31 de julho de 2009

NEGOCIAR O QUE? A REFUNDAÇÃO DE HONDURAS - Por: Laerte Braga [*]


A notícia que Roberto Michelletti, presidente golpista de Honduras, teria dito ao presidente da Costa Rica, Oscar Árias, que não é ele o intransigente quanto a cumprir a decisão da OEA (Organização dos Estados Americanos) de restituir o governo do país ao presidente constitucional Manuel Zelaya, mas das elites e dos militares, é só um jogo de empurrar o problema com a barriga, não chegar a acordo algum (não há o que negociar) e criar uma situação de fato, o fim do mandato atual de Zelaya. E eleições farsa.

É como um condenado à morte que vai recorrendo a todas as instâncias e perdendo em todas elas, mas luta no sentido de ganhar tempo, ganhar vida. Na prisão de San Quentin, nos EUA, vários foram os casos assim. A prisão não existe mais. A pena de morte sim.

Não há o que negociar em Honduras. A afirmação sobre a “intransigência das elites e dos militares” mostra que Michelletti é apenas um pau mandado e não vai resolver coisa alguma, até porque não tem legitimidade. É produto de um golpe de estado. Que militares e elites são mandatários do golpe e o golpe visou apenas manter os “negócios” e os privilégios dos donos, ninguém tem dúvidas disso. É histórico, funciona assim faz tempo.

Michelleti teria dito também que a condição imposta pelos militares e pelas elites (banqueiros, empresários, latifundiários, EUA, tráfico de drogas e nas mais diversas modalidades, esquadrões da morte, o cardeal, etc, etc) é que Zelaya não “enfraqueça a democracia”.

Putz! Quadrilhas se associam, derrubam o presidente constitucional de um país, eleito pelo voto direto do povo, que num dado momento manifesta o desejo de ouvir o povo na forma de um referendo sobre reformas políticas e econômicas. Quadrilhas que se mantêm no poder usando a barbárie e a boçalidade típica de militares golpistas e elites, ou seja, prendem, torturam, seqüestram, estupram mulheres, matam inocentes, toda a sorte de estupidez característica desse tipo de gente e Zelaya é que “enfraquece a democracia"?

A leitura das declarações de Michelletti é simples, não há o que pensar ou analisar, nada. Quer ganhar tempo, empurrar o problema com a barriga, não resolver coisa alguma e manter o atual estado de barbárie no país.

O grande problema dessas quadrilhas é que não contavam com a reação popular ao golpe. Aí a história de outros quinhentos.

Nem de longe podiam imaginar que o povo hondurenho estava pronto a se manifestar sobre as reformas propostas pelo presidente Zelaya e dar ao país os rumos que desejava. E lógico, rumos diferentes dos rumos desejados por banqueiros, empresários, latifundiários, traficantes, esquadrões da morte, militares, o cardeal, etc, etc, sempre, o usual na história da América Latina, da América Central e de Honduras então...

A reação, as manifestações dos mais diversos setores da população hondurenha, o nível de organização espontânea e o destemor de trabalhadores da cidade e do campo, todo esse conjunto de determinação e resistência mais que assustou os golpistas.

Trouxe a tona o caráter perverso, criminoso, a insânia da violência organizada e travestida de “democracia”. A repressão na sua crueza despótica e absoluta. O desprezo das classes dominantes por trabalhadores. Desprezo e desrespeito.

Os próprios aliados norte-americanos, que cozinham o golpe em banho maria para fingir que se opõem à quebra da ordem constitucional em Honduras, começam a perceber que vai ser preciso sacrificar os anéis para que não percam os dedos.

A não ser que queiram cometer crime de genocídio contra o povo hondurenho.

Permitir que militares hondurenhos repitam as tragédias cruéis e sanguinárias das ditaduras que implantaram nas décadas de 60, 70 e até 80 do século passado em toda a América Latina. E, para variar, disfarçadas de “defesa da democracia e das liberdades”.

É a cantilena de sempre.

A repercussão negativa do golpe e os movimentos de apoio à resistência em toda a América Latina, a despeito da mídia venal e corrupta (atua a serviço das elites), assustou, além dos golpistas e bem mais, ao governo show do presidente Barak Obama e sua primeira dançarina, a secretária Hilary Clinton, como começa a causar problemas ao governo de fato, real dos EUA, os chamados porões.

Não há o que negociar. O povo hondurenho quer refundar o seu país e construí-lo segundo a sua vontade. E a vontade do povo hondurenho não está representada pelos golpistas e nem pelos seus aliados norte-americanos.

É a vocação bolivariana que se manifesta no ideal revolucionário de nação livre, soberana, justa socialmente, sem privilégios, portanto, democrática em sua essência. Em seu sentido e em sua direção.

O próprio Zelaya é apenas o símbolo dessa luta que se mantém desde o primeiro momento do golpe. Percebeu isso e abraçou a causa do seu povo. Não pode traí-lo e isso implica em não negociar a soberania maior de todas, a do povo hondurenho.

São as centenas de mortos, os milhares de presos e desaparecidos, de mulheres estupradas por militares e policiais que se manifestam em cada ato de resistência e tudo isso transcende a Zelaya, tem uma dimensão bem maior.

E os milhões de trabalhadores resistentes. Que não aceitam a borduna e o tacão nazista das elites, impostos pelos militares, na verdade, esbirros dos senhores do país.

Bem mais que isso. O alcance latino-americano da resistência do povo de Honduras.

A luta pelo retorno do presidente legítimo do país tem o caráter de refundação de Honduras.

E a partir da vontade popular. Não há que se falar em anistia a golpistas assassinos, corruptos. Nem ceder em acordos feitos em gabinetes fechados à revelia do povo. Há que ser tudo à luz do dia. Com a transparência cristalina da democracia em seu sentido pleno, popular.

O que se vê é tão somente o processo histórico em curso. O reencontro de hondurenhos, de todos os latino-americanos, com a sua própria história. Com sua identidade. Não é forjada em Miami, tampouco nos salões ou quartéis de “patriotas” lambe botas dos senhores do mundo.

Se a primeira dançarina quer que a orquestra toque num ritmo mais lento para não permitir tombos ou encontrões entre eles, os donos, o povo hondurenho quer que a primeira dançarina saia do palco.

É um palco popular e é dos trabalhadores do campo e da cidade. Do povo hondurenho. Um circo mambembe. Com lonas furadas, mas passos precisos e determinados para reencontrar a Honduras perdida desde a colonização espanhola e os massacres da população indígena – Maias, 1523/1539 –.

Os furos da lona são as páginas da história escrita na luta que não se esgota na volta de Zelaya. Pelo contrário, renasce ali o que os hondurenhos iam dizer nas urnas no dia do golpe. E numa proporção bem mais ampla. Numa vontade e numa determinação que não serão abaladas com a covardia e a crueldade dos tais “defensores da pátria”.

Confundem pátria com negócios.

O povo hondurenho não. Sabe o caminho. E está lutando por ele. E os povos latino-americanos também. Começam a acordar. É só olhar cada governo bolivariano da América Latina. Cada organização camponesa. Operária.

Refundar Honduras. É a determinação.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

A invasão militar gringa - por FARC-EP



1- A autorização presidencial para instalar cinco novas bases militares estado-unidenses no território colombiano é um acto de alta traição à pátria, uma afronta à dignidade e à memória de todos os mártires do exército libertador de Bolívar que deram a sua vida lutando contra o jugo do império colonial e pela independência.

2- Depois do rotundo fracasso do Plano Colômbia e do acrescido sentimento anticolonial que percorre a América Latina, não há dúvida que esta nova etapa da invasão gringa tem como objectivo principal a insurgência revolucionária, ao mesmo tempo que constitui uma cabeça de ponte de uma guerra – dirigida a partir de Washington – contra governos, países e povos irmãos que lutam consequentemente por um desenvolvimento soberano e pela integração latino-americana.

3- Os anúncios sobre a escalada da invasão norte-americana à Colômbia fazem-se em meio a novos escândalos de corrupção praticados pelo bando uribista a partir do Palácio Nariño, corrupções que envergonham o país perante o mundo e que encherão de raiva e indignidade as futuras gerações pelo seu ânimo sanguinário, pelo cinismo, pela avareza e pela impudência que caracterizam a máfia que hoje governa o país.

4- Como nova cortina de fumo e procurando agredir o senhor presidente do Equador, Rafael Correa, Washington e Bogotá manipularam um vídeo das FARC retirando o documento do seu contexto. Negamos categoricamente haver entregue dinheiro a qualquer campanha eleitoral de qualquer país vizinho.

5- A nossa decisão de luta por uma paz democrática e pela Nova Colômbia está mais alta do que nunca. O povo da Colômbia e de toda a América Latina e do Caribe saberá responder, como evidencia a nossa história, a esta nova agressão do império do norte e dos seus cipaios.

A Pátria respeita-se, fora ianques da Colômbia!

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 25 de Julho de 2009

HONDURAS IMERSA EM SANGUE - Por Laerte Braga [*]


Os velhos filmes de western volta e meia mostravam cidades controladas por bandidos. Indicavam o xerife, seus auxiliares, o juiz, tinham o controle dos “negócios” e se sustentavam em operações tais como assaltos a trens, bancos e diligências. Controlavam grandes extensões de terra, onde criavam gado, lucravam com a chegada das estradas de ferro e no final viravam respeitáveis senhores e senhoras, montados em montanhas de dólares, isso incluía o pastor para as orações de domingo.

Esse tipo de bandido contratava legiões de pistoleiros. Os caras rápidos no gatilho eram os encarregados de manter a ordem, impedir a concorrência e assegurar que a “lei” fosse cumprida.

Um dos mais famosos “heróis” nesses moldes foi Wyat Earp. Foi xerife de importantes cidades dos EUA, é lendário o duelo do OK Coral, uma batalha com os rivais Clanton pelo controle dos “negócios”. Earp, associado a Doc Holliday, um pistoleiro/jogador com diploma de dentista, tinha parceria no jogo, no saloon como um todo, vale dizer a prostituição, na segurança que assegurava aos rancheiros, o dono, ou donos já que formavam uma família ora literalmente, os Earp e ora o agregado Holliday.

Noutros lugares, noutras plagas tinham outros nomes, outras formas de ser. Seguiam à risca o diagnóstico de Darcy Ribeiro. O mais inteligente transformava-se no rei, o mais esperto no sacerdote, um e outro através dos sinais divinos interpretados pelo sacerdote ditavam as leis, os costumes, as ordens e, por via das dúvidas, o mais boçal era investido do poder de polícia ou de militar. O homem da borduna. Nasce aí o Estado segundo dizia Darcy.

