sob a ótica dos interesses gerais do conjunto do povo brasileiro, sobretudo dos trabalhadores.

Em 2009, foram R$4,9 bilhões arrecadados em royalties. O primeiro aspecto a considerar é quanto à sua natureza. A Constituição, mesmo afirmando que nossos recursos minerais são da União, concede aos Estados e Municípios produtores o direito de receberem compensações por danos ambientais e, no caso dos derivados de petróleo, pelo fato de o ICMS, diferentemente de outros produtos, ser cobrado nos Estados de destino e não nos produtores.

A recente emenda aprovada na Câmara de Deputados muda, repentinamente, as regras do jogo que estavam em vigor, pelas quais o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, recebe cerca de 75% dos royalties destinados aos Estados e Municípios.

É razoável que uma parcela significativa dos royalties do petróleo fique nos Estados produtores, pelas razões expostas acima. No entanto, é preciso levar em conta que uma distribuição dos recursos de forma mais equilibrada entre os entes federativos é um elemento fundamental para a busca de um modelo de desenvolvimento voltado para combater as assimetrias regionais e as injustiças sociais.

Além disso, a cadeia produtiva da atividade petrolífera já vem trazendo inúmeros benefícios à economia do Rio de Janeiro, com investimentos na indústria naval e nos setores industriais correlatos, nos serviços, na infraestrutura e na área financeira, que têm impulsionado a geração de empregos, aumentando o consumo em geral e proporcionado a captação de significativo montante de recursos para o Estado, via cobrança de impostos.

Respeitadas as compensações devidas aos Estados produtores, os recursos gerados a partir de agora pela extração do petróleo da camada pré-sal devem ser distribuídos de forma a contribuir efetivamente para um processo mais homogêneo de desenvolvimento econômico e social do Brasil, voltado para a diminuição da miséria e da exclusão. Os novos recursos gerados pelo pré-sal devem ser distribuídos na razão inversa do grau de desenvolvimento dos Estados, medido pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Além do mais, o ritmo de exploração do petróleo, nas áreas atuais e na camada pré-sal, deve ser baixo o suficiente para garantir reservas estratégicas para o país e possibilitar o seu uso prolongado. A utilização dos recursos gerados deve voltar-se para o financiamento da pesquisa para a geração de energias alternativas e sobretudo de políticas sociais, como educação, saúde e saneamento básico, com metas claramente definidas.

Não se pode admitir que grande parte destes recursos financeiros continue sendo gasta irresponsavelmente por governos estaduais e municipais, sem qualquer controle social. Em muitos casos, os recursos dos royalties são consumidos em obras suntuosas de maquiagem e em ações supérfluas e eleitoreiras.

Para que estes objetivos e benefícios sejam garantidos e ampliados, é preciso continuar lutando pela REESTATIZAÇÃO DA PETROBRÁS, para que ela volte a ser uma empresa 100% estatal, com a participação direta dos trabalhadores brasileiros, e cujos lucros se destinem fundamentalmente para mitigar os nossos graves problemas sociais.

Hoje, o Estado brasileiro detém menos de 40% do capital da Petrobrás, estando o restante nas mãos de investidores privados, sendo as ações vendidas inclusive na Bolsa de Nova Iorque. É preciso acabar urgentemente com os leilões do nosso petróleo e com a ANP, a agência entreguista encarregada de promovê-los.

O marco regulatório enviado pelo governo federal para o Congresso Nacional é insuficiente para o Brasil gerir soberanamente nossas riquezas. Exigimos que o Parlamento desengavete o projeto apresentado pelos movimentos sociais brasileiros, que aponta para o resgate do monopólio estatal do petróleo.

Os frutos de nossas riquezas devem ser geridos pela Petrobrás 100% estatal, com controle social, uma empresa capaz de dar o rumo e o ritmo do processo produtivo, sem qualquer submissão ao jugo dos interesses das grandes empresas multinacionais do setor petrolífero.


PCB - Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional

Março de 2010

24 de março de 2010

POR QUE O PCB VAI APRESENTAR CANDIDATURA PRÓPRIA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS (Nota Política do PCB)


O PCB julga-se no dever de esclarecer:

1 – Não nos imiscuímos em assuntos internos de outros partidos. Assim sendo, como partido, não temos nem preferências nem vetos em relação aos dignos e valorosos companheiros do PSOL que disputam internamente a indicação como candidato à Presidência da República.

2 – Em programa institucional no próximo dia 25 de março, em cadeia nacional de rádio e televisão, informamos ao povo brasileiro a determinação de nos apresentarmos nas eleições presidenciais deste ano com identidade própria, sem prejuízo de coligações, no campo da oposição de esquerda, em algumas eleições estaduais. A data do anúncio coincide com o aniversário de 88 anos do PCB, fundado em 25 de março de 1922.

3 – Esta atitude é conseqüente com nossa postura desde o início de 2006, quando já deixávamos claro que não estávamos procurando uma mera coligação eleitoral e muito menos candidaturas, mas a construção de um bloco na perspectiva de uma frente anti-imperialista e anticapitalista permanente, para além do PCB, PSOL e PSTU (incluindo movimentos e organizações populares) e para além das eleições.

4 – Em 2006, a coligação eleitoral então denominada “Frente de Esquerda” dissolveu-se, na prática, dois meses antes das eleições. Suas únicas reuniões, até junho de 2006, tiveram como pauta exclusiva os acordos em torno de candidaturas. Desde então, não houve qualquer reunião trilateral e, no caso pelo menos do PCB, nem bilateral, além de episódicos e superficiais contatos regionais.

5 – Para o PCB, foi equivocado o desinteresse em discussões sobre a conjuntura, a tática e estratégia dos caminhos ao socialismo, que gerassem consensos programáticos. Fizemos em 2006 uma campanha presidencial sem programa, abrindo espaço para a então candidata da coligação expor suas opiniões pessoais que, em muitos casos, não correspondiam nem às do seu próprio partido.

