31 de julho de 2011

Como se organizar no PCB?

Como se organizar no PCB?

imagemCrédito: PCB


O Partido Comunista Brasileiro é o partido de maior longevidade em nosso país. Foi fundado em 25 de março de 1922, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, por um grupo de trabalhadores animados com a vitória dos operários e camponeses na Revolução Bolchevique de 1917, na Rússia.

O PCB nada tem a ver com os partidos institucionais mantidos pela legislação burguesa, os partidos da ordem, cujos maiores representantes hoje são o PT, o PSDB, o PMDB, o DEM, etc, cujas divergências entre eles resumem-se a diferentes formas de gerenciar e fazer aprofundar o capitalismo em nosso país. Nosso partido, apesar de participar da vida política institucional, pois enxerga como fundamental aproveitar o espaço conquistado pelas lutas democráticas no país (liberdade de organização, participação nas eleições, uso do tempo de televisão, fundo partidário, etc), não vê este espaço como um fim em si mesmo (como hoje fazem partidos que outrora foram de esquerda, como o PC do B), mas um meio para difundir as ideias e o programa comunista e avançar na organização da classe trabalhadora visando construir a revolução socialista no país.

Para fazer parte do PCB é preciso estar organizado numa base ou célula partidária. A base ou célula são o centro de gravidade do partido, a sua razão de ser, as unidades básicas de que toda a organização depende. São uma espécie de modelo reduzido do próprio partido, possuindo – dentro de seu espaço de atuação – as diversas funções do todo partidário. Elas são o partido organizado em espaços comuns de atuação e luta (a fábrica, a empresa, o bairro, a escola, os movimentos sociais). As bases têm a finalidade de ligar o partido às massas, num sentido de mão dupla. De um lado, devem participar da vida das massas, procurando levá-las a conhecer, assimilar e pôr em prática a linha política do partido. De outro lado, devem recolher delas suas experiências, reivindicações e tendências, para capacitar o partido a elaborar propostas políticas justas para as necessidades do seu tempo.




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As organizações de base devem ser organismos dinâmicos e criativos. Toda base deve ter um plano de ação, com objetivos e prazos a serem atingidos e a definição de responsabilidades. Nelas, os militantes discutem a política do partido, analisam a realidade da área de sua atuação, elaboram os planos de ação, opinam sobre os documentos e resoluções partidárias, exercendo o direito à critica e à autocrítica. E é assim que funciona o princípio maior da organização comunista: o centralismo democrático. Nos processos congressuais e nas conferências para debater a linha política, a tática e a estratégia de ação do partido, os militantes discutem exaustivamente as propostas até chegarem a um consenso ou a uma posição majoritária. Construída esta posição, adotada coletivamente como resultado de um amplo processo democrático de participação nas decisões, o conjunto do partido deve se empenhar para pôr em prática aquilo que foi decidido, de forma unitária e coesa. Todas as decisões, mesmo relativas a questões cotidianas, são adotadas desta forma: coletivamente. Mas somente a prática política disciplinada e unitária é capaz de fazer do partido um grupo homogêneo, pronto para assumir as tarefas necessárias ao desenvolvimento dos grandes embates políticos e sociais e da luta maior em prol da revolução socialista.

O que defende hoje o PCB?

Conforme aprovado pelo XIV Congresso Nacional do PCB, realizado em outubro de 2009, objetivo central da ação dos comunistas é a superação do modo de produção capitalista e a constituição de uma sociedade socialista. A revolução socialista é um processo histórico e complexo que não pode ser entendido como linear. É composto de elementos diversos e sujeito às condições objetivas e subjetivas de cada formação social, à luz da conjuntura nacional e internacional e de sua evolução. O triunfo do socialismo não é um fato que acontecerá de forma natural ou inexorável, como afirmam algumas leituras mecanicistas da obra de Marx, mas sim uma possibilidade histórica que deve ser construída.

Na luta para fazer afirmar a hegemonia política do proletariado, entendemos ser necessária a construção do Bloco Revolucionário do Proletariado, reunião das forças políticas e sociais que almejam dirigir os trabalhadores brasileiros para a derrubada do capitalismo por meio da revolução socialista. Nossa estratégia, portanto, é a revolução socialista. São as massas que fazem a revolução, no sentido mais amplo da superação do capitalismo pelo socialismo, e não propriamente o partido. Mas a revolução não acontecerá sem um partido revolucionário a liderá-la, o que pode se dar em conjunto com outras forças e organizações políticas revolucionárias que configurem o Bloco Revolucionário.

A organização dos trabalhadores inclui formas de organização popular direta, nos bairros, no campo e em grandes movimentos urbanos de massa e a luta pelo aprimoramento da organização sindical, com a construção de grandes sindicatos por ramo de produção, a proposição de greves gerais com a participação de todos os trabalhadores, do proletariado precarizado, dos partidos de esquerda e de outras organizações sociais, e a utilização de vias não institucionais para a luta revolucionária. Além disso, a luta pela hegemonia das ideias socialistas e comunistas compreende a utilização de todas as formas disponíveis e todos os espaços políticos aos quais tenhamos acesso para difundir e desenvolver as ideias políticas socialistas e comunistas e para promover a denúncia contumaz e radical do capitalismo.

A construção de uma alternativa de poder que se apresente como uma contraposição ao poder burguês somente será efetiva se conseguir mobilizar as classes exploradas, com um programa capaz de produzir uma ruptura na ordem capitalista. Esta contraposição se materializa no Poder Popular, que possui um caráter estratégico – ao se transformar numa espécie de poder paralelo ao Estado burguês e no futuro núcleo de poder proletário rumo ao socialismo. Possui também um caráter tático, ao dar suporte para as lutas unificadoras do movimento operário e popular.

A tática do PCB se pauta pela construção de uma Plataforma Comunista, composta de um programa e de uma proposta de organização popular. O principal ponto deste programa é a formação de uma Frente Política Anticapitalista e Anti-imperialista, que tenha caráter permanente, não se tratando de uma frente eleitoral. Esta Frente deve ser composta por partidos, organizações, movimentos e personalidades que se oponham à política dos governos capitalistas e lutem pelas transformações necessárias para fazer valer os interesses dos trabalhadores brasileiros. A Frente deve ter o papel de aglutinar o movimento operário e popular em torno de bandeiras gerais e específicas, sendo também um polo de ação institucional, conformando, assim, uma alternativa às propostas liberais, socialdemocratas, nacionaldesenvolvimentistas, dentre outras que correspondam aos interesses e às representações da burguesia.

A teoria marxista

Baseamo-nos na teoria social elaborada, inicialmente, por Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX (época de grandes lutas operárias contra a exploração promovida pelo capitalismo, que vivia seu processo de consolidação no mundo) e continuada, no século XX, por Lênin, Rosa Luxemburgo, Gramsci, Lukács e outros grandes militantes das lutas anticapitalistas de seu tempo. Estes autores revolucionários deram forma a uma nova concepção de mundo, concebida através da análise crítica e consciente da realidade existente e da intervenção ativa na história, construindo assim o instrumental teórico necessário ao enfrentamento à concepção de mundo dominante, que está a serviço dos interesses e necessidades da burguesia e da expansão contínua do capitalismo.

Segundo Marx, a teoria somente se transforma em poder material quando é apoderada pelas massas, isto é, uma ideia só se realiza plenamente se é abraçada pelo movimento social concreto e se configura em ação prática transformadora. O papel básico do partido comunista é contribuir para a elevação da consciência de classe dos trabalhadores, agindo na organização das lutas e na propaganda socialista em contraponto ao modelo de sociedade capitalista. A disputa ideológica que o Partido Comunista promove visa, entre outros, superar os marcos dos interesses puramente imediatos, economicistas, corporativos, para o nível da visão global da realidade, forjando, desta feita, a visão de mundo transformadora, capaz de hegemonizar um projeto político de construção da sociedade socialista.

Lênin já dizia que a consciência socialista não brota espontaneamente das lutas populares e nem da indignação particular de uma parte do proletariado. Por isso destacava a importância do partido revolucionário e dos militantes comunistas para dirigir e orientar as massas revoltadas com as desigualdades e injustiças provocadas pelo sistema capitalista em uma mobilização consciente em prol do socialismo, como única alternativa capaz de solucionar os problemas vividos pela classe trabalhadora.