Hoje os “negócios” se diversificaram, se entrelaçaram e os bandidos travestem-se de banqueiros, empresários, latifundiários, traficantes de drogas, mulheres, de órgãos (nova modalidade de crime), uns protegidos diretamente pela lei, outros protegidos pelos protegidos pela lei. O crime organizado e o crime legalizado. Beira-mar é do organizado, Daniel Dantas do legalizado.

Não há necessariamente golpistas no governo de Honduras, embora tenha sido dado um golpe de estado naquele país da América Central. Quadrilhas assumiram o governo e se personificam no traficante mafioso Roberto Michelletti.

O país está imerso em sangue na ordem garantida e assegurada pelos “pistoleiros” de Michelletti – a síntese das quadrilhas – os tais homens encarregados de garantir a “segurança nacional”, a “soberania” e a “integridade do território hondurenho”, a “lei” a partir de seus interesses.

Vendem o que chamam de pátria, se arrostam patriotas para tentar encobrir o que são, quadrilheiros canalhas e matam a torto e a direito a quem quer que se oponha aos “negócios”. Têm o controle sobre os tribunais, sobretudo a corte suprema (parece que tem Gilmar Mendes no mundo inteiro), formam a elite hondurenha, igualzinha a qualquer elite. Seja ela FIESP/DASLU, seja ela moradora das mansões de Hollywood em Los Angeles, ou LA como gostam de dizer os mais “íntimos”.

O mundo, a maior parte dos países cristãos, ocidentais e democráticos, faz de conta que combate o golpe, se opõe à barbárie, mas sua eminência o cardeal de Honduras não concorda, tem sua parte no grande latifúndio, logo, inventam a bênção divina para a boçalidade que os caracteriza.

Vai ter que abrir o olho, não demora muito Edir, o Macedo, chega lá e enche o país de mesas de sinuca, encaçapando todas as bolas possíveis em shows montados no milagre da tecnologia sei lá de que. De bestialidade. De fotos montagens.

Como são senhores das empresas de comunicação na imensa e esmagadora maioria dos países do mundo, na América Latina por exemplo, no Brasil para dar um destaque específico, decidem que essas realidades não serão mostradas, afinal como é que GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE MINAS, RBS, etc, etc, vão sobreviver sem o espetáculo fascinante de transformar o humano em zumbi teleguiado e com placa de validade, para o gáudio dos shoppings da vida?

Os que se intitulam militares e mantenedores da constituição hondurenha são como quaisquer quadrilheiros semelhantes em outros países (a turma de 64 aqui, ou a do Pinochet no Chile, do Videla na Argentina). Colocam a tropa nas ruas, os tanques, prendem, torturam, estupram mulheres, matam, mas garantem os negócios.

Israel faz isso desde que apareceu em 1948 com os palestinos.

A culpa é do Irã, se não for do delegado Protógenes Queiroz.

Por aqui têm o hábito de culpar o presidente da Venezuela Hugo Chávez, um dos alvos dessas quadrilhas com sede em Wall Street/Washington.

Honduras está imersa num banho de sangue. A estupidez dos quadrilheiros que derrubaram o presidente Manuel Zelaya não tem limites e nem limites a falta de escrúpulos da turma.

Há notícias de um manifesto de militares revoltados com o comportamento dos quadrilheiros fardados associados a elites. Não basta um manifesto. É preciso bem mais que isso contra generais ligados ao tráfico. A todos os tráficos.

Os resultados do golpe, do comportamento animalesco dos militares e dos policiais podem ser vistos em http://www.hondurasurgente.blogspot.com/. E a resistência também.

Contam com apoio ostensivo do governo dos EUA, se levarmos em conta que Barak Obama é tão somente um figurante nessa história toda. Não manda nem no cachorrinho que levou para a Casa Branca. E figurante por opção. De maneira deliberada. O que é bem mais vergonhoso que se possa imaginar.

A luta dos trabalhadores é pacífica. Resistem entre outras virtudes com a dignidade estampada nos rostos, nas mãos calejadas dos que são explorados pelos Ermírio de Moraes de lá. São iguais aos daqui.

Resistem.

É uma luta para a qual os povos latino-americanos não podem voltar as costas. Não é uma questão de marca de tênis, ou modelo de vestido da senhora Obama, tampouco da entrevista de uma ex-BBB sobre fotos retocadas.

Leonardo Boff escreveu num dos seus últimos artigos que para atingirmos o consumo de cidadãos norte-americanos hoje seriam necessários pelo menos cem planetas iguais ao nosso. Nós os sustentamos. Nossas elites prostituídas e fétidas são os cúmplices.

Querem cinco bases militares na Colômbia para melhor controlar tudo e todos.

Os homens da lei são os bandidos como nos antigos western. Se não são e prendem um Daniel Dantas viram réus.

É aqui. Em Honduras. A resistência é bem mais que a um golpe. É pela sobrevivência em todos os sentidos, pela própria essência do ser humano.

Os que estão no poder em Honduras não são humanos. São bestas feras e entre nós existem muitos deles.

Honduras é só uma ponta.

Você pode acordar na ponta de uma baioneta se não perceber as hordas que avançam sobre cada povo latino-americano. Ou tangido e moído como gado se não reagir.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

30 de julho de 2009

Imobilidade estudantil



Ao término do 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no último domingo, 19, o que todos já sabiam aconteceu: vitória de Augusto Chagas, estudante da USP, que encabeçava a chapa da União da Juventude Socialista (UJS), a juventude do PC do B.

A UJS domina a entidade há quase vinte anos e, após as duas eleições de Lula, conseguiu subsídios federais sob a forma de repasses de verbas públicas, além de contribuições, para a organização de congressos que pouco ou nada representam em termos de avanços das lutas estudantis, tal como o encerrado na última semana.

A confirmação da direção formada por militantes da UJS e correligionários, baseada no apoio à política adotada pelo PT nos últimos anos, já causou graves feridas à imagem e à história de lutas da entidade. Fato é que, no passado, eram levantadas bandeiras em favor do monopólio estatal do petróleo, da luta pela democracia, vozes e ações militantes contra a ditadura e o imperialismo, solidariedade internacional a Cuba, presença destacada na campanha pelas Eleições Diretas e pelo impeachment de Fernando Collor de Mello, através das passeatas comandadas pelos "caras pintadas". Na contramão deste passado de lutas, ao qual se junta o período glorioso dos Centros Populares de Cultura - os CPCs da UNE, de onde saíram artistas e intelectuais brasileiros de renome, hoje predomina, da parte das direções da UNE, uma postura imobilista e a defesa das políticas do governo para a educação. É sintomática e patética a atitude passiva e de total silêncio perante as alianças esdrúxulas de Lula com o que há de pior na política nacional: a família Sarney e Collor de Mello.

As recentes diretorias da UNE, após muitos Congressos de “crachás marcados”, afastaram-se cada vez mais do estudantado brasileiro, fazendo com que a UNE perdesse sua identidade combativa, pois preferiram apoiar-se nos braços seguros do governo Lula. Seus principais momentos de deliberação, que deveriam girar em torno do debate democrático, são submetidos às malandragens dos que necessitam manter-se na direção. Opositores são sabotados e tudo, no final, se resume a uma votação orientada pelas lideranças.

No entanto, pelo passado histórico, a UJC defende, apesar da linha política adotada pelos militantes da UJS, a manutenção da entidade como aglutinadora do movimento estudantil. A história já provou que a criação de entidades paralelas, formadas de “cima para baixo”, sem a ampla participação dos maiores interessados, neste caso, os estudantes universitários, não resolve as questões organizacionais.

A UJC é oposição à diretoria atual da UNE e será sempre quando sua direção agir contra os verdadeiros interesses do movimento estudantil e se calar diante das políticas antipopulares adotadas pelos governo. A UJC é oposição à UNE porque “educação não é mercadoria”, e a política educacional não pode continuar sendo a atual, que favorece os tubarões do ensino, permite o crescimento sem freios da iniciativa privada na educação, das universidades-mercado, dos cursos à distância sem fiscalização alguma, do ataque aos direitos dos profissionais do ensino, dos salários rebaixados dos professores. A UJC e o PCB propõem uma mobilização nacional pela reconstrução da UNE, pela retomada da postura combativa da entidade histórica representativa dos estudantes e em defesa da Educação Superior pública, gratuita, de qualidade.

“JUSTA CAUSA” - Por: Laerte Braga [*]



Tente associar a figura do presidente golpista de Honduras Roberto Michelletti a de políticos brasileiros para que se possa ter uma idéia mais clara do que de fato acontece em Honduras. José Sarney? Fernando Henrique Cardoso? José Serra? Artur Virgílio? Tasso Jereissati? Aécio Neves? Onze entre dez senadores?

A soma de todos eles e mais alguma coisa de lambuja.

O poder de figuras como Michelletti se constrói nas perigosas relações entre grupos econômicos e políticos. Para que se compre o presidente do Senado José Sarney, ou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é preciso que haja um comprador. Um Ermírio de Moraes, um Daniel Dantas, etc. Um banco Itaú da vida.

Por exemplo. Os que “compraram” a VALE (foi doada). Ou os que contribuíram para a campanha da reeleição em 1998 – a Telefónica Espanhola –. Seja na campanha propriamente dita ou na compra de deputados e senadores para aprovar a reeleição.

O fim da União Soviética resultou na imposição de um modelo político e econômico único. Ditado a partir dos interesses do conglomerado de empresas, bancos e latifúndios que conhecemos como Estados Unidos. O formidável arsenal militar norte-americano garante e assegura esse modelo. São bases militares espalhadas pelo mundo inteiro para garantir a “paz”.

Quando a União Soviética invadiu o Afeganistão os norte-americanos financiaram Osama bin Laden e a guerrilha Talebã para combater os “invasores”. Osama bin Laden é de uma família saudita do ramo de petróleo e construção civil – empreiteiros – e o que existe de obra pública no Sudão, por exemplo, foi feito a partir do engenheiro civil Osama bin Laden. São sócios da família Bush no negócio do petróleo. Isso está revelado com todas as letras no documentário “O 11 de setembro” do diretor Michael Moore. Naquele dia o único avião a levantar vôo num aeroporto norte-americano foi para levar os bin Laden à Arábia Saudita. Estavam em visita de negócios aos EUA.

A ordem partiu diretamente do presidente George Bush.