6 – Jamais, enquanto partidos, confrontamos nossos pontos de vista sobre qualquer tema, sendo que em alguns temos divergências importantes, algumas inconciliáveis. Entre estas, há questões que nos são muito caras, como a necessidade de criação de uma organização intersindical classista que seja baseada na centralidade da luta do trabalho contra o capital, a atualidade da construção de uma frente anticapitalista e anti-imperialista para além do economicismo e das eleições e o internacionalismo proletário, com a solidariedade firme e inequívoca à Revolução Socialista cubana, aos processos de mudanças na Venezuela e na Bolívia, ao povo palestino e aos demais povos em luta.

7 – Sempre defendemos a necessidade de uma construção programática que envolvesse muito mais que os três partidos da Frente de Esquerda, com vistas à formulação de uma alternativa de poder que venha a se contrapor ao bloco conservador, como ponto de partida de possíveis coligações eleitorais, evitando que a disputa e decisão sobre os nomes e candidatos ocorra antes e, na maioria das vezes, no lugar da discussão programática de eixos mínimos que possam representar a reorganização de um bloco revolucionário do proletariado.

8 – No entanto, estamos no final de março de 2010 e até agora só temos notícias das intenções dos partidos que compuseram aquela coligação pelos meios de comunicação ou por informes que nos chegam sobre o processo de escolha de candidatura presidencial no PSOL, que começou com a opção de Heloísa Helena por disputar o Senado, depois o desencontro previsível com Marina Silva e agora com a disputa interna ainda em curso.

9 - Não podemos deixar de registrar também nossa contrariedade com os rumos tomados pela então Frente de Esquerda, no que tange aos parlamentares eleitos com a soma de votos de dezenas de candidatos dos três partidos que a compuseram. Os mandatos, em especial os de âmbito nacional, não contribuíram para a unidade e a continuidade da mesma. Como acontece com os partidos convencionais, foram tratados como de propriedade dos eleitos, sem qualquer interação ou mesmo consulta política aos partidos que os elegeram. A preocupação principal desses mandatos foi garantir a própria reeleição.

10 – Queremos manter com os partidos, organizações e movimentos classistas que, como nós, vêem a ruptura do capitalismo como a única possibilidade de transição para o socialismo, uma relação independente, baseada em consensos programáticos e na ação unitária no movimento de massas, o que não significa necessariamente estarmos juntos nas mesmas entidades, organizações e coligações.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central

22 de março de 2010

23 de março de 2010

EM DEFESA DE CUBA


Rede Em Defesa da Humanidade.

A propósito da resolução de 11 de março do Parlamento Europeu sobre Cuba, os intelectuais, acadêmicos, lutadores sociais, pensadores críticos e artistas da Rede Em Defesa da Humanidade manifestamos:

1. Que compartilhamos da sensibilidade demonstrada pelos parlamentares europeus acerca dos prisioneiros políticos. Como eles, nos pronunciamos pela imediata e incondicional libertação de todos os presos políticos, em todos os países do mundo, incluindo os da União Europeia.

2. Que lamentamos profundamente, como eles, o falecimento do preso comum Orlando Zapata, mas não admitimos que sua morte, primeira “…em quase quarenta anos” segundo o próprio Parlamento, seja deturpada com finalidades políticas muito distintas e contrárias às da defesa dos direitos humanos.

3. Que pedir “… às instituições europeias para que dêem apoio incondicional e alentem sem restrições o início de um processo pacífico de transição política rumo a uma democracia pluripartidária em Cuba” não é somente um ato de ingerência, que reprovamos em virtude de nosso compromisso com os princípios de não intervenção e de autodeterminação dos povos - defendidos também pela ONU -, contrário ao colonialismo, mas também um ato que supõe um modelo único de democracia que, certamente, cada vez se mostra mais insuficiente e questionável. A busca do aprofundamento da democracia supõe, entre outras coisas, transcender seus níveis formais e inventar novas formas autenticamente representativas que não necessariamente estão definidas pelo pluripartidarismo que, como bem se sabe, encobre frequentemente o fato de que as decisões sobre os grandes problemas mundiais são tomadas unilateralmente por pequenos grupos de interesse com imenso poder, muito acima dos partidos.

4. Que pretender justificar uma intromissão nos assuntos políticos internos do povo cubano, manipulando midiaticamente o caso de Orlando Zapata - delinquente comum e de nenhuma maneira preso político -, coincide com as políticas contrainsurgentes que estão sendo aplicadas na América Latina para deter ou distorcer os processos de transformação emancipadora em curso, e soma-se ao criminoso bloqueio ao qual o povo cubano tem sido submetido, pelo simples fato de não aceitar imposições e defender seu direito de decidir seu destino com dignidade e independência.

5. Que compartilhamos da preocupação demonstrada pelos parlamentares sobre o respeito aos direitos humanos em Cuba, mas a estendemos ao mundo em sua totalidade. Assim como lhes preocupa o caso do delinquente falecido (que em 40 anos não tem nenhum antecedente similar), os convidamos a exigir: o fim da ocupação israelense de Gaza e do fustigamento ao povo Palestino, que tem provocado não uma mas sim milhares de mortes; da intervenção no Iraque e no Afeganistão que tem semeado morte e terror em populações e cidades; dos bombardeios nesses lugares com o argumento de defender a democracia; o fim da dupla ocupação do Haiti; o fechamento da prisão de Guantanamo e a entrega desse território a Cuba, a quem pertence; a devolução das ilhas Malvinas à Argentina; e, é claro, o fim de um bloqueio que viola os direitos humanos do povo cubano e que pode pôr em dúvida a qualidade moral de quem exige trato humano para um delinquente quando o nega a um povo inteiro.