Não se pode prever de antemão quando eclodirá em algum lugar a verdadeira revolução proletária e qual será o motivo principal que despertará e lançará à luta as grandes massas, hoje ainda presas na corrente da alienação. Mas não podemos ficar esperando este momento, como se a revolução, além de necessária, fosse inevitável. O partido deve estar sempre preparado, no presente, de olho no futuro. Os requisitos fundamentais para o êxito desta empreitada são uma linha política correta, uma direção unida, além de organizações de base e militantes capazes e enraizados nas massas.

Uma história de lutas

A trajetória do Partido Comunista Brasileiro está indelevelmente marcada na própria história do Brasil. Nossa organização sempre se destacou por atrair para suas fileiras os mais importantes dirigentes das lutas dos trabalhadores e representantes da intelectualidade e da cultura brasileira.

Quando se tornou um verdadeiro partido de dimensões nacionais, no período entre o imediato pós-guerra (1945) até o golpe que implantou a ditadura empresarial-militar em 1964, o PCB no partido que agregou praticamente toda a esquerda brasileira, unindo o mundo do trabalho com o mundo cultural. Intelectuais do porte de Astrojildo Pereira, Octávio Brandão, Caio Prado Jr., Graciliano Ramos, Nélson Werneck Sodré, Oduvaldo Viana Filho (Vianinha), Paulo Pontes, dentre outros, participavam de um extenso aparato político-cultural (jornais, revistas, livros, associações culturais, etc), que, associado às organizações mais ligadas às lutas diretas dos trabalhadores e da juventude (sindicatos, ligas camponesas, imprensa operária, Comando Geral dos Trabalhadores, União Nacional dos Estudantes e outras), compunham uma grande rede de instituições que tinham nas camadas proletárias o sujeito real da intervenção social. O PCB exercia, naquele tempo, grande influência junto às organizações populares que lutavam contra o poder do latifúndio, a grande empresa capitalista e a ação do imperialismo em nosso país. O golpe de 1964 abateu-se de forma violenta contra os comunistas e demais forças democráticas e progressistas, interrompendo a ascensão do movimento de massas no Brasil por longos vinte anos.

Se a história do PCB foi marcada por uma sistemática repressão, que o compeliu à clandestinidade por mais da metade de sua existência e que entregou ao povo brasileiro boa parte de seus maiores heróis do século XX, nem por isto o PCB foi um partido marginal. Ao contrário: da década de 1920 aos dias atuais, os comunistas, com seus acertos e erros, mas especialmente com sua profunda ligação aos interesses históricos das massas trabalhadoras brasileiras, participaram ativamente da dinâmica social, política e cultural do país.

Desde 1992, quando um grupo de liquidacionistas, comandado por Roberto Freire (hoje no PPS, legenda auxiliar do PSDB e dos governos burgueses de direita), tentou acabar com o PCB, na esteira da crise mundial vivida pelo socialismo (queda do muro de Berlim e derrocada da União Soviética), vivemos um processo de reconstrução revolucionária de nosso Partido. Nos últimos anos temos intensificado o trabalho de estruturação interna do Partido e de sua inserção nos movimentos de massa. Através, principalmente, do movimento sindical e estudantil e da participação nas entidades representativas, o Partido afirma a centralidade do trabalho e a necessidade da revolução social de matiz socialista. É através deste trabalho, também, que o partido vem recrutando e formando novos militantes e formulando sua intervenção junto às massas.
CARTA DE JULIAN CONRADO, DIRIGENTE DAS FARC

CARTA DE JULIAN CONRADO, DIRIGENTE DAS FARC

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APORREA

Afirma Julián Conrado: “quero que saibam que, aconteça o que acontecer, não me renderei nem trairei”

Resumen Latinoamericano/Aporrea - O compatriota Tamanaco de la Torre nos fez chegar a informação que compartilhamos. Na mesma, consta informação acerca do paradeiro e estado do cantor e revolucionário Julián Conrado.

Como é de ciência do mundo, em 31 de maio, no operativo conjunto das polícias venezuelana e colombiana, foi detido-sequestrado ilegalmente na Venezuela, no estado de Barinas, o cantor revolucionário colombiano Julián Conrado. Atualmente, se desconhece o curso do “procedimento legal” para sua entrega ao governo da Colômbia, país no qual existem 7.501 (agora seria mais um) presos políticos, produto da guerra civil que afeta o país irmão há mais de sessenta anos, aos quais são violados seus direitos humanos e negados o devido processo.

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Nas palavras de Julián, entregá-lo à Colômbia seria “... a tortura e a morte...”.

Hoje sabemos que está em Boleíta, na sede da Direção Geral de Inteligência Militar (DIM), em Caracas.

Há 52 dias está incomunicável e sequestrado. Assim como nosso comandante Chávez fez para desmentir sua renúncia, na base militar de Turiamo, onde também se encontrava desaparecido e sequestrado em abril de 2002, quando pediu ajuda a seu cabo da Guarda Nacional, Juan Bautista Rodríguez, o “Cabos de Tres Soles”, nosso cantor colombiano Julián, conseguiu a solidariedade de um humilde soldado bolivariano que nos fez aparecer o trovador da selva através de umas linhas de agradecimento que divulgamos a seguir.

Julián nos faz chegar sua luz, das sombras do cárcere, por meio de uma carta de agradecimento às pessoas decentes do mundo que compreendem o valor da solidariedade e a importância da defesa intransigente do Direito Internacional Humanitário. Diz assim (anexamos cópia fiel e idêntica da mesma):

imagemCrédito: Resumen


Caracas, dia do aniversário de Mandela de 2011

Irmãos e irmãs de todas as partes do mundo que me brindam com solidariedade. De meu cativeiro na República Bolivariana da Venezuela, agradeço seu apoio e a força que me dão para seguir adiante.

Sei que, de acordo com os tratados e leis internacionais, inclusive as próprias leis da Venezuela, minha extradição para a Colômbia ou para os Estados Unidos não é possível. O Comandante Chávez sabe perfeitamente que nenhuma razão do Estado pode estar jamais acima dos direitos inerentes à pessoa humana e os princípios revolucionários. Além disso, o camarada Chávez sabe que essa decisão não teria outro significado que o da tortura e da morte. O que eu digo é muito claro: “a qualidade mais bonita de um revolucionário é sentir no seu eu mais profundo qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo”.

De todas as maneiras quero que saibam, aconteça o que acontecer, não me renderei nem trairei. Definitivamente, o coração não me deixa outra opção: esteja onde estiver, seguirei sendo fiel à bela causa da paz com justiça e com amor. Bom... é como já disse meu irmão Alí Primera: “Não só de vida vive o homem”.
Não deixei de cantar e tenho duas novas canções. Quando a questão do meu asilo for resolvida, mostrarei as minhas canções para todos vocês.

Um abraço de todo coração.

AMANDO VENCEREMOS!

Julián Conrado

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/index.php?option=com_content&task=view&id=2884&Itemid=1&lang=en

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza
Discurso Final das Comemorações do 26 de julho

Discurso Final das Comemorações do 26 de julho

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A batalha de hoje tem uma frente decisiva no combate cotidiano e sem trégua contra nossos próprios erros e deficiências

Discurso proferido pelo segundo-secretário do Comitê Central do Partido e primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, José Ramón Machado Ventura, no ato efetuado em Ciego de Ávila, pelo 58º aniversário do ataque aos quartéis Moncada, de Santiago de Cuba, e Carlos Manuel de Céspedes, de Bayamo 

Companheiro Raúl;

Combatentes do Movimento 26 de Julho;

Compatriotas de Ciego de Ávila e de Cuba inteira:

CINQUENTA e oito anos depois das heroicas ações de 26 de julho de 1953, recordamos os que, naquele dia glorioso, entregaram suas vidas, muitos dos quais horas depois dos acontecimentos, vítimas da cobarde e brutal repressão desatada pela tirania de Fulgêncio Batista.

Nossa gratidão a todos os participantes daquela gesta e ao nosso povo combatente, cuja inquebrantável decisão de luta continua sendo a principal garantia da liberdade e do direito de sermos donos de nosso destino, conquistado em 1º de janeiro de 1959.