Eleito presidente dos EUA em 1980 o ator Ronald Reagan iniciou uma aproximação com o ditador iraquiano Saddam Hussein e financiou em seguida a guerra Iraque versus Irã. Armas químicas e biológicas foram usadas num conflito que matou milhões de pessoas. O objetivo de Reagan era derrubar o que chamam de “regime dos aiatolás”, mas é a revolução popular islâmica.

Foi no governo de George Bush pai que o ditador do Iraque invadiu o Kwait como “prêmio” por sua “colaboração” com a “paz mundial”. E foram alguns meses depois que Bush percebeu que Saddam Hussein acumulara tal poder em petróleo – com o Kwait – que era necessário eliminar o já ex-aliado. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes assim o exigiam, tudo em nome dos negócios.

E foi assim que aconteceu a primeira guerra do golfo.

Esse tipo de política cínica, imperialista, é típica dos norte-americanos desde que foi proclamada a independência do país. Roubaram ao México a Califórnia e o Texas.

Intervenções militares norte-americanas na América Central foram e são rotina desde o século XIX. No século XX um presidente dos EUA, Theodore Sorensen Roosevelt, definiu essa política como sendo a do “big stik” – grande porrete –. Em países como Cuba, República Dominicana, Nicarágua, Honduras, El Salvador, associaram-se generais corruptos, empresários, latifundiários e a United Fruit tornou-se dona, literalmente, dos negócios. Associou-se às elites locais (bem remuneradas, vale dizer, bem compradas) e isso incorporava o crime organizado. Tráfico de drogas, mulheres, contrabando, jogo, toda a sorte de bandalheiras possíveis.

Se um ditador como Trujillo – República Dominicana – tinha delírios de faraó e mudava o nome da capital do seu país para Ciudad Trujillo e isso causava engulhos a alguns políticos norte-americanos, na hora de conferir o balanço os engulhos sumiam. Somoza, cuja família governou a Nicarágua por décadas, vendia a mãe na feira se significasse lucro.

Yes, nós temos banana. Um dos principais produtos de exportação desses países e tudo sob a batuta da United Fruit.

E nem estou falando no território ocupado de Porto Rico que, em manobra característica de imperialistas, agregaram aos EUA como se estado norte-americano fosse. O Panamá foi “inventado” no final do século XIX, início do século XX para que pudessem controlar o canal e assim melhorar os lucros nos negócios.

Parte arrancada da Colômbia.

Não era diferente na América do Sul. Financiavam ditaduras como a de Marco Perez Jimenez na Venezuela. Ou de Rojas Pinilla na Colômbia. Uma infinidade de ditadores na Bolívia, um general ou um coronel por semana, por dia. E mantinham governos ditos democráticos sob controle.

Ao longo de todo esse processo revoluções populares foram sendo esmagadas. Sandino, José Martí, Arbenz e outros. Quando Trujillo foi derrubado, logo inventaram Joaquim Balaguer, ministro do ditador. Nas primeiras eleições livres na República Dominicana venceu Juan Bosh. Como tratou de cuidar dos interesses de seu povo foi deposto pelos EUA. Na forma usual. A soma de generais corruptos com elites podres e malas de dinheiro, pronto, está aí o golpe.

Ao receber um relatório sobre direitos humanos no Brasil durante o governo do ditador Médice, o presidente Nixon disse que “lamentava”, mas “fazer o que, ele é um bom aliado”. Cinismo à potência máxima. A lógica dos negócios.

A revolução cubana foi um marco. Fidel Castro, Guevara, o início de uma nova época, uma nova etapa da luta popular na América Latina.

Em 1961 percebendo a ânsia dos povos latino-americanos de livrarem-se do jugo capitalista o presidente John Kennedy criou um programa chamado Aliança para o Progresso. A pretexto de combate à pobreza. Toneladas de leite em pó com esterilizadores foram distribuídos em países latino-americanos junto com agentes da CIA e convênios com a Agência Internacional de Desenvolvimento – USAID –, a substituição do porrete, da areia, pela vaselina.

Chegam aí, pela primeira vez à América do Sul pastores neopentecostais ligados ao líder “religioso” Billy Graham. Entram pelo Chile e começam a formar os “edir macedo” de hoje.

Todo um conjunto de grupos, fatos, todo um processo de dominação.

Manuel Noriega era um tenente-coronel do exército do Panamá que cismou de acrescentar aos ganhos normais (soldo, contribuição da CIA, etc, etc, propinas) o fantástico lucro do mundo do tráfico de drogas. Não afetou em nada os negócios com os EUA....

E, assim o foi até o dia que o escândalo explodiu na imprensa dos EUA e George Bush para abafar a cumplicidade nos negócios entre empresas norte-americanas e elites panamenhas, mandou invadir o Panamá, destituir o aliado Noriega, que ainda por cima cismara de nacionalizar o canal e prendê-lo.

“Operação Justa Causa”, em 1989. Milhares de civis panamenhos morreram durante as atrocidades cometidas por fuzileiros dos EUA. Noriega exilou-se na Nunciatura Apostólica – embaixada do Vaticano – e acabou entregue pelo núncio – embaixador – ao governo de Bush. Foi levado de avião para Miami, antes que pudesse abrir a boca e trancafiado numa cela. Condenado a trinta anos de prisão.

René Barrientos, Ovando Candia, generais bolivianos que enfrentaram a guerrilha liderada por Chê Guevara, eram notórios traficantes de drogas, mas aliados sustentados pelos EUA.

Todo o espectro de terror que varreu a América Latina nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado, que pode ser sintetizado na Operação Condor, foi montado nos EUA.

Operação Condor foi a associação dos aparelhos repressores de países governados por generais a serviço dos EUA. Eufemismo para o assassinato de líderes de oposição como Orlando Letelier (chileno, ex-ministro de Allende). Carlos Pratt (general chileno que se opunha a Pinochet). Juan José Torres, ex-presidente da Bolívia que se opôs aos EUA. Um sem número de militantes de movimentos de luta contra as ditaduras nessa parte do mundo. Presos, torturados, assassinados, mulheres estupradas, famílias devastadas pela violência e boçalidade dos ditadores e seus esbirros, toda essa mancha sombria que cobre a nossa História e aqui, em nosso País, ainda permanece oculta e livres os torturadores.

A principal base de operações dos EUA na América Central é Honduras. O país chegou a ser ironicamente chamado de “porta-aviões norte-americano”.

A Colômbia se presta hoje a esse papel na América do Sul. A mesma lógica que levou Kennedy a criar a Aliança para o Progresso e permitiu a construção do processo golpista.

Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, é narcotraficante. A denúncia foi feita pelo próprio departamento de combate ao tráfico do governo dos EUA.

O fato de Uribe ter construído sua carreira política a soldo de Pablo Escobar, um dos maiores traficantes da América do Sul, não é empecilho para uma aliança com os norte-americanos, desde que os norte-americanos possam manter o controle dos negócios e possam montar políticas golpistas contra governos populares. O de Chávez, o de Evo Morales, o de Rafael Correa, o de Fernando Lugo. Ou manter o governo brasileiro de Lula dentro de limites aceitáveis para o império e com vergonhosa contribuição na presença militar do Brasil no Haiti.

E acima de tudo impedir que essa parte do mundo, a América Latina, forme um bloco político e econômico à revelia dos interesses de Wall Street/Washington, ganhe dignidade e nós, latino-americanos, tenhamos a nossa identidade estampada na nossa real liberdade a ser conquistada, como estão conquistando outros irmãos latinos.

Isso não interessa a Washington e pouco importa que seja Obama ou Bush, a política é a mesma variando apenas o estilo. No caso de Obama há outros aspectos a serem levados em conta. Mas isso é outra história.

Roberto Michelletti é um mafioso, filho de italianos, que construiu sua carreira política associado a elites hondurenhas. Existem aos montes aqui no Brasil. Uma espécie de Gilmar Mendes que se Daniel Dantas pedir as botas, lustra com a própria língua para agradar ao chefe e receber mimos maiores.

O presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya não é necessariamente um homem de esquerda. É um dono de terras, madeireiro, de um partido de centro-direita. Num determinado momento resolveu ouvir o povo de seu país sobre que rumos os hondurenhos queriam para Honduras e para eles.

Elites imaginam que povo seja aquela massa disforme, sem rosto, que apinha ônibus em direção às suas fábricas, às suas fazendas, na exploração brutal e violenta do trabalho escravo que assistimos a cada dia, a cada minuto, não importa que se possa comprar uma calça, ou um tênis de marca. Essa é uma das marcas da escravidão. O carimbo carimbado na testa das classes médias. O chicote nas costas dos trabalhadores e camponeses.

Ouvir o povo significa contrariar os negócios. Depuseram Zelaya. Comprar um general não é tão difícil assim. Boa parte se acha à venda no patriotismo canalha de sempre. O que não quer dizer que não existam militares decentes. A história está cheia de exemplos de gente assim, íntegra.

Mas transborda de canalhas.

Michelletti traz consigo a garantia às empresas norte-americanas, às elites hondurenhas, ao tráfico de drogas – foi apontado como financiado pelo tráfico em suas campanhas –, o tráfico de mulheres e a prostituição, o jogo, toda a sorte de negócios. E de quebra a bênção do cardeal hondurenho e o silêncio cúmplice de Bento XVI.

Foi só entregar a borduna a generais e seus comandados que o golpe estava desfechado e o povo hondurenho mantido sob o domínio dos senhores de terras, de empresas, de tudo o que significa lucro, ganho.

A condenação do presidente Obama ao golpe foi formal. Como se costuma dizer, para inglês ver. O cinismo logo desvelado na postura da secretária de Estado Hilary Clinton. Ou na ação de senadores e empresários norte-americanos. De traficantes de Miami.

Não contavam com a reação do povo hondurenho. Nem de longe imaginavam que os cidadãos estavam dispostos a resistir, como os venezuelanos resistiram ao golpe contra Chávez em 2002 e o recolocaram no governo, confirmando-o em sucessivas eleições e referendos.

Controlam a mídia, controlam a mente das pessoas, mas não conseguem controlar a incontrolável vontade de encontrar a dignidade nacional e construir um país, a nação, com o rosto e a marca de cada latino-americano, somos um povo só em muitos povos.

E o velho porrete. Prisões, tortura, estupros, assassinatos, o cinismo dos direitos humanos nas bombas atiradas de dentro de ambulâncias da Cruz Vermelha contra manifestantes pró-Zelaya.