O assédio econômico e midiático ao qual Cuba está sendo submetida, ainda antes do óbito do preso comum Orlando Zapata, constitui um atentado contra os direitos humanos e políticos de um povo que decidiu fazer um caminho diferente. Exigimos respeito aos processos internos do povo cubano para definir e exercer sua democracia, e que haja consequência com os princípios universais de não intervenção acordados pelas Nações Unidas.

Por favor, difundir. Pedimos que enviem seus nomes para aderirem a convocatória na página: edhcuba@cubarte.cult.cu


(Traduzido por Roberta Moratori)

O QUE É O SIONISMO?


ENTREVISTA COM O AUTOR DO LIVRO "A HISTÓRIA OCULTA DO SIONISMO", Ralph Schoenman


Fonte: Revista Teoria & Debate

O escritor, de origem judaica, pede o fim de toda a ajuda ao Estado de Israel e acusa: “A liderança sionista colaborou com os piores perseguidores dos judeus durante o século XIX e o século XX, incluindo os nazistas”


Ralph Schoenman foi diretor-executivo da Fundação pela Paz Bertrand Russel, papel através do qual conduziu negociações com inúmeros chefes de Estado. Com seu trabalho assegurou a libertação de prisioneiros políticos em muitos países e fundou o Tribunal Internacional dos Crimes de Guerra dos Estados Unidos na Indochina, organização da qual foi secretário-geral. Velho militante, fundou o Comitê dos 100, que organizou a desobediência civil massiva contra as armas nucleares e as bases americanas na Grã-Bretanha. Foi também fundador e diretor da Campanha de Solidariedade ao Vietnã e diretor do Comitê “Quem Matou Kennedy?” Tem sido líder do Comitê por Liberdade Artística e Intelectual no Irã e co-diretor do Comitê em Defesa dos Povos Palestino e Libanês e do Movimento de Solidariedade de Trabalhadores e Artistas Americanos. Atualmente é diretor executivo da Campanha Palestina, que clama pelo fim de toda ajuda a Israel e por uma Palestina laica e democrática.

T&D – Em seu livro The Hidden History of Zionism (A História Oculta do Sionismo), você descreve quatro mitos sobre a história do sionismo. Nós gostaríamos que você explicasse um pouco seu livro.
Schoenman – O meu trabalho na Fundação Bertrand Russel foi importante por me dar a chance de documentar fatos da formação do Estado sionista de Israel. Em cursos e palestras que proferi em mais de uma centena de universidades americanas e européias, pude constatar que as pessoas não sabiam, não tinham conhecimento da história do movimento sionista, dos seus objetivos e de vários fatos. Nessas ocasiões deparei com concepções equivocadas sobre a natureza do Estado de Israel e foi isso que impulsionou o meu trabalho de escrever o livro, The Hidden History of Zionism, no qual eu abordo o que chamo de os quatro mitos que têm moldado a consciência nos Estados Unidos e na Europa sobre o sionismo e o Estado de Israel.

T & D - Quais são esses quatro mitos?
Schoenman – O primeiro mito é o da “terra sem povo para um povo sem terra“. Os primeiros teóricos sionistas, como Theodor Herzl e outros, apresentaram para o mundo a Palestina como uma terra vazia, visitada ocasionalmente por beduínos nômades; simplesmente, uma terra vazia, esperando para ser tomada, ocupada. E os judeus eram um povo sem terra, que se originaram historicamente na Palestina; portanto, os judeus deveriam ocupar essa terra. Desde o começo, os primeiros núcleos de colonos, promovidos pelo movimento sionista, foram caracterizados pela remoção, pela expulsão armada da população palestina nativa do local onde essa população vivia e trabalhava.

T & D - Quais os outros três mitos?
Schoenman – O segundo mito que o livro pretende discutir é o mito da democracia israelense. A propaganda sionista, desde o início da formação do Estado de Israel, tem insistido em caracterizar Israel como um Estado democrático no estilo ocidental, cercado por países árabes feudais, atrasados e autoritários. Apresentam então Israel como um bastião dos direitos democráticos no Oriente Médio. Nada poderia estar mais longe da verdade.

Entre a divisão da Palestina e a formação do Estado de Israel, num período de seis meses, brigadas armadas israelenses ocuparam 75% da terra palestina e expulsaram mais de 800 mil palestinos, de um total de 950 mil. Eles os expulsaram através de sucessivos massacres. Várias cidades foram arrasadas, forçando assim a população palestina a refugiar-se nos países vizinhos, em campos de concentração e de refugiados. Naquele tempo, no período da formação do Estado de Israel, havia 475 cidades e vilas palestinas, que caíram sob o controle israelita. Dessas 475 cidades e vilas, 385 foram simplesmente arrasadas, deixadas em escombros, no chão, apagadas do mapa. Nas 90 cidades e vilas remanescentes, os judeus confiscaram toda a terra, sem nenhuma indenização. Hoje, o Estado de Israel e seus organismos governamentais, tais como o da Organização da Terra, controlam cerca de 95% da terra palestina.

Pela legislação existente em Israel, é necessário provar, por critérios religiosos ortodoxos judeus, a ascendência judaica por linhagem materna até a quarta geração, para poder possuir terra, trabalhar na terra ou mesmo sublocar terra. Como eu digo sempre, nas palestras em que apresento meus pontos de vista, em qualquer país do mundo (seja Brasil, EUA, onde for), se fosse necessário preencher requisitos parecidos com esses, ninguém duvidaria do caráter racista de tal Estado; seria notória a existência de um regime fascista.