Realizamos pela terceira vez o ato central de comemoração do Dia da Rebeldia Nacional nesta província de Ciego de Ávila. A primera vez foi em 1980, poucos anos depois da divisão político-administrativa que tem atualmente este território. A segunda, mais de 20 anos depois, em 2002. E agora, como justo reconhecimento aos avanços em múltiplas áreas, esta província obteve a sede do ato.

Esta é terra de mambises (combatentes cubanos que lutaram pela independência contra os espanhóis no século 19), como os irmãos Gómez Cardoso e o coronel Simón Reyes, de líderes incorruptíveis como Tomás Grant e Enrique Varona, de jovens revolucionários como Raúl Cervantes, Ricardo Pérez Alemán, Pedro Martínez Brito e de Roberto Rodríguez ("El Vaquerito"), todos eles, representantes dignos e gloriosos desta província e inspiradores da nova geração.

Em Ciego de Ávila existem também exemplos de como trabalhar para vencer os desafios que hoje tem o país pela frente, particularmente no âmbito econômico, em meio a uma adversa conjuntura internacional. Os resultados alcançados nos últimos anos, principalmente na agricultura, sem obviar os de outros setores, tiveram um peso determinante na decisão do Bureau Político de outorgar a sede deste ato a esta província.

Cumprimos o grato dever de transmitir as congratulações de Fidel, Raúl e todo nosso povo aos operários, camponeses, combatentes, estudantes, donas de casa, aposentados, enfim, a todos os habitantes desta província como protagonistas das conquistas alcançadas.

Contudo, como vocês sabem, as conquistas ainda estão longe das potencialidades existentes. Isso foi assim analisado pela Assembleia Provincial do Partido, efetuada há uns dias, que, certamente, falou pouco de sucessos.

Como afirmou aqui Jorge Luis Tapia, Ciego de Ávila tem muitas tarefas importantes que cumprir na produção de alimentos, na safra açucareira e no desenvolvimento do turismo nas ilhotas do Norte da província, para apenas mencionar três setores relevantes.
Há pouco, o presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro, entregou os diplomas de províncias destacadas a Villa Clara — que ganhou a emulação no ano passado e há 13 anos que faz parte do pelotão de vanguarda — e a Cienfuegos — com avanços apreciáveis em setores importantes. Por isso, estendemos nosso reconhecimento aos habitantes dessas duas províncias. A bem da verdade, devemos salientar que foi difícil escolher o melhor entre todos aqueles que realizam tamanho esforço no país.

Estes resultados têm grande significado, pois foram alcançados no ano do 6º Congresso do Partido, onde depois de um rico e frutífero debate popular, foram aprovadas as Diretrizes da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução, que constituem a bússola para a atualização de nosso modelo econômico.

Desde a realização do Congresso até hoje, trabalha-se intensamente no cumprimento dos acordos. A Comissão Permanente do governo para a Implementação e Desenvolvimento das Diretrizes empreendeu sua atividade, com vista a dirigir harmonicamente os esforços e ações de todos os organismos e demais instituições envolvidas nessa atualização, que inclui também o aperfeiçoamento funcional e estrutural do governo, aos diferentes níveis e da Administração Central do Estado, bem como a elaboração e aprovação das normas jurídicas necessárias para respaldar as modificações que forem adotadas.

As sessões do 6º Congresso do Partido foram tão importantes quanto as ações prévias e posteriores a sua realização, constituindo estas últimas uma contundente demonstração de patriotismo, maturidade política, unidade e decisão de preservar o socialismo por parte da maioria dos cubanos.

Nosso povo acolheu bem este processo, pois constatou que nele foram abordados os principais problemas do país, e fundamentalmente, sob uma concepção realista, de como deve encará-los.

Devemos cumprir cabalmente a orientação dada por Raúl Castro: tudo aquilo que for acertado nunca mais deverá ficar como um papel na caixa de uma secretária.

Os acordos do Congresso do Partido são também compromissos para todos os níveis e especialmente para os centros de produção ou serviços, onde se materializam as decisões adotadas.

Definitivamente, devemos romper a inércia, essa que leva a gente a esperar e olhar para o céu; primeiramente, a pensar naquilo que falta ou seria bom ter antes de avaliar objetivamente quanto mais podemos fazer com os recursos disponíveis.

A direção do país continua priorizando o cumprimento do plano da economia e a produção de alimentos, sob as sérias consequências que traz a alta dos preços no mercado internacional.

Avançamos na entrega de terras ociosas em usufruto, ao abrigo do Decreto-Lei n.o 259 de 2008 e, embora se constatem em muitos lugares ótimos resultados produtivos, temos que encarar resolutamente as deficiências que afetam sua implementação. Existem ainda empresas e entidades de produção que não declaram o total das terras ociosas ou deficientemente exploradas, ao qual se acrescenta a demora na execução dos trâmites para a entrega delas. Por outro lado, alguns dos que já a receberam, demoram em pô-las a produzir e, além disso, está faltando atenção e capacitação das entidades da Agricultura e da Associação Nacional de Pequenos Agricultores (Anap) aos novos usufrutuários.

Em resumo, falta muito na exploração ao máximo da produção agropecuária. Nem sempre se cultiva no momento propício, o qual sempre não está ligado à falta de recursos ou ao fato de não recebê-los a tempo. Persistem fraquezas no processo de contratação e comercialização das produções. Continuaremos dando a máxima atenção a todos estes temos, que debatemos intensamente nas assembleias provinciais do Partido, terminadas há apenas uns dias.

No cotidiano, devemos tornar realidade as palavras expressas por Raúl Castro nas conclusões do 6º Congresso do Partido. Cito:

"Para ter sucesso nesta questão estratégica e nas outras é preciso concentrarmo-nos no cumprimento dos acordos deste Congresso, sob um denominador comum em nossa conduta: ordem, disciplina e exigência". Até aqui suas palavras.

Não podemos ficar satisfeitos até não conseguirmos aderir cada trabalhador e dirigente administrativo à luta pela eficiência econômica, organização e exigência sistemáticos; contra a indisciplina social e trabalhista, a deficiente contabilidade, o mal aproveitamento dos recursos, as atitudes burocráticas que geram descaso, desleixo e esquematismo e contra procedimentos absurdos que nada têm a ver com o socialismo.

Não ignoramos a falta de determinados recursos ou a existência de problemas organizativos alheios ao local de trabalho, que afetam direta ou indiretamente o esforço de seus trabalhadores e dirigentes administrativos, mas o fato de que alguns coletivos de trabalhadores alcancem resultados muito superiores a outros, apesar de agirem em lugares similares, demonstram quantas reservas não são utilizadas convenientemente.

Na batalha econômica que travamos é imprescindível eliminar o esbanjamento e as despesas superfluas. Economizar, trabalhar com a máxima racionalidade possível de força de trabalho e recursos é uma necessidade imperiosa em todos os setores. Isso depende de cada um de nós. Um povo culto, educado e organizado como este, que enfrenta há mais de 50 anos o bloqueio mais longo da história, tem que tirar o máximo proveito dos recursos de que dispõe.

Ao passo que o governo vem adotando as medidas, estamos trabalhando, desde o Partido, com vista a controlar, impulsionar e exigir o cumprimento das Diretrizes, em delimitar suas funções em relação às das administrações, em tomarmos conhecimento dos problemas em cada lugar, para alertar oportunamente, com argumentos sólidos, e eliminar aquilo que afete o bom adamento do plano da economia e o cumprimento dos acordos alcançados.

Nas assembleias provinciais e nas reuniões plenárias ampliadas dos comitês municipais do Partido recém-realizadas discutimos a respeito disso. Também se fez em reuniões de secretários-gerais das organizações de base e se está desenvolvendo o processo nos núcleos dos locais de trabalho. Em breve, efetuaremos uma reunião plenária do Comitê Central, que dará continuidade à análise destes temas, conforme foi acertado no Congresso.

Simultaneamente, estamos trabalhando na elaboração dos documentos que serão discutidos na Conferência Nacional do Partido, prevista para ser celebrada em seis meses. Apesar de o Congresso se ter dedicado à análise da economia, na Conferência abordaremos as mudanças de métodos e estilo de trabalho do Partido para consolidar seu papel de vanguarda organizada da Revolução e força dirigente da sociedade e do Estado, para fortalecer a democracia interna e tornar seu trabalho mais dinâmico e consequente com as mudanças que vem experimentando nossa sociedade.