Zelaya, Ortega, Chávez, todos simbolizam em maior ou menor escala, não importa, o ideal de luta de povos oprimidos e que muitas vezes nem se percebem assim, tamanhas as doses cavalares de colonização aplicadas em injeções diárias de redes de tevês como a GLOBO aqui, ou jornais como a FOLHA DE SÃO PAULO, ou revistas como a VEJA, em todo o processo de controle das informações. Não foi diferente em Honduras.

Você pode saber que o nariz de Michael Jackson está desaparecido. Você não pode saber que milhares de hondurenhos estão desaparecidos, muitos foram assassinados, mulheres estupradas, que milhares estão sem alimentos, sem água, sem medicamentos, mas resistem.

Não é uma ação isolada. É só o capitalismo em sua forma mais selvagem, vivendo uma de suas muitas crises. Que leva, por exemplo, mulheres espanholas a se prostituírem para manter em dia as contas das lojas nos shoppings. O modelo político e econômico não permite que as pessoas se deixem mostrar fracas, pois o capitalismo é o triunfo dos fortes, vale dizer, dos opressores.

Pouco importa que o primeiro-ministro da Itália seja Sílvio Berlusconi e que Berlusconi, um banqueiro, queira eleger prostitutas para o parlamento de seu país, para o parlamento europeu. Importa que Berlusconi siga à risca as regras do negócio.

O mal menor aí são as prostitutas. Ou prostitutas são figuras como Berlusconi. Como Obama. Como Michelletti. Como Sarney. Como FHC. Como Serra. Como Aécio. Como Jereissati. Existem em toda a América Latina.

Se Uribe se mantiver na linha, traficar seus “bagulhos” sem maiores atropelos, ou sem afetar os negócios, os bagulhos também são negócios, fica lá impávido defensor da democracia. Onde você acha que o dinheiro desses caras vai? Para os bancos deles, lógico.

Chamam isso de “operação justa causa”. No Iraque foi “justiça infinita”. No Afeganistão foi “liberdade duradoura”.

Matam hondurenhos, matam palestinos, matam colombianos, matam afegãos, matam iraquianos. Seqüestram, torturam, mantêm um campo de concentração em Guantánamo.

Imagine se não fosse “justa causa”.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

O PROBLEMA NÃO ESTÁ SÓ NA CRISE, ESTÁ NO CAPITALISMO! - (Nota Política do PCB)


A saída é mobilizar a classe trabalhadora contra os novos ataques do capital e em defesa da alternativa socialista



Eleito em meio à maior crise vivida pelo capitalismo desde a década de 1930, crise que explodiu no coração do sistema - os Estados Unidos, Barack Obama criou expectativas por ter se apresentado como alternativa à política mais abertamente belicista de Bush. Dentro da estratégia de se anunciar como a face mais branda do capitalismo, promete mudança no padrão de vida das camadas médias americanas, defende os direitos das minorias de seu país e monta uma agenda mundial em que temas como o protocolo de Kyoto são incluídos.

Mas a atual política externa norte-americana, apesar de aparente mudança de estilo, não sofreu qualquer mudança de fundo em relação aos seus objetivos fundamentais: manter viva a ação imperialista em favor da expansão do capital em todo o mundo. Como a guerra sempre se apresenta como opção lucrativa do capital em momentos de crise, o exército americano aumentou seus efetivos no Afeganistão e não saiu do Iraque. O petróleo iraquiano segue sendo leiloado, assim como continuam os investimentos altamente lucrativos da reconstrução do país, levada a cabo, em grande medida, por empresas americanas.

Sem ameaças diretas de intervenção militar ou à formação de governos ditatoriais, como no passado recente, o governo dos EUA, por baixo dos panos, apoiou o golpe civil em Honduras gerado pelas oligarquias locais para impedir que o governo Zelaya avançasse em sua trajetória de mobilização e de reformas populares.

Enquanto Obama condenava o golpe de Estado em Honduras, o verdadeiro governo dos EUA, formado pela CIA, pelos grupos militares e pelas grandes empresas, atuava (e continua atuando) no sentido de favorecer a manutenção dos golpistas no poder, como uma medida contrária à formação de novos governos populares na América Latina, conforme propaga a grande mídia norte-americana, preocupada com uma possível expansão de experiências políticas semelhantes às da Venezuela e da Bolívia na América Central.

A pressão popular local, articulada à solidariedade internacional e à oposição dos países europeus, da OEA e da ONU, entretanto, pode até fazer com que Zelaya retome a presidência e o movimento popular saia fortalecido, tendo em vista a continuidade dos protestos diários em favor do presidente deposto.

No Irã, as demandas internas por direitos civis também foram insufladas pelos EUA, via CIA, para tentar derrubar o governo antiamericano e anti-Israel de Ahmadinejad. Não se trata de fazer a defesa do regime teocrático e autoritário iraniano, mas de denunciar com vigor a ação imperialista na região, cujos movimentos indicam a possibilidade de uma nova intervenção militar, sendo o Irã a "bola da vez".

A crise econômica atual, cujas origens remontam à década de 1990, é mais uma crise de acumulação de capital e de superprodução, que levou à farra da especulação financeira, em função do alto grau de competição na economia mundial e da irreversível tendência à queda da taxa de lucro das empresas. Como um dos fatores centrais para a explosão da crise, o governo Bush manteve a dependência da economia americana frente à indústria bélica, permitindo a pulverização e o enfraquecimento dos outros setores industriais. Com o esgotamento das práticas da chamada reestruturação produtiva, as grandes empresas, em todo o mundo, ficaram sem mercados para a realização da produção e sem um novo móvel de acumulação de capital.

A crise apresenta sinais contraditórios em seu curso. O mercado mundial continua em baixa e, nos EUA e na Europa, o desemprego mantém-se extremamente elevado. Ainda há muitas empresas de grande porte operando no limite de sua sobrevivência e muitos títulos "podres" em circulação, apesar da grande quantidade de capital fictício que já foi torrado desde o começo da crise, jogando fora dinheiro sem valor. O efeito combinado de novas quebras de empresas e de novos "estouros" de títulos pode levar a um agravamento da crise, com sérias consequências sociais.

Há que ter em conta, entretanto, que a crise econômica não desencadeia, de forma automática, a crise política capaz de mobilizar as massas na direção de uma saída revolucionária em alternativa ao capitalismo. Mais ainda, entre as possíveis saídas políticas para a crise está o fascismo, combinando o poder dos grandes grupos, a repressão aos movimentos organizados e a distribuição de gêneros básicos para as massas desempregadas.

As soluções ditadas pelo mercado, como as fusões e incorporações de empresas, a ação dos bancos centrais e dos governos, baixando as taxas de juros, assumindo o controle de bancos e empresas industriais e lançando medidas de estímulo ao consumo parecem surtir algum efeito no curto prazo. Mas tais soluções, na tentativa desesperada de salvar o capitalismo, só fazem adiar o enfrentamento de questões cruciais para o futuro da humanidade. A manutenção dos atuais níveis de consumo, dada a iminência da exaustão das reservas de minerais estratégicos, de petróleo e outros recursos, e a voracidade da produção de mercadorias, gerada pela natureza do sistema capitalista, nos levarão para a barbárie e para a destruição da espécie humana.

O enfrentamento da crise vem sendo puxado pelos governos de direita e centro-direita, que, sem alternativas, combinam políticas de maior presença do Estado na economia e de apoio aos capitais. Os partidos comunistas em todo o mundo e mesmo os segmentos da "onda rosa" (sociais-liberais, trabalhistas, peronistas, socialistas e outros) têm tido dificuldades para fazer o contraponto através de propostas alternativas para a superação da crise, não havendo, ainda, o protagonismo desejado por parte das esquerdas.

Muitas das dificuldades encontradas para a organização dos trabalhadores devem-se à manutenção das políticas construídas pelos governos neoliberais nos últimos anos e pela fragmentação da classe trabalhadora, em virtude dos métodos de reestruturação produtiva e da pulverização das unidades fabris, que levaram, inclusive, à diminuição da resistência operária no local de trabalho. A formação de um grande contingente de assalariados "excluídos" do mercado formal de trabalho (como terceirizados, contratados de forma temporária e precária), assim como a difusão da ideologia da colaboração, do empregado "associado" e do "empreendedor" são mecanismos de diluição e paralisia da classe trabalhadora, que funcionam em proveito da dominação burguesa.

No Brasil, a burguesia continua a se aproveitar da crise para consolidar sua posição no mercado globalizado, fortalecendo os grandes grupos econômicos e o seu domínio político sobre o país, para o que conta com vários nichos importantes da produção, como a Petrobras, a Embraer, a Vale do Rio Doce, as empresas de manufaturados em geral e de produtos de alta tecnologia, como robôs industriais. Conta ainda com um sistema financeiro consolidado, com empreiteiras de atuação multinacional, com mercados importadores cativos e um mercado interno autossustentado.

Mas a crise atingiu em cheio o setor empresarial voltado às exportações, dada a retração dos mercados importadores. Com isso, a indústria de produtos manufaturados sofre com o déficit comercial: no primeiro semestre deste ano, por exemplo, o saldo da indústria mecânica foi negativo em cerca de 6 bilhões de dólares. A saída encontrada pela burguesia brasileira foi forçar as demissões em massa ou a redução de jornada com diminuição de salários, para, em seguida, voltar a contratar pagando salários rebaixados.

O governo Lula deu continuidade ao processo de acumulação de capital nos moldes neoliberais, mantém intocado o compromisso do superávit primário e estimula a negociação direta entre patrões e empregados - numa correlação de forças desfavorável para estes - para facilitar o avanço da precarização das condições de trabalho nas empresas. Adota, simultaneamente, políticas neokeynesianas tímidas - como o PAC - e permite a "liberação das amarras" para a maior circulação do capital, favorecendo o aumento dos investimentos estrangeiros no Brasil. Aplica ainda uma política de redução de impostos, fazendo cair a arrecadação e crescer, momentaneamente, o consumo, armando uma bomba relógio para as contas públicas, o que poderá desencadear séria crise mais adiante.

As ações do governo e da oposição vêm pautando-se pelo calendário eleitoral. As frações da classe dominante e suas representações partidárias anunciam a disputa em torno do aparelho de Estado e escancaram o mar de lama da política burguesa: no centro, o confronto entre PT e PSDB, permeado pela aliança rebaixada do primeiro com o PMDB, projetos políticos que não se diferem, substancialmente, no que tange aos aspectos estruturais e ideológicos. Os dois blocos brigarão pelo domínio da máquina estatal e para fazer avançar, cada qual a seu modo, o capitalismo no Brasil.