A Suprema Corte em Israel tem ratificado que Israel é o Estado do povo judeu e que, para participar da vida política israelense, organizar um partido político, por exemplo, ou ter uma organização política, ou mesmo um clube público, é necessário afirmar que se aceita o caráter exclusivamente judeu do Estado de Israel. É um Estado colonial racista, no qual os direitos são limitados à população colonizadora, na base de critérios raciais.

O terceiro mito do qual falo em meu livro é aquele criado para justificativa da política de Israel, que se diz baseada em critérios de segurança nacional. A verdade é que Israel é a quarta potência militar do mundo. Desde 1948, os EUA deram a Israel US$ 92 bilhões em ajuda direta. A magnitude dessa soma pode ser avaliada quando observamos que a população israelense variou entre 2 a 3 milhões nesse período. Se o governo americano dá algum dinheiro para países como Taiwan, Brasil, Argentina, e a aplicação desse dinheiro tiver alguma relação com fins militares, a condição é que as compras desse material têm que ser feitas dos EUA. Mas há uma exceção: as compras de material bélico podem ser feitas também de Israel. Israel é tratado pelos EUA como parte de seu território, em todos os assuntos comerciais.

O que motivaria uma potência imperialista a subsidiar tanto um Estado colonial? A verdade é que Israel não pode mesmo existir sem a ajuda americana, sem os US$ 10 bilhões anuais. Israel é, portanto, a extensão do imperialismo na região do Oriente Médio. Israel é o instrumento através do qual a revolução árabe é mantida sob controle. É, portanto, o instrumento através do qual as ricas reservas do Oriente Médio são mantidas sob o controle do imperialismo americano. É também um meio através do qual os regimes sanguinários dos países árabes são mantidos no governo, graças ao clima de tensão gerado por uma possível invasão israelense.

O quarto mito a que me refiro no livro, que tem influenciado a opinião pública mundial, refere-se à origem do sionismo, à origem do Estado de Israel. O sionismo tem sido apresentado como o legado moral do holocausto, das vítimas do holocausto. O movimento sionista tem como que se “alimentado” da mortandade coletiva dos 6 milhões de vítimas da exterminação nazista na Europa. Esta é uma terrível e selvagem ironia. A verdade é bem o oposto disso. A liderança sionista colaborou com os piores perseguidores dos judeus durante o século XIX e o século XX, incluindo os nazistas.

Quando alguém tenta explicar isso para as pessoas, elas geralmente ficam chocadas, e perguntam: o que poderia motivar tal colaboração? Os judeus foram perseguidos e oprimidos por séculos na Europa e, como todo povo oprimido, foram empurrados, impelidos a desafiar o establishment, o statu quo. Os judeus eram críticos, eram dissidentes. Eles foram impelidos a questionar a ordem que os perseguia. Então, o melhor das mentes da inteligência judia foi impelido para movimentos que lutavam por mudanças sociais, ameaçando os governos estabelecidos. Os sionistas exploraram esse fato a ponto de dizer para vários governos reacionários que o movimento sionista iria ajudá-los a remover esses judeus de seus países. O movimento sionista fez o mesmo apelo ao kaiser na Alemanha, obtendo dele dinheiro e armas. Eles se reivindicavam como a melhor garantia dos interesses imperialistas no Oriente Médio, inclusive para os fascistas e os nazistas.

T & D - Como se deu essa colaboração dos sionistas com os nazistas?
Schoenman – Em 1941, o partido político de Itzhak Shamir (conhecido hoje como Likud) concluiu um pacto militar com o 3º Reich alemão. O acordo consistia em lutar ao lado dos nazistas e fundar um Estado autoritário colonial, sob a direção do 3º Reich. Outro aspecto da colaboração entre os sionistas e governos e Estados perseguidores dos judeus é o fato de que o movimento sionista lutou ativamente para mudar as leis de imigração nos EUA, na Inglaterra e em outros países, tornando mais difícil a emigração de judeus perseguidos na Europa para esses países. Os sionistas sabiam que, podendo, os judeus perseguidos na Europa tentariam emigrar para os EUA, para a Grã- Bretanha, para o Canadá. Eles não eram sionistas, não tinham interesse em emigrar para uma terra remota como a Palestina. Em 1944, o movimento sionista refez um novo acordo com Adolf Eichmann. David Ben Gurion, do movimento sionista, mandou um enviado, de nome Rudolph Kastner, para se encontrar com Eichmann na Hungria e concluir um acordo pelo qual os sionistas concordaram em manter silêncio sobre os planos de exterminação de 800 mil judeus húngaros e mesmo evitar resistências, em troca de ter 600 líderes sionistas libertados do controle nazista e enviados para a Palestina. Portanto, o mito de que o sionismo e o Estado de Israel são o legado moral do holocausto tem um particular aspecto irônico, porque o que o movimento sionista fez quando os judeus na Europa tinham a sua existência ameaçada foi fazer acordos, e colaborar com os nazistas.

Fonte: Revista Teoria & Debate (Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT) nº 5 – janeiro/fevereiro/março de 1989, por Stylianos Tsirakis

ENTREVISTA COM IVAN PINHEIRO, SECRETÁRIO GERAL DO PCB



(Jornal do Commercio, de Pernambuco, edição de 14 de março de 2010)



PCB LUTA PARA VOLTAR AO CENARIO POLITICO

PARTIDÃO ENALTECE FIGURAS HISTÓRICAS E BUSCA INSPIRAÇÃO NO PASSADO PARA SER RECOLOCADO COMO UMA DAS REFERÊNCIAS DA ESQUERDA NO BRASIL



GILVAN OLIVEIRA



O QUASE NONAGENÁRIO PCB tenta se reinserir no plano político buscando inspiração em seu passado. O “Partidão” traçou a estratégia de enaltecer as trajetórias de seus militantes históricos e apresentá-las como referência aos seus atuais filiados e aos interessados em ingressar na sigla. Esse seria um dos caminhos para recolocar o PCB como referência na esquerda no país, afirma o secretário geral do comitê central do PCB, o advogado Ivan Pinheiro (RJ), pré-candidato dos comunistas a presidente nas eleições deste ano.