Vamos abordar a política dos dirigentes e rever os conceitos e métodos com que nos relacionamos com a UJC e as organizações de massas. Precisaremos, aliás, o papel do Partido na liderança e controle sistemático do processo de atualização do modelo econômico e do andamento da economia. Como parte do último, projetaremos o trabalho de nossa organização política de modo a deixar atrás preconceitos com o setor não estatal da economia.

Como foi acertado no Congresso, os documentos que serão votados na Conferência Nacional, serão debatidos previamente pelos militantes e pelos organismos de direção do Partido, bem como pelos diversos níveis da União dos Jovens Comunistas (UJC) e pelas organizações de massa.

Nós falamos claro ao povo. Ele pode ter certeza de que vamos para frente, como alguns afirmam, "sem pressa, mas sem pausas". Trabalhamos sistematicamente, seguindo a linha traçada e de maneira integral, já que não estamos remendando nem fazendo improvisos, mas sim buscando soluções a antigos problemas. Estamos prontos, muito atentos à opinião do povo, para retificar e adotar novas decisões.

Dois séculos depois da conquista da independência no continente americano, sopram com maior intensidade ares de autodeterminação e justiça social.

A Aliança Boliviariana para os Povos de Nossa América (ALBA) se fortalece e é já uma prova de quanto podemos fazer promovendo o muito que nos une, com respeito absoluto à soberania de cada país.

As forças progressistas continuam avançando no hemisfério. Prova disso é a próxima posse, em 28 de julho, de Ollanta Humala como presidente do Peru, que defende um programa nacionalista e de maior igualdade na distribuição da riqueza. Cuba faz votos de sucessos nesse empenho tão necessário a um povo irmão.

Companheiras e companheiros:

A batalha de hoje tem uma frente decisiva no combate cotidiano e sem trégua contra nossos próprios erros e deficiências.

Dispomos do essencial para conseguir a decolagem gradual da economia nacional: um povo preparado e pronto, e pelo menos, com os recursos imprescindíveis. Em primeiro lugar, a terra, que ainda estamos longe de explorar sequer satisfatoriamente.

Estamos cientes de que, além das limitações materiais, precisa-se de tempo para mudar a maneira de pensar das pessoas, única via para transformar sua forma de agir.

Os dirigentes políticos ou administrativos devem estar cientes de que antes de falar, se deve escutar com muita atenção e, fundamentalmente, levar em conta o que dizem os outros, não só nas reuniões, mas na conversa individual com os companheiros, sem ninguém pensar que é dono da verdade absoluta.

Antes de exortar a cumprir uma tarefa, é necessário informar tudo o referente a ela e explicar as razões pelas quais é necessária, até que seja compreendido por todos ou, pelo menos, pela maioria dos que devem executá-la. E para conseguir isso, é primordial ser exemplo.

Há onze anos, Fidel nos instou a mudarmos tudo aquilo que deve ser mudado, e ratificou, em sua Reflexão, em 17 de abril passado, a importância de que as novas gerações de revolucionários observem esse princípio, com a convicção de que a única coisa que jamais vai mudar é nossa decisão de construirmos e defendermos o socialismo, que, em essência, dito com suas palavras: "É também a arte de fazer o impossível: construir e levar avante a Revolução dos humildes, pelos humildes e para os humildes, e defendê-la durante meio século da mais poderosa potência que jamais existira", fim da citação.

Temos certeza de que o povo desta província continuará combatendo, junto aos demais cubanos, com o mesmo ímpeto e fervor patriótico que espantou Cuba e o mundo naquele 26 de julho de 1953 e, todos unidos, junto a Fidel, Raúl e nosso Partido, mais uma vez Venceremos!

Glória eterna aos mártires de 26 de Julho!

Viva a Revolução!

Viva o Socialismo!

Obrigado.
JOBIM COMEÇA A NOMINAR OS IDIOTAS – LULA E DILMA SÃO OS PRIMEIROS

JOBIM COMEÇA A NOMINAR OS IDIOTAS – LULA E DILMA SÃO OS PRIMEIROS

imagemCrédito: Estadão


Laerte Braga

O ministro da Defesa Nelson Jobim afirmou em entrevista ao site UOL – UNIVESO ON LINE – que votou em José Serra para presidente. Jobim era ministro de Lula à época e continua ministro de Dilma. Junto com Michel Temer, que quer se aliar a Alckimin para a disputa da Prefeitura de São Paulo, governam o País.

O que fica claro na entrevista de Jobim é que o ex-presidente e atual presidente estão na lista de idiotas a que o ministro se referiu no aniversário de FHC. A presença de Dilma é a incontestável desde que afirmou que o tucano foi o responsável pela “estabilidade econômica no País”, jogando fora a herança maldita do governo Lula. Do qual, aliás, foi ministra durante os oito anos dos dois mandatos.

O poste que Lula escolheu para sucedê-lo está dando curto circuito.

Como o PT – Partido dos Trabalhadores – é uma das mais recentes repartições públicas brasileiras (na maioria de seus integrantes, restam poucos sobreviventes) diz que não é o responsável pela presença de Jobim no Ministério e o PMDB faz de conta que não é com ele, tudo leva a crer que Jobim foi imposto tanto a Lula como a Dilma; logo, claro está que a democracia brasileira é de aparência.

Que o diga o coronel Brilhante Ulstra, torturador, assassino, covarde escondido atrás da saia da mamãe anistia e agora colunista do jornal FOLHA DE SÃO PAULO, especialista em desova de corpos de presos assassinados no DOI CODI.

O mundo institucional está falido, a luta é nas ruas.

A simples permanência de Nelson Jobim no Ministério é prova cabal de que os setores estratégicos no Brasil são controlados de fora para dentro. Foi Jobim quem disse aos norte-americanos que Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães eram “antiamericanos viscerais”. Ambos foram afastados dos seus ministérios (Relações Exteriores e Assuntos Estratégicos) dando lugar a um corrupto ressuscitado no milagre da pilantragem, Moreira Franco, e a um pastel de vento, Anthony Patriot.

O poste que Lula elegeu só rosna com subordinados e se ajoelha para Jobim e Temer.

Vai ser duro consertar, mesmo porque, na base aliada, uma das principais empresas chamadas partido, o PC do B encontrou leito natural nos latifundiários (Aldo Rebelo e seu Código Florestal) e Haroldo Lima (entrega do pré-sal).

Achei que Dilma fosse apenas menor que o cargo que ocupa. É pior. Bem pior. Não tem a menor noção de nada e atira a esmo. O risco de um governo tucano em 2014 e o retorno do processo de venda do Brasil é real, concreto e foi por isso que José Serra resolveu retornar da Transilvânia e assombrar os brasileiros.

Votou-se em Dilma para rejeitar Serra e Dilma veste a roupa de Serra com laivos de FHC e se enche com o vento de Geraldo Alckimin na esperteza de Temer e Jobim.

Claro está que preenche uma das linhas da lista de Jobim, a dos “idiotas que nos cercam”.

É um escárnio um político corrupto e sem escrúpulos como Nelson Jobim ocupar o Ministério da Defesa, em si e por si, ainda mais agora, depois de declarar seu voto em Serra. Ele é livre para votar em quem quiser, mas não é livre para ludibriar e enganar os brasileiros, promover a entrega do Brasil.

Isso é canalhice e a coragem de Dilma se esvai quando tem que lidar com o PMDB dessa gente.

O PT não está nem aí, não vai correr o risco de perder mesas, carimbos, clips, telefones, etc, etc, que o poder proporciona.

Senta em cima e fica.

É de causar engulhos.

A primeira reação da presidente (presidente? De que?) deveria ter sido chamar Jobim e pedir a ele, educadamente, que oficializasse sua demissão. Se não fosse aceita a sugestão, demiti-lo sumariamente.

A julgar pela limpeza feita no Ministério dos Transportes não há lugar para Jobim e Moreira Franco no governo.

Exceto se volta a imperar o “complexo de vira latas”, definição precisa do ex-chanceler Celso Amorim.

A continuar assim, já já, o embaixador dos EUA assume o controle dos “negócios” sem intermediários, sem necessidade dos relatórios de William Waack para Hilary Clinton.

E cabe a Lula botar a boca no trombone. Jobim foi para Defesa escolhido por ele, ou, sabe-se lá, imposto pelos que tutelam a democracia brasileira.