Para assegurar o escorregadio apoio do PMDB à sua candidata em 2010, Lula é refém do PMDB, que o chantageia com exigências de mais cargos, eleição de governadores da legenda e blindagem política de Sarney e outros caciques envolvidos em corrupção e aparelhamento do estado.

Nós, comunistas, seguiremos na denúncia das causas profundas da crise e da lógica imposta pelo capitalismo: a lógica da competição, do individualismo exacerbado e da produção voltada para o lucro, a qualquer preço, mesmo que isso signifique a destruição ambiental e mais ataques do capital aos direitos dos trabalhadores. Seguiremos na luta pela organização da classe trabalhadora, para a construção do Bloco Histórico de forças políticas e sociais visando à construção revolucionária do Socialismo. Reafirmamos o entendimento de que o problema a ser enfrentado não é apenas a crise, mas o capitalismo em si.

O PCB envidará todos os esforços para fazer da Jornada de Agosto, nos dias 10 a 14, convocada pelas centrais sindicais e pelo movimento popular brasileiro, um momento que represente um salto de qualidade na luta contra o capital. As ações devem se dar nos locais de trabalho, pela via sindical, e por ações diretas do PCB, preferencialmente em unidade com as demais forças de esquerda, em cada cidade onde estiver organizado, mobilizando os seus militantes, simpatizantes e suas áreas de influência para a organização e a atuação nos atos públicos, fomentando greves e paralisações, onde for possível.

Ousar lutar, ousar vencer!
Só a unidade e a organização da classe trabalhadora derrotam o capital!

29 de julho de 2009
Comissão Política Nacional
Comitê Central
PCB - Partido Comunista Brasileiro

29 de julho de 2009

Estados Unidos aceleram a fase militar do Plano Colômbia - Por: Marco A. Gandásegui hijo


ALAI AMLATINA, 22/07/2009 - Informes indicam que antes do fim do mês os Estados Unidos farão um acordo com o governo colombiano mediante o qual se distribuirão tropas estadunidenses em, pelo menos, sete bases do país andino. O ministro de Defesa, o general Freddy Padilla, anunciou que o acordo terá uma duração inicial de 10 anos. A principal instalação militar é Palanquero, a apenas cem quilômetros de Bogotá, às margens do rio Magdalena. As tropas estadunidenses também operarão desde a base de Apiay nas planícies orientais da Colômbia assim como em Barranquilla, na base Alberto Puowels, na costa do Caribe.

O acordo militar entre os dois países inclui visitas de navios de guerra estadunidenses aos portos de Málaga, no Pacífico, e a Cartagena, no Caribe. Os líderes militares colombianos dizem que os novos acertos permitirão aos Estados Unidos recolocar a base que opera em Manta, instalada no norte do Equador. Washington tem um total de 220 efetivos que faziam oito voos diários. Manta tem servido para identificar barcos e aviões sobre o espaço aéreo da Colômbia e outros países da região.

O acordo, que permitirá aos Estados Unidos ocupar a Colômbia por dez anos, também estenderia o pacto atual para aumentar a presença de até 1400 soldados e assessores militares estadunidenses em território colombiano.

A base de Palanquero se abriu a operações estadunidenses em abril de 2008. Em 1998 um helicóptero que operava desde Palanquero bombardeou uma comunidade ao norte de Bogotá matando 17 pessoas. O incidente foi encoberto até que os grupos de defesa dos direitos humanos obrigaram o governo colombiano a admitir a responsabilidade das Forças Armadas no massacre.

Na capital estadunidense o Congresso está a ponto de aprovar o investimento de 46 milhões de dólares na ampliação de Palanquero. Atualmente Palanquero conta com uma pista aérea de 3500 metros de longitude, dois hangares, e aloja a divisão mais importante da Força Aérea colombiana.

A embaixada dos Estados Unidos em Bogotá nega-se a fazer declarações. O embaixador William Brownfield apontou há pouco que os Estados Unidos não investiriam na construção de novas bases. Ao contrário, disse, seu país somente fará uso e modernizará as instalações já existentes na Colômbia. Brownfield era embaixador dos Estados Unidos na Venezuela em 2002 quando a conspiração para derrubar o presidente Hugo Chávez fracassou. Washington não negou sua participação nesse golpe frustrado pelo povo venezuelano.

A Colômbia atualmente é o país mais comprometido com as políticas estadunidense de "contenção" na América do Sul. Seus vizinhos imediatos, Venezuela e Equador, têm sido objeto de constantes provocações tanto por Bogotá como por Washington. O aumento significativo de militares estadunidenses na Colômbia criará ainda mais tensões entre os países da região com Bogotá. Segundo declarações de um militar colombiano a uma agência de notícias dos Estados Unidos, o Pentágono (Departamento de Defesa) pretende converter a Colômbia em um "centro de operações" para suas operações militares. Os que se opõem no Congresso dos Estados Unidos à ampliação da presença de seu país na Colômbia estão preocupados pelos efeitos que terá esta política intervencionista na região. Ademais, aos Estados Unidos não convêm, dizem, comprometer-se mais nos conflitos internos da Colômbia.

O cenário colombiano se assemelha muito ao Vietnã de 40 anos atrás, quando os Estados Unidos enviaram tropas a esse país para logo depois atacarem aos países vizinhos da Indochina (Laos e Camboja). Neste caso os Estados Unidos poderiam estar pensando na Venezuela e Equador, aproveitando para repetir uma invasão-castigo feita ao Panamá.

Apesar do hermetismo, o documento oficial do Pentágono, "Estratégia para uma rota global" oferece algumas pistas sobre as intenções dos Estados Unidos. O documento foi apresentado em abril de 2009 na base aérea de Maxwell, no Alabama, Estados Unidos. O documento diz que Palanquero pode servir como uma "base para a segurança cooperativa" de onde se poderiam "executar operações móveis". Em outras palavras, se converteria em uma plataforma para realizar operações militares na região. Segundo o mesmo documento, "a metade do continente pode ser coberto desde Palanquero por um transporte militar C-17 sem ter que reabastecer-se".

Tanto o senador opositor colombiano, Gustavo Petro, que qualificou este plano como "uma violação da soberania", como o candidato à Presidência, Rafael Pardo, se opõem aos planos de Bogotá e Washington. Pardo, que está em campanha para as eleições de 2010, se queixa do segredo e da natureza provocativa de uma presença militar dos Estados Unidos na Colômbia. Segundo Petro, "o que busca o acordo é ter tropas estadunidenses na Colômbia. Um país soberano deve respeitar-se pelo fato de que só as tropas colombianas são as que têm direito de estar na Colômbia".

O chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, que viajou a Washington para defender o projeto em uma Comissão do Senado desse país, assegurou que as operações militares dos Estados Unidos não penetrariam o território de outros países sem a permissão correspondente. "Se trata de um acordo entre Bogotá e Washington que cobre somente o território colombiano". O presidente colombiano, Alvaro Uribe, tem declarado muitas vezes que suas tropas cruzariam todas as fronteiras para defender seu país. Assim o tem feito em múltiplas ocasiões na Venezuela, Equador e Panamá. As declarações de Bermúdez parecem não coincidir com a história recente de agressões colombianas aos países vizinhos.

Atualmente os Estados Unidos mantêm algo em torno de 600 efetivos e assessores militares na Colômbia. Os "auxiliares" estadunidenses estão incrustados nas divisões do Exército colombiano, têm seus próprios escritórios e têm treinado a milhares de oficiais desde 2000.

- Marco A. Gandásegui, hijo, é docente da Universidade do Panamá e investigador associado do Centro de Estudos Latinoamericanos (CELA) Justo Arosemena.

Original em http://marcoagandasegui.blogspot.com
Maiores informações: http://alainet.org

(traduzido por Roberta Moratori)

25 de julho de 2009

Resistência hondurenha recusa qualquer retrocesso na luta popular, exige a volta incondicional de Zelaya e recusa pontos propostos por Arias

por Frente Nacional Contra o Golpe de Estado em Honduras

A Frente Nacional Contra o Golpe de Estado em Honduras, integrada pelas diferentes forças organizadas no país e unidas pela situação provocada à comunidade nacional e internacional a partir do golpe de Estado, informa o seguinte:

1- Reiteramos que a posição intransigente da comissão nomeada pelos golpistas torna impossível uma solução com êxito da mediação realizada em San José da Costa Rica.

2- Estamos de acordo com o primeiro ponto da proposta apresentada pelo cidadão presidente da Costa Rica, prémio Nobel da Paz, Oscar Aris, consistente na restituição imediata de Manuel Zelaya Rosales à presidência da República de Honduras, a qual exigimos que seja de carácter incondicional.

3- Recusamos o resto da referida proposta, porque não coincide com nossas colocações e exigências, o que argumentamos: O número 3 possibilita a inclusão de pessoas relacionadas com o golpe de Estado e, portanto, que cometeram delitos de lesa humanidade. O número 3 significa a negação do direito cidadão a uma democracia participativa. O número 4 promove a impunidade para aqueles que planearam, executaram e apoiam o Golpe de Estado. O número 5 implica a possibilidade de perpetrar uma fraude eleitoral da qual já se têm claros indícios. O número 6 desconhece a nossa posição de rever o papel constitucional das forças armadas e o seu envolvimento no golpe de Estado. O número 7 não tem razão de ser, enquanto não se eliminarem os pontos anteriores.

4- Denunciamos a atitude de desconhecimento tácito de violação de direitos humanos de que vem sendo objecto a população por parte do governo de facto e dos seus aparelhos repressores, do qual é exemplo: 4 assassinatos, 1.158 detenções ilegais, busca e perseguição de representantes do movimento social; 14 meios de comunicação, 14 jornalistas e 4 organizações sociais sofreram atentados à liberdade de expressão; foram violentados os direitos individuais e fundamentais da vida do cidadão e cidadã contemplados na Constituição da República. Denunciamos também a involução que sofreu o país em matéria de direitos humanos, militarização de instituições públicas e a colocação em acção de membros de esquadrões de morte por todo o país; a qual se soma a acção em conluio do Ministério Publico, dos julgados e dos Tribunais da República com o governo de facto, o que provocou um estado de desamparo da cidadania.

5- Mantemos a nossa posição de alcançar processos políticos includentes que permitam a participação democrática de homens e mulheres, por meio da instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

6- Continuamos firmes na nossa luta, até conseguir a recuperação da ordem institucional.