Ele esta no Recife para participar dos atos em homenagem aos 110 anos de nascimento do militante comunista Pernambucano Gregório Bezerra, morto em 1983 e que militou no na legenda. A trajetória política de Gregório é uma das referencias que o PCB quer apresentar para cativar novos filiados “de qualidade” e recuperar o terreno perdido.

“Gregório foi uma das figuras mais importantes da esquerda brasileira. Ele soube conjugar como ninguém a luta institucional com a luta direta dos trabalhadores”, reforçou Pinheiro. O PCB aproveitou a homenagem prestada ontem a Gregório, na Câmara de Vereadores de Recife, para entregar a medalha Dinarco Reis, uma condecoração do Partido ao único filho vivo de Gregório, Jurandir Bezerra, e a netos do militante. A comenda também será entregue a militantes de outros estados, como forma de valorizar comunistas de vários locais. Em 2010, serão outorgadas mais quatro medalhas Dinarco Reis – um militante do PCB morto em 1989, que atuou na Aliança Nacional Libertadora, em 1935, e lutou como voluntário na Guerra Civil Espanhola na década de 1930.

Segundo Ivan Pinheiro, entre os vários militantes que estão na mira do Comitê Central para terem suas trajetórias resgatadas estão a de Luiz Carlos Prestes e até a do ex-cronista esportivo e ex treinador de futebol, João Saldanha, ambos mortos em 1990. “É uma questão delicada. Alguns dos que homenageamos saíram do PCB (caso de Prestes). E nas famílias dos que morreram há polêmicas e resistências, idiossincrasias. Responsabilizam o PCB por um exílio, por uma morte, por não ter tido aquele militante tão pai quanto devia, tão avô quanto devia”, relatou.

Pré-Candidatura

Se em 2006 se aliou ao PSOL para apoiar a candidatura da ex senadora Heloisa Helena (AL) à presidência, este ano o Partidão vai de candidatura própria. O anúncio de Ivan Pinheiro como pré-candidato será em rede nacional no programa eleitoral gratuito da legenda, dia 25 de Março, na data do 88° aniversário da sigla.

Segundo Pinheiro, o PCB optou pela postulação própria por não ter conseguido costurar uma unidade com o PSOL e o PSTU na construção de uma “frente de esquerda”. Eles entraram em um debate mais preocupado no resultado eleitoral do que em criar essa frente (suprapartidária)”, reclamou.

O Secretário Geral do PCB admitiu que sua candidatura não é competitiva. Disse que ela tem como função ocupar espaços para divulgar propostas do Partido. “Vamos participar das eleições, expor nossas opiniões, desmistificar toda a satanização em torno do PCB”.



“A Política do PCB nos anos 80 foi equivocada”



“Advogado e bancário aposentado, Ivan Pinheiro, 64 anos, disputou a prefeitura do Rio de Janeiro em 1996 e de lá para cá vem se dedicando à reconstrução do PCB que segundo ele, terá um impulso maior a partir das eleições deste ano. Nesta entrevista, ele comenta erros históricos do PCB e como o partido trabalha sua reinserção social, depois de quase ter desaparecido do mapa político brasileiro."

Jornal do Commercio: Como vocês estão trabalhando essa reconstrução do PCB pelo país? É através do movimento estudantil? Em que segmento da sociedade o PCB está se reinserindo?

Ivan Pinheiro: é exatamente por ai, vamos dar relevância ao movimento social. O movimento estudantil é muito importante para nós. Mas o (foco) é o sindical, sobretudo porque a centralidade do trabalho continua essencial para nós.

JC: Como está o PCB em termos de inserção nos movimentos sociais e sindicais?

Pinheiro: O PCB está se reconstruindo e se reinserindo nos movimentos sociais. Aos poucos, com consistência, sem inchaço. Temos recrutamento de qualidade. Não falamos mais em campanha de filiação. O ambiente sindical, que foi mais favorável a nós no passado, foi ocupado pelo PT, sobretudo. Atribuímos isso a uma política equivocada em toda a década de 1980 em que a maioria da direção do PCB – que em 1992 tentou acabar com ele (saindo do Partido e criando o PPS) – praticou no ambiente sindical uma política que chamamos de conciliação de classes. Essa direção foi contra participarmos da CUT, um erro grosseiro a pretexto de que aquilo poderia desestabilizar a transição democrática. Hoje estamos dando atenção especial a movimentos sindicais em áreas industriais. Temos um bom crescimento no sul e sudeste.

JC: e no nordeste?

Pinheiro: Pernambuco é um Estado referência. Estamos ainda fracos na Bahia; no Maranhão, temos um peso razoável, mas o Estado do Nordeste onde temos um peso maior no movimento sindical é no Ceará: estamos nas principais categorias lá, nos sindicatos de professores, trabalhadores das indústrias de calçados e da construção civil. Ao todo, estamos em 21 Estados.

JC: A sua pré candidatura a presidente está colocada. E como essa postulação está sendo construída no Partido?

Pinheiro: A idéia da candidatura própria foi tomada pelo Comitê Central do Partido no inicio do ano. Não era isso que queríamos. A esquerda socialista (PCB, PSTU e PSOL), em 2006, veio unida em torno da candidatura da (ex senadora) Heloisa Helena (PSOL). Mas nós tivemos muitos constrangimentos; a campanha não foi o que a gente esperava. Lutamos para que fosse um frente política permanente e não uma mera aliança como acabou acontecendo. Temos divergências e queremos mostrar nossa identidade.

JC: O senhor vem visitando vários Estados. É para estimular candidaturas locais do PCB?