Deve ser por isso que o brasileiro senta e almoça agrotóxico como mostra o notável Sílvio Tendler em seu documentário sobre o assunto.

Engoliu um poste, por que não transgênicos e agrotóxicos?

O tom da entrevista de Nelson Jobim sugere que todas as decisões do Planalto passam por sua mesa e Dilma só as toma após receber sua chancela e a de Michel Temer.

Moreira Franco é só um adereço a dez por cento dos “negócios”. Foi indicado por isso, é prestativo e barato. Como o jornal da BAND.

É um insulto a permanência dessas figuras no Ministério do governo (?) Dilma Roussef. Ao Brasil e aos brasileiros.

É por aí que os covardes da ditadura se refugiam no patriotismo canalha para omitir parte de nossa História, a da tortura e da boçalidade de 1964.

Dizem que vão marchar dia primeiro de agosto. A bandeira é o fim do auxílio reclusão. São tiranos liderando a manada. Não sabem que isso existe em qualquer nação decente.

Aqui não; têm Nelson Jobim e um poste que brinca e faz de conta que é presidente. Deve ser, do Grêmio Recreativo Partido dos Trabalhadores. Sai de chapa branca.

Comunicado: Despejo do Drummond - Não há nada poético nisso... - BRIGADAS POPULARES

Amanhã, segunda-feira, dia 1º de agosto, a Polícia Militar de Minas Gerais dará início ao despejo da comunidade "Carlos Drummond", em Itabira-MG (há 110 km de BH), onde vivem cerca de 300 famílias desde o ano 2000.


Foto do corredor do abrigo improvisado pela Prefeitura 
Apesar da brava luta da comunidade (acampamento montado na porta da Prefeitura de Itabira há mais de 2 meses, várias mobilizações de rua, audiências públicas, greve de fome, etc) não foi possível impedir a determinação das autoridades itabiranas em realizar o despejo. Prefeito, Juiz, Promotores de Justiça, Polícia Militar, Vereadores e proprietários: todos unidos para efetivar a remoção das famílias do Drummond.



 Foto de cima do abrigo improvisado pela Prefeitura de Itabira
A partir de amanhã, irão demolir 296 casas para favorecer os herdeiros da família Rosa, pessoas ricas que reinvindicam a área sem jamais ter dado função social à propriedade. São mais de 8 milhões de reais de dívida de IPTU!

A situação na comunidade é desoladora... Tememos por ações de desespero... Casas já estão sendo destruídas pelos próprios moradores. A Polícia circula a comunidade o tempo todo com dezenas de viaturas, impondo o medo e o terror. A Prefeitura improvisou um abrigo que mais parece um campo de refugiados e, mesmo assim, não há vagas nem para metade dos moradores. O Judiciário negou todos os pedidos e recursos formulados pelos advogados populares que atuam na defesa do Drummond.



O Governador do Estado se omitiu diante da situação, mesmo tendo recebido ofícios da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Comissões de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e da OAB, rogando pela suspensão da reintegração de posse. Nada disso foi suficiente para sensibilizar o mau Governo que trata conflito social como caso de polícia, com repressão e choque de gestão.


De todo sacrifício, restou a certeza de que a comunidade "Drummond" se inscreveu na história de Minas Gerais como mais uma comunidade de resistência! Outras comunidades irão carregar seu nome e Itabira jamais será a mesma... Dessa luta brotarão muitos frutos, pois consciências foram despertadas. Seguiremos em luta...

Força Drummond! Lutar Sempre, Desistir Jamais!




Ocupação Carlos Drummond, PRESENTE!


Itabira-MG, 31 de julho de 2011, véspera do despejo.


- Frente pela Reforma Urbana -
BRIGADAS POPULARES





30 de julho de 2011

A HISTÓRIA DE UM VALENTE

A HISTÓRIA DE UM VALENTE

imagemCrédito: Carlos Latuff


Por Luciano Morais e Roberto Numeriano*

Gregório começa a autobiografia Memórias narrando a seca e a escassez de alimentos que maltratava constantemente os nordestinos, e que o atingiu duramente em sua infância no município de Panelas, "Fui, assim, uma criança gerada com fome no ventre materno. Sim, porque minha mãe passava fome, e eu só podia nutrir-me de suas entranhas enfraquecidas pela fome".

Quando aos sete anos ficou órfão de pai e mãe, transformou-se em trabalhador rural assalariado. Condição que só foi interrompida quando, aos dez anos, foi trazido por uma família latifundiária para o Recife com a promessa de criá-lo e alfabetizá-lo, promessa que não foi cumprida. Ao invés da escola prometida, o pequeno "Grilo", como era chamado na infância, tornou-se um escravo mirim: acordava às 4h da manhã, varria, lavava banheiros, encerava pisos e cuidava de animais. Não aceitou este estado de coisas e fugiu. Morou nas ruas do Recife pegando fretes na Estação Central, vendendo jornais e dormindo embaixo da ponte Buarque de Macedo. Trabalhou na construção civil e aos dezessete anos foi preso e condenado há quatro anos por agitação grevista, já influenciado pelos recentes acontecimentos protagonizados pelo proletariado russo.

Os trabalhos no porto do Recife foram sua atividade após a liberdade. E neste período resolveu dedicar-se à carreira militar, entrando no Exercito Brasileiro, onde se destacou nas atividades físicas e na prática de esportes individuais e coletivos. Ao ser humilhado por um colega de farda, ele decide alfabetizar-se. Isso, aos 27 anos. Alfabetizou-se por conta própria, dedicou-se e foi aprovado para Sargento, consagrando-se Sargento-Instrutor em Educação Física.

Sua ascensão militar coincide com a aproximação com o Partido Comunista Brasileiro, o PCB, ainda em 1929. Mas foi por causa da organização da Aliança Nacional Libertadora - ANL, onde foi o principal nome do levante de 1935, liderado pelo Partido Comunista, que Gregório Bezerra foi declarado inimigo nº 1 das oligarquias pernambucanas e das forças armadas. Foi preso e ficou incomunicável por dois anos, integrando-se depois aos demais presos políticos da Casa de Detenção do Recife (atual Casa da Cultura). Ali, criou uma sólida e influente base do Partido até sua transferência para o Presídio na ilha de Fernando de Noronha, onde encontrou com vários camaradas insurretos, oriundos do Rio de Janeiro e de outros estados.

Com o final da Segunda Guerra Mundial e o início do movimento pela democratização do país, são postos em liberdade todos os presos políticos e concedida a legalidade ao PCB. Neste Período de reformas políticas, o Partido Comunista surge no cenário nacional como uma força significativa, pelo prestígio da URSS ao fim da guerra. Pela adesão de vários intelectuais e artistas ao Partido, pelo reconhecimento da classe operária e pelo carisma e admiração em torno de Luiz Carlos Prestes e Gregório Bezerra. Em seguida, a participação nas eleições à Constituinte de 1946 garante ao PCB uma grande representação parlamentar em nível federal, elegendo 15 deputados. Gregório é eleito Deputado Federal com a maior votação em Pernambuco.

A participação de Gregório Bezerra e dos comunistas na Assembléia Nacional Constituinte e no Congresso Nacional durou pouco. Apenas o suficiente para aprovar uma avançada Constituição à época e o necessário para mostrar o quão frágeis eram os conceitos de liberdade e democracia para as oligarquias nacionais, quando os trabalhadores reivindicam seus direitos e questionam a exploração.

Cassados os mandatos dos comunistas, Gregório é vítima de uma grande farsa: ainda residindo no Rio de Janeiro, é acusado pelo incêndio criminoso no 15º Regimento de Infantaria na Paraíba. Foi preso e levado à João Pessoa, onde é hostilizado pelos militares influenciados com aquela armação.

Após um longo período incomunicável no 15º RI, foi transferido para o Recife e jamais poderia imaginar que os fogos que explodiam por toda a cidade eram parte da mobilização do PCB para saudar sua chegada.

No dia seguinte, em frente ao quartel da Companhia de Guardas da 7ª Região Militar se concentrou uma verdadeira multidão para visitá-lo. Prevenido pelo comandante responsável por sua guarda que só poderiam visitá-lo os parentes, Gregório disse: Mas todos os que estão aí fora, tenente, são da minha família. Ele retrucou: Impossível, Gregório. Tem gente aí fora de todos os tipos: tem gente bem vestida, branca, mas também tem pretinhos descalços e esfarrapados. Então ele arremata: “Pois bem, mande entrar primeiro os pretinhos esfarrapados, que são os meus parentes mais próximos (...)” O comandante sorriu, e disse: “É por isso que tu estás aqui, Gregório...”