Tegucigalpa, M.D. 19 de Julho de 2009
Frente Nacional Contra o Golpe de Estado em Honduras


Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/

24 de julho de 2009

POLÍCIA HONDURENHA ENTRA EM GREVE - Por Laerte Braga[*]

A polícia de Honduras decidiu entrar em greve alegando “excesso de trabalho”. Os porta vozes policiais mostram-se preocupados com as manifestações diárias pela volta do presidente constitucional do país, Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar de ultradireita e querem aumento salarial.

Manuel Zelaya que já entrou e saiu do território hondurenho em diversas oportunidades em entrevista hoje na embaixada de Honduras em Manágua disse estar iniciando a volta definitiva ao seu país. Vai percorrer o caminho entre a capital nicaragüense e a fronteira em companhia do guerrilheiro sandinista Éden Pastora.

O presidente constitucional de Honduras disse também que confia numa atitude democrática dos militares em respeito a vontade popular. O governo golpista ampliou o toque de recolher na fronteira com a Nicarágua e determinou a prisão de Zelaya assim que o presidente pisar em território hondurenho.

O país viveu hoje um dia de manifestações em todos os pontos praticamente. A capital Tegucigalpa foi palco de protestos defendendo a volta de Zelaya.

Confirmando todas as informações negadas pela chamada grande mídia em países de quase todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos e Brasil, considerados chaves no processo de retomada democrática em Honduras, organizações internacionais de direitos humanos deram conta de execuções extrajudiciais nos primeiros dias do golpe, durante as manifestações em todo esse período de protestos e suspensão dos direitos fundamentais assegurados pela constituição.

A confirmação das execuções foi feita por 15 delegados da Federação Internacional de Direitos Humanos, do Centro pela Justiça e o Direito Internacional, além do Serviço Paz e Justiça. A Cruz Vermelha também noticiou excessos e violência por parte dos militares e policiais na repressão.

Enrique Santiago, da Federação de Associações de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Espanha, “identificou a existência de graves violações dos direitos humanos ocorridas no país após o golpe de estado”.

A missão divulgou um relatório de 14 páginas e menciona quatro assassinatos. Esse relatório não cita a morte de Isis Murilo, executado por soldados no dia 5 de julho em manifestação próxima ao aeroporto de Tocontín. O relatório aponta entre as vítimas Vicky Hernández Castillo, membro da comunidade GLS. Foi morto com um tiro no olho e em seu corpo havia marcas de estrangulamento. Outra vítima mencionada e não identificada estava com uma camisa denominada “quarta urna”, alusão ao referendo convocado por Zelaya; As demais vítimas foram o jornalista Gabriel Fino Noriega, Ramón Garcia e o sindicalista Roger Iván Bastos.

O governo golpista enfrenta uma greve de professores e servidores públicos. Os policiais em greve, além de reclamarem do excesso de trabalho reivindicam melhores salários. A todo esse conjunto de pressões internas somam as pressões externas contra o golpe. Observadores internacionais afirmam que o governo de Michelletti conta apenas com apoio das elites empresariais, militares e da cúpula da Igreja Católica.

Nos Estados Unidos o presidente Barak Obama ainda não conseguiu, ou então não quer, neutralizar a ação da CIA – Agência Central de Inteligência – e de setores empresariais ligados ao senador John McCain, candidato derrotado nas eleições do ano passado, que sustentam o golpe e segundo denúncia de lideranças de oposição estaria enviando dinheiro para o governo golpista através das máfias de traficantes de droga de Miami.

Essas máfias costumam lavar dinheiro em empresas de países da América Central governados pela direita e na Colômbia, principal base dos EUA na América Latina. Em várias oportunidades foram usadas pela extrema-direita norte-americana e grupos de judeus sionistas para ações dessa natureza.

A expectativa agora está em torno da entrada de Zelaya em Honduras. Não sendo descartada a hipótese de guerra civil. Muitos analistas acham que o governo dos EUA está pronto para intervir se entender que seus interesses serão contrariados ou afetados. Nesse caso a intervenção se daria com o velho pretexto de garantir a democracia.

O embaixador de Washington em Tegucigalpa é ligado aos golpistas.

Agora à noite as organizações de direito humanos presentes em Honduras informaram que as mortes anunciadas, cinco, são apenas aquelas que conseguiram apurar. Mas as ações de assassinatos de lideranças de oposição permanecem e o número de mortos e desaparecidos é certamente muito maior.

O presidente da Costa Rica Oscar Árias admitiu o fracasso da tentativa de negociação e deixou claro que o governo golpista não aceitou nenhuma sugestão para recompor a vida normal de Honduras.

Organizações sindicais e movimentos sociais hondurenhos estão se preparando para conflitos na sexta-feira e temem que os 500 soldados dos EUA numa base localizada no país sejam usados pelos golpistas. Todo o apoio logístico ao golpe está saindo de militares norte-americanos em Honduras.

Manuel Zelaya foi claro hoje em sua entrevista ao declarar que o golpe só sobrevive pela indecisão do governo de Obama que não consegue enfrentar seus adversários internos e se omite, não tomando decisões que reflitam, na prática, suas palavras. Para Zelaya a secretária de Estado Hilary Clinton aposta num conflito e assim num pretexto para uma intervenção dos EUA.

Com isso Michelletti deixaria o poder, mas Zelaya não voltaria. E o principal objetivo norte-americano e dos golpistas estaria alcançado. O de impedir uma consulta popular e a adesão de Honduras ao movimento bolivariano criado pelo presidente Chávez.

Todo o discurso de Hilary é nessa linha, dá essa sensação e o próprio ex-presidente Bil Clinton, marido da secretária admitiu hoje em comentários feitos na presença de jornalistas que “só uma intervenção militar põe fim à crise”.

A sexta-feira, dia 24, está sendo vista como um dia decisivo se de fato Zelaya confirmar sua entrada em território hondurenho mais uma vez e dessa vez de forma definitiva. Há cobrança por parte dos movimentos sindicais e sociais por essa decisão.

Na fronteira com a Nicarágua existem tropas de Honduras e da própria Nicarágua. O governo de Ortega anunciou que as tropas de seu país têm o dever de defender o território nacional e não vão permitir ações hondurenhas além dos limites de Honduras.

É outra aposta da ultradireita norte-americana. Ampliar o conflito na América Central numa sucessão de golpes, até chegar aos governos de Chávez, Evo Morales e Rafael Caldera, respectivamente, na Venezuela, Bolívia e Equador, na América do Sul.

O processo agora só se desdobra a partir da entrada de Zelaya em território de Honduras. Se o presidente deposto confirmar seu intento manifestado na entrevista desta quinta-feira.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

Zelaya quer ação efetiva dos EUA - Por Laerte Braga[*]


O presidente constitucional de Honduras Manuel Zelaya voltou a dizer que só não permaneceu em território hondurenho, para atender a um pedido do presidente Oscar Árias da Costa Rica, mediador designado pela OEA para a crise que resultou no golpe de estado que colocou no poder Roberto Michelletti.

Zelaya entende que o golpe se sustenta na ação tíbia do governo Obama que enfrenta forte oposição interna para transformar em realidade ações políticas que se somem às decisões da OEA - ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS - e da Assembléia Geral das Nações Unidas. Essas organizações deram um ultimato aos golpistas para que o governo seja devolvido ao presidente constitucional do país.

Segundo o presidente deposto enquanto Obama fala numa direção, senadores e diplomatas dos EUA, associados a chefes militares e remanescentes do governo Bush, a CIA principalmente, falam noutra e agem de forma concreta para consolidar o governo de Michelletti.

Zelaya reiterou que terminado o prazo pedido pelo presidente da Costa Rica vai retornar a Honduras e assumir a luta de resistência. Segundo ele e seus principais assessores, a idéia de antecipar as eleições de novembro pode ser um ponto de partida para um acordo, desde que o presidente retome o governo e seus partidários possam participar do pleito. A idéia dos golpistas é realizar eleições sem Zelaya e seu grupo, o que, na prática, legitimaria o golpe.

Os protestos continuam por todo o território hondurenho, mas neste momento a luta assume características diversas daquelas que seguiram aos primeiros dias do golpe. As idas e vindas de golpistas, o confronto entre as duas forças políticas nos Estados Unidos, o governo Obama e o que chamam de "governo invisível", formado pela CIA, militares e empresários norte-americanos e hondurenhos debilita a posição da OEA diretamente envolvida no assunto.

A avaliação de setores que atuam diretamente no conflito é a de que os golpistas procuram transformar a situação de fato em única alternativa e buscar em novas eleições sufocar toda e qualquer pretensão de Zelaya, excluindo a ele e seus partidários da disputa.

Já existem críticas ao presidente deposto no âmbito dos movimentos de resistência. Para alguns Zelaya deve tomar atitudes mais enérgicas e menos teatrais, assumindo de fato o comando da resistência e permanecendo em território hondurenho quaisquer que sejam os riscos. Do contrário, as entradas e saídas que o presidente deposto tem usado para falar aos hondurenhos dentro do território de seu país serão inócuas e não chegarão a resultado algum.

O desafio da comunicação está sendo perdido pelo controle que os norte-americanos exercem sobre a grande mídia. As principais redes de tevê norte-americanas e de toda a América Latina estão associando o golpe a uma medida de defesa contra a expansão do que chamam de chavismo" em países da América Central. A presença de dois governos populares na região, o de Ortega na Nicarágua e o de El Salvador, além da situação na Guatemala, próximo alvo desses grupos e que muitas vezes é representado por um absoluto silêncio sobre os fatos contribuem para os golpistas. Todos esses fatores servem para consolidar o golpe, marchar para soluções alternativas que excluam Zelaya e abrir perspectivas para ações futuras contra o próprio governo de Chávez. Toda a resistência midiática ao golpe está concentrada em sites e blogs na rede mundial de computadores, em listas de discussão e nos protestos realizados em países latino-americanos contra o golpe, mas excluída das pautas dos grandes veículos que vendem essa idéia de intervenção do presidente Chávez.

A volta definitiva de Zelaya é considerada primordial se existir, por parte do presidente deposto, vontade efetiva de enfrentar os golpistas. Para tanto existem condições objetivas tanto na resistência, que é surpreendente e na opinião pública a despeito do noticiário tendencioso da grande mídia.