Pinheiro: Exatamente. Não estamos fazendo eventos públicos em torno das eleições. A comemoração dos 110 anos de Gregório não é propriedade nossa; estamos participando. Estamos discutindo com os companheiros como a gente monta as campanhas estaduais. A nossa orientação é a seguinte: chapa própria no âmbito nacional; e nos Estados, chapa própria, mas não em todos. Pode ser alianças, preferencialmente com o PSOL e o PSTU, porque estão no campo da oposição de esquerda ao Governo Lula. Nós teremos quatro eleições no fim do ano nos Estados: Governador, Senador e Deputados Federais e Estaduais. Estamos recomendando que, no mínimo, participemos com candidaturas próprias em duas delas.

JC: O PCB vai privilegiar algumas delas?

Pinheiro: Sempre vamos valorizar o legislativo. Não temos qualquer ilusão de eleger um Governador comunista num país capitalista e implantar o socialismo naquele lugar. O nosso problema é ter voz na televisão e. onde a gente puder, eleger deputados. É muito difícil, mas vamos ver.

JC: O Partido já fez um mapeamento para ver onde tem mais chance de eleger um deputado?

Pinheiro: Esse mapa está inconcluso. É uma coisa que a gente não domina bem, a matemática eleitoral.

PCB NA TV:



Dia 25 de Março
(nesta quinta-feira)
De 20:30 às 20:35 h

No mesmo dia da celebração dos 88 anos de vida do PCB, fundado em 25 de março de 1922!



Pronunciamentos de Ivan Pinheiro e Mauro Iasi (membros do Comitê Central do PCB)


- cadeia nacional de TV aberta: de 20:30 às 20:35;
- cadeia nacional de rádio: de 20:00 às 20:05 h

PCB: 88 ANOS DE LUTAS



A história do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 25 de março de 1922, confunde-se com a história das lutas dos trabalhadores e do povo brasileiro por condições dignas de vida, contra a exploração capitalista e em favor de uma sociedade igualitária, a sociedade socialista. O PCB surgia em meio ao contexto internacional de vitória da Revolução Soviética de 1917 na Rússia e da criação da Internacional Comunista em 1919, episódios históricos que sinalizavam, para o movimento operário e sindical no Brasil, a possibilidade real de vitória das forças proletárias no combate ao capitalismo. Os anos iniciais de formação foram marcados por imensas dificuldades, principalmente em função da violenta repressão policial desencadeada sobre os comunistas e sobre o nascente movimento operário pelos governos da Velha República. Isto não impediu que o PCB começasse a exercer importante influência no interior do proletariado brasileiro, divulgando as conquistas da Revolução Bolchevique e as ideias contrárias ao capitalismo através do jornal A Classe Operária, mas também por meio de palestras, festas nas sedes dos sindicatos, revistas, livros, panfletos e artigos publicados na imprensa sindical.

Os intelectuais Astrojildo Pereira e Octávio Brandão, que iniciaram sua militância no movimento anarquista, muito contribuíram para a formulação das teses marxistas sobre a realidade brasileira, propondo a aliança dos trabalhadores da cidade e do campo contra o imperialismo e o poder do latifúndio no Brasil. No final da década de 1920, o PCB participou de eleições municipais e nacionais sob a legenda do Bloco Operário e Camponês (BOC), elegendo representantes na Câmara do Rio e lançando um candidato negro – o operário Minervino de Oliveira – à Presidência da República.

A queda da República Velha e a ascensão de Getúlio Vargas nos anos 1930 não representaram refresco para os comunistas: foram anos de enfrentamento à onda fascista que varria o mundo. Contando em suas fileiras com a presença de Luiz Carlos Prestes – egresso do movimento tenentista - o PCB articulou uma grande frente nacional e antifascista, propondo à sociedade um projeto de desenvolvimento democrático, anti-imperialista e antilatifundiário, através da Aliança Nacional Libertadora (ANL). A perseguição varguista ao movimento levou os comunistas a promoverem a insurreição de novembro de 1935, com a tomada de quartéis no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro. Derrotada a insurreição, abateu-se sobre o país uma ação repressiva sem precedentes, a que se seguiu a ditadura do Estado Novo, que obrigou os militantes comunistas a vários anos de luta clandestina.

A reorganização de grupos comunistas espalhados pelo país (com destaque para os núcleos da Bahia e de São Paulo) e a participação do Brasil na guerra antifascista possibilitaram a reestruturação nacional do PCB, com a realização da célebre Conferência da Mantiqueira, em agosto de 1943. A partir dela, o Partido conquistava novos espaços na vida política e, com o fim da guerra e a queda do Estado Novo, tornou-se um partido nacional de massas, conquistou legalidade plena, formando aguerrida bancada parlamentar – elegeu 14 deputados e um senador, Luiz Carlos Prestes – e assumindo a vanguarda das lutas democráticas e pela aprovação de reformas sociais na Assembleia Nacional Constituinte.

A Guerra Fria e a subserviência do governo Dutra ao imperialismo estadunidense impuseram novo período de ilegalidade ao PCB a partir de 1947. Mas a retomada das lutas operárias nos anos 1950, durante os governos de Vargas e JK, trouxe de volta o PCB à condição de principal organização representativa dos interesses dos trabalhadores, dos intelectuais, artistas, jovens e mulheres. Os comunistas tiveram decisiva participação na campanha O Petróleo é Nosso!, pela criação da Petrobras e estatização da produção e distribuição do petróleo. No início da década de 1960, exerceram intensa atividade política e cultural, produzindo inúmeras publicações e participando dos movimentos em defesa das reformas de base, das lutas contra o imperialismo e o latifúndio.