Após um longo período de dura clandestinidade organizando sindicatos rurais em Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, ressurge para atuar na articulação da Frente do Recife, que elege primeiro Cid Sampaio e depois Miguel Arraes. A atuação mais expressiva do homem feito de ferro e flor é registrada neste período. Gozava de grande prestígio na zona da Mata Sul, reunindo centenas de delegados sindicais filiados ao Partido Comunista.

Em 30 de março de 1964, retorna ao Recife para oferecer resistência ao golpe em andamento e solicitar armas para munir os trabalhadores. Encontrou o Palácio do Campo das Princesas ocupado pelos militares. Tal episódio mereceu um comentário posterior: em 1935 tínhamos as armas e não tínhamos os homens, e agora temos os homens e faltam-nos as armas. 

Foi capturado no dia 2 de abril pelo 20º Batalhão de Caçadores nas proximidades do município de Cortez enquanto tentava desmobilizar os camponeses desarmados. Levado ao Quartel de Moto mecanização de Casa Forte, sob os “cuidados” do sanguinário coronel Villoc que, com golpes de cano de ferro, pontapés na boca, tórax e testículos, e o ódio de anos fora descarregado. “Já estava totalmente ensopado de sangue e com todos os dentes quebrados. Sentaram-me numa cadeira com três homens me segurando por trás enquanto Villoc arrancava meus cabelos com um alicate. Depois, obrigaram-me a pisar numa poça de ácido de bateria. Em pouco tempo, estava com a sola dos pés em carne viva.” 

O espetáculo de horrores promovido pelo sádico Villoc precisava de platéia. Então, saíram às ruas. A sola dos pés estava repleta de pedregulhos encravados, uma corda no pescoço amarrada ao jipe que carregava o verdugo gritando “Linchem este bandido! É um monstro!” E assim percorremos as principais ruas do bairro de Casa Forte sob uma dor alucinante. Foi um desfile doloroso. Ninguém o aplaudiu. Ninguém o atendeu. “Mas eu queria viver.” A atitude das pessoas deu forças para resistir física e moralmente. Gregório Bezerra foi salvo pelo clamor do povo.

No início de setembro de 1969, o mundo foi surpreendido pela notícia do seqüestro do Embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick. Em troca do Embaixador, os sequestradores exigiram a libertação de 15 líderes revolucionários. Gregório era o primeiro da lista. Na URSS, ele tentou, com o luxuoso auxílio dos médicos soviéticos, recuperar a saúde debilitada, até poder retornar novamente ao Brasil.

Morreu no dia 23 de outubro de 1983, na cidade de São Paulo.

Seu corpo foi trazido para Pernambuco e velado na Assembléia Legislativa. O cortejo fúnebre atraiu milhares de militantes e curiosos. No caminho, um trabalhador do serviço de limpeza da Prefeitura do Recife saudou pela última vez o líder comunista de espírito inquebrantável. Paulo Cavalcanti recriou bem o ambiente desta última homenagem a este lutador no livro O Caso eu conto como o caso foi: “Uma toalha vermelha foi hasteada na sacada de um apartamento residencial, e outra faixa reproduzia os versos da música cantada por Elis Regina: choram Marias e Clarices no solo do Brasil”.

* Membros do PCB em Pernambuco

COMPANHEIRA HELENA GRECO, PRESENTE!

Camaradas;

Em nome do PCB com grande pesar lamentamos a perda da companheira Helena Greco. Mas seu brio, sua coragem e determinação na luta por uma sociedade mais justa e igualitária assim como o combate militante contras as opressões e violências causadas no regime militar e a defesa dos Direitos Humanos, são marcas indeléveis presentes em nossas vidas, que nos deram o exemplo da persistência, da justa indignação e da coragem como alimentos de nossos sonhos, que um dia serão realidades.

D. Helena Greco é uma referência para todos nós!

Companheira Helena Greco, Presente!
Agora e Sempre !

Fábio Bezerra.
( Secretário Político do Partido Comunista Brasileiro - MG)


D. Helena Greco, com 95 anos faleceu dia 28/07/2011.
Um pouco da combatividade de D. Helena. 
Nos anos 70, um grupo de 7 jovens mulheres buscavam organizar em BH o Movimento Feminino Pela Anistia. E, fomos à manifestaçao em protesto contra a prisão dos Estudantes na Faculdade de Medicina da UFMG. No meio desta manifestação sobe no palanque uma senhora (na epoca a achavamos bem velhinha, como imagino que os jovens nos devem ver hoje) que falou da responsabilidade de sua geraçao com aquela repressao.
Corremos atrás dela e a convidamos para participar conosco do movimento que estávamos organizando. E, a partir deste instante passou a ser o coraçao e a cara do movimento. 
Enfrentava a repressao com a indignaçao que havia mostrado no seu discurso.  
Sua trajetoria depois, todos conhecem. 
Assim, desde 1977 atua na luta pelos direitos humanos, combatendo incansavelmente todas as formas de opressão, do racismo a qualquer tipo de discriminação. O Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania retrata bem sua luta, quando coloca como seu objetivo: “o resgate dos direitos humanos e Cidadania no registro da combatividade e radicalidade peculiares à trajetoria de nossa referencia politica. 
Para nos D. Helena é a propria personificaçao da dignidade da politica – luminoso exemplo de vida e exemplo de luta obrigatorio nacional e internacionalmente.”
D. HELENA GRECO, PRESENTE!

26 de julho de 2011

Gregório Bezerra personificou os explorados e oprimidos do Brasil - Anita Leocadia Prestes*

Gregório Bezerra personificou os explorados e oprimidos do Brasil - Anita Leocadia Prestes*

Apresentação do livro Memórias, autobiografia do revolucionário
comunista Gregório Bezerra, relançado pela Boitempo Editorial
Anita Leocadia Prestes*
É com profunda emoção que escrevo esta apresentação do livro de Memórias de Gregório Bezerra. Quando penso em Gregório, vejo diante de mim o povo brasileiro, os milhões de homens, mulheres e crianças do nosso país, maltratados e sofridos durante séculos de exploração e opressão.
Gregório é a legítima expressão desse povo, no que ele tem de mais autêntico e verdadeiro. É a genuína personificação dos explorados e oprimidos da nossa terra – jamais dos poderosos, dos exploradores. Estes sempre lhe dedicaram um indisfarçável ódio de classe, ódio dos opressores, conscientes do perigo, para os interesses dominantes, das “ideias subversivas” difundidas por homens como ele. 

Na grande trincheira da luta de classes, Gregório sempre esteve do lado dos trabalhadores, dos desvalidos e dos oprimidos. Justamente por isso suportou constantes perseguições policiais, atrozes torturas e um total de 23 anos de cárcere em diversos presídios do Brasil. Teve de suportar a feroz campanha que os meios de comunicação a serviço dos interesses dominantes sempre moveram contra ele e contra os comunistas.

Conheci Gregório há muitos anos. Em 1946, eu tinha apenas nove anos de idade quando ele, eleito deputado federal por Pernambuco na legenda do Partido Comunista do Brasil (PCB), foi morar conosco, na casa de meu pai, Luiz Carlos Prestes. O partido havia conquistado a legalidade e elegera para a Assembleia Nacional Constituinte uma bancada comunista composta de um senador, Luiz Carlos Prestes, e catorze deputados, entre os quais Gregório Bezerra. Em nossa casa, além da família, moravam vários camaradas do PCB.

Bancada comunista na Assembleia Constituinte de 1946:
Gregório Bezerra, na fila superior, o 4º da esquerda para a direita

Gregório destacava-se, dentre todos, pela dedicação ao partido e à causa revolucionária que abraçara ainda jovem, mas sobretudo pelo humanismo que irradiava de sua pessoa. Ele sabia compreender os problemas de todos que o cercavam e relacionar-se bem e de maneira afetuosa tanto com as crianças quanto com os idosos, com pessoas importantes ou humildes, com homens ou mulheres. Gregório não incomodava; ao contrário, sempre ajudou em nossa casa e era capaz de manter permanentemente um convívio agradável com todos que o rodeavam. Lembro como minhas tias observavam que, de tantos companheiros que passaram por nossa casa, nenhum deixara tão boas lembranças e tantas saudades quanto ele.