Esse tipo de trabalho orquestrado pelo chamado governo invisível que, em países como o Brasil por exemplo, controla o noticiário de redes como a Globo e jornais francamente favoráveis ao golpe, como a Folha de S. Paulo, determina uma certa perplexidade até em grupos de luta popular. O caso dos massacres de civis nas primeiras manifestações em Tegucigalpa e a ação brutal dos militares no domingo que Zelaya tentou aterrissar no aeroporto da capital, está gerando confusão entre forças latino-americanas que apóiam a volta de Zelaya.

Os próximos momentos serão decisivos.

A luta em Honduras tem um caráter emblemático, estende-se a todo o conjunto de governos bolivarianos da América Latina. Um vacilo de Zelaya neste momento vai significar que outras formas de enfrentar os golpistas serão postas em prática, mesmo com o risco real de intervenção de forças militares dos EUA sob a bandeira da OEA, como fazem no Haiti e historicamente o fizeram em vários países da região.

E é o que parece estão procurando fazer acontecer.

O presidente prometeu que esta noite entra em Honduras e não sai mais. É a expectativa do movimento de resistência. Temos que aguardar e torcer para que isso realmente aconteça.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

22 de julho de 2009

COMEÇA A GRANDE MARCHA PARA A RETOMADA DA DEMOCRACIA - Por Laerte Braga [*]


O presidente constitucional de Honduras Manuel Zelaya está em território de seu país e em caráter definitivo. Até agora Zelaya tinha feito algumas incursões a regiões da fronteira onde falou por duas ou três vezes ao povo. Neste momento o presidente entrou em Honduras e vai permanecer.

A greve geral está afetando diversos setores da economia do país. São visíveis os sinais de descontrole dos golpistas. A repressão aumenta, mas já não há unanimidade entre os militares que depuseram o presidente há quase vinte dias.

Uma grande marcha com voluntários de diversos países principalmente da América Latina começa a dirigir-se a Tegucigalpa. Muitos norte-americanos de organizações pela democracia e direitos humanos estão se associando a marcha. Outros chegam de países da Comunidade Européia.

O presidente não pretende mais retirar-se do território de Honduras. Sua mulher e sua “filha” lideram mobilizações em vários pontos principalmente na capital.

As manifestações em toda Honduras estão provocando ondas de grande emoção no país. Levas de trabalhadores na cidade e no campo saem às ruas para manifestar seu apoio ao retorno do país à legalidade constitucional. O próprio Zelaya que entrou em Honduras às sete horas da manhã solicitou a este jornalista através de amigos comuns que corrigisse a informação – “é minha “filha” e não filho, que ao lado da minha mulher lidera manifestações por todos os cantos” –.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

20 de julho de 2009

Os companheiros do Presidente

Fotos 1 e 2 (acima). Difícil encontrar imagem melhor para caracterizar o atual governo.
Os Companheiros de Lula para lulista nenhum botar defeito. O abraço no Collor, o presidente neoliberal, e o palanque com Sarney, ex-líder da Arena, partido oficial da ditadura militar.

Foto 3 (abaixo). O "companheiro" Lula quando era adversário do "caçador de marajás".

E o mais interessante é que não foi o Collor, nem o Sarney, nem o Jader Barbalho, nem o Severino Cavalcanti que mudaram de lado...

O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO! - Manifesto unitário da CAMPANHA O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO e propostas de desdobramentos


A descoberta das reservas de petróleo na camada do pré-sal muda radicalmente a posição que o Brasil ocupa no cenário mundial. Mais do que a auto-suficiência, as reservas poderão tornar o país um dos maiores produtores de petróleo, a mais importante matriz energética do planeta.

O pré-sal é uma riqueza que pode mudar a história do nosso país, abrindo uma oportunidade histórica, que depende da luta do povo brasileiro contra os interesses poderosos das grandes empresas do setor petrolífero.

O potencial estimado aponta para a produção entre 50 e 300 bilhões de barris de petróleo. Estamos diante de uma encruzilhada: construir um projeto político de soberania nacional e popular ou continuarmos sendo fornecedores de riquezas naturais ao capital internacional? A intensificação da crise econômica e a descoberta dessas riquezas são elementos que abrem novas possibilidades para os trabalhadores. Porém, as grandes empresas não querem mudanças. Não querem que o povo lute em defesa de uma riqueza que é nossa e pode melhorar a vida da população.

Nós, centrais sindicais, movimentos populares, entidades estudantis e organizações políticas e sociais progressistas, estamos fazendo a campanha O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO! em defesa de um recurso natural estratégico, que deve ficar sob controle público e sua renda deve ser revertida em investimentos em educação, saúde, trabalho, moradia e Reforma Agrária.

O povo tem o direito de participar das grandes definições sobre o futuro do petróleo e do país, como aconteceu na campanha "O Petróleo é nosso", na década de 50, que teve como desfecho a criação da Petrobras e o monopólio estatal de exploração e produção. Estamos animados em resgatar essa campanha, que terminou com uma importante vitória e permanece na memória da classe trabalhadora.

Vamos fazer um debate nacional sobre a necessidade de controlarmos o nosso petróleo para melhorar a vida do povo. Estamos com um abaixo-assinado de iniciativa popular, visando um projeto de lei a ser encaminhado ao Congresso Nacional. O objetivo é "assegurar a consolidação do monopólio estatal do petróleo, a reestatização da Petrobras, o fim das concessões brasileiras de petróleo e gás, garantindo a destinação social dos recursos gerados". As assinaturas serão encaminhadas também ao presidente da República.

Temos propostas para mudanças na regulação do setor do petróleo e do gás. Defendemos a revogação da Lei do Petróleo, o fim do modelo de concessão e o cancelamento de todos os leilões, que comprometeram gravemente a soberania nacional e entregaram o petróleo para empresas privadas. Essas empresas pagam no nosso país os impostos e participações especiais mais baixos do mundo. Só vamos garantir o controle do povo sobre nossas riquezas se restabelecemos o monopólio estatal.

Você sabia que ainda não sabemos com precisão a dimensão das riquezas do pré-sal? A primeira atitude do governo é contratar a Petrobras para fazer a mensuração do tamanho das reservas do pré-sal, assim como onde estão, a abrangência e o grau de integração entre eles (unitização).

Em 10 anos, o nosso país entregou mais de 500 blocos de petróleo para 72 conglomerados econômicos, sendo a metade estrangeiros. Precisamos retomar o monopólio da União sobre o petróleo, como prevê a Constituição de 1988 (artigo 177). O atual marco regulatório é uma herança maldita da gestão de Fernando Henrique Cardoso, que infelizmente não sofreu mudanças no governo Lula.

PROPOSTAS

- Defendemos todo o petróleo e gás para uma Petrobras 100% estatal. Exigimos o fim dos leilões e a retomada das reservas já vendidas. Não podemos deixar que interesses privados controlem os nossos blocos de petróleo/gás nem dirijam a Petrobrás.

- Temos que implementar uma política de desenvolvimento da indústria petroquímica, avançando no controle da tecnologia e gerando empregos em toda a cadeia produtiva. Não podemos continuar com a exportação de petróleo cru, que tem baixo valor agregado e apenas enriquece as grandes empresas estrangeiras.

- Defendemos a criação de um fundo social soberano, com resguardo constitucional, para garantir que todos os recursos provenientes da renda do petróleo/ gás sejam usados para atender às necessidades do nosso povo e das próximas gerações. Não podemos deixar que os recursos naturais sejam usados para sustentar políticas econômicas neoliberais, como o pagamento do superávit primário.

- Temos consciência dos problemas ambientais causados tanto na exploração do petróleo como pela expansão desmedida do transporte individual. Queremos o controle do petróleo para garantir a sua utilização racional, dentro de uma visão de longo prazo, guiada por um projeto de desenvolvimento do país, que respeite o meio ambiente e o bem-estar coletivo.

- Queremos explorar e industrializar apenas o combustível necessário para atender às necessidades da população e do país. Isso não é possível na perspectiva das empresas privadas, que trabalham na lógica produtivista da acumulação capitalista. Ou seja, colocam o lucro na frente das necessidades do povo e do desenvolvimento do país.

- Precisamos também fazer pesquisas para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, para nos prepararmos para o fim da Era do Petróleo. Temos que investir no transporte coletivo, especialmente o metrô, porque não há condições sociais e ambientais de termos mais carros nas ruas das nossas grandes cidades.

- Temos que colocar a exploração e produção de petróleo no contexto de um projeto de desenvolvimento nacional, que tenha como objetivos a resolução dos problemas do povo brasileiro e a garantia da soberania nacional.

Para isso, precisamos desencadear uma ampla campanha nacional, motivando todas as forças populares, sindicatos, igrejas, movimentos e organizações políticas e sociais, para formarmos comitês em defesa do petróleo para o povo brasileiro. A tarefa de cada comitê é levar as informações e organizar o povo para fazer um amplo debate sobre o petróleo, as nossas riquezas naturais e o futuro do país.

A história demonstra que todas as conquistas sociais foram obtidas com a organização, pressão e luta, que formam o caminho para mudarmos o nosso país e garantirmos que o petróleo brasileiro seja usada para a superação de problemas históricos e crônicos do nosso povo. Até a vitória! O petróleo tem que ser nosso!

CAMPANHA O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO!

A UNE FOMOS NÓS, NOSSA FORÇA, NOSSA VOZ! - Por: Ivan Pinheiro*



O congresso da UNE na semana passada começou e acabou no mesmo dia. Após a palavra do primeiro orador, não havia mais o que discutir.

Logo na abertura, acompanhado de sua candidata à sucessão, o Presidente da República - que havia mandado o Estado pagar a conta do evento - deu o tom e a linha política, defendendo um programa de seu governo (PROUNI) que deveria ser objeto de um grande debate num congresso de estudantes, já que repassa verbas públicas para o ensino privado, os "tubarões do ensino", no antigo jargão da UNE.

Mas como criticar o programa, se o Ministério da Educação entrou com 600 mil reais, na "vaquinha" estatal para organizar o congresso, cuja prestação de contas, como a das famosas carteirinhas, ninguém verá. A UNE, que já foi uma escola de política, se transformou numa escola de políticos, no pior sentido da palavra.

O importante para os organizadores do "congresso", na verdade, foi o ato público de louvação a Lula e apoio à sua candidata em 2010. O resto é a matemática de contar os crachás de delegados levados pela máquina e eleger quem vai exercer a presidência da entidade, meio caminho andado para a Câmara dos Deputados.

Não faltou também uma passeata sobre o tema do petróleo. Não com o discurso combativo dos anos cinqüenta do século passado, em que a UNE foi um dos baluartes da campanha "O PETRÓLEO É NOSSO". A manifestação chapa branca foi contra a CPI da Petrobrás e não pela reestatização da empresa, como lutam unitariamente as forças progressistas, em torno da atual campanha O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO.