Diante do ascenso do movimento operário e popular, organizado em torno dos sindicatos de trabalhadores e do seu comando geral (CGT), das Ligas Camponesas, da UNE, dos Centros Populares de Cultura e dos partidos de esquerda, a burguesia brasileira, associada ao capital internacional e apoiada nas forças armadas, promoveu em 1964 o golpe contrarrevolucionário, destituindo o nacionalista João Goulart do poder, para garantir a reprodução plena do capital monopolista no país. Durante a ditadura empresarial-militar que calou os trabalhadores e as forças de oposição, impondo violento arrocho salarial e aprofundando a dependência do país diante do imperialismo, o PCB definiu uma linha de ação centrada na retomada das lutas políticas de massas. Mesmo recusando o caminho seguido por outras organizações de esquerda, que optaram pelas ações armadas, o PCB teve, entre 1973 e 1975, um terço de seu Comitê Central assassinado pela repressão e milhares de militantes submetidos à tortura, alguns até a morte, dentre os quais o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manuel Fiel Filho.

No ocaso da ditadura, para o que muito contribuíram as greves do ABC paulista, a campanha pela anistia ampla, geral e irrestrita e, mais adiante, o movimento pelas Diretas Já, o PCB passou a confundir a participação na Frente Democrática de combate à ditadura com uma estratégia de luta política que privilegiava a conquista de espaços institucionais, através das eleições burguesas. Na esteira da crise internacional do socialismo, marcada pela queda da União Soviética e dos regimes do Leste Europeu, parte da direção nacional do Partido abdicou da luta contra o capitalismo e tentou destruir o PCB.

Mas é impossível acabar com o Partidão! Em 1992, iniciava-se nossa trajetória em defesa da reorganização revolucionária do PCB. O XIV Congresso Nacional, realizado em outubro de 2009, consolida este processo, no qual afirmamos nosso compromisso histórico com a revolução socialista, rejeitando categoricamente qualquer possibilidade de alianças com a burguesia. Por isso estamos na oposição ao governo Lula, que hoje cumpre o papel de aprofundar o capitalismo em nosso país. A atual crise econômica, muito mais profunda que a tal “marolinha” desejada por Lula, provocou forte redução da produção industrial e aumentou o desemprego em vários setores da economia. Frações destacadas da burguesia brasileira, tendo à frente o setor financeiro, o empresariado exportador e o agronegócio, que tantos lucros acumularam no período histórico mais recente, buscam ainda tirar proveito da crise aumentando a taxa de exploração da força de trabalho, rebaixando salários e ampliando jornadas, reduzindo direitos e garantias dos trabalhadores.

Por isso mantemos firme nossa determinação de organizar a classe trabalhadora, nas suas lutas específicas e gerais contra o capital e o patronato, em torno da Unidade Classista e da Intersindical. Reorganizamos a União da Juventude Comunista, que agora em abril realizará seu V Congresso, mobilizando e organizando a juventude comunista por todo o Brasil. Reestruturamos nossa atuação junto aos movimentos de mulheres e dos negros, através dos Coletivos Ana Montenegro e Minervino de Oliveira. Prestamos nossa solidariedade militante aos movimentos sociais, com destaque para o MST, que hoje sofrem intenso processo de criminalização de seus atos, por conta da combativa atitude no enfrentamento aos ditames do capital no campo e nas cidades. Defendemos a plena reestatização da Petrobras, mantendo viva a campanha “O Petróleo tem que ser nosso!”.

Denunciamos a presença de tropas brasileiras no Haiti, cumprindo o triste papel de força auxiliar e subalterna do imperialismo, assim como a presença da IV Frota dos EUA na América do Sul e toda a tentativa de desestabilizar as conquistas dos governos e movimentos populares na América Latina. Damos vivas à Revolução Cubana, que segue firme enfrentando o criminoso bloqueio econômico imperialista e avança na construção do socialismo.

Para fazer avançar a luta contra o capitalismo e no caminho da construção do projeto socialista em nosso país, defendemos a criação de uma Frente Nacional Permanente de caráter Anticapitalista e Anti-imperialista, que não se confunda com uma articulação meramente eleitoral. E entendemos ser igualmente necessária a formação do Bloco Revolucionário do Proletariado, capaz de reunir as organizações políticas e sociais dos trabalhadores brasileiros dispostas a lutar de forma radical contra o sistema capitalista e em favor da alternativa socialista.

Neste mês de março de 2010, comemoramos também os 110 anos de nascimento de um dos mais destacados personagens da história do proletariado e do PCB, aquele cuja trajetória de lutas melhor representa o tipo de militante e de Partido revolucionário que estamos reconstruindo. Trata-se de Gregório Bezerra, bravo militante comunista que enfrentou os porões da ditadura do Estado Novo, foi deputado atuante da bancada parlamentar do PCB em 1945/1946, organizou a luta dos camponeses sem terra pela reforma agrária, encarou de frente a brutal repressão militar e a tortura imposta pelo regime de 1964. Um exemplo de coragem e dedicação à revolução socialista, um verdadeiro comunista que fez jus à acusação que lhe faziam os órgãos de repressão da ditadura e da qual se orgulhava: um agitador subversivo!

VIVA OS 88 ANOS DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)!
CAMARADA GREGÓRIO BEZERRA, PRESENTE! AGORA E SEMPRE!
VIVA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA!

COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)

21 de março de 2010

GREGÓRIO BEZERRA: UM EXEMPLO DE REVOLUCIONÁRIO


PCB ENTREGA, EM RECIFE, A MEDALHA DINARCO REIS, IN MEMORIAM, A JURANDIR, ÚNICO FILHO VIVO DE GREGÓRIO BEZERRA.


“Em 1935, a gente tinha armas, mas não tinha massa;
Em 1964, a gente tinha massa, mas não tinha armas.”
(Gregório Bezerra)


Sem subestimar o fundamental papel dos intelectuais revolucionários, é impressionante como a inserção de um comunista na massa, como um peixe dentro da água, lhe permite, com uma sábia simplicidade, resumir e transmitir ao povo teses de importância prática e teórica.