Se Gregório sabia conversar com os adultos, também o sabia com as crianças, como era meu caso. Eis a razão por que guardo gratas lembranças dessa convivência que durou apenas dois anos, pois em 1948, após o fechamento do PCB pelo governo Dutra e a cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas, ele foi sequestrado em pleno centro do Rio de Janeiro e levado clandestinamente para a Paraíba, onde, por meio de grosseira provocação policial, seria acusado de incendiar um quartel.

Mais tarde, eu já adulta, nossos caminhos, os meus e os dele, cruzaram-se algumas vezes na vida partidária. Foram, entretanto, encontros fugazes. Mas Gregório continuava sendo o mesmo companheiro atencioso, afável, amigo. Sempre acompanhei sua trajetória de dedicado militante comunista nos mais diversos pontos do país para onde o partido o enviava, seja na legalidade, seja na clandestinidade.

Foi com horror e indignação – como tantos outros brasileiros e também democratas de todo o mundo – que tomei conhecimento de sua prisão em Pernambuco, após o golpe militar de abril de 1964, e das bárbaras torturas a que fora submetido. Sua foto sendo arrastado seminu pelas ruas de Recife chocou a todos. Mas Gregório resistiu, apesar de já contar então com 64 anos de idade. Naquela ocasião, foi condenado a 19 anos de detenção. Mas então, em setembro de 1969, teve lugar no Rio de Janeiro o sequestro do embaixador norte-americano, promovido por organizações da esquerda armada. Em troca da vida do embaixador, os dirigentes desses grupos exigiram a libertação de quinze prisioneiros políticos que deveriam ser enviados para o exterior – entre eles estava o nome de Gregório Bezerra. Embora discordando desse tipo de ação, ele aceitou a libertação, divulgando, ao mesmo tempo, uma “Declaração ao povo brasileiro”, na qual explicava suas razões. Dizia então:
- Por uma questão de princípio, devo esclarecer que, embora aceite a libertação nessas circunstâncias, discordo das ações isoladas, que nada adiantarão para o desenvolvimento do processo revolucionário e somente servirão de pretexto para agravar ainda mais a vida do povo brasileiro e de motivação para maiores crimes contra os patriotas.
E adiante acrescentava:
- Não quero que, nesta hora, minha atitude ponha em risco a vida dos demais presos políticos a serem libertados. Nem desejo, como humanista que sou, o sacrifício desnecessário de qualquer indivíduo, ainda que seja o embaixador da maior potência imperialista de toda a história. Luto, por princípio, contra sistemas de força. Não luto contra pessoas, individualmente. Só acredito na violência das massas contra a violência da reação.
É uma declaração reveladora da personalidade de Gregório Bezerra: militante comunista dedicado e consequente, de firmeza inabalável na defesa de suas convicções revolucionárias e, por isso mesmo, insigne humanista. Reencontrei Gregório em Moscou, em 1973, onde ambos estivemos exilados, juntamente com outros compatriotas. Embora fisicamente alquebrado, como consequência das torturas a que fora submetido nos cárceres da ditadura militar, ele mantinha intacta a postura de profunda dignidade humana e as convicções de revolucionário comunista que sempre marcaram sua personalidade.

Forçado a viver no exílio, mesmo cercado do respeito, da admiração e do carinho dos companheiros soviéticos, assim como de exilados brasileiros e de outros países que então residiam na União Soviética, Gregório tinha seu pensamento permanentemente voltado para o Brasil. Sua maior aspiração era regressar à pátria e poder continuar lutando pelos ideais revolucionários a que dedicara toda sua vida.

Foram dez anos de exílio, até a conquista da anistia no Brasil, em agosto de 1979. Gregório seria um dos primeiros a regressar à terra natal, onde foi recebido com entusiasmo e carinho pelos trabalhadores, companheiros e amigos.


Durante os anos de exílio, Gregório, assim como Prestes, não deixou de contribuir para a luta pela anistia em nosso país. Viajou por diferentes países denunciando os crimes da ditadura militar. Com seu prestígio, tratou de mobilizar os mais diversos setores da opinião pública mundial em campanhas de solidariedade aos presos e perseguidos políticos no Brasil. Participou de congressos, conferências, seminários e entrevistas, sempre empenhado na luta pela democracia, contra o fascismo e por um futuro socialista para toda a humanidade, pois ele era também um militante internacionalista, para quem a luta do nosso povo não poderia jamais estar dissociada da luta dos trabalhadores do mundo inteiro.

Ao mesmo tempo, dedicou-se nesses anos a escrever suas Memórias, cuja nova edição em boa hora nos é proporcionada pela editora Boitempo. Sou testemunha de que Gregório escreveu seu livro sozinho e à mão. Companheiros residentes em Moscou naquela época se revezavam na datilografia das páginas já redigidas por nosso talentoso autor.

Gregório soube produzir um relato de sua vida, em linguagem simples e direta, sem qualquer afetação literária. Descreveu a vida de um camponês nordestino miserável, que se transformou em operário e soldado e, nesse processo, ingressou no Partido Comunista. Um militante que dedicou sua vida aos ideais comunistas, arcando com todas as consequências de tal escolha, sem jamais perder as características de grande figura humana.

Sou também testemunha do espírito de solidariedade e de companheirismo de Gregório durante aqueles difíceis anos de exílio, quando muitos companheiros entravam em desespero ou perdiam a perspectiva revolucionária. Gregório animava a todos que o procuravam, encorajava a quem estava abatido ou angustiado. Mostrava-se solidário com aqueles que precisavam de uma palavra ou de um gesto de amizade e de carinho. Seu apartamento em Moscou era um recanto aconchegante, onde se podia saborear algum prato da cozinha brasileira, por ele muito bem preparado, e de onde se saía reconfortado e confiante num futuro melhor.

Gregório era um otimista e infundia otimismo em todos que o procuravam, incluindo os jovens brasileiros que estudavam na URSS. Aos jovens, ele se esforçava por transmitir sua experiência e seus conhecimentos do Brasil para que, quando regressassem à pátria, estivessem preparados para enfrentar o futuro. A trajetória de vida de Gregório Bezerra é exemplar e deve servir de inspiração para os jovens de hoje, para aqueles que estão empenhados na realização de transformações profundas em nosso país que abram caminho para um futuro de justiça social e liberdade para todos os brasileiros. Futuro que, como nos ensina Gregório Bezerra, da mesma maneira que José Carlos Mariátegui, Fidel Castro, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes e tantos outros revolucionários latino-americanos, só poderá ser alcançado com a revolução socialista. Gregório foi um comunista que jamais se dobrou diante das dificuldades e soube “endurecer sem jamais perder a ternura”, na feliz expressão cunhada por Ernesto Guevara.

Esperamos que a publicação desta nova edição das Memórias de Gregório Bezerra pela Boitempo constitua um estímulo à formação de jovens revolucionários em nosso país e em nosso sofrido continente latino-americano.

*Presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes, Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense. Filha de Olga Benario e Luiz Carlos Prestes.
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"Apesar da dura realidade, Gregório jamais cultivou o ódio ou o rancor. Era por todos considerado um homem doce, generoso. Não foi um homem de letras, mas um grande observador e um brilhante contador de histórias. Assim é que suas páginas são narradas, sem afetações ou hipocrisia, passando pelo interior da mata e do agreste nos tempos de estiagem e seca, pelo Recife, o exílio na União Soviética, a militância no PCB. Dizia ele: “Não luto contra pessoas, luto contra o sistema que explora e esmaga a maioria do povo”. Em 1983, o Brasil perdeu este que foi um de seus grandes defensores. Para sorte dos que estavam por vir, porém, ele deixou suas memórias recheadas de verdades e esperanças e que, acima de tudo, representam a história de muitos outros “Gregórios” que transformaram o seu destino na luta para transformar a realidade instituída." (Boitempo Editorial)

Título: Memórias
Autor(a): Gregório Bezerra
Páginas: 648
Ano de publicação: 2011
Preço: R$ 74,00
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"Chapa-branca" ou máfia de calças curtas?