Também, pudera. A maioria da direção da UNE é do mesmo partido que dirige a ANP, a agência que opera a privatização e a entrega do nosso petróleo às multinacionais.

Mas a juventude brasileira não pode entregar os pontos. Não pode desistir de resgatar a independência e a tradição de luta da UNE, rendendo-se aos que a aparelham e envergonham a sua história. Também não se trata de criar uma UNE paralela, um outro aparelho partidário, outra forma de se render à maioria eventual que hoje desvia a entidade de seus objetivos.

A juventude brasileira que ainda se rebela contra a injustiça e a iniqüidade precisa construir um amplo MOVIMENTO PELA RECONSTRUÇÃO DA UNE que, a partir das escolas e dos Centros Acadêmicos, tome nas mãos as rédeas do movimento estudantil e saia às ruas de todas as cidades brasileiras, voltando a gritar bem alto o mais histórico refrão da entidade:

A UNE SOMOS NÓS, NOSSA FORÇA, NOSSA VOZ!

* Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB

Zelaya lança ultimato: Organizar a resistência final. Agora é com o povo!


Managua, 20 jul. 2009, Tribuna Popular TP/TeleSUR.

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El presidente legítimo de Honduras, Manuel Zelaya, anunció que el próximo fin se semana consolidará su retorno a este país, "como lo manda la Constitución", tras el rechazo del gobierno de facto a las propuesta hecha por su homólogo costarricense, Óscar Arias, en la mesa de diálogo que terminó este domingo.

Desde la embajada de Honduras en Nicaragua, el mandatario anunció, que a partir de ahora y tras el anuncio del mediador, Óscar Arias, de suspender el diálogo por 72 horas, él y sus asesores organizarán el proceso para retornar al país con los mecanismos que le otorgan las leyes hondureñas.

También expresó que "la comunidad internacional tiene un reto, porque ha sido burlada por este grupo de golpistas", que han obstaculizado este domingo el diálogo que intentaba solventar la situación política en la nación.

"Si después de las 72 horas la comunidad internacional ha apretado como debería de apretarse al régimen, que se sostiene con la punta de la bayoneta, no duran ni 24 horas. Pero no podemos confiarnos, yo sólo confío en una elección pública transparente, libre y secreta. Tengo derecho a defenderla no voy a dejar solo al pueblo hondureño en esta lucha", sostuvo.

Asimismo dijo que "no sólo se han burlado del pueblo y han irrespetado a Arias, están burlando a la propia secretaria (de Estado de EE.UU. Hillary) Clinton, y están logrando evidenciar que el régimen que gobierna a Honduras además de irresponsable es soberbio irrespetuoso e intransigente".

Añadió que este grupo de golpistas está retando al mundo porque están aislados, les han cerrado las puertas (...) La comunidad internacional tiene ahora que arreciar las medidas, porque están frente a un dilema, no dejar que se imponga el imperio de las armas".

Se refirió a las declaraciones que hiciera más temprano el secretario general de la OEA, José Miguel Insulza, quien afirmó que deben endurecerse las medidas sobre el gobierno golpista "y yo estoy totalmente de acuerdo, porque si Estados Unidos cerrara con más fuerza desde el punto de vista de las actividades y actores, este golpe no duraría más de pocas horas".

En la alocución lo acompañó el dirigente campesino, Rafael Alegría quien pidió disculpas a los hondureños por la interrupción de la economía, y también "a los pueblos hermanos de Centroamérica". Sin embargo, afirma que "esto es una situación real y los golpistas son los únicos responsables de la muerte del joven (caído el 5 de julio en el aeropuerto de Toncontín) y por el desastre económico que estamos sufriendo".

18 de julho de 2009

HONDURAS – UMA LUTA DOS POVOS LATINO-AMERICANOS - Por: Laerte Braga [*]

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Milhares de manifestantes bloquearam as principais estradas de Honduras em protesto contra o golpe militar que derrubou o presidente Manuel Zelaya. Desde o golpe mais de cem pessoas já morreram assassinadas nas ruas e nas prisões do regime de Roberto Michelletti.

O golpista – presidente nominal do país, os militares comandam em parceria com empresas e o embaixador dos Estados Unidos –, segundo as principais agências de notícia do mundo (mas você não vai ver na GLOBO) “cogitou” de abandonar o cargo impondo como condição que o presidente constitucional deposto não volte.

A idéia foi rechaçada pelo presidente da Costa Rica que disse ter um mandato de trinta e quatro países para negociar o retorno de Honduras à ordem constitucional e negou-se a aceitar a proposta de Michelletti.

Oscar Árias, prêmio Nobel da paz e presidente costarriquenho foi encarregado pela OEA de negociar a retomada do processo democrático em Honduras.

Caminhões tiveram que parar em vários pontos do país depois que milhares de manifestantes fecharam as estradas bloqueando todas as vias de exportação por terra. O governo golpista depende visceralmente dessas exportações em sua maioria de café, tecidos e bananas. A maioria das empresas exportadoras é de cubanos anti-castristas e norte-americanos associados a empresários e militares hondurenhos.

Os cerca de 500 militares norte-americanos sediados numa base em Honduras têm negócios no país, inclusive tráfico de drogas. O governo golpista está se valendo de um esquadrão da morte para assassinar líderes da resistência. O chefe desse esquadrão é o ministro da “justiça” dos militares.

“Se for preciso paralisar o país, nós o faremos”. Foi a declaração de Yadira Marroquin, funcionário de um hospital em Honduras. Um dos líderes das manifestações Juan Barahona, da FRENTE NACIONAL DE RESISTÊNCIA disse que “estamos dispostos a quebrar a economia dos golpistas”.

Militares a princípio observaram os manifestantes à distância, fotografaram e no velho estilo covarde e desumano que caracteriza esse tipo de “democrata”, valem-se dessas fotos para buscar prender os principais líderes da resistência. Para isso foi imposto, novamente, o toque de recolher.

Residências são invadidas, pessoas são presas sem mandados judiciais, num país dominado por quadrilhas de militares e empresários hondurenhos, cubanos de Miami (tráfico de drogas e mulheres, prostituição e jogo). O estranho silêncio da Igreja Católica que parece começar a entender o equívoco do apoio ao golpe diante de tanta barbárie praticada pelos golpistas começa a ter efeitos negativos. O principal líder católico do país apoiou abertamente o golpe há dezoito dias.

Manifestantes em todo o país estão saindo às ruas diariamente a despeito da violência dos militares e das polícias. “Queremos Mel” é o grito de guerra dos grupos que resistem ao golpe e defendem o mandato constitucional do presidente Manuel Zelaya.

Numa comparação das duas fotos acima é possível distinguir seres humanos de primatas. Os primatas usam câmeras naturalmente importadas para escolher vítimas na desenfreada boçalidade de militares golpistas.

O presidente Hugo Chávez disse hoje em La Paz que a situação em Honduras é grave e que uma guerra civil no país pode ter alcance regional colocando em risco a segurança e a paz na região. Chávez voltou a afirmar que os militares e empresários tiveram apoio dos Estados Unidos e o presidente Barak Obama ou não está encontrando forças dentro do seu país para transformar suas declarações em fato, a condenação do golpe, ou é cúmplice e vive apenas uma farsa.

“Garoto propaganda de uma realidade que é tão somente um espetáculo”.

Observadores internacionais dão conta que a participação de empresários e militares ligados ao tráfico de drogas dificultam qualquer negociação. Michelletti, presidente golpista é um dos sustentáculos dessas quadrilhas. Nos EUA os principais pontos de apoio dos golpistas são o ex-vice-presidente de Bush, Dick Chaney (envolvido em acusações de tortura, seqüestros e negócios ilícitos) e o senador John MaCain, candidato republicano derrotado por Obama nas eleições presidenciais do ano passado.

Os milhares de manifestantes em todo o país carregavam cartazes pedindo a renúncia de Michelletti, acusando os militares de assassinato e protestando contra a interferência dos porões do governo dos EUA em Honduras.

A maior parte da luta do povo hondurenho está sendo ignorada pela grande mídia no Brasil e nos países onde esses veículos são controlados por grupos privados, caso da REDE GLOBO aqui. São empresas de comunicação que integram o amplo espectro neoliberal e golpista em todo o sub-continente latino-americano.

Os golpistas, por sua vez, admitem que não vai ser possível governar um país nesse clima de manifestações diárias e estariam procurando exatamente o que Michelletti propôs. Um retorno disfarçado à democracia, mas sem o presidente constitucional do país Manuel Zelaya. É que o que antes era incerteza, a perspectiva de uma ampla vitória de Zelaya num referendo, tornou-se uma certeza.

Ou seja, procurando garantias para seus “negócios” através de um eventual presidente fantoche.

A reação do presidente da Costa Rica Oscar Árias surpreendeu. Nos termos em que colocou publicamente o assunto, o costarriquenho foi enfático ao dizer que seu mandato e a negociação em San José têm mão apenas para um caminho – a volta da legalidade com o retorno de Zelaya à presidência do país.

Cientistas políticos, observadores, jornalistas e líderes de movimentos populares em toda a América Latina assinalam que a luta do povo hondurenho é de todos os latinos. Um triunfo definitivo dos golpistas abriria as portas das catacumbas onde se abrigam os velhos golpistas do final do século XX, inclusive no Brasil. Já se fala na candidatura presidencial do general Augusto Heleno (ex-comandante militar da Amazônia, ligado à CIA VALE, privatizada no governo FHC e aos arrozeiros de Raposa Serra do Sol).

A candidatura é apenas um pretexto para reaglutinar velhos golpistas e torturadores dentro das forças armadas.

A luta dos hondurenhos é a luta de todos os povos latino-americanos contra a barbárie a boçalidade dos regimes militares. O nacionalismo e o patriotismo na forma mais calhorda possível, na verdade a entrega dessa parte do mundo ao complexo conhecido como EUA (militares, empresários, banqueiros).

E o estilo de sempre. Defender a soberania (que vendem, como já venderam) e a integridade de territórios nacionais que permitem seja controlado de fora. No caso do Brasil a Polícia Federal afasta o delegado Protógenes Queiroz que prende um banqueiro corrupto e aceita agentes de Israel para controlar a tríplice fronteira no Sul do país usando aviões sem piloto.

Honduras, neste momento, é toda a América Latina.

[*] Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.