Com a pequena frase citada em epígrafe, Gregório Bezerra conseguiu caracterizar aqueles que talvez tenham sido os dois maiores erros políticos da heróica, porém pendular, história do PCB, e que trouxeram grandes prejuízos para o Partido e para as massas.

De um lado, critica o baluartismo, o espontaneismo, o foquismo e a subestimação das massas, no levante militar de 1935.

De outro, critica o reformismo, a ilusão de classe e a subestimação da natureza da democracia burguesa, antes do golpe militar de 1964.

Em expressivo e fraterno ato público no último dia 13 de março, no Recife, em que se celebravam 110 anos de nascimento de Gregório Bezerra, o PCB concedeu-lhe, in memoriam, a Medalha Dinarco Reis, com que homenageia anualmente cinco camaradas que honram a história do Partido.

A amplitude e o pluralismo do ato mostraram que Gregório extrapola o PCB.

O ato teve seu momento mais emocionante quando o músico, poeta, cantor e compositor Vital Farias, militante do PCB no Estado da Paraíba, apresentou duas peças musicais que preparou especialmente para o evento, em homenagem à memória de Gregório: um réquiem e uma “incelença”, que contaram com a participação do músico Luiz Wagner, também do PCB, e de alguns dos filhos de Vital.

Ivan Pinheiro

Secretário Geral do PCB

Governo do Paraguai condecora líder comunista com o grau da “Gran Cruz”




O governo paraguaio condecorou o líder comunista Ananías Maidana com a Ordem Nacional ao Mérito, com o grau da “Gran Cruz” por sua luta em favor da democracia.

“Sabemos que em seu coração patriota se alojam todas as razões para a esperança”, expressou o presidente Fernando Lugo ao referir-se a Maidana, que já sofreu com a perseguição, a tortura e as prisões da ditadura stronista (1954-1989).


Maidana, Secretário Geral de Honra do Partido Comunista Paraguaio (PCP), é o primeiro comunista a receber uma distinção oficial no país. Os comunistas ficaram na ilegalidade durante décadas e seus membros foram perseguidos e aniquilados por se opor ao regime ditatorial.

“Pessoas como você terão muito mais que o bronze frio da memória; terão menção de gratidão eterna”, destacou Lugo em sua mensagem durante o ato realizado na Chancelaria na presença de dirigentes políticos e sociais progressistas.


O presidente lamentou no ato “representações da Nação paraguaia, por uma intolerância criminosa, por vários anos, e em alguns bolsões autoritários até hoje, condenaram e condenam o comunismo pela simples utopia de um mundo fraterno”.


Ao referir-se a Maidana, o presidente expressou: “Sabemos que no seu coração patriota se alojam todas as razões para a esperança, valor que deve unir-nos para construir, sem exclusão alguma, essa pátria que merecemos”; e aproveitou para enfatizar que “de uma vez por todas se deve entender que por nenhuma razão do universo devemos deter-nos nos projetos de mudança, a transformação não pode parar no Paraguai”.


Lugo afirmou: “Gratidão eterna, dom Ananías Maidana, comandante da pátria rebelde. De ontem, hoje e sempre”.


Fonte: Diário Última Hora

Traduzido por Dario da Silva

http://www.ultimahora.com/notas/303494-Gobierno-condecora-en-grado-de-Gran-Cruz-a-l%C3%ADder-comunista-en-Paraguay

Cuba recusa pressões nas relações internacionais


Escrito por Erica Soares
jueves, 11 de marzo de 2010
11 de marzo de 2010, 13:25Havana, 11 mar (Prensa Latina)

A Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba recusou hoje a imposição, a intolerância e a pressão como normas nas relações internacionais.

Em uma declaração divulgada nesta capital, o organismo legislativo criticou a postura do Parlamento Europeu, que no meio de uma campanha mediática, aprovou uma resolução de condenação contra a maior nação das Antilhas.

Esse texto "manipula sentimentos, tergiversa fatos, esgrime mentiras e oculta realidades", destaca o documento.

O pretexto utilizado foi a morte de um recluso, sancionado primeiro por delito comum e depois manipulado por interesses estadunidenses e da contra-revolução interna, que por vontade própria negou-se a ingerir alimentos apesar das advertências e da intervenção dos especialistas médicos cubanos.

Este fato lamentável - prossegue a declaração - não pode ser utilizado para condenar Cuba alegando que poderia ter evitado uma morte.

Se há um campo em nosso país que não tem que se defender com palavras, pois a realidade é irrefutável, é o da luta pela vida dos seres humanos, já sejam nascidos em Cuba ou em outros países.

Um só exemplo é a presença dos médicos cubanos no Haiti, desde 11 anos antes do terremoto de janeiro, silenciada pela imprensa hegemônica, assinala o texto.

A Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba qualificou a condenação de cínica e recorda que pelas decisões dos países ricos, representados no Parlamento Europeu, se perderam vidas de crianças em nações pobres.

"Todos sabiam que era uma sentença de morte em massa, mas optaram por preservar os níveis de gastos excessivos e ostentação de um consumismo largamente suicida", pontualiza o documento.

Eles não têm moral para dar lições a Cuba no momento em que na Europa se reprime imigrantes e desempregados, além de participar ou permitir o contrabando aéreo de detentos, o estabelecimento de cárceres ilegais e a prática de torturas.

Nem esta condenação discriminatória, nem a Lei Helms Burton, nem a Posição Comum europeia, têm o menor futuro, pois "recusamos a imposição, a intolerância e a pressão como norma nas relações internacionais", enfatiza o escrito.

rc/joe/es
http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&id=169684&Itemid=75