"Chapa-branca" ou máfia de calças curtas?
União da Juventude Comunista
 
As últimas semanas tem sido de imensas mobilizações e confrontos. Após um trabalho político que buscou a unidade entre segmentos como estudantes secundaristas e universitários, professores, funcionários e pais, para enraizar as solicitações entre a sociedade, todo o país debate o modelo de educação - gerado por uma ditadura militar.
 
A principal bandeira é o financiamento público para o ensino público, retirando assim o apoio estatal para o lucro privado dos tubarões do ensino. A luta, em sua última jornada, gerou 62 manifestantes presos e 34 policiais feridos.
 
Falamos do Chile, de seus estudantes e sua Federação dos Estudantes das Universidades, da luta popular.
 
As últimas duas décadas tem sido de inconfessáveis jogadas de gabinete, acordos espúrios e descaracterização. Após um trabalho político que visa usar uma entidade histórica como poder de barganha por cargos, verbas públicas e projeção política, muitos gabinetes foram ocupados, campanhas financiadas, parlamentares e até mesmo prefeitos eleitos para gerir desavergonhadamente a política exploratória do capital.
 
Falamos do Brasil, das últimas diretorias da UNE, da vergonha de se vender ao poder.
 
A imprensa burguesa, movida por sua moral burguesa, critica a UNE por realizar seu 52º Congresso com verbas públicas - e a isso dá o nome de "congresso chapa-branca". São muitas as matérias publicadas nos últimos dias dando conta de que Petrobras, Eletrobras, Caixa e ministérios dos Transportes, Turismo, Saúde e Educação despejaram verbas para a realização do evento.
 
Aliada de primeira hora da face mais crua do capitalismo no Brasil (PSDB-DEM) e difusora - como aparelho ideológico do Estado - do ideário do Estado Mínimo, identifica este financiamento com o início dos governos petistas no país - ou seja, 2003.
 
Pressionado por tais notícias e tentando jogar a própria imprensa em contradição, o atual presidente da entidade afirmou que a destinação de dinheiro do governo para os eventos da UNE não são novidade e nem começou no governo Lula. "O Congresso da UNE de 1989, realizado na Bahia, recebeu verbas do governo baiano, então comandado pelo PFL, atual DEM", afirmou.
 
Algo esclarecedor, pois um bom ouvinte - ou uma imprensa séria - ao ouvir isso teria a curiosidade de pesquisar desde quando, e até onde, vai a relação de "parceria" entre a força política que dirige a UNE e governos não necessariamente capitaneados pelo PT.
 
Descobriria, sem muito esforço, que o PFL, ou DEM, fez parte das últimas gestões da UNE na chapa dirigida por este grupo, que certa governadora do Maranhão (estado que tem os piores índices sociais do país, e no qual as discrepâncias de renda e condições de vida saltam aos olhos) de sobrenome sugador da coisa pública também é parceira das últimas diretorias da UNE. Verá que esta história realmente - e infelizmente - não começou em 2003.
Também saberia porque o Governo de Goiás, do tucano Marconi Perillo, despejou dinheiro no evento - como havia feito outras vezes, inclusive durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso.
 
Outro ponto não tocado pela imprensa é o patrocínio dado ao 52º Congresso da UNE pela pouco famosa - mas muito ativa... - Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Representantes do empresariado que comandam o intragável e ultralucrativo sistema de transportes do país, é de se deixar curioso que esta entidade tenha oferecido verbas para a realização de um congresso estudantil.
 
Seria falta de pureza crer que isto se dá pelas expectativas criadas de superfaturamento com a realização das obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que envolvem diretamente a máquina de interesses, jogatinas e comissões gerenciadas dentro dos Ministérios dos Esportes, controlado pela mesma força política que dirige a UNE?
 
Novamente - e mais uma vez infelizmente - essa estória não começou agora: é filha direta de acordos com o sistema de rádios Jovem Pan para a confecção das "carteirinhas", a Fundação Roberto Marinho e as Organizações Globo para a desconstrução da História e da Memória do movimento estudantil brasileiro.
 
Analisados os aspectos não citados pela imprensa burguesa, é hora de fazer uma consideração: as últimas diretorias da UNE são algo bem pior que pelegas ou chapa-brancas e caminham a passos largos para o pior tipo de representação de liderança dos movimentos sociais: a pura e simples máfia.
 
Para nós da União da Juventude Comunista (UJC), se a política do governo federal fosse voltada aos interesses dos trabalhadores, se as empresas e órgãos públicos citados tivessem sua atuação marcadamente voltada aos interesses dos trabalhadores e se o comando político da UNE tivesse seus interesses voltados aos interesses dos estudantes, não haveria problema ou dúvida alguma sobre as causas e consequências desses patrocínios. Mas não é o caso, como demonstrou a participação do ex-presidente Lula e do ministro da educação Fernando Haddad no evento.
 
Convescote para troca de afagos ou apresentação de faturas?
 
Ao participar na quinta-feira do 52º Congresso da UNE, Lula disse ser grato "pela lealdade na adversidade". Deve ter falado dos inúmeros momentos em que a diretoria da entidade deveria mobilizar sua base para estar ao lado dos interesses de trabalhadores e estudantes mas se escondeu por fazer parte do projeto de expansão do capitalismo brasileiro do qual ele, Lula, é maior fiador político.
 
Capitalismo que se expressa também na área da Educação - e que leva a acordos inconfessáveis entre os tubarões do Ensino Superior privado e de péssima qualidade, as forças políticas que comandam a UNE e o MEC.
 
MEC, aliás, cujo titular da pasta perdeu uma ótima oportunidade de permanecer calado. Assim como o presidente da UNE, para jogar a imprensa em contradição, o ministro Fernando Haddad afirmou a seguinte pérola para afirmar que a entidade não poderia ser chamada de "chapa-branca" por receber verbas públicas:
 
"Você liga a televisão e vê propaganda de quem? Quem é a propaganda do futebol brasileiro? Quem é a propaganda das novelas? Para eles, é democrático. Para vocês, é chapa-branca".
 
A afirmação de Haddad soa como resposta ao provocante comunista Apparício Torelly, o "Barão de Itararé": "Esqueçamos a ética e nos locupletemos todos!"
 
Não, ministro, não concordamos com verbas públicas financiando a linha editorial das TVs privadas, quiçá de suas telenovelas. Esse dinheiro seria bem melhor aplicado no salário de nossos professores, nas bibliotecas e laboratórios de nossas escolas, na merenda de nossas crianças.
 
Não concordamos com a linha política que levou a presidente da UNE entre 2007 e 2009 a dizer que a entidade "não faz críticas e sim ressalvas a política do Governo Federal". Não concordamos com o fato de a UNE não ter protagonizado ao longo dos oito anos e seis meses de governo social-liberal do PT e aliados nenhuma ação, protesto ou manifestação contrária ao Governo Federal.
 
Mesmo quando o governo cortou verbas para a Educação, retirou direitos dos aposentados e se posicionou contra as propostas da entidade - hoje "mais realista do que o rei". 
 
Por isso nós, da UJC, decididamente mantemos nossa posição firme de lutar, como os precursores da UNE e seu único fundador ainda vivo, Irun Sant'Anna, que nos orgulha por fincar pés nas trincheiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB), como nos mostram os companheiros chilenos. Nossa índole é de luta!
 
No Chile, "reunião" com governo é nas ruas. "Representante" do Ministério é a polícia
 
Os jovens comunistas brasileiros nos somamos de longe à luta desses estudantes, professores e pais por entendermos que sua luta também é nossa, e precisa ser implementada também no Brasil: a luta para que aumentem as verbas públicas para a educação pública, e que o estado deixe de financiar a iniciativa privada em seu assalto ao sistema de educação.
 
Lá, assim como cá, lutamos por uma mudança estrutural no modelo educacional e em seu sistema de financiamento, que é o subsídio ao lucro privado. Felizmente lá - e infelizmente cá - essa luta hoje mobiliza as atenções de um país, chamam à atenção da sociedade e do mundo, ocorrem nas ruas em confronto aberto contra o sistema opressor do capital e seus costumeiros verdugos, a polícia.
 
No Chile, a direção política das manifestações estudantis está com os camaradas da Juventude Comunista (JJCC), que usam sua influência e presença política nas Federações Estudantis para o que é justo e correto: mobilizar por transformações.
 
Ao que nos cabe, aqui no Brasil, com ou sem a diretoria da UNE, seguiremos nessa batalha.